quinta-feira, agosto 03, 2006

A Derrocada da Rodada de Doha

Rodrigo Constantino

Quanto mais indivíduos e empresas participando do livre comércio, melhor. Cada um pode focar em sua vantagem comparativa e obter, através de trocas voluntárias, muito mais do que iria obter por conta própria. A globalização enriquece, enquanto o fechamento das fronteiras prejudica os consumidores. Basta observar países como Taiwan, Cingapura e Hong Kong e compará-los a países como Cuba e Coréia do Norte. Com este fato em mente, não há como deixar de lamentar o fracasso das negociações em Doha.

Vale antes um caveat: o ideal do livre comércio não passa por dezenas de burocratas de um lado negociando documentos com milhares de páginas com burocratas do outro lado. Por si só, isso já representa muita intervenção estatal no que deveria ser o livre comércio entre empresas do mundo todo. Afinal, falar em comércio entre países já é uma espécie de ranço nacionalista, posto que o comércio se dá mesmo entre empresas de diferentes países.

Feita esta observação, podemos retornar à realidade do mundo existente, onde minimizar as barreiras erguidas pelo Estado é o objetivo principal. A abertura comercial é sempre vantajosa para os consumidores, mesmo que seja unilateral. Basta pensar no sol, que “trabalha” de graça, enquanto todos podem importar seu serviço sem custo algum. Os fabricantes de velas ou lampiões podem não gostar dessa competição “desleal”, mas seria ilógico falar que ela prejudica os consumidores, o que seria equivalente a dizer que criar um imposto para o uso da luz solar seria benéfico para eles. Logo, um produto mais barato vindo de fora é sempre algo desejável do ponto de vista do consumidor de um país – e todos são consumidores.

Historicamente, as cidades situadas na beira dos rios, onde era mais fácil importar produtos do exterior, prosperaram bem mais que as localizadas em regiões montanhosas, mais “protegidas” da competição externa. É uma herança maldita do mercantilismo considerar a importação algo ruim e a exportação algo bom. Como reconhece a revista The Economist, “os benefícios do livre comércio vêm mais das importações que das exportações”. As importações de bens mais baratos deixam os consumidores com mais dinheiro sobrando e, através da competição, aumentam a produtividade doméstica. A retórica de que abrir o mercado doméstico é uma “concessão” aos países que querem exportar mais não faz sentido econômico. Pode ser útil na disputa por maior abertura geral, mas é uma alegação falsa, já que abrir a economia doméstica é sempre uma vantagem para o próprio país. Na verdade, aqueles que se colocam contra tal abertura são membros da oligarquia local, que usam o poder sobre o governo para evitar maior concorrência, prejudicando os consumidores. Defender maior protecionismo comercial é defender tais oligarquias, em detrimento do resto do povo.

O fracasso das negociações em Doha representa um passo atrás na maior liberalização comercial que o mundo vem experimentando. O retrocesso é preocupante, e não existe apenas um culpado. Os representantes da Índia e do Brasil fizeram pouco caso da rodada, e mostraram-se inflexíveis quanto à demanda por maior abertura para bens industrializados. São países que ainda protegem demais os produtores locais. O Banco Mundial reporta que a média ponderada das tarifas brasileiras chega a 8%, contra apenas 1,8% dos Estados Unidos ou zero para Hong Kong. Um computador coreano, insumo básico para várias empresas, custa quase o dobro no Brasil se comparado aos EUA. Não vamos esquecer que a Lei da Informática não tem tanto tempo assim, criando uma absurda reserva de mercado e condenando os consumidores brasileiros ao atraso tecnológico. Os países emergentes ainda têm um longo caminho a percorrer por uma maior abertura comercial.

