quinta-feira, abril 12, 2012

Católicos, aborto e Hitler


Rodrigo Constantino

Vamos colocar os pingos nos is, uma vez que muitos católicos estão comparando os defensores do aborto em fetos anencéfalos com os nazistas e o próprio Hitler.

Em primeiro lugar, considero altamente ofensivo comparar fetos anencéfalos aos judeus. Que história é essa? Judeus são seres humanos, como quaisquer outros. Já esses fetos não possuem nada que remeta ao que chamamos de humano. Não é eugenia eliminar o sofrimento de uma mãe que carrega na barriga um feto condenado a não viver! A morte cerebral, mesmo em adultos, é considerada morte, e os médicos ficam autorizados a extrair órgãos para doação, quando permitido. Acho que alguns católicos acabam traindo seu antissemitismo até quando tentam "defender" os judeus.*

Em segundo lugar, não venham jogar Hitler para o lado dos defensores de um estado laico, por favor! Dizem que quando se apela para Hitler em um debate de internet, é porque faltam argumentos. Pode ser. Mas se os católicos fanáticos se sentem no direito de acusar quem aceita o aborto, nesses casos extremos, de parecido com Hitler, então eu me sinto no direito de resgatar o que o próprio Lúcifer dizia. É injusto o ataque dos católicos, até porque Hitler tinha palavras elogiosas ao Cristianismo, justamente a este lado mais fanático que os carolas raivosos demonstram, na "certeza" de que lutam pela boa causa.**

Vejamos o que ele diz em "Minha Luta":

A grandeza do Cristianismo não repousa nas tentativas de negociação por compromisso com quaisquer opiniões filosóficas no mundo antigo, mas em seu inexorável fanatismo em pregar e lutar por sua própria doutrina.

Em outras palavras, é esta intransigência, esta postura extremista, fanática dos carolas contra qualquer caso de aborto, que Hitler considerava como a grandeza do Cristianismo!

Não custa lembrar também que Hitler, que se dizia católico ("Sou e sempre fui um católico e sempre serei"), afirmava que estava seguindo os mandamentos do Senhor quando eliminava os judeus ("Acredito hoje que minha conduta está de acordo com a vontade do Criador Todo-Poderoso"), em boa parte com a omissão da Igreja Católica. Aliás, no Index dos livros proibidos pela Inquisição (quem disse que os comunas que inventaram a censura?), Voltaire, Galileu, Victor Hugo e Kant estavam vetados (que perigosos!), mas "Mein Kampf", do nazista assassino, jamais constou na lista. Uma mancha e tanto para a Igreja...

Portanto, meus caros colegas católicos mais empedernidos, não tentem colar a imagem daqueles que aceitam o aborto em caso de feto anencéfalo ao nome de Hitler, porque isso é para lá de absurdo!

* O antissemitismo católico vem de longa data, como fica claro em "O Mercador de Veneza", de Shakespeare. A "usura" sempre foi condenada pelos católicos. O pior caso foi na Espanha. Desde o momento de sua criação, a Inquisição espanhola lançara olhos cobiçosos sobre a riqueza judia. A Inquisição endossou com entusiasmo o virulento antissemitismo já promulgado por um notório pregador, Alonso de Espina, que odiava igualmente judeus e ‘conversos’. Alonso defendera a completa extirpação do judaísmo da Espanha - por expulsão ou extermínio. A 12 de maio de 1486, todos os judeus foram enxotados de grandes partes de Aragão. Torquemada parece ter aceitado o adiamento pela Coroa da expulsão de todos os judeus da Espanha até que o Reino muçulmano de Granada fosse final e definitivamente conquistado. Sempre que católicos falam de uma cultura "judaica-cristã", vem à minha mente a imagem de água e óleo se misturando.

