segunda-feira, maio 24, 2010

A mitomania de Dilma



Rodrigo Constantino

"Precisamos avançar na consolidação do quadro fiscal, perseguindo a diminuição da dívida pública para que continuemos a ter uma redução significativa das taxas de juros reais". Essa foi a declaração da candidata Dilma Rousseff, falando para investidores em NY. Para cada público, um discurso diferente. A primeira medida de qualquer político, especialmente do PT, é fazer um curso intensivo de atuação. Deixam qualquer ator da Globo no chinelo! E Dilma, claro, aprendeu com o melhor de todos: Lula, o ator que merecia um Oscar pela naturalidade com que troca seu discurso dependendo da audiência. A "metamorfose ambulante" agora deu cria. Alguém confia em Dilma falando em nome da responsabilidade fiscal? Sua palavra vale tanto quanto uma nota de R$ 3,00. Caveat Emptor!

Em tempo: será que Dilma entendeu que juros altos não dependem de ganância de banqueiro, mas do tamanho e trajetória esperada da DÍVIDA PÚBLICA?!
Não sou tão otimista... Palocci deve ter preparado o discurso, e Dilma leu sem nem saber do que se trata. É o que essa gente quer ouvir? Então pronto!

11 comentários:

Anônimo disse...

O problema maior Rodrigo, é os investidores acreditarem.Eu fico assustado com a falta de informação dessa gente!!!

lingvo-shatanto disse...

Dilma disse:

"Precisamos avançar na consolidação do quadro fiscal, perseguindo a diminuição da dívida pública para que continuemos a ter uma redução significativa das taxas de juros reais".

Rodrigo escreveu:

Essa foi a declaração da candidata Dilma Rousseff, falando para investidores em NY. Para cada público, um discurso diferente.

Alguém confia em Dilma falando em nome da responsabilidade fiscal? Sua palavra vale tanto quanto uma nota de R$ 3,00. Caveat Emptor!

Em tempo: será que Dilma entendeu que juros altos não dependem de ganância de banqueiro, mas do tamanho e trajetória esperada da DÍVIDA PÚBLICA?!"

Eu entendi que 'consolidação do quadro fiscal" significa melhorar a eficiência da máquina arrecadatória, com aumento da disponibilidade financeira para amortização da dívida interna em valores mais expressivos, do que resultará em diminuição da taxa de juros, em face da redução da demanda de recursos junto ao mercado financeiro para custear as despesas do Estado.

Vc. intitula seu artigo de "Mitomania de Dilma", ilustrando-o com a ventola de Pinochio, acrescentando que ninguém confia em Dilma falando de responsabilidade fiscal.

Estou errado, ou vc. está misturando alhos com bugalhos? O que danado tem "consolidação do quadro fiscal" com "responsabilidade fiscal"?

Além disso, ao informar a seus interlocutores que é necessário "avançar na consolidação do quadro fiscal, perseguindo a diminuição da dívida pública para continuar a ter uma redução significativa da taxa de juros reais", de onde vc. deduz que ela atribui à ganância dos banqueiros às taxas de juros altos e que ainda não teria entendido que juros altos depende do tamanho e trajetória esperada da dívida pública?

Se é porque o Brasil aumentou recentemente sua dívida interna, com emissão de títulos da dívida pública para fazer face aos recentes compromissos do Banco Central na aquisição de dólares a fim de manter o controle sobre a tendência de supervalorização do dólar, vc. se esquece que no mesmo período, a dívida externa foi reduzida em igual percentual e que o nível de endividamento do Governo brasileiro nem de longe se aproxima dos níveis estratosféricos da dívida americana e que somente tem aumentado nos dois últimos anos da crise, graças à parceria com a tão odiada economia do neocapitalismo socialista que vem sendo implantado com sucesso pela China, com o Estado envolvido até o pescoço na economia, até agora sem qualquer problema, a não os esganiçados protestos e previsões cataclísmicas dos críticos econômicos que insistem em tamborilar o velho refrão de que a solução de todos os problemas é deixar tudo como está e deixar que o sacrossanto mercado livre atue com mais liberdade ainda, quando seus gritos histéricos sequer estão sendo ouvidos no olho mesmo do furacão da crise.

Olho? De fato são olhos, pois o furacão que está aí até nisso é inusitado tem dois olhos (gêmeos?), um nos Estados Unidos e outro na Europa/Japão e satélites, ambos que implementaram o máximo de medidas para desregulamentar a economia e levar à lata do lixo o máximo daquilo que a política do welfare state desenvolveu sabiamente antes da loucura desenfreada da parelha assinina Reagan/Thatcher e a parelha escoiceante dos muares Bush/Blair, em última instância responsáveis por toda essa baderna que envolve o mundo todo, depois da política de conciliação e construção de um melhor que foi iniciado e liderado pelos Estados Unidos nos momentos iniciais do pós-guerra, como única forma de viver-se em paz em nosso planeta, nunca pelo ressurgimento e desenvolvimento de novos ódios.

