terça-feira, julho 29, 2008

Moralismo Udenista?



Rodrigo Constantino

"Não temos nenhuma evidência de que a corrupção fosse menor no passado; era menos visível." (Maria Hermínia Tavares de Almeida)

“A espetacularização de casos de corrupção só ganha espaço quando os discursos políticos estão esvaziados. Com uma agenda política cada vez mais próxima à do governo, a oposição enfrenta dificuldades em criticar quem está no poder e, por isso, prefere ataques morais à discussão sobre propostas. Assim, o debate de idéias recua para dar espaço ao noticiário policial. A análise é da cientista política Maria Hermínia Tavares de Almeida, professora titular da USP”. Assim começa a matéria do jornal Valor sobre o 6º encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), entidade presidida pela cientista política Maria Hermínia.

Para a professora da USP, "se [as políticas do governo] são muito parecidas com o que a oposição fez quando estava no governo, o espaço para crítica é menor”. Não dá para negar que ela tem um ponto: as políticas do PSDB, PMDB e PT são mesmo convergentes em vários aspectos. Afinal, nenhum deles ousa romper o marasmo esquerdista que deposita no governo o poder de locomotiva econômica. Nem o governo FHC nem o governo Lula fizeram as necessárias reformas estruturais, preferindo fugir das questões trabalhista, previdenciária e tributária. Mas é inegável que ocorreram avanços maiores na era FHC, em termos institucionais. O governo Lula se limitou a manter o básico, principalmente em termos macroeconômicos, sem estragar as poucas conquistas anteriores. O resto foi uma dádiva de fora, uma sorte incrível que permitiu que o Brasil pudesse surfar uma onda benigna com o melhor contexto internacional das últimas décadas para os países emergentes. Portanto, há sim muito o que se criticar em termos de políticas do governo na gestão Lula.

Está errado então o resumo que ela faz ao afirmar que "é mais fácil criticar o governo pelo lado da moralidade do que pela política". É igualmente fácil criticar o governo por ambos os lados. Só que um não deve excluir o outro, de forma alguma. E a impressão que fica ao se ler a reportagem do jornal é que a professora da USP tenta justamente reduzir a importância da crítica moral, como se ela fosse resultado apenas da convergência da agenda dos partidos. Ela tenta ainda passar a imagem de que nada de diferente em termos morais foi praticado por este governo. Para ela, a maior exposição na mídia é que estaria por trás dessa noção de que o aspecto moral piorou na gestão petista. "Questões relacionadas à corrupção sempre existiram, mas agora acabam aparecendo mais", ela diz. Como assim? Quer dizer que o recorde de escândalos ininterruptos durante o governo Lula é fruto apenas da maior visibilidade do governo? Não tem nada a ver com uma maior produção de escândalos, justamente porque “nunca antes na história desse país” tivemos tanta corrupção? Será que a professora usou esse mesmo discurso no caso Collor? É muita cara-de-pau tentar simplificar as coisas dessa forma, para inocentar o PT. Mas não deixa de ser hilário ver essa turma “defendendo” o partido da “ética” com a afirmação de que ele é “apenas” tão corrupto quanto os outros, inclusive o PMDB.

A professora usa como exemplo para o argumento de que o tema corrupção sempre esteve presente a bandeira usada pela UDN entre 1946 e 1964, quando fazia oposição à coalizão varguista. Em primeiro lugar, devemos questionar a conclusão dela, de que o foco nessa questão moral seria conseqüência do esvaziamento do debate dos programas políticos. Ora, se ela mesmo afirma que o tema não é novo e sempre foi usado, por que antes ela afirmara que esse foco é fruto da convergência das agendas? Será que só quando o PT é vítima das críticas sobre moral é que essas críticas são inválidas, resultado da falta de assunto político? A UDN e os varguistas tinham uma agenda comum, por acaso? Em segundo lugar, será que a professora estaria insinuando que o moralismo é coisa de udenista apenas? Não temos todos uma obrigação moral de questionar a honestidade dos candidatos e do governo, de apontar os esquemas corruptos? Só porque sempre convivemos com a corrupção, devemos ignorar esse aspecto então?

