sábado, maio 22, 2010

Reportagem de capa da Época

A revista Época desta semana tem como matéria de capa os absurdos impostos que pagamos, encarecendo todos os produtos. A reportagem, de José Fucs, mostra como é caro ser brasileiro! Eu colaborei com a matéria. Seguem os trechos em que apareço:

Por que tamanha disparidade? O que faz com que os produtos comprados pelos brasileiros sejam duas, três, até quatro vezes mais caros que no exterior? Há várias explicações. Parte do problema está na valorização do real em comparação ao dólar nos últimos anos, resultado do fortalecimento da economia brasileira e do acúmulo de reservas em moeda forte, hoje estimadas em US$ 250 bilhões, pelo país. Quando se faz a conversão com o real valorizado, os preços nacionais ficam maiores em dólar. Mas, ainda que o real tivesse uma desvalorização de 10% ou 20%, como defendem vários empresários e economistas, um grande número de produtos continuaria a ser muito mais caro no Brasil que em outros países. Isso significa que o câmbio não é o principal vilão da história. “Nenhum país consegue ser competitivo de forma sustentada manipulando o câmbio na canetada”, diz o economista Rodrigo Constantino, autor do livro Prisioneiros da liberdade.

Outro fator importante, segundo os especialistas, é a alta taxação dos produtos importados no país. Apesar da abertura e da redução dos impostos que incidem sobre as importações, promovidas no início dos anos 90 pelo então presidente, Fernando Collor, ela ainda é muito alta em relação a outros países. Em nome da proteção à indústria nacional, o governo acaba restringindo a concorrência – e quem paga a conta é o consumidor. “No Brasil, ainda predomina a mentalidade mercantilista de que importar é ruim”, diz Constantino. “O efeito é que compramos uma carroça pelo preço de uma Ferrari."

[...]

No início de maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um corte de R$ 10 bilhões nas despesas previstas no Orçamento deste ano. Muitos analistas, porém, consideram o corte apenas cosmético. “Isso é piada”, diz Constantino. “Um corte de R$ 10 bilhões em um gasto de mais de R$ 1 trilhão por ano é como uma família que gasta R$ 20 mil por mês dizer que vai fazer um megacorte de R$ 200.”

12 comentários:

Marcelo disse...

Veja no site da época alguns dos comentários a esta reportagem. No site tem o exemplo do automóvel corolla, que no Brasil custa mais que o dobro dos EUA. Vários comentaristas reclamam da "margem de lucro" das montadores no Brasil!! Esse pessoal é cego de tanto esquerdismo e estatismo. Será que um dia este pessoal vai entender?

fejuncor disse...

É o que ia citar, MARCELO, a discrepância alumiada no mercado de carros – e o obscurantismo do povo sobre as razões para esta idem! Apenas puxe a Argentina, nem "apele" aos US. Mas com os yankees fica ululante: vai comprar uma Elba 91? Nos EUA vc compra um Corolla05. Gosto de sites como o Noticiasautomotivas pq bate muito nessa tecla. Se com 2.900 dólares o americano compra um Corolla semi-novo aqui no Brasil com equivalente em torno de 5.200 reais, leva pra casa uma Elba 91.

Além de serem bem mais baratos nos states a diferença lá e cá fica ainda maior se vermos a desvalorização enorme que um carro com meros 5 anos de uso tem. Tu compra um Corolla novinho por 15.000 dólares, e cinco anos depois, ele vale ótimos 2.900. Isso pq ninguém quer usado naquele país; a facilidade de adquirir um novo é tão grande vale pouco a pena.

E como no nosso boa parte do povo sequer compra carro zero, os usados acabam supervalorizados. Quer um Corolla 2005? Pague mais de 30.000 reais.

O brasileiro é mesmo "privilegiado", não?

Complexo de Vira-lata disse...

