quinta-feira, maio 29, 2008

O Dia da Liberdade


Rodrigo Constantino
Artigo escrito para a Revista VOTO - RS

No dia 28 de maio de 2008 ocorreu o chamado "Dia da Liberdade", data no ano onde teoricamente paramos de trabalhar para pagar os impostos e começamos finalmente a trabalhar para o consumo próprio e de nossas famílias. O dia é uma estimativa calculada a partir do total da carga tributária do país, que já chega perto dos 40%, e neste ano tivemos que trabalhar um dia extra em relação ao ano passado, apenas para pagar impostos. Entra governo, sai governo, e a carga tributária parece ter apenas uma única direção: para cima.

O cidadão brasileiro não é tratado como cidadão de verdade, mas como súdito. Nos Estados Unidos, mesmo com as maiores forças armadas do planeta, utilizadas para sustentar o papel de "polícia do mundo", o "Dia da Liberdade" foi comemorado em meados de março. Em outras palavras, os ricos americanos são forçados a trabalhar bem menos que os pobres brasileiros para sustentar seu governo, que ainda por cima atua ativamente fora de seu território. Isso para não falar das diferenças na qualidade dos serviços prestados, pois a situação fica ainda pior para os brasileiros. Não obstante sermos obrigados a labutar até o fim de maio apenas para pagar impostos, temos que pagar tudo em dobro, pois os serviços públicos básicos de educação, saúde e segurança são caóticos, para ser obsequioso. O governo nos toma, na marra, praticamente a metade do que ganhamos, e isso é a fundo perdido. O uso do nosso dinheiro acaba nos destinos mais nefastos, como a farra das organizações "não" governamentais, financiamento para os invasores do MST, "mensalão" e demais formas abundantes de corrupção, esmolas para a compra de votos, ministérios totalmente inúteis, regalias para marajás, subsídios para os "amigos do rei" etc. São muitos privilégios, muitas mamatas, muitas bocas para alimentar pelas tetas do Estado.

Ainda usando os Estados Unidos para comparação, lá não há um eufemismo ridículo que chama os pagadores de impostos de "contribuintes", como ocorre aqui. São "tax payers" mesmo, de forma mais direta. Afinal, imposto, como o nome já diz, nos é imposto. Não se trata de uma contribuição voluntária e, portanto, não somos "contribuintes" de nada, mas pagadores de impostos. Antigamente a situação era menos nebulosa, e os poderosos não escondiam a natureza do ato, pois os romanos coletores de impostos iam com suas espadas cobrar o imposto devido. Hoje, a essência do ato permanece a mesma, e o governo usa a coerção e ameaça de coerção para obter os impostos. Mas disfarça isso com o uso do termo "contribuinte", alegando ainda que é do nosso interesse entregar quase a metade do que ganhamos para os poderosos de Brasília. Nada mais falso.

Insistindo uma vez mais na comparação entre Brasil e Estados Unidos, os impostos lá são cobrados em separado do preço do produto. O consumidor, assim, pode conhecer perfeitamente quanto do preço final é destinado ao governo, em cada produto que consome. Isso tem um efeito muito positivo de conscientização das pessoas no longo prazo. Saber quanto efetivamente pagamos de impostos deveria ser um direito básico de qualquer um. No Brasil, entretanto, isso não ocorre, e não são poucos os que acham que não pagam muitos impostos, pois focam apenas em IPVA ou Imposto de Renda, os mais visíveis. Existem, na verdade, mais de 70 impostos, tributos e taxas no país, que incidem de forma indireta nos produtos. Todos pagam impostos, e muitos! Quando alguém consome eletricidade, compra uma roupa, comida ou produto eletrônico, está entregando, na média, 40% do valor para o governo. Um carro popular poderia custar quase a metade do preço atual, não fossem tantos impostos. A quem interessa manter o povo na ignorância desses fatos? Claro que apenas os consumidores de impostos se beneficiam dessa ignorância, enquanto todos os pagadores de impostos, maioria da população, pagam a conta sem nem saber ao certo disso.

Foi nessa mesma semana em que aqueles conscientes da lamentável situação de súditos celebravam o "Dia da Liberdade", que o governo apresentou sua proposta de resgate da extinta CPMF. Os argumentos são sempre as mesmas desculpas esfarrapadas, de que o governo precisa de mais recursos para oferecer serviços de qualidade. Não basta tirar quase a metade do povo. Eles querem mais! Afirmam que a saúde necessita de mais verbas, ignorando que dinheiro não tem carimbo. Ou seja, imposto é sempre imposto, e o destino dessa montanha de dinheiro é decidida pelo governo. O que importa dizer que esse imposto novo, a CSS, será destinado à saúde? Outros impostos poderão continuar vazando pelo ralo da corrupção e safadeza, como de praxe. A carga tributária escandinava do Brasil, com serviços africanos, já passou faz tempo dos limites da moralidade. Nosso governo é imoral, e esta proposta de mais imposto é uma afronta ao pagador de impostos. Depois do fim da CPMF, o governo bateu novos recordes de arrecadação, notícia que deve sempre ser lamentada. Redução de imposto é sempre algo desejável. No entanto, vemos que a fome dessa turma por recursos alheios é insaciável. Até quando os hospedeiros vão suportar parasitas tão gulosos de forma tão passiva?