Para Maria Hermínia, esses problemas, especialmente ligados ao financiamento de campanha, existem em todo lugar do mundo. A tentativa de limitar o estrago moral realizado pelo PT no governo ao aspecto de financiamento de campanha é lamentável. O “mensalão” foi bem mais que isso! O PT tentou concentrar todo o poder em suas mãos, pois o DNA autoritário está presente no partido. Os infindáveis escândalos têm ligação com a tentativa do PT de tomar toda a máquina estatal e expandir os seus tentáculos sobre as liberdades individuais. A professora questiona como podemos minimizar esses problemas de corrupção: "Mas com que regras é possível reduzir essa relação complicada entre interesses privados e agentes públicos?" Ora, será que não passa por sua cabeça que devemos reduzir justamente a quantidade de recursos que passa pelo poder político? Será que não está claro que devemos reduzir a concentração do poder no governo, já que é obviamente natural a organização de grupos de interesse quando o destino da economia depende do carimbo poderoso do governo? Essa solução evidente não é mencionada hora alguma pela cientista política. Parece que os “filhos” da USP encontram uma dificuldade enorme em navegar pelos caminhos da lógica quando isso representa redução do poder estatal.

A frase da epígrafe representa a postura atual dos defensores do PT: a tentativa de jogar tudo no mesmo saco podre e culpar o “sistema” em vez do partido. É verdade que a corrupção sempre existiu. E também é verdade que o modelo político tem boa dose de culpa, justamente porque concentra poder demais no governo. Mas é inegável que a gestão Lula levou a questão da corrupção a patamares assustadores, e nunca antes vistos. Justificar isso apenas com o argumento de maior exposição na imprensa é apelar de forma patética, é agredir o bom senso das pessoas que ainda não perderam o juízo. O PT banalizou a imoralidade e a corrupção. E se atacar a imoralidade dessa turma no poder é coisa de “moralista”, então fico feliz de ser considerado um desses. Quem perdeu a capacidade de se indignar com os escândalos de corrupção do governo, perdeu a noção de certo e errado. E esse é o primeiro passo para o caos total, para a barbárie.

22 comentários:

Tandor disse...

A como eu queria que esse blog existisse nos anos do governo FHC, seria interessante ter textos de ambos os períodos para comparar ...

Tandor disse...

Para quem interessar, aqui tem o Lattes da Professora que nosso caro constatino critíca.

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4780089J7

Vou entrar em contado com a professora e perguntar se do texto dela (que nosso amigo Constantino poderia ou reproduzir integralmente, ou ao menos colocar um link para que possamos ler) tinha todos os elementos criticados aqui.

Rodrigo Constantino disse...

Maurício, eu critico duramente o governo esquerdista FHC.

Agora, se vc não tiver ARGUMENTOS para postar, favor se manter na sua, pois não aceito poluição no blog.

Ou argumenta, ou fica calado.

Ok?

Rodrigo

Tandor disse...

Meu argumento ?

Eu não li o texto que você critica, quero lê-lo.

Mas sim, eu gostaria que esse blog estivessem em funcionamento durante o governo do FHC, não disse que elogiaria, ou que não criticaria, mas eu queria ver como seriam as críticas.

No ponto relativo a intervenção do estado na economia, admito que você critica igualmente todos, de Bush a Lula, mas da notar um certo sabor especial em tentar ligar tudo a comunismo...

PS: Simpática sua foto nova.

Anônimo disse...

Rodrigo, lembra que no dia da reeleição do Lula apareceu um esquerdista chato no Manhattan Connection que discutiu com o Mainardi? Ele usou o termo "moralismo Udenista" em um dado momento.

No programa seguinte, foi lido um e-mail que dizia que o termo foi cunhado por membros do partido comunista, quando criticados pela UDN por apoiar... Ademar de Barros, aquele mesmo do "rouba, mas faz".

PS: Desculpem a todos pela ausência nos últimos dias. É que o PC do burguês aqui deu pau.

Anônimo disse...