Rodrigo Constantino disse...

"Estou errado, ou vc. está misturando alhos com bugalhos?"

Está errado. A fala tinha como meta justamente passar a imagem de "responsabilidade fiscal", para acalmar os medos (com razão) dos investidores.

lingvo-shatanto disse...

Blogger Rodrigo Constantino said...

"Está errado. A fala tinha como meta justamente passar a imagem de "responsabilidade fiscal", para acalmar os medos (com razão) dos investidores."

Tudo bem, mas onde a mentira, se vcs. dizem que o único mérito do Governo Lula foi exatamente de trabalhar dentro dos parâmetros preconizados por FHC e daí a tranqülidade da economia brasileira ante o vendaval que assola o mundo?

Não é o seu próprio candidato que se derrama em encômios para elogiar o Governo Lula e se apresenta ante o eleitorado como mais capacitado a dar continuidade a esse sucesso estrondoso, dizendo ser merecedor do voto por que será melhor continuador da obra do Lula do que Dilma, pois é possível fazer bem mais?

Onde é que vcs. acham que os investidores internacionais vão botar dinheiro, senão naquelas economias cujos sadios fundamentos estão permitindo a elas voarem com "céu de brigadeiro", quando as outras só estão voando com céu de cóf-cóf e já-já vão querer atribuir suas mazelas ao vulcão islandês que, no máximo, está fazendo eles verem que suas bolas não são tão cheias quanto seus admiradores pretendem fazer ver, a Inglaterra e Irlanda à frente?

O vôo de galinha do Brasil, tão decantado por vc. aqui, segundo os melhores analistas internacionais (aqueles que vc. não lê, ou se lê não divulga aqui) parece que vai superar a tão decantada economia australiana que teve em 2009 uma expansão tão pífia quanto a brasileira, apesar de seguir a risca a cartilha do livre mercado, tem previsto por seu Banco Central uma expansão média de pouco mais de 3% aa. nos próximos dez anos em face da recessão internacional que parece indicar durará no mínimo uma década, antes da recuperação da economia global, enquanto as previsões da economia brasileira em igual período, vem sendo antecipada em percentuais superiores a 5% ao ano e crescentes, seguindo a tendência igualmente de prosperidade das economias dos BRICs.

ntsr disse...

Note que a Austrália tem apenas 200 anos de idade e uma população minúscula de 21 milhões, e foi 'seguindo a cartilha do livre mercado' que hoje é um dos mais ricos do mundo com um PIB per capita que humilha o de muita gente por aí, inclusive o do brasil

ntsr disse...

'Não é o seu próprio candidato que se derrama em encômios para elogiar o Governo Lula e se apresenta ante o eleitorado como mais capacitado a dar continuidade a esse sucesso estrondoso'

Não, esse aí é só o candidato menos ruim, e inclusive um dos piores defeitos dele é continuar o 'sucesso estrondoso' da compra de votos legalizada, endeusada pelos petralhas

ntsr disse...

Inclusive Rodrigo, podia botar mais uma coisa na lista de mentiras deles, a conversa de que bolsa esmola não gera pessoas acomodadas.

ntsr disse...

Mais sucesso estrondoso:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/todo-mundo-ja-percebeu-intelectual-faz-picadinho-de-lula-e-celso-amorim-no-el-pais/

fejuncor disse...

Com investidores. Porque com a humilde tradutora, é uma grosseria só. Vejam:

"ANA FLOR
Enviada especial a Nova York

Problemas com uma tradutora na coletiva de imprensa irritaram nesta sexta-feira a pré-candidata petista em Nova York. Dilma Rousseff chegou a chamar a tradutora de "minha santa".

Dilma, que preferiu falar em português, chegou a elogiar o primeiro tradutor. A partir da metade da entrevista, a tradução ficou por conta da angolana Marísia Lauré.

Perguntada sobre o delicado tema da autonomia do Banco Central, Dilma falou da "autonomia operacional" do órgão. Lauré esqueceu uma das palavras e Dilma completou, em inglês: "operational autonomy". Em seguida, repreendeu a tradutora. "Eu peço para você traduzir literalmente, porque é complicado [o tema]".

