segunda-feira, maio 06, 2013

As boas intenções do A.A.


Rodrigo Constantino

O livro As boas intenções, do escritor espanhol Max Aub, ilustra de forma sarcástica como medidas repletas de bons sentimentos podem acarretar efeitos catastróficos, inclusive na vida daqueles que tais ações mais visavam a ajudar.

Trata-se da história de Agustín Alfaro (A.A.), “o que normalmente se chama um bom rapaz”, nas palavras do autor. O livro retrata uma série de acontecimentos trágicos que vão ocorrendo à medida que Agustín tenta proteger sua mãe do sofrimento.

Tudo começa quando surge na casa da família uma moça chamada Remedios, que alega ser mãe de um filho de Agustín. O problema é que o rebento não era de Agustín, e sim de seu pai, que usara o nome do filho com a amante.

No afã de poupar sua querida mãe de tamanho sofrimento, uma vez que ela considerava o marido um homem exemplar, Agustín acaba aceitando a farsa. O que se segue é uma verdadeira comédia de enganos que, naturalmente, acaba por desgraçar ainda mais a vida de sua mãe, sem falar das demais pessoas envolvidas, começando pelo próprio Agustín.

Pessoas repletas de boas intenções, mas desfalcadas na razão, podem se proteger das desgraças do mundo criando a ilusão de que basta a boa vontade para acabar com o mal. Lembrei dessa história quando vi as declarações de outro Augustin, o secretário do Tesouro Nacional, sobre o superávit primário. Para Arno Augustin (A.A.), a meta fiscal não é tão importante e deve ficar à mercê do comportamento da economia.

Em outras palavras, o governo não deve poupar para abater o endividamento público, e sim mirar no crescimento econômico. Claro que ninguém ousaria duvidar das boas intenções do secretário A.A., que não poderia ser acusado de interesse eleitoreiro de curto prazo. Suas intenções são puras, as melhores possíveis. Caso contrário a presidenta Dilma jamais o escolheria para cargo tão importante.

Mas é que, faltando-lhe conhecimento econômico, suas lindas intenções vão levar a uma comédia de enganos, no final altamente prejudicial aos mais pobres, que ele certamente quer ajudar. São pessoas assim, como o A.A. do livro e o nosso A.A., que reforçam a máxima de que o inferno está cheio de boas intenções...


5 comentários:

Anônimo disse...

"Claro que ninguém ousaria duvidar das boas intenções do secretário A.A."

EU OUSO!!!

Aliás, há a questão-Frase de B. Mandeville:

"Até quando as pessoas de bem ficarão a mercê dos canalhas?
- Até o dia que as pessoas de bem tiverem a mesmqa ousadia dos canalhas!"

A grande questão, a grande M é que sem que se perceba se pratica uma recomendação moral (não ética) até um tanto instintiva: "não julgues para não ser julgado" ...dando ao ato de julgar um cunho moralmente negativo (embora ética seja exatamente julgar, se não julgamos todos são equivalentes).

Ora, a grande M a qual me refiro é que ninguém, quase ninguém, se refere aos interesses de manutenção do Poder, do Estado arbitrário, como ambição. Muitos são os interessados num Estado de arbítrio, muitos do Estado obtém privilégios e renda. Estes DEFENDERÃO SEMPRE O PODER ESTATAL, tudo que for útil à manutenção de um Estado de autoridade arbitrária lhes é conveniente. Por vezes um aparente interesse eleitoreiro é apenas oque se vê, mas há interesses eleitoreiros e não eleitoreiros que não se vê (pelo menos diretamente).

Esse tem sido o grande mal:
As boas intenções aparentes, visíveis sem esforço por serem expostas como tal. Seria o caso de se crer que um estelionátário tem a boa intenção de que sua vitima faça um bom negócio. Não dá! Essa é aparência dada à intenção, oque se vê diretamente, aquilo que é captado pelos sentidos (5), mas se não julgado pelo sexto sentido (razão) se estará cometendo um erro.

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO!

