terça-feira, maio 25, 2010

O Dia da Liberdade

Rodrigo Constantino, O Globo

Esta semana se comemora o chamado “dia da liberdade de impostos”, quando paramos de trabalhar para sustentar o governo e começamos finalmente a trabalhar para o consumo próprio. O Instituto Millenium e outras entidades realizam eventos em várias cidades com a venda de combustível pela metade do preço – como seria sem os impostos. Entra governo, sai governo, e a carga tributária parece ter apenas uma direção: ladeira acima.
O brasileiro não é tratado como cidadão de verdade, mas como súdito de Brasília. Nos Estados Unidos, mesmo com o maior aparato militar do planeta, o “dia da liberdade” é celebrado em meados de março. Os americanos são forçados a trabalhar bem menos que os brasileiros para sustentar seu governo. Isso para não falar das diferenças na qualidade dos serviços prestados. Temos impostos escandinavos, mas serviços africanos.
Além de sermos obrigados a labutar até o fim de maio apenas para pagar impostos, nós acabamos tendo que pagar tudo em dobro, pois os serviços básicos de educação, saúde e segurança são caóticos. Entregamos praticamente a metade do que ganhamos a fundo perdido. O uso efetivo do nosso dinheiro acaba nos destinos mais nefastos: farra das ONGs e dos sindicatos; invasores do MST; “mensalão” e demais formas abundantes de corrupção; esmolas para a compra de votos dos pobres; ministérios totalmente inúteis; regalias para marajás; pensões para ex-terroristas; subsídios do BNDES para os “amigos do rei”; etc. São muitos privilégios, muitas bocas para alimentar com as grandes tetas estatais.
Como agravante, há um eufemismo ridículo ao nos chamarem de “contribuintes”. Imposto, como já diz o nome, nos é imposto. Não se trata de uma contribuição voluntária. Não somos “contribuintes” de nada, mas pagadores de impostos. Nos Estados Unidos é mais transparente: taxpayer. Antigamente a situação era menos nebulosa, e não escondiam a natureza do ato. Os romanos coletores de impostos iam com suas espadas cobrar o imposto devido. Hoje, a essência do ato permanece a mesma, e o governo usa a ameaça de coerção para obter os impostos. Mas disfarça isso com o uso do termo “contribuinte”, como se fosse do nosso interesse entregar quase a metade do que ganhamos para os corruptos em Brasília. Nada mais falso.
Outro problema no Brasil é o próprio desconhecimento acerca de quanto é pago de imposto. Saber quanto efetivamente pagamos em cada produto deveria ser um direito básico de qualquer um. No Brasil, entretanto, isto não ocorre, pois inúmeros impostos permanecem ocultos no preço final. Existem dezenas de impostos, tributos e taxas no país, que incidem de forma indireta nos produtos. A quem interessa manter o povo na ignorância desses fatos? Claro que apenas os consumidores de impostos se beneficiam, enquanto todos os pagadores de impostos, incluindo os mais pobres, pagam a conta sem saber sua real magnitude. Isto é imoral.
Não obstante os escorchantes impostos, o custo do excesso de governo é ainda maior na prática, por conta da burocracia que cria dificuldades para vender facilidades ilegais depois. Colocando tudo isso no papel – os impostos, o custo da burocracia, as regulações, e a necessidade de pagar novamente por educação, saúde e segurança privadas – não parece absurdo constatar que trabalhamos quase três trimestres do ano apenas para sustentar o peso de um governo obeso e ineficiente.
Será que ainda há chance de o bom senso prevalecer, e serem adotadas reformas estruturais de drástica redução do governo? Afinal, somos súditos ou cidadãos livres?

7 comentários:

ntsr disse...

'Será que ainda há chance de o bom senso prevalecer, e serem adotadas reformas estruturais de drástica redução do governo? Afinal, somos súditos ou cidadãos livres?'

Tu pergunta e tu mesmo já sabe, só é possível ser livre no meio de gente que não quer ser um peso pros outros

fejuncor disse...

Brasil. Da dificuldade do cidadão em pagar impostos e da agilidade do governo em TORRAR o dinheiro do povo.

Cada brasileiro, inclusive o bebê que nasceu há pouco na maternidade de Porto Nacional, paga anualmente 5,6 mil reais de impostos, embutidos em tudo que se compra, do papel higiênico à tinta da impressora do computador. Ele recebe de volta, na forma de serviços públicos, pouco menos de 560 mangos.

O resto é roubado.

Anônimo disse...

Impostos são elevados para 86% dos brasileiros, diz pesquisa

Pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira aponta que os impostos no Brasil são considerados elevados para 86% da população. Apenas 1,7% os consideram em um patamar baixo, ao passo que, 10% acreditam que a cobrança de tributos não é nem alta, nem baixa.
O risco de inflação também foi medido pelo levantamento divulgado nesta manhã. Segundo os dados, 82% dos entrevistados dizem que o preço dos itens de maneira geral está aumentado, 14,8% dizem que não esta se alterando e 2,1% consideram que os preços estão caindo.

Vergilio disse...

Além de cobrar, ainda faz os fabricantes e os comerciantes trabalharem de graça para ele recolhendo para ele (o governo)a sua parte.
Uma idéia: Que tal cobrarmos somente pelo preço do produto sem impostos e entregarmos para os consumidores "contribuintes" um boleto para que este vá ao banco e pague pessoalmente a parte do leão. Seria uma forma de conscientizarmos cada cidadão o quanto pagam para manterem o governo. Será que todos iriam recolher? Ninguém é obrigado a trabalhar de graça e se assim quisermos e agirmos poderemos causar uma mixórdia no sistema de arrecadação. Que tal? Cada um que va lá e pague sua parte se quiser e o governo que vá cobrar cada um se quiser receber.

zoot disse...

Sem nenhuma dúvida, súditos. Esse pensamento foi cunhado por Roberto Campos, que como sempre...tinha razão.

zoot disse...

Um país que tributa a energia elétrica em mais de 70% e a telefonia em mais de 60% tem jeito? Eu já perdi as esperanças. Na política brasileira só dá canalha!!
Na questão dos impostos todos os partidos são religiosamnete iguais. Aliás foi no governo do FHC que tivemos o mais astronômico aumento de carga fiscal. E o PT adorou essa herança "bendita" e aumentou a carga fiscal ainda um pouco mais. Quanto mais alto os impostos , mais pobre a sociedade. O que me intrigou agora foi o Serra ter sido dúbio quanto a maldita CPMF. Só falta ela voltar caso vire presidente. Vai ser o fim da picada.

oneide345 disse...

Na verdade o que se retira de imposto e mais de que o dito 40%.
Veja se um empregado custa 3000R$ para uma empresa ele recebe apenas 1500r$ e é destes 1500r$ que incide os 40% de impostos.
LA se vai 70% da renda