** Essa "certeza" de luta pela boa causa é que me assusta. É boa causa impor o sofrimento de 9 meses para uma mãe que vai parir um conjunto de tecido sem capacidade cerebral? É boa causa isso? Eu digo que NÃO! Eu digo que é uma CRUZADA MORAL que faz seus adeptos se sentirem pessoas melhores, superiores do ponto de vista moral, apenas isso. Essa gente ama a Humanidade, mas parece não se importar tanto com o próximo de carne e osso - e cérebro!

34 comentários:

🌎 disse...

Leia aqui, sabichão:

http://en.wikipedia.org/wiki/Hitler's_Table_Talk#Hitler.27s_comments_on_religion

Anônimo disse...

O termo "anenéfalo" não pode ser interpretado no sentido literal, porque impróprio. Esses fetos na verdade apresentam cérebros incompletos e mal formados. Por isto, há os que sobrevivem por dias, meses ou anos. Se não tivessem qualquer atividade cerebral, a morte aconteceria sempre no útero. Há casos e casos.

Luis Alberto Pereira disse...

Desta vez o Livrandowisk foi ao ponto. É um caminho aberto para a eugenia. Daí a comparação com o nazismo. A diferença de um feto anencéfalo para um feto com genes defeituosos é de grau e não de substância. E se alguém acredita que isto não acontecerá é pq mostra desconhecer a estratégia progressista/esquerdista para se atingir um objetivo quando não podem impor o que querem integralmente. Comem pelas bordas impondo avanços, digamos, homeopáticos. O objetivo destes esquerdistas é abrir o caominho para o aborto indiscriminado. E o caminho foi aberto.

Anônimo disse...

Muitos nazistas e Hitler se declaravam cristãos para não perder apoio da sociedade alemã, majoritariamente cristã. Mas em verdade muitos deles, Hitler incluído, professavam misticismos pagãos racistas baseados nas culturas antepassadas nórdicas. Muitos símbolos do terceiro reich remetiam às runas e outros símbolos esotéricos. Himler era um estudioso das lendas místicas pagãs, apesar de ter sido criado em família católica.

Incomodava sobremaneira o terceiro reich a origem de Cristo. Para os teóricos nazistas, Cristo também era um judeu, um semita, que nada tinha a ver com o homem ariano. Até no Tibet os nazistas estiveram em excursões que objetivavam encontrar resquícios do homem ariano original. Acreditavam no mito da Atlântida e que os arianos habitaram tal continente perdido, após terem lá chegado vindos de outro mundo. eles viam os supostos arianos de Atlântida como semi-deuses que teriam decaído após cruzarem com tipos raciais inferiores, conforme teoria teosófica advogada por uma teósofa chamada, salvo engano, madame Blavatsky (ou um nome parecido). Há vários vídeos na internet sobre o esoterismo nazista. Goering, por exemplo, fazia parte de uma sociedade secreta chamada Thule, assim como Rudolph Hess. O seu símbolo era uma suástica arredondada.

Anônimo disse...

Havia Inquisição na época de Mein Kampf p/ vc cogitar a inclusão desse livro na sua lista proibida?

Quanto ao resto, não tenho muita dúvida. Se se constata desde t=0 morte cerebral, o negócio é fazer, como estão preferindo dizer os juristas, a "antecipação do parto", eufemismo até hilário.

Quanto ao Cristianismo: quem faz as religiões são os homens, e homens devem evoluir, evoluindo tbém suas crenças e ideais, não podem ficar parados no tempo.

Anônimo disse...

Enfim, o plano era gradativamente apagar a herança judaico-cristã no terceiro reich. O John Lukacs, em "O Hitler da História", trata disso em algumas passagens da obra.

Rodrigo Constantino disse...

O Index Librorum Prohibitorum, em tradução livre o Índice dos Livros Proibidos, foi uma lista de publicações literárias que eram proibidas pela Igreja Católica e as regras para que um livro entrasse nessa lista. A primeira versão do Index foi promulgada pelo Papa Paulo IV em 1559 e uma versão revista desse foi autorizada pelo Concílio de Trento. A última edição do índice foi publicada em 1948 e o Index só foi abolido pela Igreja Católica em 1966 pelo Papa Paulo VI. (Wikipedia)

Gabriela Coutinho disse...

