Teórica Investimentos
Visão da Semana (de 3 de junho a 10 de
junho).
O
potencial início da redução dos volumes mensalmente injetados na economia,
através do programa de afrouxamento quantitativo ou QE, por parte do Federal
Reserve, continua sendo o foco do debate de curto prazo dos mercados. Contudo,
temos a visão que os participantes de mercado estão analisando as árvores e
esquecendo de olhar a floresta como um todo. Nesse sentido, acreditamos que a
economia global pode estar entrando num novo ciclo de crescimento e o mercado
acionário pode estar perto de entrar num raro momento de forte alta.
Fundamentos mais sólidos das economias
norte-americana e europeia vêm causando elevação nas curvas de juros globais,
assustando os demais mercados de risco ao redor do mundo, que estavam
acostumados com um mercado artificial de juros zero e alta liquidez. O pano de
fundo desse processo é um movimento de normalização do ambiente de
investimento, com uma volta da regência dos mercados pelos fundamentos
econômicos.
Os dados dos EUA divulgados na semana passada
mostraram um mercado de trabalho consistente com nosso cenário base de melhora
firme, porém gradual. Assim como o resto da economia norte-americana, o mercado
de trabalho segue consistente processo de cicatrização. Todavia, numa
velocidade baixa, o que não justificaria uma rápida retirada dos estímulos,
ainda mais com o ajuste fiscal em curso. Porém, vemos como positivo o debate
sobre o início da estratégia de saída do Fed, dado que isso faz com que o
próprio processo de saída seja mais suave. A antecipação pelos mercados e, com
isso, a elevação da curva de juros, vista por nós como uma normalização do
mercado, é altamente positiva para a economia e para os mercados no médio
prazo.
Na China, a série de dados continuam
mostrando uma economia com crescimento estrutural sólido, confirmando a meta do
governo de 7,5%. O momento segue de implementação de reformas estruturais,
executando de forma suave a transição do perfil de crescimento, mantendo uma
taxa de expansão relativamente alta, porém evitando bolhas nos mercados imobiliário
e de crédito. No lado doméstico, segue a reprecificação no mercado de juros,
após elevação mais forte da Selic pelo Banco Central e um movimento global de
elevação dos juros. A moeda também atravessa momento de reprecificação,
seguindo movimento das moedas de commmodities correspondentes e com a
deterioração da credibilidade do governo atual. Apenas um choque de
credibilidade teria potencial para alteração da visão negativa do governo,
como, por exemplo, a mudança da equipe e política econômica.
Apesar das reações iniciais negativas dos
agentes de mercado em função da elevação das curvas de juros globais,
acreditamos que os fundamentos da economia global são mais sólidos e que os
preços dos ativos não precificam tal cenário. O fato de o médico diminuir a
dose do remédio, do paciente sair da UTI e começar a viver um dia-a-dia mais
normal deveria ser lido como positivo pelos mercados. Entendemos o movimento
inicial negativo como sendo um medo de uma retirada prematura dos suportes da
economia e seus possíveis impactos negativos. Todavia, dado o perfil do
presidente e dos diretores do Fed, acreditamos que o risco maior seja de erro
para deixar por mais tempo os estímulos do que errar para menos tempo. Nessa
direção, acreditamos que o momento seja de grande e rara oportunidade de
investimentos em ações para o longo prazo.
3 comentários:
No Brasil, lado doméstico, bastaria então mudar a equipe política e politica economica a um ano da eleição ?
Sabendo que no Brasil a presidente conduz desde a política economica até à rota do avião presidencial - é crível que entregue a condução economica a terceiros, para se ater à condução, talvez, do Boeing presidencial ? Haveria disposição para no lugar de derrubar a economia se ater a seu avião... é isso ?
A elevação dos juros globais não prejudica a Europa, que ainda está digerindo sua recessão ?
"grande e raro momento de investimento em ações para longo prazo"... somente eu achei esta frase ambígua ?! O autor refere-se a investimento em ações nos EUA, na Europa ou global incluindo então o Brasil ?
Ou o autor recomenda, talvez, uma conversão de patrimônio para dólares norte-americanos e aplicação no mercado norte-americano ?
Então ou o QE foi uma boa idéia, ou não devo confiar nesse artigo, correto?
O QE3 deu certo, pois foi diferente do que ocorreu no QE1 e QE2. Desta vez o FED atacou a veia do problema que estava emperrando o mercado imobiliário nos Estados Unidos e comprou dívidas hipotecárias. Limpou os ativos do sistema e o mercado deslanchou. Já a estratégia da Operação Twist (troca de títulos curtos por longos) foi mantida. Não acho que o FED vai reduzir o volume do programa de estímulo neste mês, a meta de desemprego ainda está longe de ser alcançada e a inflação segue fraca, abaixo da média.
Abcs,
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