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quinta-feira, maio 26, 2011
Palestra aborda situação econômica no mundo e no Brasil
Diário do Comércio
Economista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-RJ, com MBA em Finanças pelo Ibmec, Rodrigo Constantino foi o primeiro palestrante do Jantar de Negócios do DIÁRIO DO COMÉRCIO em 2011. Ele trabalha no mercado financeiro desde 1997. Escritor, já publicou os livros "Prisioneiros da Liberdade", "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", "Egoísmo Racional - o individualismo de Ayn Rand" e, ainda, "Uma Luz na Escuridão". Demonstrou grande conhecimento e visão clara e apartidária, ao discorrer sobre a situação econômica mundial e brasileira.
Ele iniciou a palestra recomendando o estudo dos teóricos da escola austríaca de economia, considerada por ele "uma das mais sólidas que existe". Segundo Constantino, essa escola se baseia na teoria de ciclos econômicos, que podem ser divididos em momentos de pico e de queda do nível de atividade.
Para o economista, esses ciclos têm sido substancialmente agravados pela ação dos governos, via interferência dos bancos centrais dos países. "O governo inunda o mercado com moeda e os bancos expandem crédito de forma irresponsável, impactando o preço dos produtos", afirmou.
Nesse contexto, acrescentou o economista, os empresários entram no "jogo" do governo e acabam errando em bloco porque, no final das contas, o recurso prometido não existe de fato, o que força os preços para baixo. Em outras palavras, o resultado dessa operação são as perigosas "bolhas". Em 2000/2001 explodiu a primeira, das empresas de tecnologia e internet.
Segundo Constantino, naquela época havia a necessidade de medidas de ajustes que não foram tomadas pelos governos, seja por receio do desgaste político que esse tipo de atitude gera ou mesmo pela dificuldade de restringir, "do dia para a noite", facilidades que vinham sendo concedidas há algum tempo. "Em economia não existe almoço grátis", destacou.
A inoperância dos governos contribuiu para a formação de uma segunda "bolha", a imobiliária, que explodiu no final de 2008. Para Constantino, no epicentro daquela crise estão as digitais do governo norte-americano, via estímulo ao crédito para pessoas de baixa renda que, em algum momento, não poderiam arcar com essa conta. A insegurança do mercado fez com que o ouro, até então considerado uma opção conservadora de investimento, apresentasse expressiva rentabilidade, saltando de US$ 500 para US$ 1,5 mil a onça.
A situação da Europa não é diferente da vivenciada pelos Estados Unidos. As medidas adotadas para conter o desemprego e garantir a produtividade acabaram rendendo mais demissões e um período de letargia do qual os países de economia mais frágil ainda não se recuperaram, apesar de milhões de euros disponibilizados para auxílio.
"Os países não querem enfrentar o problema e todos ainda praticam taxas de juros abaixo do nível considerado saudável", advertiu.
No caso do Japão, o país se arrasta há 20 anos com taxas de juros também próximas de zero, exportando capital para o restante do mundo.
China - Segundo o economista, a China, que tem servido de exemplo para tantos países em desenvolvimento, também é um case marcado pela falta de sustentabilidade. "Eles colocaram 1,3 bilhão de trabalhadores baratos no mercado de consumo mas as decisões estão concentradas nas mãos do governo, o que é um risco", avaliou.
Neste contexto, a situação brasileira é positiva, segundo o economista. A relação entre importações e exportações deu um salto nos últimos oito anos, principalmente pela valorização das commodities, que incrementaram fortemente o valor das exportações nacionais. A desvalorização do dólar frente ao real também tem criado um sistema de importações barato que, estrategicamente utilizado, pode incrementar a economia do país.
Dos Brics, o Brasil é o que está na frente, com melhoria dos dados macroeconômicos, crescimento da oferta de crédito ao percentual de 20% ao ano, nos últimos quatro anos. "Só agora isso está impactando o índice inflacionário", argumentou. O cenário de estabilidade econômica também tem incentivado as empresas a abrirem capital.
Entretanto, permanecem os mesmos gargalos de sempre. Entre eles, o "manicômio tributário" nacional e o problema previdenciário, considerado uma bomba-relógio que está prestes a explodir se não for definitivamente solucionado. A legislação trabalhista praticada pelo país também já deveria ter sido modernizada, ressaltou o economista. Completando, as questões que envolvem a logística e a infraestrutura "capenga" do país são temas que aparecem diariamente, mas que não têm sido enfrentadas com a devida energia.
"O governo arrecada quase 40% do PIB para sustentar a máquina que está bastante inchada. A oferta de bolsas para tudo e todos, incluindo-se aí os empresários, via BNDES, também não é um cenário duradouro e/ou sustentável", afirmou. Soma-se a isso a falta de mão de obra qualificada, que prejudica o andamento de investimentos em infraestrutura.
Para o economista, embora o cenário seja de crescimento, é imprescindível que o governo federal assuma a parte que lhe cabe na solução de tantos problemas, pois só assim o processo de desenvolvimento do país será sustentável no longo prazo, o que realmente se deseja, e não mais um ciclo de alta que será substituído por outro, de queda.
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