quinta-feira, junho 10, 2010

A política de um só instrumento



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Logo após o anúncio da maior taxa de crescimento trimestral do PIB já registrada pelo IBGE, o Banco Central subiu a taxa básica de juros, que passou novamente de 10% ao ano, e deve subir mais. É verdade que parte da explicação para a elevada taxa de crescimento da economia está na base muito baixa de comparação, no auge da “marolinha” que fez a produção no país desabar em 2009. Mas, de fato, a economia parece acelerada demais, dando claros sinais de superaquecimento. Como o BC continua isolado, sem auxílio de uma âncora fiscal para conter o aumento dos preços, o único instrumento para segurar a inflação é a taxa de juros.

O presidente Lula, em mais um de seus delírios megalomaníacos, afirmou que está fazendo como Jesus, multiplicando os pães. Na verdade, o mérito do crescimento não pertence ao governo. Ao contrário, a parte insustentável que gera desconforto é que se deve aos atos irresponsáveis do governo. O crescimento nos setores de construção civil e produção de automóveis e refrigeradores, por exemplo, tem como justificativa a redução dos impostos. Basta o governo parar de drenar um pouco os recursos do setor privado que a economia reage bem. Já o aumento excessivo de crédito estatal e o inchaço dos gastos públicos acendem alertas preocupantes no mercado, pois são insustentáveis e inflacionários.

Falta para uma trajetória sustentável de crescimento mais poupança e, concomitantemente, mais investimentos. A taxa de investimento ainda está abaixo de 20% do PIB, nível muito aquém do necessário. Mas há pouca poupança porque o governo é uma draga de recursos, usados para gastos sociais, custeio da pesada máquina estatal e fartos privilégios. Enquanto o governo não faz as reformas necessárias, não reduz seus gastos correntes e ainda estimula a economia com crédito público, o crescimento “chinês” será temporário, pois a inflação será uma ameaça constante. E o único instrumento para atacar o problema será a taxa de juros.

Os “desenvolvimentistas” gostam de acreditar que basta o governo pisar fundo no acelerador que tudo ficará bem. A boa teoria econômica, com várias ilustrações históricas, já mostrou que isto não passa de uma falácia. Uma perigosa falácia!

10 comentários:

Edmilson (Jundiaí-SP) disse...

Ah! A famosa Selic. Já fui sua vítima quando tinha um pequeno comércio em 2003. Mais precisamente em Março deste ano quando a taxa foi colocada em 26,5%.

fejuncor disse...

Se as pessoas pararem de sofrer acidentes de carro, o PIB diminui. Só pra comentar o assunto. Não foi a toa que disseram, de brincadeira, que esse "pai" dos pogreçistas postulava a contratação de um trabalhador para abrir um buraco e outro para tapá-lo. Keynes, a meu ver, foi um teórico monetarista. O que ele sugeriu que o estado fizesse, as monarquias já vinham praticando desde o Egito do apogeu neolítico. Sei que estou blasfemando, mas é minha opinião. Você junta essa concepção de economia com a maior carga tributária do mundo e o governo mais corrupto do mundo também, eis o que se tem: um governo que alega ter pago a dívida externa quando a dívida salta aos dois trilhões de reais, e é capaz de fazer outras velhacagens. Uma corruptocracia insaciável.

Giuseppe disse...

Rodrigo,

Política de um só instrumento é, como você observou, pensamento de curto prazo, pois se adapta ao prazo dos mandatos. Observo que projetos de poder são elaborados por grupos políticos, projetos de governo por estes e influênciados por grupos socio-econômicos... mas projetos de nação só podem ser elaborados por uma sociedade. Nesse caso todos devem falar, se responsabilizar pelo que fazem e ainda saber ouvir. Como uma terceira alternativa política à polarização PSDB/aliados x PT/aliados (alternativa essa infelismente ainda não viável no âmbito eleitoral brasileiro) apresento em meu blog Voz das Gerais iniciativas cujos embriões já viventes transformarão o Brasil numa verdadeira REPÚBLICA FEDERATIVA. Quem viver verá! Faça-nos uma visita!

"Só haverá ação onde houver corrupção" disse...

O poder federal já não tem mais políticas, visto que ele se tornou apenas um aglomerado de quadrilhas, especializadas em saquear os cofres públicos, traficar drogas, enviar dinheiro para o exterior, armar o crime organizado, lavar dinheiro e manipular o orçamento da União.

O governo do Brasil é corrupção pura, e o país, em decorrência disto, tornou-se extremamente violento.

C.F.Junckes disse...

Reitero tua queixa, GIUSEPPE, obsessão de governante com macroeconomia significa ter um horizonte curto em mente, visando as próximas eleições.

