Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
domingo, fevereiro 28, 2010
Filhos do Iluminismo
Rodrigo Constantino
A Revolução Americana representa o experimento mais liberal, em grande escala, que se tem conhecimento até hoje. Os ideais representados pelos “pais fundadores” da nação ajudaram a criar um ambiente de ampla liberdade individual, incluindo a religiosa. Alguns conservadores da direita cristã, entretanto, tentam reescrever a história de seu país, transformando tudo num projeto cristão. O ex-presidente Bush encarna esta imagem com perfeição, misturando os temas da fé com os do governo.
Preocupada com esta deturpação dos fatos, Brooke Allen escreveu Moral Minority, um livro que enaltece a postura cética dos principais “pais fundadores”. Ela argumenta que a nação americana não foi fundada nos princípios cristãos, e que a elite responsável tanto pela independência quanto pela Constituição era filha do iluminismo que florescia em sua época. Em suma, os “pais fundadores” eram herdeiros de Locke, não de Cristo.
Os massacres e perseguições religiosas que marcaram a Reforma na Europa eram muito recentes ainda, e os “pais fundadores” estavam determinados a evitar algo parecido. Unificar as diferentes seitas existentes nas colônias era um desafio. A religião deveria ser vista como uma questão pessoal, subjetiva, que ficaria fora da arena pública da política. Figuras de destaque, como Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e James Madison, avançariam na idéia de “tolerância religiosa” de Locke, para pregar, de fato, a liberdade religiosa. Um muro seria erguido entre o Estado e a religião.
Brooke Allen seleciona alguns dos mais importantes “pais fundadores” e faz uma análise meticulosa de suas visões religiosas, especialmente por meio de cartas particulares trocadas por eles. É preciso lembrar que eles eram figuras públicas, com objetivos políticos, vivendo numa época em que certos dogmas nem sequer eram questionados pelas massas. Assumir uma postura mais radical sobre um tema tão delicado como religião poderia ser fatal para as ambições políticas de alguém. Mesmo assim, as declarações públicas desses homens demonstram como suas crenças sofreram forte influência iluminista. Algumas afirmações seriam impensáveis até nos dia de hoje, por conta de um preocupante retorno do misticismo.
Benjamin Franklin, um dos mais respeitados “pais fundadores”, fora criado como um Presbiteriano, mas reconhecia que o importante eram poucas regras de bom senso comuns a todas as religiões. Ele não era freqüentador assíduo de igrejas, admitia que a “revelação” não havia o influenciado, e dizia respeitar todas as diferentes religiões. Para ele, o relevante eram as ações dos homens, boas ou más, e não seus pensamentos. Sua visão religiosa era bastante utilitarista. Além disso, ele negava o monopólio da verdade a qualquer seita, preferindo uma postura de modéstia. Palavras como “certeza” eram evitadas por Franklin, que adotava um método mais socrático. Jesus teria sido um importante pensador, mas Franklin tinha dúvidas sobre sua divindade, e não parecia se importar muito com isso. Para ele, esta era uma questão indiferente. Alguém pode imaginar uma interseção entre os fundamentalistas cristãos da direita americana atual e Benjamin Franklin?
O primeiro presidente americano, general George Washington, encarava a religião como algo bastante pessoal também. Poucas crenças simples bastavam para um bom convívio social, e Washington não era chegado a adorações religiosas. No leito de sua morte, Washington rejeitou a presença de um padre, contrário aos hábitos cristãos. John Adams defendia mais abertamente a separação entre religião e política. Adams mantinha uma postura mais pessimista em relação à natureza humana, e acreditava que as paixões como vaidade, orgulho, avareza e ambição iriam sempre predominar sobre a moralidade ou a religião, Sua visão do clero não era positiva de forma alguma. Adams reconheceu, após muita leitura sobre teologia, que pouca importância havia ali, e que suas crenças, inalteradas por décadas, poderiam ser resumidas nas palavras “ser justo e bom”. Enfim, uma tolerância universal que não depende do credo religioso de cada um.