Por outro lado, os países mais ricos também foram inflexíveis quando o tema era agricultura. Os diplomatas americanos desejavam um grande negócio ou então negócio algum. Ficaram com a última opção. Susan Schwab, a representante americana, decidiu que a União Européia e os emergentes não estavam oferecendo liberalização suficiente para justificar os grandes cortes propostos nos subsídios agrícolas americanos. Os europeus, que são os que mais praticam subsídio agrícola, não estavam dispostos a enfrentar o forte lobby doméstico, com figuras como Bovè, que paradoxalmente é bem recebido pela esquerda brasileira, ainda que seja o ícone desse protecionismo que tanto nos prejudica. Em 2005, a União Européia transferiu em subsídios agrícolas US$ 134 bilhões, contra US$ 43 bilhões dos Estados Unidos. Os pagadores de impostos sustentam poucos e poderosos agricultores, prejudicando ainda os produtores dos países emergentes.

Enfim, as negociações fracassaram, as oligarquias de cada um desses países saíram ganhando e os consumidores do mundo todo pagaram a conta. Como a economia global está crescendo muito, a derrocada em Doha pode ser tolerada. Caso a economia global entre em recessão, o protecionismo tende a aumentar, prejudicando ainda mais os países e aumentando os riscos de guerras e crises econômicas. Barreiras comerciais devem sempre ser encaradas como maléficas ao desenvolvimento das nações. Se o grande acordo em Doha falhou, a solução deve ser a busca de acordos bilaterais. O governo Bush já assinou 14 acordos de livre comércio e está negociando outros 11. Enquanto isso, o Brasil se volta para o natimorto Mercosul, que agora abriga a Venezuela e Cuba também, com claro uso geopolítico. A Alca continua sendo fortemente atacada por membros do governo Lula, por fatores ideológicos apenas. Este é o caminho da desgraça! A Rodada de Doha pode ter fracassado. Mas o país não precisa fracassar junto. Basta entender que qualquer redução das barreiras comerciais é desejável, e que as oligarquias locais devem ser enfrentadas. Tanto os pagadores de impostos como os consumidores brasileiros agradecem.

22 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo, perfeito! Só faltou citar Frédéric Bastiat como fonte do bom exemplo da luz do sol versus produdores de velas..

Abs,
Tiago

Anônimo disse...

Rodrigo,
A arrogância de líderes mundiais em considerarem o livre comércio internacional como uma concessão feita por eles, como algo que dependa deles, é algo que me choca bastante. Ora, comércio mundial seria a realidade hoje, não tivessem os estados se fortalecido tanto na queda totalitária que foi o século XX...

Outra idéia para um artigo: toda vez que há uma dessas cúpulas internacionais com presidentes da Rússia, Venezuela, Nigéria, Bolívia, Cazaquistão, Uzbequistão, Arábia Saudita, a cúpula acaba se transformando em uma mera reunião de presidentes de empresas nacionais de petróleo e gás. Será que nestes países é o estado controla os monopólios nacionais de energia ou será que é o contrário?

Quando é que os líderes políticos de um país - que por virtude de controlarem a política acabam por ser controladores de gigantes empresas de energia estatais - passam a ser presidentes de empresas de energia que por virtude do enorme poder de controle da matriz energética passam a controlar a política de uma nação?

Anônimo disse...

Ótimo artigo Rodrigo;

Rodrigo, só me diz uma coisa pra me esclarecer um pouco mais; Se abrir-mos o mercado como voce mesmo expoe não correríamos o risco de termos um aumento no desemprego, já que um possível aumento nas importações, não enfraqueceria as empresas nacionais, fazendo com que fossem obrigadas a demitir seus funcionários?

Agradeço desde já se puder me responder...
Abraço!!!

Rodrigo Constantino disse...

Não haveria desemprego, pois a economia feita pela compra de importados mais baratos seria redirecionada para algum outro lugar, criando novos empregos onde haveria maior vantagem comparativa.

Anônimo disse...

E quando um país importa algo, ele paga com os dólares que conseguiu exportando alguma coisa. Se um país não exporta, ele não consegue importar. MAS SE ELE NÃO IMPORTA, ELE EXPORTA MENOS. É exatamente o que se passa com o dólar no Brasil neste exato momento.