Eu concordo sem moralismo, vamos fingir que os que são conta o aborto estão se preocupando com o feto, estão se preocupando em ser justiceiros sem saber o que se passa...
E mais uma vez sendo coletivistas...

Anônimo disse...

Trechos do livro citado, do Lukacs:

"Da mesma maneira, o anti-religioso e anticatólico Hitler soube como conquistar o apoio - pelo menos parcial e temporário - da hierarquia católica alemã e o apoio parcial das massas católicas do país. Embora Friedrich Heer se enganasse ao enfatizar a importância de lementos católicos residuais na mente de Hitler, o que permanece verdadeiro é que ele compreendia muito bem - e procurava agradar -, na ideologia e na política, o fator religioso. No Mein Kampf, descreveu em detalhe sua admiração por George Von Schonerer, o líder anticlerical do movimento austríaco pangermânico. Mas escreveu também que Schonerer, ao contrário do católico Lueger, cometera o erro de ser francamente anti-religioso."

Mais adiante: "No Mein Kampf, numerosos trechos advertem contra uma campanha que tenha como alvo crentes religiosos na Alemanha. O líder político não deve tocar nos ensinamentos religiosos de seu povo: " - Porque, se assim fizer, ele não será um político, mas um reformador religioso, se tiver esse estofo!" E mais tarde: " - Nas fileiras de nosso movimento há lugar para que o protestante sincero sente-se ao lado do católico sincero, sem o menor conflito entre suas respectivas consciências e suas convicções religiosas".

Anônimo disse...

Continuando:

Lembrou Speer que, em 1937, quando soube que muitos de seus seguidores haviam abandonado a filiação a igrejas por insistência de líderes do partido e da SS, ele proibiu que seus colaboradores mais próximos, incluindo Goring e Goebbels, agissem dessa maneira. Em 1942, insistiu na necessidade absoluta de manter as igrejas. "Condenou asperamente a luta contra as igrejas: um crime contra o futuro do povo; substituí-las pela ideologia do partido é uma impossibilidade".

Essa política de Hitler explica - pelo menos em parte - o apoio inicialmente relutante e depois consentido dado a ele não só pelo católico Papen mas pelo Partido Centrista Católico em 1933."

E ainda, mais adiante: "Nesse ano (1841),Bormann em uma diretriz do partido, incluiu a frase: "O cristianismo e o nacional-socialismo são inconciliáveis". Hitler ordenou a eliminação da frase e a revogação imediata da diretriz. Ainda assim, paralelamente, e com frequência durante a guerra, disse a seu círculo mais íntimo que o trabalho de repreender as igrejas teria de esperar até o fim da guerra. Nesse ocasião, elas receberiam o que mereciam e a juventude alemã ficaria livre de sua influência."

Anônimo disse...

1941 e não "1841" (corrigindo)

Anônimo disse...

Da wikipédia:

No século XX, é relacionada ao Grupo de Thule este fundado em 17 de Agosto de 1918 por Rudolf von Sebottendorff em Munique. O nome Thule é derivado da ilha mítica Thule. O seu nome original era "Studiengruppe für germanisches Altertum" (Grupo de estudo para antiguidade germânica), mas em breve com a formação do Grupo de Thule, este começou a disseminar propaganda anti-republicana e anti-semítica. A Sociedade Thule, existe a cerca de 1.200 anos e desde sua fundação, teve como objetivo a promoção das antigas tradições religiosas européias, tais como o Druidismo, o Wotanismo, o Woragsmo, a Asatru e a Vanatru, desde sua fundação ela sempre foi dirigida por Druidas e Ghodis nos cargos de Grão Mestre e Venerável.