Thomas Jefferson foi um dos “pais fundadores” mais radicais contra a interferência da religião na vida política. Difamado como o Voltaire de Virgínia pelos seus opositores, Jefferson defendia o escrutínio científico sobre qualquer assunto, incluindo religião. O Estatuto de Virgínia pela Liberdade Religiosa, escrito por ele, era um documento radical para a época, que acabou servindo como modelo para a separação entre governo e igreja depois. As crenças religiosas deveriam ser da esfera individual; ninguém é agredido pelo que o vizinho pensa sobre deuses e fé. Para Jefferson, em todos os países os padres foram hostis à liberdade, sempre em alianças com o déspota, garantindo proteção em troca. Em uma carta ao seu sobrinho, Jefferson sugeriu que a Bíblia fosse lida como se lê Tácito ou Lívio. A sua própria razão deveria guiá-lo, rejeitando preconceitos e crenças de todos os lados. Jefferson pensava que as diferentes religiões convergiam na essência, em regras básicas de convívio em sociedade, mas que lutas sangrentas eram travadas por causa de seus dogmas, totalmente irrelevantes para o bem-estar geral. Pessoas boas existem em todas as religiões, e isso é o importante, não as religiões em si. Jefferson se considerava um seguidor de Epicuro.
O amigo de Jefferson, James Madison, também considerava totalmente errado o governo se meter em religião. Uma pequena interferência seria uma grave usurpação de direitos. Para Madison, a humanidade achava mais confortável crer num deus, e isso era o máximo que poderia ser dito sobre o assunto. Cada seita deveria conviver pacificamente com as demais, e um monopólio seria um grande perigo. Por este motivo, Madison não aceitava a idéia da América se definir como uma nação cristã. A maioria poderia seguir a fé cristã, mas isso não dava o direito de ela interferir no pensamento das minorias. O legado cristão, para Madison, era de indolência do clero, servilismo dos leigos, e muita perseguição. O “pai da Constituição” pregava que tanto a religião quanto o governo seriam mais puros se não se misturassem.
Thomas Paine era, sem dúvida, o mais radical dos “pais fundadores” nos discursos, talvez porque não tivesse ambições políticas e podia falar o que pensava abertamente. O autor de Common Sense chegou a ser preso na França por apoiar a Revolução Francesa, que claramente cometeu excessos condenáveis, em parte como reação aos excessos absurdos da própria Igreja Católica no país. Em The Age of Reason, Thomas Paine abre fogo direto contra os diferentes credos religiosos que espalhavam intolerância entre os indivíduos.
O que Brooke Allen mostra no livro é como os principais “pais fundadores” beberam da fonte iluminista, que permitiu um grande avanço das liberdades religiosas. O cristianismo não é o responsável por isto, pois enquanto teve o poder político, não havia espaço nem liberdade para outras seitas. Uma das melhores ilustrações da influência iluminista na nova nação foi o Tratado de Tripoli, assinado em 1797, declarando com todas as letras que o governo dos Estados Unidos não era, de forma alguma, fundado na religião cristã. O documento foi apoiado pelo então presidente John Adams, e foi ratificado no Senado por unanimidade. É bom lembrar que, após centenas de votações já realizadas no Senado até então, esta foi apenas a terceira com votação unânime.
Segundo seus próprios fundadores, portanto, os Estados Unidos eram um produto do iluminismo, não da religião cristã. O filósofo John Locke merece mais crédito que Cristo por esta experiência revolucionária, que garantiu uma liberdade individual jamais antes vista na história da humanidade. O que a direita cristã deseja, portanto, não é um resgate aos valores pregados pelos “pais fundadores” dos Estados Unidos, mas um retrocesso aos tempos medievais, onde religião e governo eram coisas totalmente misturadas, e não havia liberdade religiosa alguma.
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33 comentários:
Tu ta falando do Glen Beck?
Rodrigo,
Eu acho esse assunto interessantíssimo. Recentemente, li um livro chamado "What's So Great About Christianity", de Dinesh D'Souza. No livro, o autor apresenta argumentos bastante convincentes na defesa do cristianismo, embora eu não possa atestar a veracidade dos fatos sobre os quais ele se apóia seus argumentos.
Um dos argumentos é o de que a separação entre igreja e estado é uma invenção do próprio cristianismo. Esse princípio seria derivado da ordem que Cristo deu no templo: "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
Outro argumento é de que existe um grande mito sobre a idade média, a inquisição, a perseguição religiosa e as guerras religiosas.
E quanto aos founding fathers, ele diz o seguinte: "[The American founders did not] seek to insulate the central government from the province of morality. No 'wall of separation' was intended here. On the contrary, the founders believed that morality was indispensable for their new form of government to succeed. Most of them shared George Washington's view as expressed in his farewell address: 'Let us with caution indulge the supposition that morality can be maintained without religion.' John Adams went even further: 'Our Constitution was made only for a moral and religious people. It is wholly inadequate to the government of any other.'" (grifo meu).