Se a gente tira a moeda da equação - já que a moeda é apenas o meio de troca.

Anônimo disse...

Se a gente tira a moeda da equação - já que a moeda é apenas o meio de troca - aí fica bem simples de entender.

Anônimo disse...

Já imaginara que seria dessa forma. Mesmo assim, valeu, ajudou a esclarecer.

Abraços!!!

Anônimo disse...

O dinheiro não tem valor, ele apenas o representa num combinado. O que se troca são os produtos (bens e serviços) e é ao produto que a moeda representa. Por exemplo, um cheque, ele é só uma representação, mas nada garante de valor. Só recebemos cheques em troca do que vendemos, por presumir que tal cheque poderá ser transformado em algo de valor; em si ele não vale nada.
...Ou seja, se importamos o produto alheio, necessáriamente devemos produzir algo para trocar. Mas se o "espertíssimo inteligente" que exporta não aceitar importar, estará de fato produzindo "de gratis" para os importadores, recebendo em troca apenas créditos que "espertíssimamente" crê desvantajoso, não quer realizar para não "prejudicar" o produtor local. ...hehehe! eu adoraria "importar" (comprar) dessa gente inteligentíssima, e que nunca descontassem os meus cheques, acreditando que o bom é vender e nunca comprar ...hehehe! ...OS IMBECIS SÂO FUNDAMENTAIS PARA ALEGRAR QUEM PENSA! ...HEHEHE!
.
Mas a propaganda falaciosa consegue meter idiotices na cabeça da maioria, provando que a maioria é composta de imbecis, e o que é mais raro vale mais ...hehehe!
São os imbecis ideologicos que dão certo colorido à vida, vê-los em suas verborréias falastrosas é divertido. ...é o que resta à minoria.
Abs
C. Mouro
Obs.: A troca é que enriquece, por cada um se dedicar a uma tarefa (prod serie) e melhor se naquela que é mais eficiente.
Não se poderá importar caso não se exporte, a menops que através de dívida. è aí o erro outro de imbecis, que acumulam dívidas sem investir na produção de riquezas. Esse foi o erro de geisel (o pior dos crápulas) prá frente, que curiosamente fez dívida para criar o mais terrivel parasitismo estatal, proibindo importações úteis. Toda a receita foi para gastos estatais estéreis: o pai da corrupção e do parasitismo absoluto no brasiu.

Anônimo disse...

Ótimo artigo. Bastante esclarecedor. E é bom para dar um tempo nos ataques e críticas aos esquerdistas e começar a mostrar o que o liberalismo tem de bom.

Anônimo disse...

A esquerda, o socialismo e principalmente o marxismo são o que são por fazerem do ataque a defesa, até por nada terem a explicar, apenas slogans e bordôes emocionados, bem como abanar bandeiras e fazer manifestações. Claro que no Poder, eles esquecem todas estas canalhices, já que impossíveis na prática, e então a farofa prossegue indefinidamente.
Os não esquerdistas, educadinhos e mestres em bom mocismo, santos apaziguadores, propõem o "alto nivel", "amar o inimigo", não cometer a indelicadeza de atacar e nem chamar os canalhas de canalhas e etc. e tal. Que coisinha linda! ....tão linda que fez esta camarilha chegar onde chegou.
Num mail ao federalista eu escrevi que ser devia formar bases teoricas na população, e a resposta foi que isso é bobagem, pois se tem é que chegar logo ao Poder para mudar (sic!) ...hehehe! a esquerda fez exatamente o contrário, e por isso pode se dar ao luxo de eleger lulla e não se abalar tanto. Há também os brilhantes práticos que defendem o voto "útil" para não eleger os piores e sim os pouco menos piores ....é isso que se tem feito, e FHC acabou como oposição ao socialismo, um "legítimo neoliberal", talvez algum dia estes brilhantíssimos defendam o voto em lulla para evitar heloísa helena ou um outro maníaco espertalhão do PSTU ou PCO ...e la nave vá...
Abs
C. Mouro

Anônimo disse...

