sexta-feira, abril 13, 2012

Aos carolas, Nietzsche!


Rodrigo Constantino

A reação (medieval) de alguns religiosos mais fanáticos à decisão do STF sobre aborto em fetos anencéfalos me remeteu diretamente ao filósofo Nietzsche. Cheguei a sofrer ataques coordenados no Facebook por gente (desequilibrada) que me acusou de defensor da eugenia ou me comparou a Hitler. Já escrevi sobre este último ponto, colocando os pingos nos is. Agora vou resgatar Nietzsche para tentar explicar tanto "amor" por fetos condenados a jamais viver como seres humanos em sua plenitude (falta aquele "pequeno detalhe", chamado atividade cerebral, razão!).

Alguns carolas chegaram a quase enaltecer o feto anencáfalo que, em raríssimos casos, consegue ter sobrevida por alguns meses ou anos após o parto. Sem atividade cerebral, sem consciência, a massa corpórea vegetativa é vista, por alguns, como algo maravilhoso, lindo. Por isso falo da "ética do sofrimento". Esta gente acha bonito sofrer. Quanto mais sofrimento, mais "nobre" é a vida, segundo esta ótica patológica. Vamos às palavras de Nietzsche:

O cristianismo é conhecido como a religião da piedade. A piedade, porém, é deprimente, pois enfraquece as paixões revigorantes que aumentam a sensação de viver. Do ponto de vista religioso e moral, a piedade toma um aspecto muito menos inocente quando se descobre de que natureza é a tendência que ali se esconde sob palavras sublimes: a tendência hostil à vida.

Não concordo totalmente com o pensador, e consigo enxergar o lado positivo da tal piedade cristã. Mas que transparece em cada ataque virulento dos carolas esta hostilidade à vida, ao menos à vida humana com sua potência plena, isso é fato. O que nos leva ao próximo ponto:

O cristianismo deve a sua vitória a essa lastimável bajulação da vaidade pessoal - por esse meio atraiu tudo quanto estava falido, instintos sediciosos, mal equilibrados, aqueles sucumbidos pelo mal e a escória da humanidade. Do ressentimento das multidões forjou a sua arma principal contra nós, contra tudo o que há de nobre, de alegre, de magnânimo sobre a Terra, contra a nossa felicidade sobre a Terra... O cristianismo é uma insurreição de tudo o que rasteja contra tudo quanto está elevado.

Aqui não tenho como discordar de Nietszche! Vejo esta vaidade estampada em cada rosto daqueles que se julgam acima dos demais, que embarcam nesta cruzada moral para se sentirem melhores que os outros, monopolizando as "virtudes". É um estratagema de inversão dos fatos incrível. O ressentido, o medíocre, o invejoso, cada um abraça esta "causa nobre" e posa como o maravilhoso defensor dos "fracos e oprimidos" (um feto anencéfalo?), para então poder olhar de cima os demais. São almas incríveis, como Madre Teresa de Calcutá, que amava mais a pobreza do que os pobres! Chafurdam na lama pois assim se sentem virtuosos. Mas Nietzsche detectou a hipocrisia do teatro:

Fazendo-se humildes, como velhacos hipócritas nos seus cantos, vegetando na sombra como fantasmas, cumprem um dever: a sua vida de humildade aparece como um dever porque é humilde, é uma prova mais de devoção. Ah! essa humilde, pudica e misericordiosa hipocrisia!

Eis que, regado à hipocrisia e atendendo a uma demanda humana, demasiado humana, de inverter o quadro e se colocar acima dos outros quando se está, na verdade, no limbo, os carolas passaram a enaltecer o sofrimento, a miséria, a doença. Quanto mais doente (um feto anencáfalo?), melhor, pois mais nobre. A grávida que atravessar o calvário de 9 meses carregando no útero um feto que jamais gozará de uma vida humana em sua plenitude, eis o que eles consideram fantástico, maravilhoso, lindo e nobre. Mais Nietzsche:

O cristianismo dirigiu o rancor dos doentes contra os saudáveis, contra a saúde. Tudo o que é bem-formado, orgulhoso, soberbo, a beleza, antes de tudo, incomoda-lhe os ouvidos e os olhos. Recordo outra vez as inapreciáveis palavras de Paulo: "Deus escolheu o que há de fraco no mundo, o que é louco perante o mundo, o que é ignóbil e desprezível". Tudo o que sofre, tudo o que está suspenso na cruz é divino. O cristianismo foi até ao presente a maior desgraça da humanidade.