A tese central do livro é de que tudo o que há de bom na civilização ocidental foi criação do cristianismo. Mais ainda: sem o cristianismo, todos esses valores seriam perdidos com o abandono das religiões cristãs. Segundo ele, todas as atrocidades do século XX são exemplos desse abandono da moralidade religiosa. A civilização só não teria se desfeito até agora por conta de uma "inércia" dos valores cristãos.
Bem dizer, iluminismo foi uma espécie de "neoliberalismo" da época. A então corrente do atraso rejeitava, como a atual antiglobalização ou liberalismo pondo prefixo pejorativo. Foi o resgate da posição do homem livre, e não instituições, como agente da evolução e sobretudo progresso.
Como Adam Smith, por exemplo, disse que o trabalho do homem é que engrandece as nações, ele ficou com o maior cartaz junto à galera de empreendedores, que compraram livros dele para si e para os conhecidos.
Eu fiz uma caricatura, reconheço. Mas é assim que eu vejo. Na época os padrões eram outros e a revolução necessária era contra um conceito místico de riqueza.
Smith disse apenas: é o trabalho do homem que gera riqueza. E isto coincidia com os ideais iluministas.
'Um dos argumentos é o de que a separação entre igreja e estado é uma invenção do próprio cristianismo. Esse princípio seria derivado da ordem que Cristo deu no templo: "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
'
Isso n faz sentido.Como o Rodrigo mesmo disse no artigo, a igreja teve o poder e n fez separação nenhuma
Lemme guess, Dinesh D'Souza deve ser um " criacionista " tb.
Putz, como sempre eu tava certo.
http://www.dineshdsouza.com/
Começa logo com uma pérola, EVIDÊNCIA de vida depois da morte.
Sem comentários.
'John Adams went even further: 'Our Constitution was made only for a moral and religious people. It is wholly inadequate to the government of any other.'
Significa que ele pensava que no meio de gente safada governo era um mau necessário?
Faz sentido o que o Dinesh d'Souza diz. Nessa perspectiva, o próprio liberalismo é fruto do cristianismo.
PS: Diferenciação boa de lembrar antes de apedrejamentos neo-ateístas: Cristianismo (doutrina) não é igual a Igreja Católica ou Igreja Protestante (instituições).
Hitler era tudo de bom: Cristão, patriota e socialista.
Lemme guess, Dinesh D'Souza deve ser um "criacionista" tb.
Acho que não, já que ele até defende a teoria da evolução. Mas ele diz que não dá pra extrapolar os resultados da teoria para outros campos. Ele também mostra que não há qualquer incompatibilidade entre a teoria da evolução e a crença em Deus. As duas idéias poderiam ser conciliadas, aceitando-se que a evolução seria um mecanismo criado por Deus para a adaptação das espécies a seus respectivos ambientes.
'A tese central do livro é de que tudo o que há de bom na civilização ocidental foi criação do cristianismo. Mais ainda: sem o cristianismo, todos esses valores seriam perdidos com o abandono das religiões cristãs.'
Quais valores? Caridade, amor,perdão e cia? Nada disso é monopólio do cristianismo
'Ele também mostra que não há qualquer incompatibilidade entre a teoria da evolução e a crença em Deus.'
O problema não é esse, também n existe incompatibilidade entre evolução e a crença em Zeus.
'PS: Diferenciação boa de lembrar antes de apedrejamentos neo-ateístas: Cristianismo (doutrina) não é igual a Igreja Católica ou Igreja Protestante (instituições).'
e eu to falando é da doutrina mesmo.
Isso n faz sentido.Como o Rodrigo mesmo disse no artigo, a igreja teve o poder e n fez separação nenhuma
Esse ponto é importante. Onde posso encontrar mais informações sobre esse conluio entre igreja e estado? Casos bem documentados dessa coalizão derrubariam uma das teses principais do Dinesh.
Direita americana at his best:
http://www.youtube.com/watch?v=bA66lP2GkiE
http://www.youtube.com/watch?v=Mk9cXJ1MljI
Crenças sem evidências, baseadas em emoções, não são privilégio da esquerda.Até entre os liberais tem isso, o próprio Rodrigo defende a psicanálise que n passa de literatura.
Muito interessante a sinopse do livro comentado pelo autor do Blog, contudo, é importante que se diga que a 15 anos atrás o Olavo de Carvalho escreveu exatamente a mesma coisa em seu livro o Jardim das Aflições.
'Casos bem documentados dessa coalizão derrubariam uma das teses principais do Dinesh.'
Aí ele ia vir com algo do tipo, n dá pra comparar pq a moral cristã é uma coisa ,os homens q fazem a igreja são outra e por aí vai
Aí ele ia vir com algo do tipo, n dá pra comparar pq a moral cristã é uma coisa ,os homens q fazem a igreja são outra e por aí vai
Tudo bem, mas independente do que ele poderia dizer em resposta, seria interessante conhecer esses casos. Se você puder citar alguma fonte, eu agradeço muito.
