quinta-feira, novembro 12, 2009

A Capa da The Economist



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

A capa da revista The Economist divulgada ontem deixou os petistas em alvoroço, ao anunciar que o país agora “decolou”. Na foto, um Cristo Redentor alçando vôo como um foguete. O Brasil é a “bola da vez”, atraindo cada vez mais atenção e dólares do mundo todo. Lula é “o cara”. Quem sabe alguns petistas não assinam a revista britânica agora e passam a aprender mais sobre a defesa do livre comércio? Antes, porém, seria recomendável que eles lessem a matéria na íntegra, coisa que poucos fizeram.

Sim, a revista reconhece os méritos do país. O Brasil é uma democracia, ao contrário da China. Não tem insurgentes ou disputas étnicas e religiosas como a Índia. Exporta mais que petróleo, ao contrário da Rússia. Entretanto, a revista afirma também que as melhoras foram plantadas antes, durante o governo anterior. Menciona a autonomia do Banco Central, bandeira que os petistas jamais engoliram. Enaltece a abertura comercial e algumas privatizações ocorridas na era FHC, até hoje condenadas pelos petistas. Alerta para as fraquezas ainda existentes, como o crescimento dos gastos públicos, investimentos baixos, educação e infraestrutura decadentes, violência e criminalidade. A revista ainda ataca Dilma Rousseff, por sua insistência em negar a necessidade de reformar leis trabalhistas arcaicas.

Por fim, o editorial da The Economist coloca como principal risco para o país a “hubris”, a arrogância desmedida, algo que lembra as bravatas de um presidente que vive afirmando que “nunca antes na história desse país” as coisas foram tão maravilhosas como agora. A revista lembra que Lula é um presidente com sorte, aproveitando o boom das commodities, que resulta do crescimento chinês e da política frouxa de juros do Fed, e também a plataforma de crescimento erguida pelo seu antecessor, FHC.

Em suma, a economia brasileira vai bem a despeito de tudo que o PT acredita e representa, não por causa disso. E não custa ficar atento, pois quando todo mundo “sabe” que nossa economia tem somente uma direção, rumo ao céu, talvez seja hora de recuar um pouco. O excesso de euforia preocupa. No dia que a revista foi publicada, o Ibovespa caiu 3%. Será que estamos próximos do pico? Caveat Emptor!

20 comentários:

Gilberto Hauer disse...

Exceção feita ao Lula, nada tenho contra os pernambucanos nem contra esse estado, menos ainda contra a cidade do Recife, onde morei durante 4 ótimos anos. Mas, vendo o Lula discursar, lembro-me de um humorista que fez muito sucesso, principalmente nos anos 60, José Vasconcelos.

Num disco de piadas, que lançou naquela época, havia duas que se referiam ao que seria, segundo a visão desse humorista, já naqueles anos 60, uma característica dos pernambucanos, reveladas nos fatos a seguir.

Sobre os dois maiores rios do estado, o Capibaribe e o Beberibe, os pernambucanos diriam:
“o Capibaribe se une ao Beberibe para formar o Oceano Atlânnnntico!!!"
Já, os locutores das rádios de Pernambuco sempre começariam as suas chamadas, dizendo:
"Recife, Pernambuco, Brasil falando para o munnnndo!!!!"

Afinal, o Lula não é nascido em Pernambuco?

Anônimo disse...

Desculpe, não entendi...

Unknown disse...

Como você é do contra em Rodrigo. Realmente não dá pra acreditar em quem pensa que sabe tudo. Seus textos são até bons, pecam apenas no lado tendencioso que está entranhado na sua mente pessimista.
Deesculpe-me mas é o vejo!

fejuncor disse...

A galinha do vizinho é sempre a mais gorda e tem as penas mais lustrosas.

Dada situação atual da Europa, qq coisa é milagre.

fejuncor disse...

A bem da verdade, jogaram o Brasil lá pra cima e FHC junto. Lulla é que não ficou muito bem na reportagem. Foi tratado com justiça.

"(...)Mais do que isso: as reformas trouxeram disciplina às contas do governo. Agora, tanto o governo federal como os governos estaduais têm de se virar com os recursos que existem. O superávit primário (resultado das contas antes do pagamento dos juros) foi criado em 1999, e o governo federal tem de alcançar uma meta todo ano — apesar de haver uma boa chance de que isso se perca neste ano. Isso fez com que o Brasil equacionasse suas contas externas. Agora, os credores internacionais acreditam que o Brasil pode honrar seus compromissos. (…)”

Que melancólico pra vocês petezada kkkkkk lá fora o pessoal sabe muito bem quem fez o quê.

barros disse...

SILVIO MORENO said... and I tell him back: A verdade doi moreno. Rodrigo tem a culpa de dizê-la. Se achando o maximo não é um bom começo de se melhorar...

Everardo disse...

Constantino, pelo que você diz o FHC sabe ensinar mas não sabe fazer, pois a economia na época dele não ia bem , apesar da justificativa da revistas: a "sorte" do Lula.

Rodrigo Constantino disse...