O Poder estatal é um mito, uma fantasia em que muitos sonham ter este Poder a seu favor para dele usufruir. É como um JOGO. O jogador mesmo perdendo sempre sonha, tem a esperança, de ainda conseguir ganhar. Ele não quer que se acabe com o jogo, pois seria proibi-lo de sonhar, de ter esperança. Esse é o JOGO DO PODER. Todas as ideologias jogam exatamente com a esperança oferencendo facilidades morais e materiais, onde a maio0ria destas esperanças são prometidas para um futuro incerto, fazendo com que FIÉIS se entreguem às lideranças na ESPERANÇA AMBICIOSA de usufruir das benesses prometidas e subjetivamente desejadas (egocentricamente desejadas). É a dialética, onde o aparente coletivismo nada mais é que não o mais canalha egocentrismo.
As ideologias aparentemente tendenciosa "para pobres", ou para os servos, se revela SEMPRE (a história bem o prova) ideologias para os senhores.

O interesse no Poder do Estado não visa apenas o Poder do "rei", o "rei" é apenas um "boneco" pois que sem a anuência da côrte e nobreza seu Poder se esvai. O objetivo é A ORGANIZAÇÃO e não o indivíduo. Aliás é frase da máfia, o importante é a organização e não o indivíduo.

O Estado é formado por pulhas que o cultuam em próprio beneficio. Se não puder enganar os safados e os imbecis da população, o Estado mudará sua atuação (perde anéis parta manter os dedos), mas jamais a sua intenção de arbitrar em favor dos seus integrantes HIERARQUIZADOS. É o desejo de escravizar. Aqueles que sonham escravizar não se importam de serem escravos para manterem tal sonho canalha. Da mesma forma, o jogador que perde não para de jogar; seu sonho de ganhar o faz conformado com a derrota.

Pode ser moralmente lindo não julgar ninguém, a ponto de ser comum alegar-se "não que eu queira julgar alguém, mas..." ou "quem sou eu para julgar alguem, mas..." ...parece lindo, mas é nocivo. Esta moral certamente tinha por objetivo livrar os pulhas, os canalhas, de julgamentos desfavoráveis. Esta moral ideologica aliciou de pronto o que havia de pior na sociedade e as consequencias a história bem nos mostra.
Não julgar, dar pronta absolvição e ainda tolerar e mesmo aceitar os maus, os canalhas, os pérfidos, os pulhas(amando-os) é condenar os bons, os justos. É a dialética onde o mal se origina no pretenso bem. ...rsrs Afinal, em nome do bem se dissemina o mal. ...é diabólico! ...rs

Anônimo disse...

"Boa parte desses intelectuais, em vez de se dedicar à árdua tarefa de se inteirar dos debates, preferem em vez disso uma saída mais fácil, acreditando na irrelevância das teorias econômicas"

Há controvérsias, pois que ha teorias economicas que são voltadas para a defesa do Poder estatal e assim são utilizadas pela politica. Ou seja, há teorias econômicas e teologias econômicas.
Quando o assunto é usufruir do Poder explorando populações não existe boas intenções. Pode até ser bonito afirmar que todos os politicos são bem intencionados e almejam o bem da população, como se este desejo os fizesse cometer os graves erros economicos apenas por estarem ansiosos por fazerem o bem. NÃO! Não existe boa intenção em políticos, individuos que ambicionam viver nababescamente do Poder de expropriar não estão bem intencionados.
As proposições de POLÍTICOS PROFISSIONAIS e seus agregados que parasitam populações não visam qualquer benefício à população a eles submissa. Nem mesmo visam se aproveitar das boas intenções da população ignorante, mas sim aproveitarem-se das más intenções desta população. A política profissional consiste em jogar uns contra os outros dentro da sociedade produtiva para dividi-la e assim fortalecer o Estado onde impera o corporativismo. Pode-se mesmo dizer que a LUTA de CLASSES consiste na luta do Estado contra a sociedade, onde individuos (não classes) almejam formar a classe estatal e assim beneficiarem-se perpetuamente do Poder.

Anônimo disse...

(continua)