De cabeça eu só me lembro da família Borgia, César Borgia invadiu e unificou grande parte da itália levando a fé, inclusive o pai dele era o papa Alexandre VI
Rodrigo...em que pese a cizânia entre você e o Olavo...gostaria que você fizesse a resenha de um livro(comentado pelo Olavo)em que o autor americano defende a tese da existência de dois liberalismos...de duas correntes...e que apenas uma delas influenciou a independência americana...e do papel da religião na formação americana!!!
Na entrada da baía de Manhattan tem uma estátua. É a estátua da liberdade. É um símbolo de uma nação que optou por se livrar das cadeias da velha Europa, entre as quais a religião cristã. E cristianismo não tem nava a ver com iluminismo. São opostos.
Muito bom o artigo do autor, assim como este pequeno "debate" aqui nos comentários.
Um fato importante, e que não foi mencionado (talvez intencionalmente), é que os ideais dos "founding fathers" eram essencialmente princípios dos verdadeiros maçons. Somente pessoas realmente livres e de bons costumes podem organizar uma sociedade com liberdade e igualdade.
TFA
Tudo bem, na teoria, os campos Religião Cristã e Estado foram separados. Entretanto, se Weber estiver correto e ainda não houve quem discordasse dele, foi a visão de mundo formatada pelo cristianismo portestante que arredondou as arestas do capitalismo e, claro, do lugar do Estado nessa nova ordem. Por outro lado, a mesma mão que afaga também cospe, pois atitudes de orientação cristã protestante interferem na decisão sobre a ocupação bélica no mundo árabe, exploração do trabalho barato na Ásia e na África, interferência nos descaminhos da América Latina...e por aí vai...Afinal, dizia cristo e repetia Bush, Clinton, Reagan etc caterva: "eu sou o caminho, a verdade e a vida"
Quem foi que disse: "Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome?"
Muito maiores foram os cometidos em nome de Cristo, por aqueles que se diziam e se dizem seus seguidores.
Até agora, a não ser a nível individual e de poucos, a mensagem de Cristo realmente foi seguida integralmente.
Realmente para quem disse que a um bofetada se deveria replicar oferecendo a outra face, para quem perdoou seus algozes no sofrimento da Cruz, querer pretender que atitudes de determinadas figuras para justificar seus desvarios políticos, ideológicos e econômicos são cristãs parece ser demais.
O próprio Javé, que não tinha nada da bondade do "Pai" anunciado por Cristo, deu à humanidade o "decálogo", não por acaso ali inscrevendo: não matarás, não roubarás, não cobiçarás as coisas alheias, não desejarás a mulher do próximo... e por aí vai.
O verdadeiro cristão não é aquele que se diz, mas aquele que guarda em seu coração esses mandamentos, que o Cristo resumiu em dois: Amarás a Deus de todo o teu coração, e ao próximo como a vós mesmos" e "deverás amar até mesmo os vossos inimigos".
Vcs. tão vendo, se se afirmam cristãos (se bem que vcs. estão mais para ateus, adoradores do Deus Mamon), vcs. vão ter de amar o Fidel, o Chaves, o Lula, a Dilma, e toda a "caterva" canalha.
Beijar, não vale, pois pega mal. Veja o que aconteceu com Judas...
"Até agora, a não ser a nível individual e de poucos, a mensagem de Cristo realmente foi seguida integralmente."
Favor incluir antes do verbo a palavra "NUNCA"
Muito maiores foram os cometidos em nome de Cristo, por aqueles que se diziam e se dizem seus seguidores.
Poderia dar exemplos, por favor?
"Otavio Macedo said...
Muito maiores foram os cometidos em nome de Cristo, por aqueles que se diziam e se dizem seus seguidores.
Poderia dar exemplos, por favor?"
Alguns:
a)a responsabilização dos judeus pela morte de Cristo, com incentivos à perseguição daqueles que continuavam a praticar a lei mosaica;
b) a perseguição às diversas vertentes do cristianismo que se desviavam da doutrina pregada por Roma, sob as bençãos do Império Romano,numa época em que ser católico significava ter de se afastar literalmente de sua comunidade.
c) as cruzadas contra o mundo árabe, sendo a pior aquela em que foram reunidas dezenas de milhares de crianças, a maioria morta ou extraviada até o porto de partida,partida que nunca houve.
d) a cruzada contra cátaros no sul da França, e a posterior criação da Inquisição que lhe deu seguimento, com a idealização da fogueira para a execução dos herejes, para evitar derramamento de sangue e dar aos pecadores a última oportunidade de chegarem ao céu, pelo arrependimento que poderiam sentir começando a ter uma idéia do que seria o sofrimento no inferno, se antes não se arrependessem.
