quinta-feira, dezembro 27, 2007

A Crise da Europa



Rodrigo Constantino

"Nas circunstâncias, um declínio lento e gradual parece mais provável do que um grande colapso." (Walter Laqueur)

O continente europeu tem sido o berço e a locomotiva da civilização por vários séculos. Dali saíram os principais pilares do mundo Ocidental. No entanto, vários problemas sérios, culturais e econômicos, têm ameaçado esta liderança. A Europa vem perdendo força no cenário mundial, e podemos estar diante do começo de seu declínio. Eis a tese defendida pelo historiador Walter Laqueur no livro Os Últimos Dias da Europa, cujo título já deixa evidente o teor pessimista da mensagem. O autor lembra que a história está cheia de casos de países e impérios que desapareceram ou perderam sua hegemonia. A Europa não está livre dessa ameaça, e pode acabar se transformando num grande museu. O alarmismo quanto a esta possibilidade para a Europa não é infundado.

O foco de Laqueur foi o aspecto cultural, ainda que ele tenha citado o problema econômico, que merecia uma atenção maior, em minha opinião. Ele dissecou a questão da imigração nos diferentes países europeus, mostrando como este fator representa um enorme risco devido a suas peculiaridades no caso da Europa. A imigração sempre existiu, mas existem diferenças para o que se passa atualmente. Em primeiro lugar, os imigrantes se esforçavam para se integrar social e culturalmente. Havia uma elevada taxa de casamento entre pessoas de nacionalidades distintas. Atualmente, muitos imigrantes vivem à margem da sociedade na Europa, sem um esforço claro de integração. Em segundo lugar, ninguém os ajudava, não havia assistentes sociais nem governos oferecendo moradia subsidiada, serviços médicos gratuitos e todo tipo de programa de "discriminação positiva", como ocorre hoje. O imigrante tinha que se virar sozinho. Isso estimulava a procura por trabalhos produtivos e não gerava ressentimento nos cidadãos locais. No modelo de welfare state, o pagador de impostos acaba alimentando um sentimento de rancor por ser obrigado a sustentar milhões de imigrantes que, muitas vezes, nem mesmo abraçam os valores culturais do país. O modelo está induzindo a um parasitismo social. A taxa de desemprego já chega a 40% para jovens imigrantes em alguns locais. O autor conclui: "Se há mais xenofobia agora, isso talvez se deva em parte à reação da classe trabalhadora branca contra o tratamento preferencial que costuma se dar aos novos imigrantes".

Fora isso, a grande maioria de imigrantes é formada por muçulmanos, e a religião pode se tornar um entrave na adaptação, principalmente para os mais ortodoxos. Para piorar a situação, o terrorismo, associado muitas vezes ao islamismo, é um problema. "Se houve uma animosidade crescente para com os muçulmanos na Europa em anos recentes", diz o autor, "não foi em resposta à religião deles per se, mas devido ao fato de que a maioria dos ataques terroristas foi realizada por muçulmanos". Uma retórica antiocidental constante por parte de muitos desses imigrantes muçulmanos e a ênfase na necessidade da jihad certamente não ajudam. Existe uma postura muitas vezes hostil por parte desses próprios imigrantes. Laqueur afirma que "existe consideravelmente mais fobia com referência aos ocidentais e às coisas do Ocidente do que islãfobia". O fato de a Europa ter se tornado um gigantesco lar seguro para os terroristas tampouco ajuda. Várias células terroristas surgiram em diferentes países europeus, muitas vezes sob o excesso de complacência das autoridades, e muitos terroristas chegaram a viver anos à custa da assistência social. Para o autor, "a imigração descontrolada não foi a única razão do declínio da Europa". Entretanto, "considerada junto com outras desgraças continentais, ela remete a uma crise profunda; será preciso um milagre para tirar a Europa desses apuros".

Um dos assuntos que mais recebeu a atenção do autor foi o aspecto demográfico. A taxa de natalidade na Europa está caindo faz tempo. A população mundial em 1900 girava em torno de 1,7 bilhão de pessoas, das quais uma em cada quatro morava na Europa. As estimativas existentes para os próximos anos são sombrias. As Nações Unidas estimam que a população da Alemanha irá cair de 82 milhões hoje para 61 milhões em 2050. Os 57 milhões de italianos passarão a apenas 37 milhões no meio do século. Praticamente nenhum país importante da Europa escapa deste destino preocupante. Além disso, as pessoas estão vivendo cada vez mais, ou seja, a população está envelhecendo rapidamente. Pela primeira vez na história, existem mais pessoas acima dos 60 anos do que abaixo dos 20 em países importantes como Itália, Alemanha, Espanha e Grécia. Laqueur lembra: "Quando o Estado do Bem-Estar Social foi inicialmente implantado após a Segunda Guerra Mundial, a estrutura populacional das sociedades européias era muito diversa da de hoje; além disso, a expectativa de vida aumentou consideravelmente e continuará aumentando". Há uma bomba-relógio pronta para detonar.