Foi um grupo precursor que teve importancia na transformação do "Deutsche Arbeiter-Partei" (Partido Alemão dos Trabalhadores) que mais tarde se tornaria o NSDAP (Partido Nazista). Teve membros dos escalões de topo do partido, incluindo Rudolf Heß, Alfred Rosenberg, inclusive Adolf Hitler que já era Grão Mestre Cátaro, foi iniciado na Sociedade Thule e no Grupo de Thule por Rudolf Heß, enquanto estavam presos no forte de Landsberg. O seu órgão de imprensa foi o "Münchener Beobachter" (Observador de Munique) que mais tarde se tornaria o "Völkischer Beobachter" (Observador do Povo), o jornal do NSDAP. A sociedade Thule é também conhecida por estar associada à sociedade secreta Germanenorden.

O símbolo associado com o Grupo de Thule era uma adaga, e com a Sociedade Thule era e ainda é o octagrama, muitas vezes com três triângulos ou raios em seu interior.O site atual e oficial da Sociedade Thule é : www.sociedade-thule.8m.com . O Grupo de Thule atuou no Brasil até 1969, quando voltou novamente e agora com lojas no sudeste (SP, RJ) e sul do país.

Anônimo disse...

Primeira parte da Wikipédia (Grupo Thule):

"A Sociedade Thule (em alemão: Thule-Gesellschaft), originalmente Studiengruppe für germanisches Altertum ("Grupo de Estudo para a Antiguidade Alemã") foi uma sociedade secreta ocultista e völkisch de Munique, cujo nome era uma referência ao país místico da lenga grega. A sociedade é notável principalmente pela organização que patrocinou o Deutsche Arbeiterpartei (DAP), que posteriormente foi transformado por Adolf Hitler no Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores (Partido Nazista). No entanto, não há nenhuma evidência de que Hitler tenha frequentado a Sociedade de Thule.[1].

Por outro lado, existem inúmeras referencias à participaçao de Hitler na sociedade Thule ou Vrill. Podemos constatar isso em: "The unknown Hitler" de Wulf Schwarzwaller; em "The coming race" de Bulwer Lytton's; em "Morning of the Magicians" de Jacques Bergier and Louis Pauwels; etc.

Podemos considerar como facto consumado a participaçao de Hitler, se atendermos a uma leitura cuidade na Biblioteca estatal de Berlín. pode-se tambem citar Wulf Schwarzwaller: "In Berlin, Haushofer had founded the Luminous Lodge or the Vril Society. The Lodge's objective was to explore the origins of the Aryan race and to perform exercises in concentration to awaken the forces of "Vril"."; "The Lodge included Hitler, Aalfred, Rosenberg, Himmler, Goring and Hitler's subsequent personal physician Dr. Morell. It is also known that Aleister Crowley and Gurdjieff sought contact with Hitler. Hitler's unusual powers of suggestion become more understandable if one keeps in mind that he had access to the "secret" psychological techniques of Gurdjieff which, in turn, were based on the teachings of the Sufis and the Tibetan lamas and familiarized him with the Zen teaching of the Japanese Society of the Green Dragon.”.

No programa "The Vrill Society" da Discovery Civilazation, podemos constatar nao só a participação de Hitler mas o cargo de Grão Mestre que ele desempenhou."

Obs: nas minhas leituras anteriores e vídeos a que assisti, Hitler não foi citado com membro dessa sociedade secreta, mas sim Hess e Goring. Hitler era também seguidor de um místico teosofista racista austríaco, que editava uma revista pró-ariana.

Anônimo disse...

From Reinaldo Azevedo:

"Tenho notado um crescente movimento nesta direção: para desqualificar um adversário e não responder a suas eventuais ponderações, basta acusá-lo de “religioso”. Até agora, não vi uma resposta eficiente a uma questão que me parece central no debate: qual é o mínimo de vida fora do útero materno que se considera razoável para não matar o feto? “Ah, não me venha com sua crença!” O que há de religioso na minha pergunta?

Não, senhores! A questão não é “apenas” religiosa, não! Estamos escolhendo em que sociedade queremos viver e decidindo o que é e o que não é moralmente legítimo fazer com o humano. Desprezar como “coisa da religião” os valores cristãos num debate como esse corresponde, aí sim, ao triunfo de um fundamentalismo. Sim, eu estou empenhado em algumas causas que considero justas e humanas. Uma delas é combater, por exemplo, a crescente popularização de teses eugênicas sob o pretexto de que não se pode impor sofrimento às famílias e às crianças por nascer.