Nao nego aqui que eu sou a favor do livre comercio. Acho q o mercado precifica os valores dos produtos (pra nos limitarmos a isso, poderia falar servicos, dentre outros).

Mas chegar ao ponto de dizer "barreiras do estado" como algo malefico? A propria historia mostra q se o Estado se mantiver "ausente" da economia, ela em si vai pras cucuias... vide alguns cracks (nao so o de 29, q so foi o mais famoso), vide a bolha nasdaq... isso gera Caos...

Bom, e o q falar do New Deal. Malefico?

A extrema direita nao e solucao dos problemas. Mas a extrema esquerda tb nao e...

E nao esquecamos de Keynes... (vc, na PUC, ja foi a alguma aula sobre ele?) Bom, considerado um dos maiores economistas de todo o mundo...

Bom, erros todos cometem. PT, PSDB, PFL, PL, PP... o que esta acontecendo hj em dia e q a fiscalizacao esta muito mais forte (gracas a Deus).

E so um detalhe, vc ja leu os criterios do acordo de livre comercio assinado pelos EUA com os outros 14 paises? Pq nao coloca-los aqui no seu blog? Um link para um arquivo doc, ou coisas assim. Antes de se vangloriar por isso, vc q diz q as criticas devem ter argumentos plausiveis, melhor analisar cada uma das clausulas para ver se foi benefico de forma igual para TODOS OS LADOS.... (o q, pela historia, nao e bem assim exceto na epoca do Bill Clinton).

Minha modesta opiniao por enqto e essa.

Abs

Marcelo Melo

Anônimo disse...

Ora Marcelo, por que você não pratica o que está dizendo? Por que VOCÊ não procura as cláusulas dos acordos bilaterais antes de dizer que "pela história", não foram benéficos para as duas partes? Em que você baseia sua informação? Que você me diz do crescimento do México depois que entrou pro NAFTA? Cuidado com o antiamericanismo.

Sobre a História mostrar que o Estado deve estar presente na economia, dando por exemplo as crises econômicas NÃO É ponto pacífico.
Tantos americanos foram contra o New Deal que ele teve de ser julgado na Suprema Corte...
Vários economistas, alguns com prêmio Nobel, sustentam que o Crack de 29 FOI CAUSADO pela intervenção do Estado na economia:
- inundando o mercado de dinheiro (muita oferta de dinheiro, o valor cai)
- facilitando o crédito ao extremo (as empresas com dinheiro de sobra, produziram além das expectativas de consumo interno E externo)

E von Mises previu em linhas gerais o que aconteceria com a economia americana naquela época. Excesso de moeda e de crédito num momento (superliquidez) vão levar a uma ENORME retração mais tarde, quando as empresas não conseguirem vender tudo que produziram, e os bancos começarem a executar suas dívidas, causando quebradeira geral.

E por uma linha mais abstrata: admitir que o Estado DEVE estar presente na economia não seria o mesmo que admitir que os indivíduos e empresas não conseguem comerciar sozinhos?
Ao meu ver seria como dizer que, se deixados sem a direção sábia do Estado, as empresas nacionais vão acabar fazendo acordos prejudiciais a elas mesmas.

Anônimo disse...

Rodrigo, como então impedir que a invasão de empresas estrangeiras não quebrem as nossas, não acabem c/ a concorrência, partindo do princípio que são empresas c/ muito mais capital que as nossas?

Anônimo disse...