A parte econômica é justamente a que mereceu pouca atenção do autor. Os principais países da Europa possuem uma elevada dívida pública, um passivo previdenciário crescente e uma carga tributária que já absorve praticamente a metade do PIB. Uma rara exceção é a Irlanda, que fez inúmeras reformas liberais e apresenta um quadro bem mais confortável. Para os demais países, reformas que cortem as despesas estatais são uma necessidade, mas encontram forte resistência por parte dos grupos organizados, que não desejam abrir mão dos privilégios. Juntando os problemas provenientes da tensão cultural causada pela imigração descontrolada, a demografia desfavorável e o excesso de governo atravancando a economia, o cenário para o futuro europeu não é dos melhores. Se nada significativo se alterar neste curso, poderemos presenciar, nesse século ainda, o declínio da Europa. Somente o tempo vai dizer se essas previsões mais pessimistas irão mesmo se concretizar. Mas os riscos existem e não podem ser minimizados. A Europa está em crise.

4 comentários:

Lucas Harris disse...

Rodrigo,
Acredito que a questão dos imigrantes, atualmente, é de grande relevância, e muito intima com o problema econômico que países da Europa então passando.
A esquerda européia vem tentando forçar um multiculturalismo, e os países estão aceitando atitudes absurdas pelo fato delas carregarem o nome de "cultura". Na Suiça, por exemplo, 20% da população é estrangeira, e esses 20% são responsáveis por 80% da criminalidade.
Não satisfeitos com a absurda aceitação de culturas violentas, o Estado ainda os banca, dando grande apoio financeiro. O resultado é um tanto quanto óbvio. Imigrantes além de não se adaptarem a cultura, só estão lá para extorquir dinheiro público. Atualmente, em um jardim de infância na Suiça, imigrantes já representam quase 50%.
A relação entre imigração e economia está maior do que muitos podem imaginar.
abraço

Anônimo disse...

O que ocorre com a Europa atualmente é similar, tomadas as devidas proporções, ao que sucede ao Brasil: sabotagem de dentro para fora. Enquanto a Europa está impregnada com a praga do islamismo, o Brasil tem o Pt, o foro de São Paulo e o crime organizado que de tão organizado já possui representantes nas cúpulas do executivo, legislativo e judiciário. Ambos os casos podem ser definidos, a grosso modo, como forma de corrupção moral da sociedade. A diferença fundamental é que enquanto o Brasil está entregue a própria sorte, França e Alemanha estão de pé lutando. Tanto a presidente da Alemenha, como o atual presidente da França já foram aos EUA pedir ajuda ao Tio Bush contra a monarquia/oligarquia britânica que assola o mundo de assalto. O presidente Nicolas, inclusive, agradeceu publicamente, diante do todo o capitólio do congresso dos EUA, tudo o que eles fizeram em prol da França, em especial aos fatos ocorridos na década de sessenta.

Ps. Como dito no artigo, o povo europeu está de saco cheio. Os brotocudos francesses, em especial, já estão com suas batatas assando...

Anônimo disse...

Não é necessário ir longe para constatar in loco uma invasão de estrangeiros.No terminal tietê diariamente desembarcam dezenas de bolivianos que vem ao Brasil para trabalhar e tirar o emprego dos paulistanos.Chineses vem lavar dinheiro na 25 de março.Africanos vem traficar nas favelas cariocas.Colombianos e venezuelanos invadem o território brasileiro para explorarem recursos minerais e florestais.Cubanos vem tocar e cantar músicas que ninguém quer ouvir e depois querem ficar na terra de niguém.Tudo isso com a complacência dos políticos hipócritas e da mídia oportunista que vai aos poucos formando a mentalidade de um povo.Não causa nenhuma surpresa ver o povo ficar indignado ao ver os Norte americanos vigiarem suas fronteiras,prenderem e deportarem os invasores.Isso aos olhos de um povo sem identidade é um absurdo.

Polio LAB disse...

Somos todos seres humanos, independente do local onde nascemos. É direito humano básico poder escolher onde queremos morar no nosso planeta. Vivo na Europa, e é contra a discriminação que luto sempre.
Não podemos deixar que os campos de concentração aconteçam de novo.

Sou a favor que as fronteiras se abram todas, e que os governos qualifiquem profissionalmente os imigrantes para que sejam produtivos.