Um detalhe, essa idéia surgiu quando cercaram uma das cidades que resistia ao cerco das forças papais e do Rei de França, o representante papal ordenou que incendiassem a cidade. À objeção de que também inocentes morreriam, replicou dizendo: não importa, Deus saberá distinguir os seus.
Depois reuniram sobre uma pira mais de 200 "herejes" vivos e lhes atearam fogo até a morte.
e) a cumplicidade com o projeto colonial das grandes nações européias, justificando com a doutrina da guerra legal a escravização dos índios e o início do genocídio praticado com o beneplácito das igrejas contra os povos indígenas em toda a América.
f) a cumplicidade com a escravidão negra que viabilizou o projeto de colonização com o "brilhante" sofisma de que os negros não tinham alma.
g) a atitude dúbia da igreja católica frente ao surgimento e desenvolvimento do conhecimento científico.
Por ora é do que me lembro.
Acha pouco?
Por ora é do que me lembro.
Poderia citar as fontes? Fico insistindo nesse ponto porque o Dinesh apresenta fontes, evidências e números. Exemplos: a Inquisição matou de 1500 a 4000 pessoas em um período de 350 anos versus 1.5 a 2 milhões de mortes pelo Khmer Vermelho em 4 anos; a Guerra dos Trinta Anos foi essencialmente uma luta por território e poder (assim como muitas outras lutas ditas religiosas, como israelenses e palestinos no Oriente Médio, católicos e protestantes na Irlanda etc); os cruzados estavam apenas se defendendo da expansão islâmica.
Veja, eu sinceramente não sei se ele tem razão, mas a refutação tem que ser feita pelo menos no mesmo nível de detalhe.
Blogger Otavio Macedo,
"Poderia citar as fontes? Fico insistindo nesse ponto porque o Dinesh apresenta fontes, evidências e números."
Se vc. fizer uma pesquisa mínima vai encontrar as evidências que procura.
Que tal começar por, só para ter uma idéia inicial?
Essa de tentar minimizar o absurdo da inquisição por uma pretensa quantidade mínima de pessoas executadas, é engraçada.
A vida de cada ser humano vale, pelo menos para o condenado, tanto quanto a de qualquer outro dentre os milhares ou milhões perseguidos e eliminados, sem contar no terror que espalharam entre os vivos.
"s. O cristianismo não é o responsável por isto, pois enquanto teve o poder político, não havia espaço nem liberdade para outras seitas."
Essencialmente, concordo com você na maioria dos temas. Mas considero que seus pontos de vista são maniqueístas porque ora condenam a esquerda totalmente, ora excluem a função social do cristianismo na cultura ocidental, totalmente.
Sendo esse o caso, foi citado o livro "What's So Great About Christianity", que fala exatamente desta influência. Ou seja, Thomas Jefferson não abdicou da religião. O que acontece é que a religião não poderia ditar as regras do estado, mas seria sim parte das esferas de influência do mesmo, sem no entanto deter o monopólio.
Olá Bebeto, foi mais ou menos nessa direção que me posicionei no post logo aí acima. Concordo com você de que há conexões rizomáticas entre a moral cristã e a fundamentação do Estado moderno e, por supuesto, do liberalismo econômico. Não podemos esquematizar de modo formal e com limites pré-definidos, um fenômeno que possui contornos muito sinuosos.
lingvo-shatanto said...
"as cruzadas contra o mundo árabe, sendo a pior aquela em que foram reunidas dezenas de milhares de crianças, a maioria morta ou extraviada até o porto de partida,partida que nunca houve."
Citar as Cruzadas como crime da Igreja, claramente é vigarice intelectual. Primeiro, porque os árabes escravizaram milhões de europeus e estavam subindo pelo sul da Europa. Segundo, eram conhecidos estupradores e empaladores sanguinários. Então, mesmo que a Igreja tenha cometido excessos, era o "coxo falando do aleijado".
Só um pitaco...
Li em pelo menos dois comentários sobre escravidão e e a Igreja... Mas o processo de escravidao era comum no norte da africa, antes as Cruzadas. Sendo sua contituiçao social estabelicida e firmada. Onde os escrevao era usado inclusive como exercitos.
Fonte: A história da Guerra do John Keagan, (historiador).
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