sexta-feira, março 05, 2010

Amigos do Rei



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O empresário Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, a maior rede varejista do país, defendeu com fervor a candidata petista Dilma, além de se declarar um profundo admirador do presidente Lula. Para Diniz, Dilma tem todas as condições de levar adiante o “legado” de Lula, que seria o legado do crescimento, da geração de emprego e da distribuição de renda (para seus aliados?).

Abílio deveria saber melhor. Ele foi vítima de um seqüestro em 1989, orquestrado por membros da esquerda latino-americana. A polícia encontrou nomes de petistas em agendas dos criminosos. Desde 1990, o PT é parceiro destes grupos de esquerda no Foro de São Paulo, que julgam que seus fins justificam quaisquer meios. Será que Abílio sofreu a Síndrome de Estocolmo? Será que ele agora admira profundamente os aliados destes terroristas ideológicos?

Há outra opção: Abílio, como um grande empresário, gosta da idéia de manter estreita amizade com o “rei”, já que este concentra poder demais no Brasil. Em uma canetada, o governo brasileiro pode decidir o futuro de todo um setor. Ter bom relacionamento com governantes num país assim pode valer muito mais do que ser competitivo ao atender as demandas dos consumidores. O fascismo leva ao mesmo resultado: uma grande simbiose entre grandes empresários e políticos poderosos. Quem foi que disse que grandes empresários são liberais? Ao contrário, isso costuma ser mais raro do que convite para enterro de anão.

Mesmo com esta explicação mais lógica, a declaração de Abílio é lamentável. Para todos aqueles que julgam que o legado de Lula foi o aumento da corrupção, a expansão do aparelhamento estatal por sindicalistas, o avanço da ideologia retrógrada na política externa e um ranço autoritário assustador, resta apenas uma reação: boicote. Não sei quanto ao prezado leitor, mas a partir de hoje só compro na Wal-Mart...

31 comentários:

Collovini disse...

Infelizmente Rodrigo, boicotes no Brasil não funcionam, por absoluta falta de consciência cívica da população. Ver uma declaração como esta de um homem esclarecido como o Diniz, que inclusive sofreu na pele a violência dos amigos de Fidel e companhia, me enoja e obviamente eu não apoiaria qualquer empreendimento ligado a ele. Mas somos gotas d'água num oceano de amoralidade. O povo continuará comprando onde achar mais conveniente. Quando comento com meus amigos e familiares que ter conta em banco público no Brasil é imoral, além de uma péssima escolha do ponto de vista econômico e de atendimento, sou solenemente ignorado. O brasileiro não sabe o poder que tem nas mãos com suas decisões de consumo.

Alisson L. Suarte Nogueira disse...

Abílio sempre teve a fama de ser um empresário ditador, mau caráter e inescrupuloso, disposto a tudo para chegar no topo. O curioso é que os preços do Extra estão sempre bem acima da média e ele segue crescendo. Não me espantaria se um esquema pesado de lavagem de dinheiro fosse descoberto, inclusive com o envolvimento da petralhada. Abílio deveria se aposentar e tentar consertar as sequelas que deixou nos filhos.

Edmilson J. Barbosa disse...

Depois de Paulo Skaf no PSB, por que não Abílio Diniz no PT? Ou quem sabe o "companheiro" Diniz não funda novamente a VAR-Palmares e sai em apoio a Dilma Roussef? Coisas de Brasil. Lembro-me de certa vez o comentário que Paulo Francis disse a respeito dos banqueiros brasileiros: "só no Brasil banqueiro é de esquerda."

Comandante disse...

Rapaz, quando li a notícia pensei o mesmo que você quanto à síndrome de Estocolmo.
Acho que seu Abílio se encaixa perfeitamente nas palavras de um de nossos monstros favoritos (argh!) Lênin: "os empresários fornecem a própria corda que os enforcará."

Abraço.

edworld disse...

Estranhísima essa declaração do Sr. Diniz.

Só mesmo a síntrome de Estocolmo explica essa ambiguidade.

Titina ;* disse...

Simples. É o medo de Dilma fazer do conglomerado empresarial dele uma "Estatal" como fez Chávez com uma grande rede varejista na Venezuela. Os franceses dançaram nessa. Abilio Diniz abra o olho, o senhor é capitalista. Já viu comunismo combinar com capitalismo? Dilma vai tomar tudo do senhor se eleita.

Unknown disse...

Rodrigo,

Não vejo nada de incoerente na declaração do Diniz (de quem também não gosto). A explicação é muito simples: em um governo com o representante-mor da aristocracia operária enriquecendo cada vez mais os ricos e, desta vez (ao contrário dos governos anteriores), com o aplauso dos pobres, que rico empresário iria querer perder a boquinha?

Medo da Dilma vir tomar tudo deles depois? Qualé...estes caras não dão ponto sem nó. Ninguém ali é inocente, não. Vai ver quem é o candidato (ou melhor, a candidata)do Antônio Ermírio, Setúbal, Safra e etc...o lance é a grana, apenas isso.

OJ disse...