A beleza de não julgar ninguém atribuindo-lhe má intenção pode ser algo bonito de se exibir, mas não é uma realidade e por tal, intimamente, gera certa desconfiança ou desprezo por parte do publico. Ora, os estatistas atribuem má intenção a todos que propoem a redução do Poder estatal enquanto estes afirmam estarem os estatistas cheios de boas intenções. Isso é absurdo e só reforça a idéia estaista. A própria aceitação do termo "capitalismo" é de uma ingenuidade atroz. Tal termo produzido pela idéia da acumulação de riquezas (acumulação de capital) foi cunhado exatamente para antipatizar a idéia da liberdade econômica ante moral cristã que condena a "acumulação de tesouros na terra", como os defensores da liberdade economica fossem todos uns ganâciosos perversos e sem moral, voltados para a exploração dos pobres, coitadinhos. Como os pobres, sob esta mesma moral são arbitrariamente considerados pessoas boaws enquanto os ricos são maus, evidentemente que a força de uma cultura moral aniquila qualquer possibilidade de lógica no raciocinio, superado então pelo RACIOSSÍMIO, que consiste em apenas macaquear as expressões de triunfo e orgulho moral exibidos ostensivamente como um sentimento gratificante pela "superioridade" (afinidade com os valores divinos) do individuo que como tal se exibe. Claro que ser um socialista, por mais estupida que seja a teoria que o sustenta, esta esta amparada na moral cultural (moral difundida por massificante propaganda contra a razão). Ora, individuos sedentos de aprovação dentre "os bons" se vê entre aceitar a realidade, optando pela moral que valoriza a honestidade, ou aceitar a fantasia e optar pela moral que valoriza a bondade muito acima da honestidade. Não é dificilm perceber que em nome do bem muito mal se pode causar em beneficio próprio. Ou seja, essa "bondade" arbitrada moralmente superior, justifica o INICIO DA AGRESSÃO em nome do BEM! ...enquanto a moral racional (ética) só justifica a agressão para impedir ou punir o nocivo.

A diferença entre estes principios é a causa de se ignorar, não admitir, a realidade a fim de se usufruir de ganhos morais (aprovação e valorização no grupo) em ostensiva e até exagerada exibição de bondade, em pleno desprezo pela honestidade. Não é dificilm perceber isso e não raro ver indivíduos defendendo orgulhosamente a pratica de desonestidade sob a aprovação da bondade. O exemplo mais gritante é o bonzinho defender o ladrão que rouba para comer ou o bandido pobre. Este pieguismo que coloca o sentimentalismo como demonstrativo de bondade é decorrente da moral estabelecida pela propaganda ideológica. Os bonzinhos vão para o céu, os honestos nem sempre. Não é a honestidade, a dignidade, que leva à "recompensa máxima", mas sim a bondade. Ideologias são exatamente um conjunto de idéias que prometem a salvação ou um nirvana qualquer. Assim, nas ideologias, os fins justificam os meios e OS FINS são SEMPRE PROMETIDOS para um FUTURO INCERTO. Então, EM NOME DESTES FINS SE JUSTIFICA O INICIO DA AGRESSÃO: é o mal em nome do bem! ...não se propõe o mal para combater o mal, mas sim o mal para promover o bem, mesmo que um suposto bem. Claro que assim o mal se torna eterno, posto que em nome da bondade até mesmo se tolera o mal em nome do mal. Afinal, aceitar o mal e tolera-lo tornou-se exibição de bondade. Se poderia dizer que tal estratégia é efetivamente demoníaca, o algoritmo perfeito para promover o mal, pois que em nome do bem.

É uma boa reflexão....

Anônimo disse...

O grande problema é que não se presta muita atenção na “ORIGEM DAS IDÉIAS”, talvez por negligência pura ou talvez pelo modelo moral vigente não ser bonito JULGAR. Assim, quando muito provocado ou numa boa oportunidade o “bom sujeito” afirma “eu não quero julgar ninguém, mas” e blá blá blá. Pronto! ele afirma e reafirma sua afinidade com a moral vigente que preconiza que julgar é imoral, mas apenas julgar para atribuir um mau conceito, se para louvar, então é moral e louvável.

Ora, o que ocorre nessa politicagem é SEMPRE buscar um meio de aumentar o Poder daqueles que controlam o governo/Estado. Essa é a origem das idéias “boazinhas”. Porém, é feio acusar alguém de mal intencionado, não devemos julgar ninguém se para atribuir-lhe deméritos ou má personalidade. Isso é coisa feia, segundo a moral vigente. Talvez nem mesmo se perceba isso, mas já é instintivo este comportamento.

Não há boa intenção para com os pobres por parte daqueles que ambicionam viver do Poder. Caso houvesse tal boa intenção e a politica seria como a ciência, onde o objetivo é a verdade em si (por definição). Assim, devido este fato, a ciência prospera e se aprimora. Porém, na política não há interesse na verdade, mas apenas na conveniência dos que ocupam ou almejam ocupar o Poder, ou pelo menos usufruir dele em variados graus. Por isso é que fórmulas erradas, teorias flagrantemente estúpidas, experimentos fracassados e toda sorte de aberrações e desgraças persistem como se frutos das “boas intenções”. NÃO SÃO BOAS INTENÇÕES! …É preciso ter dignidade para dizer a verdade em vez de vestir-se com a fantasia moral valorizadora; fazê-lo em nome da ética absoluta. É PRECISO JULGAR!!!