Pior só quando a inveja sobe a cabeça chegando ao cúmulo de cuspir que é justo, deveriam era cobrar até mais, pois está todo mundo de carro... “Não tenho carro, carro é um símbolo capitalista, carro é ostentação, carro polui, logo, não deveria existir ou existindo que seja taxado pelo Estado, imposto sobre fortuna”. Jamais defendem algo construtivo como o incentivo por parte do Estado à adoção de modelos sustentáveis, o que não se vê hoje apesar de tecnologia para tanto já haver faz tempo (muito pelo contrário a indústria do motor a combustão é o carro chefe da economia e a queridinha dos políticos ‘desenvolvimentistas’), mas a expropriação do que for possível daqueles que adquiriram pura e simplesmente; e se o estado não usará um centavo do que foi expropriado dos motoristas depois nesse sentido, ou seja, numa política nobre de indução à modelos mais ambientalmente coerentes - como já ocorre em lugares como a Califórnia ou Alemanha - isso aparentemente não ter importância, porque o intuito parece ser saciar aquele sentimento tão mesquinho comum a todos que comungam dessa ideologia.

OJ disse...

Rodrigo
Como explicar que um Honda City fabricado no Brasil custa no México menos de R$ 20.000,00 e um Ford Fusion "made in México" custa nos EUA meros US$ 16.000,00 e aqui mais de R$ 90.000,00?
A voracidade fiscal para sobrar mais para a roubalheira inviabiliza o país.
É muito PORCO com fome.
Temos que envenenar esses PÓRCOS!URGENTE!

Daniel M. disse...

Época apresentou números que embrulham o estômago de qualquer um.

Anônimo disse...

Prezado Rodrigo Constantino

Poderia comentar a disparidade de seu texto abaixo sobre a economia no Chile e o texto extraido da wikipedia.org

Grato
Felipe Fernandes
ffandes@hotmail.com

"A previdência foi privatizada, garantindo aos indivíduos o direito de escolha da gestão da poupança. A maioria migrou para a gestão privada, e atualmente o Chile é um dos poucos países do mundo onde o sistema previdenciário não é uma bomba-relógio"
(Rodrigo Constantino)

O Chile, pioneiro na liberalização econômica e impulsor do neoliberalismo, no ramo dos mercados livres é uma das economias mais globalizadas e competitivas do planeta. Os defensores do neoliberalismo apelidaram esse período de "milagre chileno". Mas as estatísticas frias mostram números pouco milagrosos: durante o regime Pinochet, entre 1974 e 1987, o PNB per capita do Chile caiu 6,4% em dólares constantes, caindo de US$ 3.600 em 1973 para 3.170 em 1993 (dólares constantes). Apenas cinco países da América Latina tiveram, em termos de PNB per capita, um desempenho pior que o do Chile durante a era Pinochet (1974-1989) [1] [2].
Em 2005 o PIB cresceu 6,3%, a produção industrial mais de 7% e as exportações quase 50%. A taxa de abertura superou 70%. As contas públicas tiveram um superávit primário de 4%. O desemprego manteve-se alto - 8,1% - e a inflação manteve-se baixa - 3,7%.
Apesar de ostentar alguns bons indicadores econômicos, quando medidos exclusivamente pelo PIB (e consequentemente os indicadores de renda per capita, que não é nada mais que o PIB dividido aritmeticamente pelo número de habitantes), a economia chilena apresenta um grande defeito: a desigualdade na distribuição de renda entre a população, o que gera uma grande diferença social entre ricos e pobres. Segundo informe de desenvolvimento humano da Banco Mundial em 2005, apesar de estar colocado em 37º lugar no IDH, o Chile encontrava-se em 80º lugar da lista de países por desigualdade de renda - sendo o 4º pior colocado na América Latina (atrás de Brasil, Paraguai, e Colômbia) e tendo, nesse quesito, um desempenho pior que alguns países africanos muito mais pobres, como Zambia, Nigéria e Malawi, o que revela uma significativa distorção da economia chilena que ainda não foi superada