Não chego a tanto. Como já disse, consigo ver o lado bom do cristianismo. Mas nem por isso vou deixar de apontar o lado ruim. Ele existe, e com esta reação ao julgamento do STF, ficou exposta a olhos nu, com toda a sua feiura sem o manto hipócrita do altruísmo.

31 comentários:

Anônimo disse...

A questão é outra, Rodrigo. É preciso se opor a todos os pontos da agenda gramscista, inclusive ao aborto. Queira você ouu não, só o conservadorismo, o religioso incluído (embora não seja o aborto mera questão de religião, mas de pôr anteparo a quem pretende relativizar a vida humana para ao depois fuzilar), está em condições de fazer frente ao golpe esquerdista. Debilitá-lo é fazer o jogo da esquerda. Não estamos no século XVIII e o cristianismo não representa qualquer ameaça à liberdade; não o seu conservadorismo. O que ameaça hoje no cristianismo é sua fusão com o marxismo nas "teologias da libertação".

Ser anticlerical e anticonservador hoje na AL é ser aliado da esquerda, queira-se ou não. Não faça essa bobagem, homem!!

Rodrigo Constantino disse...

se para atacar o PT eu tiver que enaltecer os olavetes medievais, estou fora! prefiro me mandar do país...

Um é tão ruim quanto o outro!

Anônimo disse...

Vale lembrar que Nietzsche também valorizava o sofrimento à sua maneira. Não o entregar-se a ele em autopiedade mas a dureza diante dele para superá-lo mais rapidamente. Ele preconizava o rigor e a disciplina para consigo e para com outrem. Criticava o sentimentalismo piegas, QUE É JUSTAMENTE ESSE QUE OS ABORTISTAS REVELAM EM RELAÇÃO À MÃE. Por que a mãe não pode "sofrer" a gestação de um filho que sabe por antecipação que provavelmente não sobreviverá fora do útero? Por que essa "misericórdia" para com essa mãe? O fato de saber durante 9 meses que seu filho não vingará por muito tempo não a prepara para o óbito futuro? Que mãe fraca é essa que não pode sofrer e superar o sofrimento.

Sinceramente, vejo muito mais a pieguice nesse argumento do sofrimento da mãe. Mutatis mutandis, é o sofrimento decorrente da obrigação maternal que as feministas abortistas em geral querem evitar. As "coitadinhas" que não têm tempo e disposição para serem mães, para cumprirem sua função biológica.

Daniel Duque disse...

Religiosos agem de maneira tão autoritária quanto os ditadores esquerdistas que tanto odeiam.

Afinal, sendo contra o aborto, é da liberdade deles não realizá-lo, mas proibir o ato devido à sua religião ou ideologia, seja ela majoritária ou não, é tão legítimo quanto as proibições do fascismo.

lcmuniz disse...

Rodrigo, você está genereliazando ao chamar de carolas aqueles que são contra a decisão do STF. Fazendo isso, desconsidera que alguém pode ser contra sem necessariamente ser religioso. Este é um expediente comum daqueles que vc tanto critica: os esquerdista. Pelo seu texto parece que só os cristaos sao contra a decisao. Isso nao é verdade. E mesmos os cristãos, ao se posicionarem, não estão sendo carolas. Eles tem todos os direitos de emitirem suas opinioes e nao podemos reduzir suas opinioes a apenas um pensamento retrogado.

Anônimo disse...