Anônimo disse...

Vejamos, em paises miseráveis os governos mergulham-se em luxos, governantes e agregados vivem como nababos em absurdo contraste com a população DE QUEM ELES EXPROPRIAM A RIQUEZA. O mais absurdo é que NINGUÉM JAMAIS OUSOU CRITICAR ISSO. Jamais se ouviu critica à DESIGUALDADE ENTRE A HIERARQUIA ESTATAL E A POPULAÇÃO DE QUEM ELA USURPA A RIQUEZA. Ou seja, a igualdade que a hierarquia estatal pretende é APENAS A IGUALDADE DENTRE OS SERVOS DO ESTADO. Isso não é maldade de quem julga, é UM FATO!

Esse fato pode ser bem percebido nas estratégias politicas para engrupir e antagonizar os servos para que não se unam contra a hierarquia estatal.
Vejamos, o funcionário público e sobretudo o alto funcionário é chamado ridiculamente de “servidor público” (que recebe aquilo que expropria dos governados) e o trabalhador que é extorquido pelo Estado e que só ganha caso sirva a alguém que se disponha a pagar por seu produto ou atividade, não recebe a alcunha de “servidor público”. É mais que óbvio que tal USO DAS PALAVRAS, erradamente, NÃO FRUTO DO ACASO E MUITO MENOS DAS BOAS INTENÇÕES. Tal é uma estratégia de lavagem cerebral pela repetição. Assim, aqueles que são efetivamente explorados pela EXPROPRIAÇÃO estatal são induzidos a crer que os membros do Estado existem para servi-lo, são altruístas, enquanto os trabalhadores da iniciativa privada apenas visam obter o dinheiro uns dos outros e, sobretudo, o empresário/investidor não passa de um ganâncioso ávido por explorar os “coitadinhos”. Sim, esse é o objetivo no USO DAS PALAVRAS. Mesmo que o tal de “servidor público” (sobretudo da alta hierarquia) viva como um nababo, sem preocupar-se com responsabilidades, pois que NÃO PRECISA SERVIR PARA OBTER SUA RENDA. Mesmo que este nababo inútil tenha renda muitiossimo maior do que a extensa maioria dos malvados empresários. SIM! …ISSO É QUE TEM QUE SER MAIS FALADO!

O maior absurdo é o fato de determinados funcionários CUJA FUNÇÃO é DISTRIBUIR CARIDADE COM RECURSOS EXPROPRIADOS, OBTENHAM UMA REMUNERAÇÃO, PARA TAL ATIVIDADE, MAIOR DO QUE A RENDA DAQUELES QUE SÃO EXPROPRIADOS EM NOME DA CARIDADE!
Isso é uma aberração! …Não faz sentido alguém alegar que expropria (toma através da ameaça de mal maior) renda de uns sob alegação de ajudar os pobres e por tal SE REMUNERA A MAIOR QUE SUA VITIMA INDEFESA. É uma aberração! É enriquecer-se fazendo caridade com o que toma dos ricos sob argumento de ajudar os pobres. É o “bondoso” expropriando dos “malvados”, que ganham menos que ele mesmo, sob a égide de ajudar os pobres com os excessos dos ricos. ISSO NÃO É BOA INTENÇÃO, ISSO NÃO É QUERER AJUDAR OS POBRES!

É preciso falar aquilo que deve ser falado, mesmo que feio segundo a conveniente moral arbitrada. Sim, a melhor forma de se estabelecer o poder e garanti-lo é através da moral arbitrada.

Foi ROUSSEAU quem deixou ainda mais claro o óbvio, algo assim:
- para garantir o Poder há que convencer o povo de que este é um direito do soberano e que a submissão a este é um dever do povo. (não com essas palavras, a frase original é bem mais bonita).

Uma moral que induza os GOVERNADOS a serem RESIGNADOS, SUBMISSOS, desprezando a própria individualidade, VACILANTES, SEM FIBRA, COVARDES, FALSOS, HIPÓCRITAS e etc., através de uma moral arbitrária, sem lógica, e flagrantemente nociva ao amor pela liberdade é a mais conveniente das morais para manter o Poder como uma instituição bem aceita e apta a impor-se a essa massa corrompida por valores morais convenientes ao Poder estabelecido.