O sistema tributário chileno tem um viés que privilegia os impostos indiretos (ou regressivos), com uma baixa estrutura de tributação, beneficiando os empresários e a população que está nas faixas de renda mais altas em detrimento dos de menor poder aquisitivo. Os impostos representam apenas 17% do PIB chileno. [3]
Esta desigualdade chilena - que inexistiu até 1970 e só surgiu após o golpe militar de Pinochet - é atribuída, por alguns, ao atual sistema liberal (em comparação às décadas de 50, 60 e 70, quando o Chile tinha uma distribuição de renda exemplar), outros a atribuem à adoção de fatores naturais (que fez desenvolver um determinado tipo de economia extrativista que favorece instituições que propiciam a desigualdade; já o relatório da Comissão Européia menciona como um dos fatores que contribuem para essa grande desigualdade econômica os impostos regressivos
Quando ocorreu a democratização, em 1990, 38,6% da população chilena se encontrava abaixo da linha de pobreza. Pinochet privatizou a previdência social [5] , e até hoje 39% da população - quase a metade dos chilenos - não dispõe de nenhum tipo de seguridade social

Anônimo disse...

Rodrigo. O que você acha da abolição BC e da implantação de um bimetalismo, como no século XIX?

ntsr disse...

A wikipedia tem um time de editores e é tão vermelha quanto o site do michael moore

André Barros Leal disse...

Acredito que a reportagem se enganou, pois a meu ver, não considerou o peso dos impostos nos INSUMOS utilizados na produção do carro.

Anônimo disse...

Falando em carros, vem por aí um novo recall de defeitos em veículos automotores. Desta vez o problema é com o modelo KA novo, da Ford fabricado desde 2008.
OBS IMPORTANTE:. Diferentemente do que acontece lá fora, aqui o recall será feito de maneira "espontânea e voluntária" pela montadora, devidamente ajudada e acionada pelos órgãos de defesa do consumidor que deram um empurrãozinho para ajudá-la a se mexer.
O preocupante nesses casos que já estão se tornando corriqueiros, é que se denota que nossas fábricas de mestres e doutores e shoppings centers de cursos técnicos e universitários já não estão dando conta de formar gente com competência e que atenda as exigências do mercado de trabalho. Também pudera, o que podemos esperar de nossas escolas, principalmente as públicas, que viraram um antro de socialistas e coletivistas de todas as espécies que estão unicamente preocupados com os soldos que vem de qualquer jeito no final do mês, independente de estarem ensinando ou dando resultado ou não. O que podemos esperar de um sistema educacional que depende da variação do orçamento vindo da arrecadação de quem produz e trabalha que é o setor privado? O sistema está entrando em colapso e o nosso governo preocupado em inserção social via universidade (em quantidade) mas nem aí para a qualidade. O caso é grave e preocupante, pois não se pratica boa educação via politicagem.
Um abraço a todos. Edson Vergilio / eavergilio@ig.com.br

ntsr disse...

O que podemos esperar? Cotas.
É só uma questão de tempo pras empresas serem forçadas a contratar gente que mal sabe fazer uma divisão.

Anônimo disse...

Eu li a reportagem, e se entendi bem, no caso do corolla, lá nos eua custa uns 33mil reais contra 75 aki.

Essa conversão seria para comprar em reais um corolla lá. Na reportagem fala tb que a renda media mensal de uma familia lá eh de 7,5mil e aki eh de 1,2 mil reais. Sendo 75.000,00 : 1.200,00 = 62,5 meses de trabalho contra 4,4 meses de lá para adquirir o mesmo carro. 62,5 : 4,4 = 14,2, ou seja, na parte automotiva, lá sai 14 vezes mais barato um carro.

Então o preço do corolla para quem vive nos EUA seria o mesmo que se nós, Brasileiros, pagassemos algo em torno de 5.300,00 reais, mas com isso mau compra-se uma moto popular aki!!!