Essa idéia da “Realpolitik” brasileira, que dispensa considerações éticas em seus cálculos pragmáticos esta bastante espalhada na psique dos pensadores e formadores de opinião no Brasil. Um exemplo disso foi a declaração de um ator global, que quando confrontado com seu apoio incondicional ao Lulismo, mesmo depois de tantos escândalos de corrupção, teria dito que política é isso mesmo, que fazer política é meter a mão na m*rda.
O Interessante é que o debate das idéias é sempre meio esquizofrênico. Quando vemos os formadores de opinião debatendo as políticas públicas, 99% das vezes não consideram o governo real, mas sempre um governo “de palha”.
Podem ver: No debate da lei seca: refutavam o argumento da corrupção policial como absurdo, porque, afinal: A intenção da lei não é criar policiais corruptos. Algo muito parecido podemos observar com esse engodo da nova estatal do petróleo. A maioria dos cálculos refuta o aparelhamento partidário, corrupção dos burocratas e promiscuidade estatal com os grandes empresários “rentistas” como o safado do Daniel Dantas, sempre ávidos a procurar os favores de empresas estatais e políticos para defenderem suas empresas ineficientes. Sempre consideram a estatal como sendo manejada por anjos e santos, quando debatem “as idéias”.
É curioso, se não bastasse a miopia econômica, que constrói discursos falaciosos quando defende esta ou aquela política intervencionista e progressista. Agora temos a miopia ética, que sempre considera as ações do governo no “debate de idéias” eticamente “ótimas” e depois quando a lambança aparece racionalizam rapidamente com essa arenga de moralismo udenista ou seja qual for a patacoada da moda.
E isso não é novidade não. O Rouba mas faz malufista, aqui em São Paulo é filhote desse mesmo pensamento.
Nós, brasileiros, somos uns avacalhados mesmo. Deixamos o governo virar essa monstruosidade podre, que na verdade é o nosso espelho. E ainda aplaudimos a podridão como algo que é “do jogo”.

Anônimo disse...

Minha opinião é de que tinha que privatizar a USP, tá cheia dessas "viúvas do muro de Berlim" que tanto ferram nosso querido Brasil, apóiam o politicamente correto, o MST, Barack Obama, só lixo introjetam na mente dos jovens, "Um mundo melhor é possível"! Me lembro da petralhada quanto as primeiras notas dos escândalos dizendo que "o poder corrompe", logo eles que eram "os mais éticos"!

Anônimo disse...

"Um melhor mundo é possivel" Com certeza, um mundo cheio de MAOs, STALINs E FIDEIS seria maravilhoso...adoraria ver um revolucionario desses na praça da Paz Celestial ou em Havana, criticando o "sistema".

Anônimo disse...

Por falar em Obama, também conhecido como O MESSIAS QUE IRÁ SALVAR A HUMANIDADE, gostaria que alguém me explicasse qual o currículo daquele cidadão; quais os méritos individuais que o façam merecer tal galardão.
Obs: Graduação em Harward não vale, pois G.W. BUSH também tem.

Chester disse...

HapiBlogging to you my friend! Have a nice day!

Tandor disse...

Minha opinião é de que tinha que privatizar a USP, tá cheia dessas "viúvas do muro de Berlim" que tanto ferram nosso querido Brasil, apóiam o politicamente correto, o MST, Barack Obama, só lixo introjetam na mente dos jovens, "Um mundo melhor é possível"! Me lembro da petralhada quanto as primeiras notas dos escândalos dizendo que "o poder corrompe", logo eles que eram "os mais éticos"!

Os que mais falam isso, são os mais choramingariam se tivessem que pagar sozinhos por algo que a USP fornece (seja como serviço, educação ou estrutura acadêmica)...
É engraçado a quantidade de "serviços" que particulares pedem na USP (de barata para identificar a requisição de dado georeferenciado) e que os tontos não fazem idéia de como seria inviável depender só do bolso desses fdps para manter a estrutura.

O mais engraçado é que tem nego que faz propaganda de chinelo havaiana e acha que faz mais pela sociedade que os outros...

hungryfellow disse...

Outro bom artigo Rodrigo!

