terça-feira, junho 21, 2011

Dívida de governos locais chineses preocupa

Bloomberg

A dívida dos governos locais da China equivale a uma "bomba-relógio". A avaliação é do analista Tao Dong, do Credit Suisse, que acompanha a economia do país há quase duas décadas.

"Precisamos prestar bastante atenção nesse problema, já que é uma das maiores ameaças à estabilidade econômica chinesa", afirmou Tao em Hong Kong.

Na semana passada, o banco central da China disse ver um risco crescente de perdas nas mais de 8 mil empresas que os governos locais criaram para evitar regulamentações que proíbem a contratação de empréstimos diretos. Segundo estimativa da Standard Chartered, a dívida dos governos locais pode atingir 12 trilhões de yuans (US$ 1,85 trilhões) em 2012.

"O problema da dívida dos governos locais é o maior que eu já observei em 17 anos de acompanhamento da economia chinesa", afirmou Tao. "Todavia, não prevejo uma explosão imediata da dívida local porque o setor imobiliário não está exibindo nenhum sinal drástico de desaceleração."

De acordo com a empresa de avaliação de risco Fitch Ratings, no pior cenário possível os empréstimos para governos locais financiarem a compra de veículos e construtoras imobiliárias podem levar a fatia dos empréstimos podres nos bancos chineses atingir 30% do total.

Comentário: As províncias chinesas contam com incentivos perversos, pois possuem metas de crescimento e emprego. Isso tem levado a um foco demasiado na construção civil, setor intensivo em mão de obra que contribui com o aumento dos dados agregados de PIB. Com seus balanços no limite oficial de endividamento, estes governos locais criam mecanismos fora do balanço para expandir o grau de alavancagem. Criaram um problema gigantesco de "bad debt", ou seja, dívida podre. Calcula-se (e tudo na China tem pouca transparência e é difícil de calcular) que os bancos tenham entre 20 e 25% de passivo podre nos balanços, fora este problema das províncias. Construíram muitas pontes ligando Lugar Algum a Nenhum Lugar, prédios suntuosos e até cidades fantasmas. Os economistas austríacos chamariam isso de "malinvestments", ou má alocação de recursos por conta de incentivos inadequados. Quando esta bomba vai estourar ninguém sabe. Mas o problema não pode ser simplesmente ignorado.

3 comentários:

Anderson disse...

A próxima grande crise financeira parece estar se formando. E é bem provável que será iniciada na China.
Fiquemos atentos para os sinais que virão. Digo isso por que nosso crescimento econômico está intimamente ligado ao daquele país. Lula soube surfar essa onda de prosperidade de forma "nunca antes vista nesse país". Espero que, quando a tormenta chegar, tenhamos no poder alguém mais capacitado para lidar com a situação e que, até lá, já tenham ocorrido as reformas necessárias ao desenvolvimento sustentável do país. Reformas como a da Previdência, do sistema tributário e cortes de gastos públicos improdutivos.
Eu disse "espero". Mas não acredito que tais reformas serão feitas. É esperar pra ver.

Anônimo disse...

Leu a reportagem de capa da revista VEJA desta semana, Constantino?

Anônimo disse...

Lenin disse que a melhor forma de destruir o sistema capitalista era corromper o dinheiro. Por um processo contínuo de inflação, governos podem confiscar, sem serem observados, uma parte importante da riqueza de seus cidadãos. Lenin tinha razão.