Qual empresário vai falar abertamente contra o governo?
Todos ou quase todos sonegam de uma forma ou de outra,(Se não sonegar quebra) dependem de financiamentos, liberação de importações, isenções etc e etc...
Esse é o problema da máquina do governo ser abrangente e poderosa demais, da falta de leis e impostos escorchantes.

fejuncor disse...

O grupo quer aportar no nordeste, onde ainda não se criou. Puro interesse econômico. Um dos maiores financiadores da campanha do Lula em 2002. Não duvido nada que o aumento do Bolsa-Família tenha saído de sua cabeça, tendo em vista os projetos de investimentos naquela região. Faz o intermédio com aquele “consultor” – ele que dá ‘O’ telefonema - e seus supermercados venderão como nunca no governo petista. Assim é mole ser empresário no Brasil.

John Coffee disse...

Isso me cheira rent seeking...

OJ disse...

Muito comum por aqui, mas só para os "amigos do Rei", veja o Zé Dirceu e a Telebrás.
Alguém duvida que os amigos do Rei e sua escudeira compraram ações da Telebrás a rodo?
Provavelmente o Lulinha tb.

ntsr disse...

E a esquerda ainda fala que ser liberal é apoiar o abuso de poder das grandes empresas.

Francisco disse...

Lamentável. Assim como esse senhor, muitos grandes empresários estão 'borrados de medo' do avanço bolivariano. Entregam o país para não perder seus feudos. Nem de empresários deveriam chamados, pois essa palavra tem como um dos adjetivos uma outra: destemor.

Anônimo disse...

Não devemos generalizar.

Anônimo disse...

isso se chama sindrome de estocolmo

Unknown disse...

Síndrome de Estocolmo mesmo, essa admiração pelo seu algoz!

A ideia do boicote é interessante sim, sabemos que uma gota no oceano não faz maré, contudo, se várias gotas se unissem podem pelo menos provocar alguma marola!

É realmente absurdo ver como por dinheiro caem todos os princípios e ideiais, esfarelam-se, desmantelam-se ... realmente o medo de perder a "boca" faz com que a dignidade nem faça mais parte dos dicionários ...

Aprendiz disse...

Qual o motivo de admirição? A parcela mais rica, e politicamente mais influente da "burguesia", sempre apoiou regimes ditatoriais socialistas de diversos tipos, seja os marxistas, seja os fascistas. Numericamente, essa parcela da burguesia não é importante, mas tem uma influencia politica, cultural e econômica muito forte. A revolução russa foi um empreendimento financiado por alguns ricaços ocidentais. Que eu saiba, o primeiro evento desse tipo foi a "revolução" feita pelos Medici em florença, quando incentivaram os pobres a destruir as instituições da república.

O que deve ser entendido, é que parte dos donos de empresas não é mais EMPRESÁRIO, no sentido próprio do termo. Um Abílio Diniz não quer mais lutar no mercado, ele quer garantir uma posição. Nessas circunstâncias, a amizade do "príncipe" lhe parece mais conveniente que a democracia liberal.

Aprendiz disse...

Quem já leu 'A riqueza das nações' (eu li uma edição incompleta, em portugues), percebe que o que o alvo principal de sua critica era justamente a parcela mais influente da burguesia, aquela que tem poder de influenciar o principe. Esse grupo nunca foi amigo da democracia liberal, a não ser, talvez, alguns, por idealismi, não por interesse (por que eles gostariam da democracia? ou de concorrência?). Abílio está fazendo o que a maioria dos homens, na posição dele, sempre fez. A democracia liberal é um tipo de instituição marcada para morrer, não porque não funcione, mas porque seus inimigos são muitos, e variados. Na verdade, nunca existiu uma democracia liberalna completa acepção do termo.

Aprendiz disse...

Uma leitura honesta de Adam Smith, revela que há dois focos no seu pensamento. A justiça, para ele, exige que haja pelo menos um grau mínimo de liberdade. Certas soluções, ele rejeita simplesmente por lhe parecerem exageradamente intrusivas. O outro foco do seu pensamento é a melhoria das condições econômicas da maioria das pessoas. Ele examina muitos casos de intervenção do governo no mercado, e chega à conclusão de que a imensa maioria de tais intervenções são danosas às condições econômicas da maioria das pessoas. Smith tenta descobrir os motivos pelos quais tanta intervenção ruim encontra guarida na lei, e obtém duas respostas:
1. A lei é gerada por grupos organizados, os quais se atém pouco ao interesse da justiça e da liberdade, e muito àquilo que convém (ou julga-se que convém) a cada grupo de interesse.
2. A percepção do principe, dos grupos organizados e do povo, sobre os resultados das leis, é superficial e irracional. Um estudo mais detalhado de cada caso, mostra que os efeitos são, freqüentemente, diferentes dos previsto pelos próprios proponentes, por seu raciocínio conter incongrências lógicas e erros sobre fatos.

Aprendiz disse...