Infelizmente, a cristofobia chegou também ao Supremo. A separação — que ninguém questiona — entre Igreja e Estado e a laicidade desse estado estão sendo usadas como pretexto para desqualificar qualquer óbice moral — por mais legítimo que seja — aprensetado pelos cristãos, como se as religiões concentrassem apenas valores ligados à fé e ao mundo transcendental e não trouxessem consigo um razoável estoque de valores humanistas.

PS - Neste momento, Celso de Mello faz uma defesa enfática justamente da laicidade do estado. Contra quem? Espero que não comece a defender, daqui a pouco, a República, o heliocentrismo e a validade da Lei da Gravidade. O estado laico nunca esteve sob risco ou ameaça. O que está é a pluralidade, uma vez que há espécie de movimento para considerar a religiosidade não mais do que um conjunto de superstições. E isso é nada menos do que vigarice intelectual disfarçada de ilumismo."

Sem mais!

Anônimo disse...

Rodrigo, e como rebater aqueles argumentos de que tudo isso faz parte de um processo evolutivo do espirito reecarnado?

Espiritismo e paranormalismo devem ser considerados? Como rebater esses argumentos?

"
É preciso enfrentar a realidade dos conhecimentos disponíveis, em especial paranormais, para que a ignorância tão prejudicial possa ser removida! Está ao alcance do terráqueo descobrir definitivamente o que é espírito e o que é matéria!

Ausência de cérebro físico não significa ausência do perispirítico! E isso existe! É absolutamente técnico! Prova, cabal, material, disso, são as expressões corporais dela sem seu cérebro físico! Bolas! O que comanda essas manifestações corporais inteligentes e emotivas não havendo cérebro físico?!"

João disse...

Equiparar o aborto de anencéfalos a hitler é como equiparar judeus
a fetos sem cérebro, por aí mesmo.

Quem quer proibir o aborto de anencéfalos o faz por solidariedade aos semelhantes.

João disse...

O últimom título do Janer Cristaldo tá ótimo, aliás:

ANENCÉFALOS CATÓLICOS PROTESTAM
CONTRA O ABORTO DE ANENCÉFALOS

Lourival Marques disse...

É muito sadismo querer obrigar uma mulher a carregar por 9 meses um ser condenado a morrer tão logo seja dado à luz... A Igreja tem algo de doentio nessas suas tentativas de moldar as leis ao seu gosto...

Recado aos religiosos: vcs têm todo o direito de ter suas opiniões e ser contrários a isso ou àquilo. Mas por favor, não pretendam que o mundo todo siga o que vcs acham certo ou errado... A Inquisição acabou faz um bom tempo, caso tenham esquecido...

Lourival Marques disse...

O certo seria descriminalizar totalmente o aborto, permiti-lo em qualquer ocasião, mas a decisão do STF permitindo o aborto de anencéfalos já é um grande avanço...

Anônimo disse...

Vitória, um bebê anencéfalo que sobreviveu, engatinha e brinca:

http://www.youtube.com/watch?v=q98oHkzSa6U

Anônimo disse...

Não é preciso ser religioso ou se fundamentar na religião para defender o direito ao nascimento e à vida, se estes não implicam outra morte (da gestante). Sofrimento todos nós temos e faz parte da existência. Pra que maior sofrimento que o dos pais que sepultam filhos jovens? E no entanto, vive-se mesmo com essas marcas do viver.

Ademais, é necessário atentar para o fato de que a liberação do aborto faz parte da agenda revolucionária esquerdista. No Brasil de hoje, urge que os liberais se aliem à pauta conservadora em todos os níveis, até nas questões em que discordam desta, pois qualquer concessão anticonservadora significa coligação objetiva com a esquerda.