É necessário também lembrar que para Nietzsche, o socialismo drivava da democracia que, por sua vez, resultava do cristianismo. O socialismo seria assim a resposta final dos ressentidos e perdedores da terra valorizados pelo cristianismo. É justamente esse aspecto pobrista do cristianismo que a esquerda usa para cooptar cristãos para sua luta.

Entre esses "oprimidos" estão as "mulheres que se julgam oprimidas pelo patriarcado", as feministas, que preferem o aborto a "sofrer" a gravidez indesejada.

Rafael disse...

Ficamos, portanto, à mercê do arbítrio daquele que tem o poder de definir o que é a "plenitude da vida humana". Hoje fetos anencéfalos não podem atingi-la; amanhã, quem sabe, serão os fetos portadores de Down; e depois disso eu não posso dizer que "só deus sabe", porque, graças ao bom deus dos ateus, não acredito na sua existência.

Anônimo disse...

Denunciar os metodos do Granci é ser Olavete? A primeira vez que ouvi falar disso foi no blog do Tio Rei, nada a ver com Olavo nenhum.

Ítalo Candido de Oliveira disse...

Acho incrível como vejo tantas pessoas que se denominam "livres pensadores" chegarem sempre as mesmas conclusões, cultuarem os mesmos autores. Vai ver que este livre pensador é apenas uma falácia, aonde o individuo foi doutrinado a pensar de determinada forma mas nem percebeu, foi doutrinado a pensar que cultuar determinado valores ganharia o rótulo de "livre pensador". Liberais ateus e comunistas sempre foram crias das nossas universidades..(aonde os liberais concorda com os comunistas no que é mais importante para eles no momento que são os valores culturais, pois livre mercado não os comunistas de alto escalão já não veem tanto problema em adotar...(faz tempo que os socialistas tem ciencia que a economia planificada não funciona)

Anônimo disse...

Rodrigo,
impressiona o numero de posts no FB com doenças parecidas, insinuando que é possivel viver com anencefalia, quando na verdade nasce morto ou vive uns poucos minutos.

A pergunta é: mentir não é pecado?!
abs
Fabio barbieri.

Anônimo disse...

Nietzche era um coitado com mania de grandeza que morreu doido.
Não que PORISSO o q ele fala é besteira, mas nota-se claramente a megalomania dele em tudo

rodrigo disse...

Bem, quanto a sua associação de Hitler com o cristianismo, parece que foi um engano seu, a julgar por informações anteriores. E, mesmo que houvesse, prefiro entender Cristo do que os cristãos. Ouvir da fonte. Se vc disser que a Bíblia está cheia de erros inclusos pelos cristãos, vou concordar e sugerir uma alternativa.

Sofrer não é bonito, mas o que muita gente não aceita e/ou concorda, é que em alguns casos o sofrimento é necessário. Por amor ou pela dor, assim se dá nossa evolução.

Se eu concordo com uma vida anencéfala, diria que não, pois não parece mesmo haver um propósito. Mas o perigo é se estender a interrupção a vidas "não perfeitas", mesmo que essa "imperfeição" não impeça a VIDA. É facílimo acreditar e fazer acreditar que a vida deve ser um gozo só, mas há controvérsias, principalmente se se considerar que tudo não acaba aqui nessa vida.

A piedade, humildade e outras causas nobres do cristianismo citadas por Nietsche mostram como ele conhecia muito provavelmente o cristianismo que lhe chegou aos ouvidos mas não os ensinamentos do Cristo, que em sua vida em nenhum momento se colocou (mesmo podendo, ou melhor, estando e muito), acima dos outros .

Ah, se vc fosse um miserável amparado por Madre Teresa provavelmente não iria se importar muito se ela amava a pobreza ou os pobres, ou se queria só afagar seu ego. Se vc fosse um miserável daqueles iria também ficar pensando "poderia ter mais gente assim, querendo aparecer, para ajudar a gente"!!!

No mais, xará, não liga muito prá essa sua torcida do facebook e do seu blog não!

(isso aqui é só uma opinião, de forma nenhuma querendo impor nadinha a ninguém, viu?)

João Peneira disse...