Encontrei esse blog por acaso e fiquei impressionado com tanta ignorância, intolerância e preconceito. Senhor Rodrigo, não sei qual sua formação, tanto intelectual quanto moral, mas estou abismado com sua prepotência e com sua visão extremamente reducionista (de tudo, exatamente de tudo). Li alguns de seus ensaios e tive náuseas. Não consigo acreditar que ainda existam defensores de idéias tão ultrapassadas e, reconhecidamente, ineficientes. Além de preconceituosas e elitistas. Grandes pensadores liberais já reconheceram as suas próprias falácias (não sei conhece, mas John Gray é um exemplo sintomático), mas elas ainda continuam se perpetuando e produzindo efeitos alardeadores como a aceitação dessas idéias por um jovem como você. Algumas críticas que recebeu e que ignorou, apesar do tom ofensivo de alguns de seus leitores, devem ser consideradas: o reducionismo de sua visão, atrelando toda e qualquer relação pessoal e societária à dimensão econômica. Imagino que o senhor não possui um conhecimento relevante de história ou mesmo tem qualquer fundamentação na vastidão de escritos de sociologia e política.
Cuidado também com seus argumentos, pois em uma grande quantidade deles (em uma série de textos que li) estão errados. Creio ser o senhor também incapacitado para discorrer sobre alguns temas tão complexos e sérios como a relação entre homossexuais e a sociedade; determinantes da paralisia da Rodada Doha (que envolve uma agenda temática e relações inter-Estatais muito mais complexa que os argumentos ultra-liberais dão conta de tratar.); além de outros temas como a história da Rússia e criação de um mercado de órgãos humanos (sic). No mais, boa sorte na sua empreitada !!!

Rodrigo Constantino disse...

Henrique,

Se meus textos lhe dão náuseas, sua melhor opção é não mais lê-los. Agora, confesso que não consegui ver UM ÚNICO argumento que fosse em sua "crítica". Ela foi vazia, chula, sem embasamento algum. Portanto, inócua, desnecessária. Sobre John Gray, conheço "Cachorros de Palha", e achei muito fraco. Vi uma entrevista com ele, e não gostei também. Meio "populista". Na próxima vez, fique à vontade para trazer contra-argumentos, e quem sabe assim debater idéias, algo que vc não fez.

Anônimo disse...

Interessante... Suas respostas são sempre as mesmas. As críticas de todos são ruins, desnecessárias, etc... Só o que o senhor diz é relevante. Sugestão. Por que não retirar o espaço para comentários? Agora repetindo minhas críticas que o senhor não conseguiu ver: 1) reducionismo. 2) Acho que você está meio atrasado com suas idéias. Nem von Mises e Hayek pensariam mais assim. 3) Falta de qualquer conhecimento de ciências histórico-sociais. 4) Preconceito. 5) Prepotência 6) etc... Recomendações de leitura. 1)"Chutando a Escada" de Ha-Joon Chang. 2) "Neoliberalismo" de Reginaldo Moraes. 3) Toda obra de Hirschman e Claus Offe. E uma série de outros. Já ia me esquecendo... Stiglitz.
Sobre John Gray, que parece não conhecer de verdade. 1) Enlightemment´s Wake – Politics and Culture at the Close of the Modern Age. 2) Falso Amanhecer – os equivocos do capitalismo global
Agora, se você considerar os argumentos desses autores pobres, supérfluos e irrelevantes como os de seus leitores, acho bom você procurar ajuda...
Nem precisa me responder porque não gosto de debater com pessoas sem educação, muito obrigado.

Rodrigo Constantino disse...

Henrique, novamente, não vi argumentos, apenas apelos à autoridade. E por sinal, péssimas autoridades!

Li Stiglitz, e seu livro é patético! Pouca gente séria ainda o leva a sério. Apenas a turma do "novo mundo possível", do FSM, idolatra-o. Tenho um artigo refutando cada ponto dele. E com argumentos, coisa que vc não faz.

"Chutando a Escada" eu confesso que ainda não li. Mas pessoas que confio bastante julgaram-no muito fraco.

Anônimo disse...

Pura retórica esse henrique. E muito bom nisso, se isso servir de elogio. O ruim é que esse discurso rançoso e arrogante ainda tem apelo com muita gente, que presume que quem ofende a educação, cultura, inteligência de outro é automaticamente inteligente.