Já lí outros artigos e opiniões onde você cita sobre o seu trabalho no campo das idéias e tal, somente estou me perguntando nos últimos tempos se, mantermos essa nosssa capacidade de se indignar com os escândalos é interessante para nossa sanidade. Últimamente me sinto nadando na merda e de saco cheio para tomar banho.
Costumo acompanhar opiniões neste sentido em veículos mais undergrounds na web e por mais que tento acreditar que o trabalho no campo das idéias é de extrema importância, estou começando a achar tudo isso irrelevante diante de todo este lixo. Com muitas custas e muito tempo você consegue abrir os olhos de alguns ex-trogloditas por aí, mas a todo momento essa onda de ignorância vindo principalmente dos grandes veículos de comunicação nesse país, faz um estrago em massa.É inevitável.

O seu trabalho deve ser difícil Rodrigo e você deve ouvir cada uma, e eu admito que aos poucos meu espírito de indignação vai se esvairindo com tudo isso. Como é que anda o seu depois de tanto tempo?

Que projeto, teria ou sistema de governo poderia ser à prova de corrupção?

Forte abraço e me perdoe o sentimentalismo em boa parte.

Anônimo disse...

"Que projeto, teria ou sistema de governo poderia ser à prova de corrupção?"


Nenhum, o Constantino quer acabar com a corrupção eliminando o governo. Segundo ele, todo governo é corrupto, então para não haver corrupção não deve haver intervenção nenhuma do governo.
É mais ou menos como querer acabar com os crimes acabando com as leis. Se não houver lei, ninguém vai infringir a lei.
No fundo ele é um anarquista, apesar de não admitir.

Anônimo disse...

Caracoles rebilonges!!!!

PQP! ...Acabar com a corrupção acabando com os agentes estatais que a praticam, NÃO é o mesmo que "acabar com o crime acabando com as leis" que o tipificam.

Além do mais CORRUPÇÃO É CRIME. ...hehehe!

A comparação certa seria "acabar com os crimes acabando com os criminosos".

Acabar com o Estado/governos seria como acabar com as quadrilhas de criminosos, acabar com as organizações criminososas. Mas acabar com elas é acabar com os bandidos que as criam.

Ou seja, o Rodrigo ESTÁ CERTO! ...hehehe!

Acabar com as leis não acabaria com as ações. Já acabar com as leis não acaba com as ações, mas apenas com a palavra "crime", as ações continuarão lesivas aos indivíduos.
Na idéia attribuída ao Rodrigo, efetivamente acabaria a corrupção estatal. ...hehehe!

Santa lógica ausente, Batman!

Abraços
C. Mouro

Anônimo disse...

Ah é, eu ainda estou esperando o comentário sobre a mega intervenção estatal do governo americano, aplaudida tanto por democratas quanto por republicanos.

Anônimo disse...

Ops!

Acabar com o Estado, repleto de corruptos, efetivamente acaba com a corrupção estatal. No entanto, acabar com as leis não acaba com as ações criminosas, mas apenas com a palavra "crime", as ações continuarão lesivas aos indivíduos.

C. Mouro

Anônimo disse...

"Já acabar com as leis não acaba com as ações, mas apenas com a palavra "crime", as ações continuarão lesivas aos indivíduos."

Acabar com o governo e o estado também não acabaria com a ação de pessoas empoderadas enriquecendo sem ter que produzir nada. Apenas tornaria isso legal.
Quer ver um exemplo do que eu estou falando?
Nepotismo é ilegal, certo? Dar cargos públicos para parentes é considerado corrupção.
Pois bem, em empresas privadas os empresários e executivos podem dar cargos para seus filhos a vontade e perpetuar uma "família real" na empresa. Mas como a empresa é privada, aí pode. Veja o exemplo do dono da Gerdau que colocou o filho como CEO.

Anônimo disse...

Eu já sei o que vocês vão falar, se o filho do dono for incompetente, a concorrência irá punir a empresa.
Só que não funciona assim, a concorrência perfeita é uma utopia, uma empresa do porte da Gerdau, por exemplo, tem seu lugar garantido na economia.
E além do mais, mesmo que não coloquem um parente em um cargo, filhos de empresário vivem ostentando luxúrias com o lucro das empresas.

Anônimo disse...

...hehehe! ...cruz em credo e credo cruz!

