sexta-feira, maio 13, 2011

Da exuberância às lágrimas

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nicolas Eyzaguirre, alertou que o boom econômico da América Latina pode acabar em uma ampla crise, caso os governos não administrem a situação de forma apropriada. Ele chegou a mencionar especificamente o Brasil, dizendo que se a exuberância não for controlada, poderá acabar em lágrimas. Sua preocupação diz respeito a uma possível queda drástica no preço das commodities ou um aumento inesperado nos juros americanos.

De forma bastante simplificada, a recente bonança brasileira se deve a dois grandes fatores exógenos: 1) alta espetacular do preço das commodities, puxada pela demanda insaciável chinesa; 2) taxas de juros nulas nos principais países desenvolvidos, levando a uma maciça exportação de capital para países emergentes como o Brasil. Estes dois fatores combinados fizeram com que o Brasil aparentasse muito mais robustez em termos relativos, ficando mais atraente no “concurso de feiúra” mundial.

Isso, por sua vez, permitiu uma percolação das benesses, por meio do crédito e do gasto público, pela economia como um todo. O solo de nossa economia foi inundado por fertilizante externo, cujo fluxo depende da alta das commodities e da reduzida taxa de juros mundo afora. O problema é que os gargalos de sempre começam a expor os limites deste modelo, basicamente através da alta da inflação. O processo pode ser abortado ou pelo próprio esgotamento interno, ou por alguma mudança neste cenário externo.

Foi justamente este o alerta que o diretor do FMI fez. Se os países latino-americanos não se prepararem para os dias de chuva, que inevitavelmente virão, estarão desprotegidos quando o temporal chegar. Quando isto ocorrer, aquilo que parecia uma exuberância, resultado de nossos méritos, se transformará somente em lágrimas. Quando a maré baixar, aqueles que estão nadando nus ficarão expostos.

3 comentários:

Kleber disse...

Ah, Rodrigo, mas "vai ser somente uma marolinha"...


Abraco

Anônimo disse...

Não entendi a parte da exportação de capital, poderia me explicar?

Rodrigo Constantino disse...

Como a taxa de juros fica praticamente nula nos países mais ricos, os investidores partem em busca de maiores retornos mundo afora. O dinheiro vem parar no Brasil, Chile, Austrália, Malásia...