O conservadorismo hoje é muitíssimo menos deletério que o gramscismo.

Ser iluminista no Brasil de hoje é ser contrário à religião chamada marxismo. As demais não representam qualquer risco de teocracia. É ridículo se falar em inquisição no século XXI. A ameaça às liberdades está no secularismo estatista e coletivista.

PS: sou ateu.

Pérsio Menezes disse...

Rodrigo, desculpa, eu não quis ser polêmico. Eu devia ter postado aqui e não no Face. É que antes eu estava lendo "A Ética do Sofrimento", que é um artigo de 2007 e achei que "Católicos, aborto e Hitler" fosse antigo também. Acabei de constatar que é de hoje. Enfim, o que eu quis dizer é que ao tentar se colocar contra a eugenia nazista, os carolas acabam por comparar os judeus com os anencéfalos, logo acabam exprimindo antissemitismo no lugar de exprimirem a "anti eugenia" que pretendiam; ou então eu não entendi o que você disse....

Anônimo disse...

"Já esses fetos não possuem nada que remeta ao que chamamos de humano." - então procure no youtube por "Marcela anencéfala", daí liga pra mãe e diga que a filha dela não era um ser humano.

É ÓBVIO que este é um tipo de eugenia, por isto a comparação com o nazismo. No caso não é pela raça, mas pela deficiência. Mas a comparação é justa, o ódio é o mesmo, só que aceitável. Recomendo ver o voto do ministro Cezar Peluso.

Hitler é tão católico quanto a Dilma que nem sinal da cruz sabia fazer. Vá procurar a história de São Maximilliano Kolbe, Santa Edith Stein,... e veja exemplo do antissemitismo.

E a Inquisição Espanhola foi desautorizada pelo papa Sixto IV pouco depois do seu início, mas a coroa espanhola ignorou o papa e usou da inquisição (estatal) para expulsar (e aniquilar) os judeus da Espanha.

Rodrigo, esse seu ódio à religião é comparado ao dos comunistas. E você sabe porque os marxistas odiavam a religião: a fé é a ÚNICA coisa que o Estado jamais poderá controlar. Cadê o seu liberalismo nesses momentos?

Admiro-o como economista, mas este seu ódio ao catolicismo é muito estranho. Rothbard, Hayek e tantos outros austríacos compreenderam muito bem o papel da religião à sociedade, porque você a ignora?

Alvaro

Anônimo disse...

Hahahaha, engraçado ver ignorantes falando que algo é óbvio, quando sequer sabem o que significa. Aqui vai uma ajudinha:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Eugenia

Basicamente, eugenia é o extermínio de determinado grupo de pessoas (ou proibição de gerar descendentes) para evitar que passem suas características adiante, "purificando" a população.

Daí eu pergunto: alguém já viu um anencéfalo gerando descendentes?!??!?!?!

Bom seria se houvesse um mecanismo natural que abortasse anencéfalos funcionais...

PHO

Lourival Marques disse...

"Ademais, é necessário atentar para o fato de que a liberação do aborto faz parte da agenda revolucionária esquerdista. No Brasil de hoje, urge que os liberais se aliem à pauta conservadora em todos os níveis, até nas questões em que discordam desta, pois qualquer concessão anticonservadora significa coligação objetiva com a esquerda."

Sou favorável ao direito de abortar em qualquer ocasião e nada tenho a ver com as esquerdas, muito antes pelo contrário...

Com exceção do Chile e mais alguns outros, os países mais liberais em termos econômicos geralmente permitem o aborto... E o fato de países nada liberais como Cuba e Rússia fazerem o mesmo de modo algum significa que aborto é coisa de esquerdista...

Lourival Marques disse...

"Vitória, um bebê anencéfalo que sobreviveu, engatinha e brinca"

Ô, anônimo do link da Vitória: nenhum vertebrado anencéfalo conseguiria sobreviver, engatinhar e brincar... A menina em questão é acraniana, mas tem cérebro, o que é um tanto diferente...