A Inconfidência Mineira, liderada por Tiradentes, usou a "derrama" como motivo para a revolta. Era um tributo de um quinto sobre a produção de ouro, cobrado pela Coroa portuguesa. Hoje, não somos mais súditos de Portugal, mas continuamos súditos, agora de Brasília. E em vez de um quinto, pagamos dois quintos de impostos! Não estaria mais do que na hora do povo brasileiro se revoltar contra essa escravidão velada? Não passou da hora de darmos um basta a esse abuso? Chega de tanto imposto!

4 comentários:

Anônimo disse...

http://www.contribuintecidadao.org.br/olhoImposto/
veja ia oq que pagam os impostos corretamente oq que tem carteira assinada não é 40%
os valores de impostos chegam a 60%


sim vc afirma na média
mas para os pagadores de impostos, para os que pagam corretamente os valores são de 60%


o esquecimento desses valores, é uma falha absolutamente comum , que mostra inclusive uma perda de foco.

mostra que se aceita os n° do governo.

oq importa é quanto imposto eu pago e não quanto o governo arrecada de todos.

por isso ainda temos alguns meses de escravidão para viver.

Anônimo disse...

É o Caminho da Servidão.

Os impostos no Brasil, não só são mal usados. Como ajudam a manter um nefasto sistema estatista que recruta gente do todos os estratos sociais para a sua insidiosa causa. O que ocorre hoje é de uma vileza atordoante! O Estado brasileiro distribui uma parte substancial do que arrecada. Essa distribuição gera uma rede maldita de defensores do estatismo, que mesmo condenando a si mesmos e a seus filhos a viver em uma sociedade muito mais pobre e subdesenvolvida do que precisaria ser, defendem o estado achando, que aquela pequena esmola que recebem do estado, justifica a manutenção do status quo. E são gente de bem, apenas cegos pelas circunstâncias. O Funcionário público que odeia qualquer menção ao liberalismo, dizendo que: Criou toda a família com o emprego na Telebrás. Esquece que poderia ter conseguido os mesmos resultados numa sociedade de economia aberta, e ainda viveria num país sem tanta miséria. O Estatismo vende a idéia falsa, que o potencial de várias pessoas, e sua condição material favorável, só são viabilizados através do diligente planejamento estatal. Talvez esteja aí um dos motivos que fazem com que o liberalismo seja tão impopular. O Estatismo se auto alimenta, mesmo quando seus níveis de corrupção são altíssimos, como no Brasil. Uma Revolução Liberal é o que o Brasil mais precisa. Talvez quando pagarmos 70% ou 80% do nosso trabalho em impostos... Mesmo assim acho muito difícil. Plutão já deixou de ser um planeta, e a distancia do liberalismo continua a mesma.

Anônimo disse...

Putz! essa foi perfeita:

"mostra que se aceita os n° do governo.
oq importa é quanto imposto eu pago e não quanto o governo arrecada de todos.
por isso ainda temos alguns meses de escravidão para viver."

É fato, há na média muitos privilegiados, além de a conta PIB ser duvidosa. Sobretudo quando o governo muda a formula para adaptar "a modernidade" (...hehehe!). Ou seja, se o governo não tivesse mudado a fórmula o pais não teria "crescido" tanto (apesar de bem abaixo da média) e a carga estaria com um, percentual oficial, ressalte-se, ainda maior.

O que se sabe é apenas o que o próprio governo diz. A população não tem meios de fiscalizar o aparato estatal, não tem como cruzar dados da mesma forma que o governo faz para fiscalizar os pagadores de impostos.

Se imposto pago desaparece das contas ninguém ficará sabendo jamais. Não há mecanismo de fiscalização do governo. Existe apenas a pantomima para os pagadores não se envergonharem tanto, sob a idéia de que o governo fiscaliza o governo ...hehehe! ...mas o governo não deixa o empresário se fiscalizar nem qualquer pagador, não, o governo quer cruzar dados.

...Já nas contas do governo não há como cruzar dados, além de a "fiscalização" ser feita pelos proprios parasitas estatais, politicos corruptos e agregados de todos os fedores.

Abraços
C. Mouro

Anônimo disse...

Magnífico, estupendo comentário do Felipe.
Perfeito! além de inovador; expondo fatos que nunca são levantados, embora importantíssimos para acirrar reflexões.

Primoroso!

Abraços
C. Mouro