sábado, março 31, 2012

Papai Krugman sabe o que é melhor para você!


Rodrigo Constantino

Se alguém for apontar cada absurdo que sai do teclado do prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, esta pessoa não fará outra coisa da vida! É tanta falácia, tanta mentira, que espanta como este senhor, que demandou uma bolha imobiliária para "curar" o crash de tecnologia e hoje posa como detentor da "cura" para a nova crise - naturalmente, mais uma bolha produzida artificialmente pela impressão desenfreada de papel-moeda para financiar gastos públicos (ainda que contra alienígenas), como eu dizia, espanta que este senhor ainda tenha tanto espaço na imprensa, inclusive a nossa.

Eis que em artigo publicado hoje na Folha, Krugman ataca os juízes que Suprema Corte americana que ousam, vejam só!, preservar a Constituição do país. O governo americano não pode impor a compra de algum produto, mas o governo Obama não quer saber desses detalhes insignificantes, e seu ObamaCare pretende impor a compra de um seguro-saúde a todos os cidadãos (ou súditos?) do país. Um dos juízes disse que, se hoje o governo pode fazer isso, amanhã poderá obrigar todos a comprar brócolis. Claro que o juiz estava forçando a barra para fazer seu ponto, que ficou claro: quando a idéia de que o indivíduo sabe o que é melhor para si próprio se perde, dando lugar à premissa de que cabe ao governo decidir por todos, então por que parar no seguro de saúde? O governo poderia muito bem avançar e "proteger" ainda mais cada um, impondo, sim, uma dieta mais saudável.

Mas Krugman, democrata (leia-se esquerdista por lá) fanático, não quer saber dessas coisas bobas. No artigo, ele diz que é má-fé comparar as duas coisas, e explica o motivo: "Quando as pessoas optam por não comprar brócolis, não tornam o produto indisponível para aqueles que o desejam. Mas, quando as pessoas não fazem um plano a não ser que adoeçam - que é o que ocorre se a compra não for obrigatória -, o agravamento do paiol de risco resultante dessa decisão torna os planos mais caros, e até inacessíveis, para os demais". Vejam só que coisa interessante! Não obstante o coletivismo, as falácias são enormes. Vamos a elas.

Em primeiro lugar, a demanda mais escassa costuma afetar qualquer produto, não apenas plano de saúde. Se ninguém mais quiser comer brócolis, a verdura ficará indisponível também, ou muito cara pela perda de escala na produção, prejudicando aqueles que a consomem pensando na melhor saúde. Krugman, um prêmio Nobel de economia, deveria saber que as leis de oferta e procura se aplicam a todos os bens e produtos.

Em segundo lugar, a premissa do economista é interessante: ninguém faz plano de saúde saudável, apenas quando já está doente. Atenção, pois esta é a parte mais importante: Krugman, como todo esquerdista, sempre trata os indivíduos consumidores como mentecaptos, incapazes de escolher algo bom para si. É exatamente isso que Krugman está dizendo: que o povo, se puder escolher, não vai fazer plano de saúde porque não valoriza tal seguro. Afinal, ninguém faz seguro de carro, não é mesmo? Só quando bate de carro! É o que o prêmio Nobel assume como premissa para defender o avanço do governo sobre o indivíduo, inclusive rasgando a Carta Magna para tanto!

Esquerdistas paternalistas são sempre arrogantes e autoritários. Pensam ter uma visão holística da coisa, e encaram indivíduos como peças de xadrez no tabuleiro que eles, como mestres clarividentes e altruístas, vão mexer ao seu bel prazer em nome do "bem geral". Portanto, fiquem tranquilos: o papai Krugman sabe o que é melhor para você. E ainda que você discorde, isso não vem ao caso. Ele vai te obrigar a fazer aquilo que é "certo".

7 comentários:

márcio disse...

Obrigar alguém a comprar um plano de saúde é equivocado. Acho que os EUA deveriam ter um sistema público de saúde para pessoas mais carentes. Essas, infelizmente, não serão salvas pelo mercado.

Gustavo disse...

Faltou algo importante: algumas pessoas nos EUA deixam pra comprar o seguro apenas quando ficam doentes pq o governo regulamenta que as empresas de seguro nao podem discrimiar contra os doentes!

Gustavo Sauer disse...

Mais um sinal que um pedaço de papel não é capaz de proteger a liberdade. O que protege a liberdade é a vontade comum das pessoas de protegê-la. Os eua ja nao possui uma população interessada em proteger a liberdade. É por isso que pessoas como o krugman são louvados como gênios.

Anônimo disse...

Marcio, sist publico de saude é obrigar todos a comprar saúde naquele formato.

Anônimo disse...

'Essas, infelizmente, não serão salvas pelo mercado.'

Mesmo que isso fosse verdade, o que é questionável, desde quando seria ético arrancar de quem trabalhou e economizou pra dar pra quem não fez nada?

Silas disse...

Caro Constantino,

Ao modo dos esquerdistas brasileiros (ou os caras são cubano-chino-coreanos?), o Brasil vai seguindo pensamento semelhantes: "eles" ainda vão nos obrigar a comer brócolis.

Anônimo disse...

Rodrigo, vc não acha que é um pouco impreciso comparar o mercado da saúde, que tem tantas especificidades, com o mercado de legumes e hortaliças?
Veja o caso das doenças raras: como ela afetam invariavelmente um número muito pequeno de pessoas, os remédios para seu tratamento são invariavelmente caros, pois demandam muita pesquisa para atender um número limitadíssimo de pessoas doentes. Esse é o caso do soliris (eculizumab), considerado atualmente o remédio mais caro do mundo para tratamento da Hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), doença rara e eventualmente fatal. Cada vidro de 30 ml deste medicamento custa em torno de R$ 11 mil reais. Não é difícil perceber que uns 98% da população mundial não pode arcar com este medicamento. A única resposta, a meu ver, está na "força coletiva" (uso o termo entre aspas) que somente o Estado tem para arranjar recursos para tratar essas pessoas. Qual seria a outra solução, considerando que o preço deste medicamento dificilmente vai ser reduzido pela lei da oferta e da procura ?
Mais informações sobre a doença: http://cratonoticias.wordpress.com/2012/03/23/paciente-recebe-tratamento-mais-caro-do-mundo-atraves-do-sus-r-800-mil-reais/

Para aqueles que responderem que cada um deve "se virar com seus problemas", deixo a frase dita por Michael Sandel, professor de Harvard, para o jornalista Jorge Pontual:
"Algumas pessoas nascem em famílias afluentes, outras nascem em famílias pobres. Algumas têm ótimas oportunidades de ensino, outras têm pouca ou nenhuma chance de ter um bom ensino. Portanto, (...) ao pensar em justiça e desigualdade, devemos perguntar: 'Supondo que não saibamos como será seu futuro na sociedade... Você não sabe se será rico ou pobre, forte ou fraco, saudável ou doente. Então, com que princípios de justiça você concordaria se não soubesse que futuro teria?' Essa corrente leva a um sistema mais igualitário."