De qualquer maneira, pergunto: que expectativa de vida terá essa criança?

Se os pais houveram por bem levar a gestação adiante, mesmo sabendo que Vitória teria uma morte em vida, tudo bem, é um direito deles. Mas se eles decidissem abortar a gravidez ao saber da acrania do feto, penso que eles deveriam ter direito de fazê-lo tanto quanto se o mesmo fosse anencéfalo...

A bem da verdade, penso que até fetos saudáveis podem ser abortados, se assim a gestante quiser...

Anônimo disse...

"Com exceção do Chile e mais alguns outros, os países mais liberais em termos econômicos geralmente permitem o aborto."

A permissão ao aborto nesses países foi conquistada pelas esquerdas e pelo feminismo (esquerdista e "politicamente correto") desses países.

Lourival Marques disse...

Não é preciso ser esquerdista ou feminista para entender que a mulher tem todo o direito de decidir se vai levar uma gestação adiante ou não; basta ser realista, isso sim...

Lourival Marques disse...

E se esquerdistas e feministas foram de fato os responsáveis pela liberação do aborto em vários países, então sou obrigado a admitir que pelo menos para isso eles serviram...

Anônimo disse...

apenas uma correção de um argumento falacioso que você usou. O Index Proibitorum foi estabelecido no Concílio de Trento, em 1545, e tinha, juntamente com outras diversas medidas, impedir o avanço da Reforma Protestante. Não dava pra incluir o Mein Kempf na lista, uma vez que ele só ia surgir muitos SÉCULOS depois.

Rodrigo Constantino disse...

Uai, mas o Index seguiu até a década de 1960!

Voltaire não era de 1500, nem Kant, nem Victor Hugo e tantos outros.

Anônimo disse...

Absurdo! Que cristãos tenham apoiado Hitler não significa que a doutrina cristã aceitasse o nazismo. Isso é ódio infantil de religião!

bebeto_maya disse...

Existe muita incoerência na sua concepção de Nazismo, Rodrigo. Primeiro, o Nazismo não era estritamente religioso, ele tinha elementos niilistas e os membros do Partido Nacional Socialista liam, como literatura de cabeceira, Nietzsche! O conceito do super-homem, ideal dos nazistas, era inspirado nele e em teorias de Darwin.
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Então, esse movimento genocida nazista era uma pataquada de religião cristã, niilismo e paganismo. Não dá para definir o Nazismo, ele serve a quem quer que queira xingar seu adversário, é um coringa.
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O livro Mein Kampf não entrou no Index, simplesmente, porque a igreja já não apitava mais nada, são períodos diferentes. O index seguiu até 1960, mas não incluiu nenhuma obra, porque a Igreja não tinha mais poder político. Você foi simplesmente desonesto.
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Finalizando...Alguns libertários, e eu sou um deles mas me excluo destes, acreditam que é tudo muito simples: Aborto é direito da mulher, porque o feto está no corpo dela. Ora! Isso é um absurdo. Pouco me interessa a verborragia religiosa, mas aborto não é direito da mulher porque o feto é propriedade biológica de um casal, que o produziu em comum acordo. São 23 cromossomos do homem e 23 da mulher! Se você pretende ter opinião sobre isto, ao menos estude genética. A mulher não pode dispor de uma propriedade que não é inteiramente sua, porque se carrega por 9 meses, obriga, por vias legais, o homem ao pagamento de pensão por 18 anos!
.
Por fim, a ideia de que o surgimento da vida humana é concepção religiosa, é vigarice intelectual. A vida humana inicia-se na concepção. É um fato biológico. Há quem diga que inicia-se no surgimento do sistema nervoso, após 3 meses. De todo modo, não é um fato religioso!

Ateu disse...

Apesar do que Hitler escreveu em seu livro Mein Kampf, sabemos que, mais para o fim de sua vida, ele escreveu que se opunha às ideias do Cristianismo.
Ainda assim, continua absurda a proposta dos catoloucos de associar as pessoas que são a favor da descriminalização do aborto com Hitler.