Quanto a falar de "idéias ultrapassadas", só me lembra o manual do perfeito idiota latino-americano:

"O esquerdista ainda não se deu conta de que seu pensamento político , por ele batizado de vanguarda, está hoje na retaguarda dos tempos. Talvez sempre estivesse. O modelo que nos propõe é, no fim das contas, o mesmo modelo mercantilista ou patrimonialista, que a Coroa espanhola legou e que chegou à América com as caravelas de Colombo. "O monopólio, os privilégios, as restrições à livre atividade dos particulares no domínio econômico e em outros, são tradiçõs profundamente arraigados nas sociedades de origem espanhola" ...segundo esse espírito mercantilista espanhol, para o qual a Idade Média era o modelo absoluto, a atividade econômica dos particulares constituía quase um pecado...A Espanha teocrática e autoritária que nos colonizou, comprometida com a Contra-
Reforma, sempre quebrou a iniciativa individual com toda sorte de regulamentações. A riqueza entre nós não provinha, como no caso dos primitivos colonos da Nova Inglaterra, do esforço, do trabalho, da poupança e de uma ética rigorosa, mas da pilhagem santificada pelo reconhecimento ou pela prebenda oficial."

Anônimo disse...

Prezado Juliano,
Não sei onde você viu discurso rançoso esquerdista no meu texto. Não sou contra o livre-comércio, a liberdade de expressão e muito menos contra a democracia. Entretanto a minha crítica vai na direção do que já afirmei anteriormente: a visão reducionista do pensamento neoliberal, da ultra-direita, do liberal-conservador, como quer que o chame. Já é lugar comum nas ciências humanas a inaplicabilidade de modelos ahistóricos para compreendermos o comportamento dos homens, dos Estados e do próprio mercado. Ou mesmo sobre a possibilidade de uma desvinculação absoluta entre o político e o mercado. Acho que vocês estão acostumados a lidar somente com marxistas (que não Marx) ou adeptos de Althusser e, por isso ainda não entenderam meu ponto. Visão de mundo cada um tem a sua, como o filhinho de Vargas Llosa tem a dele, mas o que me espanta é a incapacidade de qualquer análise dos neoliberais tupiniquins que se adapte à realidade. Como diriam vocês, Hayek está morto! Uma dúvida. Vocês neoliberais daqui do Brasil são também contra a expansão dos direitos democráticos à totalidade da população, dos sindicatos não patronais, da inclusão no jogo político das minorias, como era Hayek?

Anônimo disse...

Não é de esquerda? Se você fala "neoliberal", desconfio... pra mim é o velho truque de fazer as pessoas pensarem que sua opinião é "imparcial", que não tem viés corporativo. Quer ver um exemplo? O Olavo de Carvalho fala que detesta a direita, "cuspo em todos eles" em suas palavras...

Já sobre reducionismo, eu não sei sobre o rodrigo e outros liberais, mas pelo menos pra mim, é o seguinte: eu faço engenharia, e eu não gosto de conversa: gosto é de resultados. Pra mim se trata simplesmente disso: os resultados "experimentais" do mundo apontam para o liberalismo como melhor solução. Entre um governo socialista, social-democrata ou liberal, eu apostaria minhas fichas no liberal para gerar uma vida melhor para o maior número de pessoas.

Rodrigo Constantino disse...

A postura desse Henrique já é manjada. O cara chega, faz umas críticas sem contra-argumentar, apela à autoridades (e que autoridades péssimas!), indica uns livros (horríveis), repete que Hayek morreu (sic) e ainda se diz um "não esquerdista", para posar de imparcial.

Anônimo disse...

henrique,

Sobre "Nem von Mises e Hayek pensariam mais assim"; bem, como voce mesmo disse: "Hayek está morto.". E Mises tambem, ou seja, voce nao tem como saber isso, está especulando da forma mais conveniente pra voce.

A sua lista "lista" de críticas só faz citar alguns "ismos", sem dar exemplos concretos. Os artigos estão aí, dá ctrl+c e ctrl+v aqui e rebata-os...

Abracos