Ao Fabio Burrieri acima,

"nasce morto ou vive uns poucos minutos." Algumas perguntas quanto a isso:

1. O que dizer de Marcela de Jesus que viveu um ano e oito meses??

2. Você vai adivinhar se vai nascer vivo ou morto?? Que eu saiba não. Então como ainda pode pensar em abortar????

3. Ainda que viva somente "alguns minutos", isso justifica um aborto sem dar a opção daquela vida viver??? E você agora que define qtos minutos "vale a pena" viver???

Se deixar, daqui a pouco ele tá definindo tb em quais condições e com quais limitações "vale a pena" viver...

Haja paciência...

João disse...

Depois de fanáticos religiosos por che guevara,fanáticos religiosos strictu sensu > Parabéns, mais uma vez você acertou .

Anônimo disse...

Se vc sofresse um acidente, perdesse massa cefálica, entrasse em coma, mesmo se saisse NUNCA ia ter uma vida normal como antes
Isso justifica que os outros te matem?

Rodrigo Constantino disse...

Se eu virar uma espécie de vegetal, espero que sim!

Anônimo disse...

Rodrigo

Eis um voto fundamentalmene JURIDICO:

http://www.youtube.com/watch?v=fj4DT39Iojo&feature=player_embedded#!

Anônimo disse...

Rodrigo, só cuidado com esse parágrafo:

"Agora vou resgatar Nietzsche para tentar explicar tanto "amor" por fetos condenados a jamais viver como seres humanos em sua plenitude (falta aquele "pequeno detalhe", chamado atividade cerebral, razão!)."

Uma leitura poderia interpretar que você entende que alguém com sindrome de down pode não viver como um ser humano em sua plenitude, e portanto cai no mesmo caso do anencefalo.

Acredito que não tenha essa sua intenção...e se foi, descordo profundamente.

Breno

Anônimo disse...

Sr. Rodrigo,
lamento a decisão dos oito ministros do STF não por amor a Cristo, mas por amor ao Direito.
Não cabe aos juízes elaborar leis, eles podem muito, mas não tanto. A decisão de permitir o aborto de anencefálicos criou uma nova excludente de punilibidade, além da gradize decorrente de estupro e da ameaça à vida da mãe. Isso foi um estupro legislativo. quando a separação dos poderes se encontra assim vilipendiada, estamos perigosamnente próximos do descontrole, da anarquia.
Deixamos de ter magistrados para termos ditadores.
Quanto a citar Nietzsche, foi apenas profundo mau gosto de sua parte.
Sds.,
de MarceloF.

Teo O disse...

Rodrigo,

Em 98% das vezes minha opiniao eh diametralmente oposta a sua. Este seu post parece ser a excessao. Fiquei genuinamente contente de perceber que "common ground" pode ser alcancado ate mesmo entre nos. Curiosamente, tenho hoje mais otimismo com relacao a politica e ao dialogo entre os que pensam diferente.

Anônimo disse...

"Se eu virar uma espécie de vegetal, espero que sim!"

Já eu não, desde, é claro, que fosse regado e colocado para tomar sol nas horas certas (brincadeirinha)

Falando sério, o aborto é um arbítrio, um desrespeito à vida de outro ser humano, de um inocente ser humano que deve ter acatado seu direito a viver, ainda que por poucos momentos. Não deve viver o sujeito que, nascido e desenvolvido, passa a se constituir numa ameaça a outras vidas de inocentes. Estes, sim, merecidamente devem morrer, por não se terem adaptado ao convívio social repeitoso.

Aborto, não!! Pena de morte para delinquentes contumazes, sim!!

No primeiro caso, matar é covardia; no segundo, é justiça.

Anônimo disse...

De novo, muito feio mentir...

o caso referido não foi anencefalia, mas outro tipo de ma formacao.

vc, que se acha inteligente, pesquisa por 5 minutos e descobre que "é fatal em 100% dos casos, sendo que 75% já nascem
mortos e 25% morrem no primeiro dia de vida. Casos raros, com percentual inexpressivo, relatam a sobrevida por poucos dias."

