segunda-feira, agosto 08, 2011

Negando a realidade

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Os fatos não deixam de existir porque são ignorados. O presidente Obama deveria ter lembrado deste alerta de Aldous Huxley, quando foi à imprensa comentar o rebaixamento da nota dos títulos americanos pela agência de risco Standard & Poor’s. Mas o populista presidente americano preferiu o caminho mais fácil de atacar o mensageiro das más notícias. Fez um discurso sensacionalista, desprovido de substância e evasivo.

O rebaixamento do Treasury americano, fato único nos últimos 70 anos, ocorreu com base em fundamentos, e apenas fez eco àquilo que todos já sabem: que a trajetória fiscal do Tio Sam é insustentável. O governo americano gasta muito mais do que deveria. O presidente Obama não criou esta situação, mas ajudou muito a agravá-la. Sua liderança é medíocre, e sua agenda vai à contramão do que deveria. Obama claramente acredita em um modelo mais socializante, na linha do “welfare state” europeu. E sua reforma do Medicare representa um dreno crescente dos cofres públicos.

Diante deste quadro, o que faz o presidente? Vem à público comunicar mudanças drásticas em seus programas sociais insustentáveis? Claro que não. Ele vem falar em aumento de impostos para os “ricos” (lembrando que 1% dos mais ricos já pagam mais de 30% do total de impostos), e em dar dinheiro para os desempregados para “estimular” a economia e gerar emprego. Parece inacreditável, mas foi exatamente isso que Obama fez.

Na verdade, Obama é apenas o ator da peça, enquanto os roteiristas são os keynesianos como Paul Krugman. Essa turma realmente parece acreditar nas maluquices que defendem, apesar de cada nova medida provar o contrário. Depois de trilhões em estímulos fiscais e monetários, eis que o desemprego continua perto de 10% e a economia aponta para nova recessão. O que fazer? Mais estímulos, naturalmente!

São os alquimistas que se negam a crer que há algo estrutural na incessante tentativa fracassada de transformar chumbo em ouro. Se ao menos um pouco mais de magia for feita, quem sabe desta vez a coisa não sai direito?

7 comentários:

Anônimo disse...

pro brasil, isso eh mto grave?
oq pode mudar na nossa vida?

abraços

Anônimo disse...

Para uma imprensa realmente livre,não há maiores preocupações. Basta banirmos a “propaganda pública” de todas as esferas de governo. Assim como as águas correm para o mar, as empresas jornalísticas e de comunicação correriam à procura dos furos de reportagem, e a DEMOCRACIA agradeceria. Simples, assim.

alexandre disse...

Gostaria que vc me respondesse a seguinte pergunta : os mercados estavam nervosos a espera de um pacote de austeridade fiscal nos países periféricos na Europa e ao acordo da dívida americana. Ambos aconteceram. E agora os mercados estão nervosos porque acha que as mesmas medidas que defendiam, agora vão levar a Europa e EUA à recessão. Que mercado racional é esse ? E vc conhece algum país que saiu da recessão com pacote de austeridade fiscal ?

Rodrigo Constantino disse...

Alexandre,

Os investidores estão nervosos por causa da INSUSTENTABILIDADE das contas fiscais dos principais governos.

E sim, claro que vários países saíram de recessões com pacotes de austeridade. Mas leva algum tempo. Se vc quer evitar sofrimento por ajustes necessários, então vc quer viver uma ilusão que vai apenas te causar problemas muito maiores depois. Aliás, vivemos o "depois" de ontem, onde todos pensaram como vc...

alexandre disse...

Insustentabilidade das contas ? ué mas não foram aprovados pacotes de ajustes fiscais ? são precisos mais quantos pacotes de austeridade fiscais para o "mercado" ficar calminho ? é aprovado um pacote fiscal, a bolsa sobe. No dia seguinte, descobrem que pacote de austeridade fiscal provoca recessão ! aí, as bolsas desabam !!! e qual país e quando foi que cresceu por causa de um pacote de austeridade fiscal ? conheço pacotes de austeridade fiscal que foram bem sucedidos em épocas de crescimento mas em época de recessão nenhum. Se vc me ajudar com um dado empírico, eu agradeceria

Rodrigo Constantino disse...

Alexandre, em primeiro lugar, o "mercado" são milhões de investidores pelo mundo todo. Logo, ele ficar "nervozinho" quer dizer que cada gestor, cada empresa, cada indivíduo fica nervoso com a situação. E a resposta é clara: o pacote não foi suficiente! O mercado está com medo da recessão e da insolvência dos governos. É preciso anunciar corte de gastos ESTRUTURAIS de forma séria. Caso contrário, os especuladores de mais curto prazo podem celebrar um QE3, mas a coisa vai apenas piorar.

Aliás, essa crise hoje foi CANTADA por muitos liberais antes. Os keynesianos não esperavam isso. Afinal, mais estímulo do que teve é piada! E no entanto, olha onde estamos agora... surpresa para os keynesianos, não para os austríacos.

alexandre disse...

O problema é que os gastos do governo foi para ajudar o sistema financeiro. Gastos públicos que poderiam dinamizar a economia(obras de infra-estrutura), foram poucos. Taxas de juros baixas num ambiente de incerteza são inócuas (Keynes já dizia isso). Para mim os governos deveriam gastar mais em investimentos públicos e não em ajudar bancos. A dívida aumentou por causa da ajuda aos bancos e não por causa dos investimentos públicos. Apesar que se o governo não ajudasse os bancos, a bolsa iria despencar 100% e o interbancário iria parar. E sobre os pacotes de austeridade quando um país está em recessão ? Qual país fez essa opção e foi bem sucedido ? Me desculpe mas vc esqueceu de responder essa pergunta. Espero não estar sendo inconveniente com essa insistência.