Dilma passou a falar sobre privatizações e as empresas que acredita que deviam permanecer públicas, como Petrobras, Eletrobras, as do setor elétrico e bancos públicos. A tradutora esperou que a convidada concluísse a frase para traduzir. Ao final, Dilma conferiu com a platéia: "Não faltou [o trecho] da Petrobrás?".

Na frase seguinte, Dilma ouviu o início da tradução e, achando que havia mais um erro, interrompeu Lauré. "No, no,no. Yes, yes, yes", emendou, ao se dar conta de que a frase traduzida estava correta e arrancando risos da platéia.

"Eu prefiro que você copie e faça [a tradução depois] porque se não eu vou quebrar meu raciocínio todo, tá bom?", pediu Dilma à tradutora.

Na pergunta seguinte, Lauré trocou "redução da dívida" por "redução de impostos". Dilma a interrompeu novamente. "Copia, minha santa, eu vou falar". Nesse momento, a organização trouxe de volta o tradutor anterior."

Um prenúncio do GOVERNO DA MORDAÇA que teremos pela frente? No seu lugar estaria aflito, Constantino! Rsrsrs. Aproveite enquanto é tempo.

lingvo-shatanto disse...

Não é mordaça, não, meu caro.

É o velho dilema do tradutor, explícito na expressão italiana tradutore=traditore (desculpa se a ortografia estiver incorreta, mas o fato é que, com toda a boa vontade, nenhum tradutor consegue transpor com toda a fidelidade as idéias da língua de origem para a língua traduzida.

E se esse cidadão for quinta coluna e estiver a fim de puxar o tapete daqueles a quem serve de intermediário na tradução, pode fazer desgraças, principalmente no âmbito diplomático.

Não é por acaso, que todo governante quando viaja ao exterior e ele mesmo não confia em seu próprio taco para se expressar e entender no idioma falado no país visitado, ele nunca confia em tradutores oferecidos pelo seu interlocutor, mas leva a tira-colo o seu próprio, arrimado no velhor provérbio popular de que: seguro, morreu de velho.

Afinal por erros de tradução, grandes tragédias ocorreram em passado recente e não tão recente, por conta de erros de interpretação de mensagens de um governo para ou outro, ou na aviação, por erros de interpretação nas mensagens trocadas pelos pilotos em voos internacionais, no inglês tacanho, mesmo com as mensagens padronizadas, que é utilizado, por acordo internacional, nas comunicações entre aeronaves e aeroportos, ou entre si.

Se não me engano, até mesmo na tragédia do learjet (é isso mesmo?) que derrubou aquele avião brasileiro da gol, matando centenas de passageiros, houve alguns mal-entendidos lingüísticos além de problemas de desrespeito claro às regras rigorosas que impõem uma série de cautelas na realização de qualquer vôo e que devem ser mais rigorosas se se trata de uma aeronave estrangeira que tem de se comunicar em inglês, com os controladores de vôo brasileiros ou de outra nacionalidade.

O fato de os pilotos do learjet serem americanos e falarem inglês desde pequeninhos em nada ajuda para reduzir os riscos envolvidos nessas comunicações, sujeitas a todo tipo de mal-entendidos, a maioria contornados rapidamente, mas nunca quando uma aeronave já se encontra com problemas sérios precisando tentar uma aterrisagem de emergência. Nesses casos, o piloto (e os passageiros) só conseguem gritar uma palavra: Mamãe!

Há um excelente livro traduzido para o português pelo suiço-belga Claude Piron, autoridade sobre o assunto, pois trabalhou como intérprete na ONU, na OMS e em vários eventos privados internacionais, traduzindo de e para o francês, o inglês, o chinês, o alemão, o espanhol e o russo, e descreve ali as agruras dos tradutores e intérpretes para conseguirem desempenhar suas funções, vendo-se não poucas vezes obrigados a improvisar uma tradução pé-quebrado, porque não entendeu o que o orador falou, seja por deficiência do sistema de áudio, seja pelo uso de expressões incomuns do idioma traduzido, fato bastante comum.

Aos interessados, o livro é "O Desafio das Línguas", de Claude Piron, editado pela Fonte Editores.

José Mário

lingvo-shatanto disse...

"Aos interessados, o livro é "O Desafio das Línguas", de Claude Piron, editado pela Fonte Editores.

José Mário"

O texto da nova edição desse livro encontra-se disponível integralmente em arquivo pdf no endereço:

http://stoa.usp.br/yuridi/files/-1/970/desafiodaslinguas.pdf

Uma consulta ao texto das páginas 17 e 18, sob o título "Se ao menos a comunicação funcionasse", dá uma idéia do problema a que me referi.