"opcao daquela vida viver"?! que piada de mal gosto.

viva o triunfo da razão sobre mitologias religiosas e suas hipocrisias!

Daniel Neves disse...

Vida humana em sua plenitude... mmm. O problema está em definir tal plenitude e, principalmente, a quem se confia tal definição. Constantino, não caia na besteira de achar que todos que são contra o aborto de anencéfalos são carolas fanáticos! Da mesma forma que você destaca o que considera afetação de quem defende a vida de forma incondicional, eu considero um tanto triste essa afetação modernosa que você transpassa nesses últimos textos sobre o tema (sou moderno, avançado, e vocês são os medievais). Este não é um bom caminho.

Tomé disse...

Pegar Nietzsche para falar da religiosidade atual é, no mínimo, incoerente – sendo que essa concepção já muito, há muito tempo; aliás, Nietzsche teria mudado de ideia com, pelos menos, 60% do que escreveu. O ressentimento dele para com a religião e a postura da mesma na época são passíveis de longas e longas análises, senão, correções. Trazê-lo como resposta para o momento atual é fazer com que os erros permaneçam; sabemos que muita coisa mudou para melhor; o que não mudou foi a cabeça dos revolucionários e dos muitos “constantinetes”, yurisgrequetes” e “danieisfraguetes”.
Em relação ao texto do nobre exilado (vai embora do Brasil por vontade própria – só falta, daqui há 20 anos, cobrar indenização por seu exílio), o mesmo esquece que a vida é o que há de mais importante no mundo; então (os religiosos ou não) seremos medievais para sempre (pelo menos àquelas pessoas de bem), já que não há um consenso entre os médicos e cientistas sobre a morte de um feto anencefálico. Reiterando: não protestaram apenas os religiosos mais fanáticos; e sim, todos aqueles que sabem dar valor à vida. Ele é tão generalista que coloca todos os religiosos num balaio só; das duas, uma... ou ele é ignorante, ou faz de propósito, com o intuito de provocar os religiosos.
Opa!!! Encontrei um erro crasso, rapaz... em certos casos (em certos casos... em certos casos) não há atividade cerebral, agora, admitir que não há consciência, isso sim é um erro.
Quem não é capaz de enfrentar as adversidades (sofrimento) desde já, é um egoísta – ao preferir morrer que seguir adiante... para esse povo parece até um discurso bonito, só que esquecem que há os pais (parentes) e, quem sabe, filhos... eles não importam, somente a pessoa, não é mesmo? O sofrimento é da pessoa e somente ela tem o poder de escolher, sem se importar com os demais, não é isso?
Por outro lado, imagine se eliminássemos todos aqueles, que por diversas circunstâncias, forem os causadores de nosso sofrimento? Que mundo teríamos?
A cruzada moral não tem o intuito de colocar os virtuosos acima dos demais, mas, sobretudo, tornar conscientes de que uma vida moral e ética é possível; a fim de tornar um mundo passível (pacífico) para se viver.
O engraçado é que há marchas para a maconha, para o aborto, para as putas; só os religiosos não podem se manifestar? Essa é uma lógica deficiente.

Marco disse...

Rodrigo, dizer que a Igreja é contra tudo o que há de alegre na vida, como se ela fosse uma instituição pessimista, é uma grande mentira.

Não há na Terra instituição tão otimista como a Igreja: porque tu podes até não acreditar no que ela ensina - ou qualquer outra religião ensina -, mas não há outra notícia tão boa sobre a vida como a que traz a Igreja. Há outras religiões que falam em vida eterna num paraíso, é verdade, mas qual outra diz algo parecido como oferecer a própria substância do Criador de todo o Universo, da vida, do amor e da misericórdia, fisicamente, nas mãos de seus fiéis? Verdade ou não, qual outra promessa é maior do que essa? As outras religiões são bem mais modestas. E a razão para a Igreja Católica não ser modesta na sua promessa só pode significar uma das duas coisas: essa ser uma grande mentira ou uma grande verdade. No entanto, quem mente geralmente mente em algo crível, mente um pouco, mente modestamente, para conquistar credibilidade. A Igreja não se encaixa nesse perfil - se ela quisesse ludibriar ela teria escolhido uma mentira menor, mais convincente. A razão da Igreja em trazer notícia terrivelmente maior do que esperaríamos de alguém que apenas desejasse confortar nossos ouvidos e alegrar o nosso coração, é precisamente porque ela fala a verdade.

