Foto: IstoÉ Dinheiro |
Rodrigo Constantino
Em sua coluna de hoje na Folha, o empresário Benjamin Steinbruch bate novamente na mesma tecla de sempre: não podemos subir os juros para combater a inflação. O empresário afirma que tinha outra ideia em mente, mas decidiu voltar ao tema de sempre pelos fatos ocorridos na semana:
Antes do feriadão, havia me programado para escrever sobre a burocracia que ainda assola o país e corrói a sua competitividade. Mas, na quarta-feira, duas notícias caíram como bomba.
Era melhor ter escrito sobre a burocracia, senhor Steinbruch! Infelizmente, nossos grandes empresários, na maioria dos casos, são pigmeus morais, são míopes, só querem benesses estatais. Steinbruch tem usado seu espaço na Folha para bater insistentemente na tecla "desenvolvimentista", focando basicamente nos juros. Para ele, crescimento se consegue marretando artificialmente a taxa de juros. Com imensa cara de pau, eis que ele coloca o Brasil ao lado de Rússia, Argentina e Venezuela, como se o maior problema desses países fosse fruto da alta taxa de juros!!! É muito absurdo:
O Brasil caminha na contramão das demais grandes economias mundiais, que adotam a flexibilização monetária para estimular a volta do crescimento econômico. Como companheiros nessa viagem perigosa, o Brasil tem hoje Rússia, Argentina e Venezuela, países que ainda adotam taxas básicas de juros superiores à nossa.
Não!!! O discurso de que subir juros é bandeira de "mercado financeiro" não cola mais, senhor Steinbruch! O governo seguiu seus conselhos, e deu nisso! Estagflação! Parabéns! O senhor, ao lado de Delfim Netto (o Sarney da economia), deve estar muito satisfeito. Quem tem a Fiesp não precisa de USP ou Unicamp para estragar a economia.
Que tal atacar os problemas estruturais da nossa indústria, do nosso "custo Brasil", em vez de focar no sintoma, no preço da moeda, no custo do capital? Infraestrutura capenga, mão de obra desqualificada, lei trabalhista anacrônica, previdência estatizada e insustentável, carga tributária absurda, burocracia asfixiante, esses são os males que assolam o Brasil.
Não a taxa de juros, que é um preço de mercado! Mas entendo que seja mais fácil pressionar o governo para mexer na Selic e deixar a inflação subir, o que alguns industriais aplaudem. Só que o mais fácil não quer dizer o certo! Por isso pigmeu moral. Precisamos de empresários com coragem para defender o difícil, porém certo. Não é o caso de Benjamin Steinbruch, naturalmente.
O pior de tudo é que empresários assim ainda mancham a reputação do capitalismo para os mais leigos, que confundem "capitalismo de estado" com capitalismo de livre mercado. Benjamin Steinbruch, Delfim Netto e Fiesp não me representam, assim como não representam o liberalismo.
Se depender deles, o Brasil quebra, com inflação fora de controle para ferrar de vez com os mais pobres. Mas talvez a CSN consiga ganhar um bom dinheiro durante a bolha artificialmente inflada pelo governo e defendida pelo empresário...
3 comentários:
Aparentemente, nada a ver com o artigo, mas, na realidade, tudo a ver: um livro excepcional:
The Infinite Resource: The Power of Ideas on a Finite Planet.
de Ramez Naam ($9.57 no Kindle).
Resenha em:
http://reason.com/archives/2013/04/12/limitless-possibilities
"Quem tem Fiesp não precisa de Unicamp"
Otimo artigo otimo titulo. Um dos melhores artigos que li este ano. O Brasil esta condenado a merda absoluta com estes "capitalistas" que sao tao a favor do livre mercado quanto os academicos, sindicatos, ou o mst.
Voce eh provavelmente o unico liberal de peso no Brasil que critica a "direita" brasileira composta de empresarios amantes do Estado e politicos como Jose Serra.
Viva o pais do cartorio! O Brasil eh uma versao pior da Franca ou Italia.
Até hoje não tinha ouvido falar nesse economista. Gostei do que li, pois ele não tem medo de expor sua opinião, apesar das patrulhas ideológcas. Não sei por quanto tempo...
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