Qq país foca política econômica nas questões da dita MACROeconomia cujos aspectos juros, inflação, câmbio, tributação e DESPESAS PÚBIICAS vc trata. Fatores importantíssimos sim, dos quais depende o bom andamento das atividades (a hiperinflação da última década ilustra como barbeiragens na condução macroeconômica podem arruinar um país) mas, ainda que essencial, estabilidade macroeconômica sozinha não aumenta produtividade que é concorda quase todo economista ponto determinante ao crescimento duradouro.

A microeconomia explica melhor pq uns evoluem e outros seguem atados ao atraso. São fatores “micro” o nível do ensino, rapidez da Justiça, qualidade das leis etc etc. Avançar nesses quesitos representa AMPLIAR a produtividade e assim crescer mais no futuro.

Lei de Falências foi uma reforma microeconômica destinada a aprimorar o “ambiente de negócios” (facilidade com que se abre e fecha uma empresa) fazer a reforma trabalhista seria outro passo importante nessa direção.

Cadê tal agenda? Reformas “macro” já foram feitas no governo FHC.

Sweet Kiki disse...

Junckes, quando não se sabe e nem quer saber como colocar um bom calçado nos pés da criançada e quatro boas refeições na mesa, daí vai para a televisão falar em "macroeconomia". Os economistas do governo são como os contadores do agiota: recebem para fazer um cálculo fictício.

Anônimo disse...

Estamos vendo na Mídia o discurso sobre o "risco" do crescimento econômico do Brasil. Todos parecem se esquecer que o governo tem um arsenal imenso para controlar o crescimento (impostos, taxações,Selic, depósito compulsórios dos bancos para restringir o crédito, etc). O díficil é fazer o país crescer, quando a economia esta em dificuldades.

fejuncor disse...

O que é "crescer" no teu ponto de vista? Se o crime continuar aumentando, o Brasil vai crescer porque será necessário comprar mais armas para a polícia, helicópteros, viaturas e presídios e tudo mais. "Crescer" é um verbo que pode ser usado de diversas formas, com diversos significados.

Antes da crise creditícia internacional, o governo de São Paulo dizia que seriam necessários investimentos de 4 bilhões de reais na malha viária, para suportar o desembarque dos milhares de automóveis que seriam montados. Com a chegada da crise creditícia internacional, o mesmo governo de São Paulo proclamou que seria preciso injetar 4 bilhões de reais no mercado automotivo, leia-se montadoras e cadernetas de financiamento, para evitar... não foi dito exatamente O QUE evitar, mas deu a entender que era para evitar "o pior".

O que é "crescer"? É alargar as ruas para caber mais carros ou é dar dinheiro para o povo poder comprá-los?

Usar o termo "crescer" é deixar que o sentido de desenvolvimento seja discutido. Ecologicamente, o conceito corrente de crescimento não coincide com ideais coletivos.

O conceito de "crescimento" que é propagado a partir de Wall Street e da boca dos babacas que inventaram as "correntes da felicidade", nas quais se baseia o chamado "capitalismo", não é o mesmo que exala das reflexões de Galbraith, Capra ou qualquer indivíduo que tenha usado o cérebro para refletir e não para papagaiar a "verdade" difundida pelo modelo soez de "crescimento".

sidneybrfr disse...

Editor, sem ofensas, e se o brasileiro pudessse ler a imprensa internacional?
Sera quea opniao do brasileiro mudaria, caso ele pudesse ler a imprensa internacional?
Pois aqui fora os jornais e revistas so falam duas coisas do brasil.
Uma é a violencia no rio que dura decadas, e a outra coisa que consacram muitas paginas, é sobre o crescimento e economia brasileira.
Critica. Critica. Negativismo.
Eles aqui fora sao unanimes, e repetem sempre isso. O brasil era pequeno, hoje esta virando um gigante,e em menos de 15 anos, sera um pais respetado mundialmente,e com indice de desenvolvimento invejavel... alem de ser um povo simples, tranquillo e agradavel...
Acho que falta isso para o povo brasileiro poder formar uma ideia mais correta do brasil. Pois lendo veja, eles nao vao nunca estar informado, muito pelo contrario.
Sem ofensas.

fejuncor disse...

Deveria ver como estão as escolas, SIDNEYBRFR, os hospitais, a segurança, a cultura e o esporte. Uma maravilha. Deveria ver como as milícias estão agindo num verdadeiro butim contra o empreendedorismo. Deveria ver o gráfico de retomada de desmatamentos na Amazônia. Deveria ver a dinheirama que está sendo mandada para o exterior - e talvez entendesse porque as reportagens dizendo que está uma maravilha.