sexta-feira, novembro 02, 2012

Davi x Golias

Meu artigo do GLOBO desta terça incomodou, pelo visto, o mais rico empresário brasileiro. Ele não gostou de ser comparado ao Lance Armstrong, e por meio da gerência de relações com a imprensa de seu grupo EBX, enviou uma resposta publicada hoje nas cartas dos leitores do jornal. Segue abaixo a carta, e logo depois minha resposta, também publicada:

'Capitalismo'

Em relação ao artigo "Capitalismo sem doping" (Rodrigo Constantino, 30/10), cabe esclarecer que: os empreendimentos do Grupo EBX nascem com capital próprio do empreendedor Eike Batista, recursos captados no mercado, com investidores e financiamentos. Os recursos do BNDES a que o Grupo EBX recorre legitimamente são tomados e pagos nas mesmas condições oferecidas a todo o mercado e passam por criteriosa auditoria do banco. Do total de linhas aprovadas diretamente com o banco, foram desembolsados em operações diretas cerca de R$ 2,4 bilhões. Assim sendo, a exposição de crédito do BNDES com o Grupo EBX representa menos de 10% do total do endividamento consolidado do grupo. O restante foi obtido no mercado e com bancos privados. Como noticiado pela imprensa em 21 de outubro, os empréstimos aprovados pelo banco ao grupo nos últimos quatro anos correspondem a apenas 1,6% dos desembolsos do banco no período.
NILSON BRANDÃO JUNIOR
Gerência Geral de Relações com a Imprensa do Grupo EBX

Nota do autor:

Os desembolsos do BNDES são oferecidos a todo o mercado, mas, curiosamente, um seleto grupo de grandes empresas representa mais da metade da carteira de empréstimos do banco estatal. Foi justamente esta simbiose entre governo e grandes empresários o alvo de minha crítica no artigo. Pelo porte de empresas como a JBS e a EBX, tais subsídios são desnecessários e representam uma transferência de recursos dos pagadores de impostos para ricos empresários. Este tipo de doping não é saudável para o modelo capitalista de livre mercado. No mais, o BNDES não é a única forma de 'dopar' empresas próximas ao governo, como explicado no artigo.  

6 comentários:

Ricardo disse...

Em termos de pensamento liberal, e capitalismo saudável de verdade, o Rodrigo Constantino seria o Golias?

João Melo disse...

Caro Rodrigo,

Destaco apenas que quando os números de uma empresa são muito grandes, qualquer 10% representa uma fábula.

A propósito, registrei hoje no meu blog o seu novo livro, Privatize Já.

Parabéns e sucesso.

Anônimo disse...

Rodrigo
Muito bem respondido. Simples e direto.
Entretanto, a simbiose vai continuar.
Abraço

Anônimo disse...

10% das empresas do Eike foram emprestadas pelo BNDES? Isso é o que ele admite.
Esse dízimo estatal vale quantos bilhões de reais mesmo?

Seria essa a prioridade para um banco estatal fomentar o desenvolvimento? Óbvio que não!

Compadrio pior que o das capitanias hereditárias.

Anônimo disse...

O que as pessoas não se dão conta é que o BNDES se capitaliza através do Governo que capta dinheiro nos bancos, que é repassado ao BNDES, com juros muito maiores do que o BNDES cobra. No fim das contas quem paga os juros aos bancos somos nós. Pouco ou muito não vem ao caso, estou sendo roubado, é a transferência do meu dinheiro (Tomado a força pelo Estado) para os bolsos dos beneficiados com os empréstimos do BNDES ou qualquer outra benesse estatal.

Anônimo disse...

Sobre o custo do $$$ tomado pelo Eike Batista vejam o excelente artigo
Custo dos empréstimos do Tesouro Nacional ao BNDES: R$ 22,8 bilhões em 2011.
07/06/2012 por mansueto
onde ele termina Em resumo, quando o seu filho ou o seu neto perguntar sobre o custo dos empréstimos do Tesouro ao BNDES, você pode responder que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) calculou que este custo, em 2011, foi de R$ 19,2 bilhões para o diferencial de juros (custo financeiro) e de R$ 3,6 bilhões para o custo orçamentário do PSI. O custo total portanto, apenas em 2011, foi de R$ 22,8 bilhões; um valor nada irrelevante para um custo que, até 2008, não existia. Isso é um pouco superior ao PIB de Alagoas em 2009.
Mas que Eike nào fique alegre pelo privilégio. ELE VAI ACABAR ESTATIZADO COMO TODA A ECONOMIA DO PAÍS. Sómente lhe estão dando corda para se enforcar.