Um aspecto que me agradou em 'A ruiqueza das nações', é que ela não tem nenhuma pretensão de estabelecer princípios gerais sobre justiça e liberdade (o que muitos tentam, com pouco sucesso). Quando ele acusa a lei (no seu conjunto ou no particular) de ser exageradamente restritiva, ou de ser injusta, geralmente ele não argumenta sobre isso. Ele espera que o leitor, com base no seu mundo interior e na sua experiência de vida, sinta o mesmo que ele a respeito disso. Imerso na situação, o leitor pode achar normal o injusto e o iliberal. Mas Smith espera que ao levar o leitor a ilhar a própria situação de um ponto de vista mais distanciado, seu senso de justiça e de liberdade, falem mais alto.

Alguém dirá que os autores marxistas, tanto leninistas quanto frankfurtianos, fazem o mesmo, apelam ao senso de justiça e de proporção de seus leitores. Mas vejo uma diferença fundamental. O leitor dos marxistas tem de ser um adolscente, ou alguém que pense como um. São cheios de exageros, distorções, erros sobre fatos, que um leitor mais velho não poderá aceitar. Quem não se torna marxista até os 22 anos, dificilmente se tornará um.

Smith fala à pessoa mais madura, que tem alguma experiência de vida, que conhece melhor os fatos, cujo senso de proporção é mais desenvolvido.

Aprendiz disse...

Fora do assunto, mas chocante:

http://casakiva.blogspot.com/2010/03/jasenovac-o-holocausto-promovido-pelo.html

OJ disse...

Aprendiz

Parabéms.
Gostei da exposição clara e elucidativa.

Anônimo disse...

No Brasil tem muita gente que é chamada de empresário mas na realidade são herdeiros do Brasil. Ainda bem que muitos dessas falsas celebridades e falsos beneméritos já são no máximo somente nomes de ruas e logradouros públicos, enquanto os herdeiros que nunca form ensinados a trabalhar estão se inserindo na malandragem para manterem as aparências.É por isso que admiro o verdadeiro livre mercado e gosto da industrialização globalizada, pois quem não tem competência, vai para o ralo. Alguém se lembra de empresas como Metal Leve, Cofap, Stevaux, Fabrini e muitas outras? Os filhos e netos já viraram sem fábricas. Queerem conhecer uma lambança do Extra junto com o Sincopetro e a politicagem corrupta, entrem no GOOGLE e digitem Operação Pandora + Irenildes Vieira (do PSC), o Extra está envolvido numa propinagem para concessão de um posto de combustivel para um de seus hipermercados. Esses caras são confiáveis? Acreditam que ainda estão vivendo no tempo do império e se esquecem que estamos vivendo numa época de informação barata e abundante e que a verdade cedo ou tarde vai aparecer e a reputação vai para o ralo em pouco tempo. Aos poucos eles estão se matando sozinhos.

fejuncor disse...

A revista Exame trouxe uma reportagem de capa maneira esta semana. Sugiro a quem puder, que leia.

ntsr disse...

Pra ser síndrome de estocolmo ele tem que achar que foi sequestrado pelo PENSAMENTO esquerdista, e não por indivíduos
Sinceramente, eu n acho que ele olha pro pt e vê os sequestradores.
Alguém que chega onde esse cara chegou é inteligente o suficiente pra notar que o pt é só um bando de idiotas, alguns petistas podem até ter vocação pra sequestradores mas são incompetentes demais pra isso.
Um cara desses deve ter um motivo frio e racional pra apoiar quem ele apoia

Anônimo disse...

Quem apoia Lula, está vendendo sua alma ao diabo. Me lembra Al Pacino, em Advogado do Diabo, quando diz que a vaidade, é seu pecado favorito. Abílio, não resistiu. Vaidade das vaidades...

Tibério Santos disse...

Esse indivíduo está mais interessado no lucro que poderá conseguir ficando sempre ao lado do "poder". É discípulo de personalidades danosas tipo Sarney. Sem sentimentos nem escrúpulos, sua ideologia é o dinheiro e só se preocupa com a forma mais prática e rápida de encher seus próprios bolsos. Para isso se "vende" ao poder, seja de esquerda ou direita. É esse tipo de gente que acaba com o Brasil.

Henrique Lima disse...

Depois dizem que os pobres são os que mantém Lula e os aloprados no poder.

Matheus Oliveira disse...

É uma pena que boicotes não funcionem no Brasil realmente. A fala dele mostra como a defesa do democracia tem que ser feita por todos os cidadãos.

Gonçalves disse...

Esse filme já assistimos antes. Quem não se lembra do vira casaca do ex-presidente da FALIDA GRADIENTE que em momento semelhante foi a público declaram voto em Lula.
Será que o PT ameaçou o Abilio com um batalhão do MST em suas lojas?

davidbor disse...

Além da síndrome de Estocolmo, há também uma lembrança da ligação dos grandes empresários com o fascismo mussoliniano com o nazismo. Robert Paxton em seu Anatomia do Fascimo descreve bem como grandes empresários acabaram se ligando aos movimentos até por receio de perderem seus business. Será o caso de Abílio? (sem querer justificar coisa alguma).