Everardo, onde foi que eu disse que FHC sabe ensinar? O esquerdista tucano não sabe ensinar nada! Fez algumas reformas importantes, mais por necessidade que por convicção. E pegou uma fase terrível lá fora, ao contrário de Lula. A verdade precisa ser reconhecida.

Lula é um sortudo! Isso é fato.

Everardo disse...

O Lula não pegou uma fase terrível lá fora? Então não estamos saindo de uma das maiores crises do século? Então houve exageros, essa só um marolinha?

Rodrigo Constantino disse...

Everardo, o governo Lula não tem apenas um ano, sabia? Desde 2003, o governo Lula surfou a onda mais positiva dos últimos 70 anos! A crise é recente, e mesmo assim a injeção assustadora de liquidez pelos bancos centrais do mundo todo sustentaram os preços dos ativos, principalmente das commodities. A falta de juros no mundo também tem atraído investidores e especuladores para o Brasil. Em suma, a CONJUNTURA continuou favorável ao país, por enquanto.

Para vc opiniar sobre o assunto, seria aconselhável estudar melhor economia antes. Para evitar constrangimento, sabe?!

Rodrigo

Everardo disse...

Gostaríamos que o governo Bush tivesse tido a mesma sorte do governo Lula, assim a gente não teria que fazer malabarismo para explicar como a conjuntura foi favorável ao Brasil e desfavorável para os EUA. Tecnicismos à parte, gosto de ver as suas explicações, que conseguem retirar todos os méritos do Lula, depositando-os na sorte (que o resto do mundo não teve).

Rodrigo Constantino disse...

Só o Brasil? hehe

O Everardo é cego! E a China, Índia, etc?

Mais: a conjuntura nos EUA é justamente o que permite essa fuga de capitais para países como o Brasil, que ainda tem yield, juros!

Everardo, como eu disse, um pouco mais de conhecimento evitaria tanto constrangimento. Tempo é algo valioso para se perder explicando obviedades para um leigo obstinado em NÃO aprender...

Rodrigo

fejuncor disse...

Preço pago pra sair da crise antes do resto foi aumento da dívida pública, vide desabe do Superávit primário. No mercado, brota o consenso de que isso não se reverte neste governo. Porão as contas em ordem só após as eleições. Mas a fatura virá.

Everardo disse...

fejuncor, o aumento da dívida pública de que você fala é resultado de reúncias fiscais em alguns setores essenciais para a manutenção do emprego. Essa renúncia é aquela que os liberais pregam, só que de forma mais severa: geral e total. Sem arrecadação alguma.

fejuncor disse...

Absolutamente.

Num ambiente de queda de arrecadação mensal de +- 9% no semestre em relação aos seis meses anteriores, os gastos correntes cresceram 17%.

Everardo disse...

fejuncor, sem considerar as fontes dos seus números, imagine-se nessa crise um crescimento de arrecadação de 9% combinado com uma redução de gastos correntes de 17%. Dá para entender? É dose!

fejuncor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fejuncor disse...

Não. Entederia, num cenário de queda no caixa se segurar as despesas de custeio. Mas ai não seria o Brasil e eu talvez nem estivesse aqui malhando a corja...

Ok, quer a(s) referência(s):

"O crescimento dos gastos foi impulsionado por uma regra acordada pelo próprio governo com o Congresso. Desde 2007, o reajuste do salário mínimo leva em conta o PIB de dois anos anteriores somado à inflação do ano anterior. Ou seja, para calcular o salário mínimo de 2009 foi utilizado como base o PIB de 2007 mais a inflação de 2008, o que levou a um aumento de 12,05%. Para o próximo ano, a expectativa é de uma alta de cerca de 10% - numa época em que as contas do governo não estarão tão saudáveis quanto no passado. "Além do impacto nos benefícios da Previdência, isso é utilizado como argumento pelos funcionários públicos para pedirem aumento também", diz Cristiano Souza, economista do Santander.

Outro ponto que eleva os gastos do governo é o inchaço da máquina pública. Desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, foram contratados 220.000 novos funcionários públicos apenas na esfera federal. O governo justifica a necessidade de melhoria da máquina pública, mas uma pesquisa recente do Banco Mundial, no entanto, mostra que a percepção de qualidade não melhorou."

Por Marcio Orsolini | 30.07.2009 | 08h30

econoespaco disse...

Parabéns pelo artigo. Acho difícil a mentalidade de um petista assimilar que o governo anterior estabilizou e asfaltou a economia do país. Plantaram e agora os petistas estão colhendo.

Everardo disse...

fejuncor, a opinião do Sr. Cristiano é a de um técnico como qualquer outro. Ele arrisca previsões. O Brasil precisa de policiais rodoviários, promotores de justiça e juízes, policiais federais, policiais militares, médicos, enfermeiros, auditores fiscais, etc..É clara que isso no modelo de gestão que adotou. Num modelo em que entregasse as funções de estado para o mercado, você teria razão. Tudo seria privado. Ao invés de repassar para a sociedade os gastos decididos no Executivo e no Congresso Nacional, seriam repassados aquilo que fosse decidido nos Conselhos de Administração das empresas. Alguns acham mais adequada a "eficiência" privada (com um "lucrinho" dentro). Outros, como eu, preferem a máquina pública (com todos os males de uqe lhe acusam...)