Rodrigo Constantino
A existência de uma classe média é fundamental para evitar que democracia vire sinônimo de ditadura das massas. Nos países desenvolvidos, a formação de uma grande classe média tem impedido com razoável sucesso que governantes abusem do poder de forma grotesca, diferente do caso de uma Venezuela, onde um povo segregado entre os muito ricos e os muito pobres acaba vítima do populismo autoritário de um Hugo Chávez da vida.
Em Política, Aristóteles levantou diversos riscos da democracia, e percebeu também que esses riscos seriam mitigados em uma sociedade com grande classe mediana, sem muita desigualdade, e mais educada. Ele lembrou que “em toda parte onde uns têm demais e outros nada, segue-se necessariamente que haja ou democracia exacerbada, ou violenta oligarquia, ou então tirania, pelo excesso de uma ou de outra”. Portanto, os riscos da democracia são ainda maiores nas sociedades muito desiguais, posto que a massa fica ainda mais suscetível à manipulação dos demagogos, que concentram poder quase ditatorial.
Infelizmente, o Brasil parece estar caminhando rapidamente para este cenário. Com uma carga tributária beirando os 40% do PIB e uma burocracia asfixiante, é a classe média que paga o grosso da conta, pois não dispõe de mecanismos para fuga. Os muito pobres nada têm para entregar, e os muito ricos acabam locupletando-se com os políticos poderosos. O modelo estatal hipertrofiado tem segregado o povo brasileiro, praticamente condenando a classe média à extinção. Trata-se de um perigoso quadro, favorável para radicais revolucionários, tais como o MST. Para reverter essa perigosa segregação, só mesmo reduzindo drasticamente o maior concentrador injusto de renda: o Estado. Caso contrário, o pouco que restou da classe média poderá sentir saudades até de Lula um dia, quando Pedro Stédile lograr a tomada do poder...
4 comentários:
A classe média será composta pelos burocratas, e apoiará o totalitarismo que a sustentar, da mesma forma que bandidos menores apoiam seus líderes.
O problema é que as esquerdas falam, falam, repetem repetem repetem, valendo-se de mentiras, falácias e deturpações (num comentário aí em baixo tem um destes) que podem ludibriar mentes preguiçosas que aceitam as palavras sem analisar os fatos que elas pretensamente expressam (isso seria pensar, coisa muito feia! cafona e materialista!). Essa repetição, empulhação, acaba por surtir efeito quando a canseira acaba por não rebater maníacos e safados tão obstinados (ideológicos são assim), o que favorece os imbecis e preguiçosos a tomarem a logorréia fraudulenta dos ideológicos como verdade (são os imbecis úteis) e até mesmo repeti-la para simular em si a mesma pujança moral que os osbstinados demonstram. Falta aos não socialistas, liberais ou libertários uma moral própria, com valores próprios de sua filosofia, abandonando valores de ideologias alheias, pois não poderão combater a ideologia anuindo com os valores que ela arbitra.
A questão é de base, mas parece que a preferência é por "vencer eleições" (são os "práticos"!); como já comentei sobre um e-mail que mandei para o partido federalista em que obtive uma resposta como que eleger um candidato, "para fazer as mudanças", fosse mais importante que criar entendimento sobre as questôes.
Bem, temo que o geraldo (argh!) se torne o viagra das esquerdas, sendo um segundo FHC (a "direita" esquerdista), talvez mais podre ainda.
Abraços
C. Mouro
Meus caros jovens Rodrigo e C.Mouro.Me perdoem entrar no V. espaço. Antes de mais nada, parabéns a vocês e votos de sucesso.E força; muita força. Vão precisar. Estou com quase 70 anos e perdí a esperança de ver a minha pátria entre as nações de verdade.
Não existe uma proposta verdadeiramente liberal apresentada ao povo brasileiro para que êle possa escolher. Não existem liberais capazes de abrir o pacote de crenças,dogmas,princípios liberais e mostrar ao povo brasileiro de forma que ele possa entender quanto é nobre e engrandecedor a pessoa conseguir confiar em si mesmo, em sua competencia, em seu trabalho, em sua verdadeira garra sem invejar o que os outros são ou têm. Dar valor à liberdade ao livre arbítrio à inteligência, à iniciativa ao conhecimento ao orgulho próprio enfim. Mas qual o que. Hoje pra tirar crianças da rua levam-nas a aprender a bater lata ou dar pinotes, e ainda chaman isto de arte. Pois bem, vamos ensinar arte, mas experimenta ensinar também um pouco de portugues, matemática,geografia, história, ciências enfim bem, como um pouco de moral e bons costumes.Mas não é isso que interessa.O que interessa é se fingir de bonzinho, de caridoso e de engajado.Estão alinentando um rebanho de carneiros para levar por onde quizerem, inclusive para o abate.São tantas coisas atravessadas, vesgas, capengas, tortasem termos de exemplos, propostas, discursos e atos que a gente que é mais velho e teve uma criação que ensinava que aceitar caridade era uma desonra, que a gente chega a perder a esperança de ver a cidadania morar nesta terra brasileira. Me perdoem o desabafo e também os erros de português.
Impecável suas colocações, Sr. Rodrigues
Destaco:
"mostrar ao povo brasileiro de forma que ele possa entender quanto é nobre e engrandecedor a pessoa conseguir confiar em si mesmo, em sua competencia, em seu trabalho, em sua verdadeira garra sem invejar o que os outros são ou têm. Dar valor à liberdade ao livre arbítrio à inteligência, à iniciativa ao conhecimento ao orgulho próprio enfim." (...)
Mas infelizmente:
"Mas não é isso que interessa. O que interessa é se fingir de bonzinho, de caridoso e de engajado.Estão alinentando um rebanho de carneiros para levar por onde quizerem, inclusive para o abate.São tantas coisas atravessadas, vesgas, capengas, tortasem termos de exemplos, propostas, discursos e atos"
Simplesmente supremo!
Obs.: O Rodrigo permite que usemos seu espaço, e por vezes eu até abuso, mas há questões em que não se pode ser breve.
Abraços
C. Mouro
Foi um os melhores textos que li nos últimos tempos. Pequeno e conciso vai direto a questão. Parabens!
Talvez não seja sua área, mas seria interessante uma abordagem dos problemas adivindos pela existência de favelas incrustadas no meio da cidade do Rio. As maiores cidades do mundo tem suas áreas pobres na periferia, na ex-Cidade Maravilhosa há um caos urbanístico espalhado por toda urbe. Não seria viável a reforma e transformação dos trens em metrô? Retirada de todas as favelas a começar de um ponto central, por exemplo o Centro? E alienar todas as áreas ocupadas por esses barracos, com o produto da venda revertendo a favor da reinstalação dos favelados? Moro fora do Rio (e Brasil) há anos e quando falo nisso minha família e amigos acham impossível executar essas medidas. Eu sempre respondo: mas se fizeram em outras paragens porque aqui não pode? Fica a sugestão.
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