"Acabar com o governo e o estado também não acabaria com a ação de pessoas empoderadas enriquecendo sem ter que produzir nada. Apenas tornaria isso legal."

Porra! mas a questão era acabar com a gigantesca e nociva corrupção estatal!
...não era implantar o Paraíso na Terra, não. ...hehehe!

A corrupção do governo arruina o pais inteiro para benefico de uma súcia buroratica e parasitas agregados que empestiam o Estado, transformando-o numa gigantesca quadrilha bandidos insaciaveis que consomem bens e serviços produzidos pela população sem dar quase nada em troca, mero assalto onde o assaltante devolve os centavos para a vitima.
Claro que vitimas sempre assaltadas tendem a empobrecer como coletividade. Enquanto a coletividade bandida se enriquece com o que EXPROPRIA de quem trabalha e produz.

Raios!
Santa lógica ausente Batman!

Abração
C. Mouro

Tandor disse...

A corrupção do governo arruina o pais inteiro para benefico de uma súcia buroratica e parasitas agregados que empestiam o Estado, transformando-o numa gigantesca quadrilha bandidos insaciaveis que consomem bens e serviços produzidos pela população sem dar quase nada em troca, mero assalto onde o assaltante devolve os centavos para a vitima.
Claro que vitimas sempre assaltadas tendem a empobrecer como coletividade. Enquanto a coletividade bandida se enriquece com o que EXPROPRIA de quem trabalha e produz.


A diferença é que com o estado você pode tentar reclamar, sem o estado, você nem isso pode...

Ha claro, podemos fazer boicote/apelar ao concorrente ...
To esperando fazem 10 isso resolver o caso da telefônica ...

Tandor disse...

Acabar com o Estado/governos seria como acabar com as quadrilhas de criminosos, acabar com as organizações criminososas. Mas acabar com elas é acabar com os bandidos que as criam.

Não basta acabar com os criminosos NO ESTADO ?
Claro, imagino que você acredita que estado tem que ser obrigatóriamente sinônimo de corrupção ...

Anônimo disse...

Pois bem, em empresas privadas os empresários e executivos podem dar cargos para seus filhos a vontade e perpetuar uma "família real" na empresa. Mas como a empresa é privada, aí pode.

É óbvio que pode. Pense comigo, se a empresa é sua, você pode fazer o que quiser, inclusive incendiá-la, jogar os computadores pela janela, e outras loucuras. Ela é sua, e a responsabilidade pelos seus atos atingrá a você.

Daqui a pouco vão vir propor que o governo proiba as pessoas de, em suas empresas privadas, contratarem parentes. Quem a autoridade governamental pensa que é para avançar de tal forma nas liberdades dos indivíduos?

O problema do nepotismo no setor público é óbvio porque se trata da apropriação da máquina pública como se fosse, mesmo, uma empresa privada. Novidades: não é.

Você não pode usar do seu cargo no setor público para se favorecer e favorecer a sua família às custas do contribuinte. Agora, na sua empresa, financiada por você, é óbvio que você pode agir dessa forma.

A questão da concorrência não precisa entrar nesse discurso obrigatoriamente (apesar de ser óbvio que uma empresa que use métodos toscos na administração não conseguirá sobreviver muito tempo no mercado).

O governo é, sempre, por definição, um facilitador da corrupção por si só. Num Estado de Direito isso ainda pode ser mais controlado do que numa "Tirania", mas, mesmo assim, ainda há a mentalidade na cabeça dos políticos e funcionários públicos de que as regras não se aplicam para quem está "dominando".

Sem contar que o serviço público, como é constituido no Brasil e no mundo, é um antro de ineficiência. A segurança do emprego, a ausência de fiscalização e cobrança, o "acordo de cavalheiros" (não me dedura que eu não te deduro), a burocracia criando espaço para o surgimento de ações corruptas e, por fim, o poder em mãos para combater quem se posiciona contra o "sistema burocrático" são, sem dúvida, os maiores males do Leviatã.

Sobre a USP, eu estudo lá e acho que sua privatização faz-se urgente. Claro, ouse abrir a boca para dizer isso dentro da Cidade Universitária para ver um bando de estatistas em fúria te perseguindo. "Neoliberal! Neoliberal!"