Portanto, essa alegada oposição à alegria é inteiramente falsa; está baseada numa má compreensão da Igreja. É justamente ela quem pode nos fazer mais felizes, e tão felizes como assim.

Marcio Barroso Estanqueiro disse...

Olá a todos!
Creio que estamos discutindo alguma coisa que está fora de nosso alcance. Você pode deter um minuto de sua existência? Não? Então como achar que podemos arbitrar na concepção? A soberania da vida pertence a Deus! Esse papo abortista é furado, faz parte da doutrinação gramcista. Primeiro os anencéfalos, depois os de má formação, negros, judeus.. Não podemos virar uma China!
Abs.

Rodrigo Constantino disse...

"A soberania da vida pertence a Deus!"

Será que vc não percebe, Márcio, que esta é uma premissa estritamente RELIGIOSA? Que isso não interessa aos demais em um estado laico?

E não, não vamos virar uma China, pois vários outros países desenvolvidos, como Canadá, Holanda e EUA, já permitem aborto nesses casos (e em outros) e nem por isso são como a China. Esse alarmismo todo é infundado ao extremo!

Anônimo disse...

Primeiro: o aborto é e sempre foi uma bandeira da esquerda marxista, do feminismo irresponsável e leviano (que prega onipotência da mulher e a coloca acima do valor vida), dos eugenistas (de todos os matizes ideológicos) e dos demógrafos planificadores malthusianos alarmistas.

Nos países ocidentais, foi adotado sobretudo em razão do esquerdismo, do feminismo e do malthusianismo dos chamados "globalistas". No oriente, por outros fatores culturais em que a vida humana não tem valor maior, por esquerdismo,por malthusianismo (China) e talvez por feminismo (o Japão, mas não estou certo neste caso).

A valorização da vida humana como um valor fundante da ordem social não é somente uma herança do cristianismo mas também do liberalismo. Ou a liberdade e a propriedade humanas não pressupõem a vida?

A iviolabilidade da vida humana é um valor fundamental que precede todos os demais. Quando se enfraquece esse valor, ainda que como um símbolo, todos os dele decorrentes se debilitam de igual maneira.

Nos países do primeiro mundo esse debilitamento está associado ao Estado do bem estar social, à esquerda, portanto.

Pensem nisso.

Leandro disse...

Rodrigo, dizer que a supremacia de Deus perante a vida é uma premissa, já de antemão, "religiosa" é buscar subterfúgio genuinamente ateu para tentar "escapar" de um dever existencial-humano: deixar para Deus o que é de Seu (digamos) "caráter" - no caso, dar ou retirar a vida.
E se fica dúvidas quanto a esta supremacia, responda-me com sinceridade se o teu coração bate porque você quer. E, sendo não a resposta, não tente dizer que a Natureza age por si só, como a uma máquina sem maquinista.
Pense bem e vamos discutir o assunto.

Fica na pax!
In corde Iesu et Mariae semper!

Anônimo disse...

Belo post, para esses que querem colocar algo como a religião cristã contra o socialismo, eu pergunto porque na America latina que é um dos continentes mais religiosos do mundo é dominada pela esquerda, enquanto a Europa, o continente mais secular do mundo, e vamos lembrar o aborto é descriminalizado na Europa, tem em grande parte governos de centro direita.
Parabéns Constantino, a direita politica não é jamais uma posição de atraso como essa religião.

Anônimo disse...

Constantino invocando a filosofia para espancar essa seita de fanáticos. E começou bem!