quarta-feira, março 14, 2012

Não devemos nada ao feminismo

"As feministas chamaram de libertação a saída forçada da lar para trabalhar; sua intolerância tornou constrangedor decidir ser dona de casa e cuidar dos filhos", critica Talyta Carvalho, 25, filósofa especialista em renascença e mestre em ciências da religião pela PUC-SP, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 08-03-2012.

Segundo a jovem intelectual, "o erro do feminismo foi reivindicar falar por todas, quando na verdade falava apenas por algumas. De fato, casamento e maternidade não são para todas as mulheres. Mas a nova geração deve debater esses dogmas modernos sem medo de fazer perguntas difíceis".

E, contundente, afirma: "De minha parte, não devo nada ao feminismo".

Eis o artigo.

Na história da espécie humana, a ideia de que a mulher deveria trabalhar prevaleceu com frequência muito maior do que a ideia de que deveria ficar em casa cuidando dos filhos.

Não raro, o trabalho que cabia à mulher era árduo e de grande impacto físico. Para a mulher comum na pré-história, na Idade Média, e até o século XIX, não trabalhar não era uma opção.

Uma das conquistas do sistema econômico foi que, no século XX, a produtividade havia aumentado tanto que um homem de classe média era capaz de ter um salário bom o suficiente para que sua esposa não precisasse trabalhar.

No período das grandes guerras e no entreguerras, a inflação, os altos impostos e o retorno da mulher ao mercado de trabalho (que significou um aumento da mão de obra disponível) diminuíram de tal modo a renda do homem comum que já não era mais possível que maioria das mulheres ficasse em casa.

Esse movimento forçado de saída da mulher do lar para o trabalho as feministas chamaram de libertação.

Óbvio que não está se defendendo aqui que as mulheres não possam trabalhar, não casar, não ter filhos ou que não possam agir de acordo com as suas escolhas em todos os âmbitos da vida. Não é essa a questão para as mulheres do século XXI pensarem a respeito.

O ponto da discussão é: em que medida a consequência do feminismo, para a mulher contemporânea, foi o estrangulamento da liberdade de escolha?

Explico-me. Por muito tempo, as feministas reivindicaram a posição de luta pelos direitos da mulher, exceto se esse direito for o direito de uma mulher não ser feminista.

Assumir uma posição crítica ao feminismo é hoje o equivalente a ser uma mulher que fala contra mulheres. Ilude-se quem pensa que na academia há um ambiente propício à liberdade de pensamento.

Como mulher e intelectual, posso afirmar sem pestanejar: nunca precisei "lutar" contra meus colegas para ser ouvida, muito pelo contrário. A batalha mesmo é contra as colegas mulheres, intolerantes a qualquer outra mulher que pense diferente ou que não faça da "questão de gênero" uma bandeira.

Não ser feminista é heresia imperdoável, e a herege deve ser silenciada. Até mesmo porque há muito em jogo: financiamentos, vaidades, disputas de poder, privilégios em relação aos colegas homens -que, se não concordam, são machistas e preconceituosos, claro.

Outro direito que a mulher do século XXI não tem, graças ao feminismo, é o direito de não trabalhar e escolher ficar em casa e cuidar dos filhos - recomendo, sobre a questão, os livros "Feminist Fantasies", de Phyllis Schlaffly, e "Domestic Tranquility", de F. Carolyn Graglia.

Na esfera econômica, é inviável para boa parte das famílias que a esposa não trabalhe. Na esfera social, é um constrangimento garantido quando perguntam "qual a sua ocupação?". A resposta "sou só dona de casa e mãe" já revela o alto custo sociopsicológico de uma escolha diferente daquela que as feministas fizeram por todas as mulheres que viriam depois delas.

O erro do feminismo foi reivindicar falar por todas, quando na verdade falava apenas por algumas. De fato, casamento e maternidade não são para todas as mulheres. Mas a nova geração deve debater esses dogmas modernos sem medo de fazer perguntas difíceis.

De minha parte, afirmo: não devo nada ao feminismo.

9 comentários:

Míriam Martinho disse...

Que ignorante que ela é!! Primeiro, o feminismo não existe no singular e sim no plural. São várias as correntes feministas, embora a tradição feminista, ao contrário do que dizem os conservadores, seja liberal. As correntes esquerdistas começaram a prevalecer da década de 80 para cá. Já existe uma boa bibliografia sobre o assunto. A "intelectual" Talyta Carvalho bem que poderia ler sobre o tema em vez de ficar falando besteira em jornal. Segundo, exatamente porque - ao que tudo indica - ela não foi pesquisar o tema que é vasto - acha que o direito que ela teve de estudar, trabalhar, etc.. é coisa dada e não fruto de uma longa luta de muitas feministas. Os feminismos são todos criticáveis, mas uma moça que afirma que não deve nada ao feminismo simplesmente não sabe o que fala e perdeu uma boa chance de ficar de boca fechada.

Razumikhin disse...

Pode não dever nada ao feminismo, mas devemos muito à Igreja Católica. Queira você ou não.

Lourival Marques disse...

Gostei do texto...

Apesar de jovem, Talyta já demonstra personalidade forte pelo teor de seu artigo...

Feminismo parece ter virado religião, com dogmas e tudo mais. Quem quer que o critique já é tachado de reacionário, machista, etc...

Anônimo disse...

Mirian, que diferença faz existirem várias correntes de feminismo? Existe pelo menos uma dessas que não joga pedra nas mulheres que preferem ficar em casa?

Anônimo disse...

Ingênuas são as que dizem que os direitos de estudar, trabalhar, votar, foram conquistas do feminismo. A luta pelos direitos INDIVIDUAIS (independentemente de gênero) é muito mais antiga que o feminismo. E mais: aqueles que mais contribuiram para a defesa dos direitos individuais, desde antes muito antes de as mulheres terem vez e voz, foram principalmente homens. Você realmente não deve nada ao feminismo e sim aos filósofos, políticos, entre outros (homens e mulheres) que lutaram pela LIBERDADE INDIVIDUAL, e não feminina, esta foi consequência daquela. Que fique claro.

Anônimo disse...

O feminismo cientificamente está associado a uma taxa elevada de testosterona nas feministas. Hehe

samuel disse...

O que as mulheres devem ao feminismo? O que o feminismo deve ao Cristianismo? Reposta: Vá morar na Arábia Sudita! V verá onde está a divida ...

Anônimo disse...

Só um completo ignorante para não saber que as LIBERDADES INDIVIDUAIS pelas quais os homens lutaram eram liberdades individuais DOS HOMENS. Quando você ler a expressão 'os homens' em um livro de filosofia tome-a de forma literal, pois que expressa o gênero masculino e não 'a humanidade'.
Alice

Anônimo disse...

Como uma mulher ignorante dessas se diz filósofa? na própria Grecia antiga tinha mulheres que trabalhavam,estudavam e até guerreavam!! céus!! E foi o feminismo que obrigou estas mulheres a fazer tudo isso?? nem tinha feminismo organizado naquela época!