terça-feira, julho 23, 2013

Enxugar ministérios

Rodrigo Constantino

Deu no Valor: Gerdau quer 'superpasta' para área de transportes

O empresário Jorge Gerdau, um dos principais conselheiros da presidente Dilma Rousseff na iniciativa privada, preparou um rascunho de diminuição do número de ministérios que atinge em cheio a área de infraestrutura logística. A ideia de Gerdau é enxugar radicalmente as pastas que lidam com essa área e juntar suas funções em um "superministério dos transportes". Na sexta-feira passada, ele se reuniu com a presidente, no Palácio do Planalto.

A superpasta imaginada pelo empresário agruparia as responsabilidades hoje dispersas entre o próprio Ministério dos Transportes, a Secretaria de Aviação Civil e a Secretaria de Portos. Também poderia gerenciar questões relativas à mobilidade urbana, atualmente a cargo do Ministério das Cidades. Três agências reguladoras ficariam vinculadas ao superministério: a ANTT (transportes terrestres), a Antaq (transportes aquaviários) e a Anac (aviação).

Interlocutores de Gerdau não souberam informar se, na reunião com Dilma, ele chegou a apresentar esse esboço de reforma ministerial. O empresário criticou recentemente o inchaço da Esplanada dos Ministérios e defendeu uma estrutura administrativa mais enxuta, chegando a dizer que "tudo tem o seu limite", em referência à proliferação de pastas para atender às demandas de partidos da base aliada.

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No esboço de Gerdau, cada uma dessas áreas - aviação civil, portos e mobilidade urbana - poderia ganhar secretarias específicas, com estruturas fortes, mas sempre dentro do mesmo "Superministério dos Transportes".

O empresário Jorge Gerdau, que há anos colabora com movimentos liberais no campo das ideias, tem tentado levar a racionalidade e o bom senso típicos da iniciativa privada para a esfera pública. A luta é louvável, sem dúvida. Infelizmente, como o próprio empresário deve ter notado, os obstáculos são gigantescos. O mecanismo de incentivos não é adequado, os interesses são conflitantes, e faltam a agilidade e a meritocracia tradicionais das empresas particulares.

Gerdau causou forte reação quando disse que era "burrice" ter tantos ministérios. De fato, chegamos a praticamente 40 durante o governo Dilma. Isso é absurdo! Nenhum CEO de uma empresa conseguiria gerir com sucesso tantos "ministros"; quanto mais uma política sem experiência na atividade empresarial. É urgente reduzir essas camadas de poder e agrupar funções em um mesmo ministério, para simplificar a estrutura do governo.

Por isso a iniciativa de Gerdau merece aplausos. Se ele vai conseguir abrir as janelas ideológicas do Planalto para entrar um pouco de ar fresco de racionalidade, isso já é outra história...

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