sábado, dezembro 19, 2009

O 'crime' sem vítimas



Rodrigo Constantino

"Três dias após ser preso com dez vasos de maconha e autuado por tráfico, Fábio dos Santos, de 23 anos, foi solto anteontem", diz reportagem de O GLOBO hoje. O ponto mais controvertido é como definir a diferença entre plantio para tráfico ou consumo próprio - o que, pela nova Lei de Entorpecentes, não faz da pessoa um traficante (o óbvio finalmente compreendido!). O ex-secretário nacional de Segurança José Vicente da Silva Filho afirmou:

"Na dúvida, sou a favor de um maior rigor, porque o uso de drogas está ligado a um conjunto de práticas criminosas muito graves".

Falso! Isso que dá confundir correlação com causalidade. Não é o uso de drogas, ainda mais as leves como maconha, que está ligado aos crimes graves, como roubo e assassinato. É justamente a ilegalidade deste uso, determinado pelo governo autoritário, que leva a tais práticas. Isso é tão óbvio que espanta como pode ser tão ignorado. Basta pensar na Lei Seca americana, na época do puritanismo hipócrita e autoritário. Lá sim, havia muitas práticas criminosas e violentas ligadas ao uso de bebidas. Mas era o uso em si que gerava isso? Claro que não! Bastou o governo retirar a proibição estúpida para o setor ser ocupado por empresas sérias e decentes, enquanto Al Capones da vida sumiram de cena. A oferta de bebida voltou a ser algo normal, e o uso em si deixou de causar tantos transtornos e crimes.

O mesmo ocorre com a maconha, por exemplo. Não é o seu uso que leva a tantas práticas violentas e criminosas. Ao contrário: conheço inúmeros usuários de maconha, e todos eles são bem pacíficos até, trabalhadores sérios, pais de família com um estilo de vida mais "relax". Não são criminosos. Mas o governo resolveu que são! O governo determinou que ninguém pode consumir a maconha, partindo da premissa de que o nosso corpo não nos pertence, mas sim ao governo. Foi isso que gerou a escalada dos crimes. Foi isso que elevou o preço do produto e fez a oferta ficar sob monopólio de traficantes de favelas. Será que haveria tanto crime se uma Souza Cruz da vida vendesse cigarros de maconha?

Mas o principal argumento no combate à "guerra contra as drogas" nem é de cunho utilitarista, apesar deste ser um ponto importante. O principal argumento é mesmo o direito inalienável que cada um tem de decidir o que consumir. Nosso corpo, tal como nossa mente, é nossa propriedade. Se o governo pode decidir o que podemos colocar para dentro do nosso corpo, por que não poderia decidir também o que colocamos para dentro de nossa mente? Por acaso o corpo é mais importante que a mente? Logo, caberia ao governo então determinar o que podemos ler? Seria a volta da Inquisição com seu Índice de Livros Proibidos!

O governo não deve nos proteger de nós mesmos! Sua única função aceitável seria nos proteger de terceiros, da agressão de outras pessoas. Mas fica complicado quando o principal agressor às nossas liberdades é justamente o próprio governo! Quem vai nos proteger dele? Quem vai vigiar o "vigia" que pretende nos controlar como escravos?

61 comentários:

fejuncor disse...

Taí. Tantos posts depois encontro uma divergência com o Constantino. Reparem no debate público como os "patrocinados" pelo tráfico de drogas acham que o "cd" roubado não vai mais comprar um baseado, caso se descriminalize a maconha. Eles acham que a maconha descriminalizada não causará danos ao cérebro. Eles acham que a estrutura criminosa do tráfico deixará de ser criminosa com a descriminalização. Eles acreditam que os traficantes irão correndo à Receita pagar a DARF relativa ao carregamento... É muita ilusão. É chapação.

Rodrigo Constantino disse...

Fejuncor, por acaso ler Marx não faz mal à saúde mental???

E nem por isso vamos vetar sua leitura.

Rodrigo Constantino disse...

Em tempo: não serão os traficantes atuais que vão correndo recolher impostos, mas EMPRESAS que irão assumir essa função.

fejuncor disse...

Uma eventual liberação não fará com que a maconha deixe de ser um problema fiscal, porque ninguém vai embalar e pagar um selo de fiscalização fazendária.

Ela também não será menos prejudicial à saúde se for liberada. Não deixará de causar dependência, se liberada. Ela continuará dando a quem consome a impressão de muita paz e a quem vive com este a realidade de viver com um chapado. A legalização não mudará as coisas. Atualmente a maconha no Brasil é como se fosse liberada, há cheiro de maconha pelas ruas.

Maconha é muito bom quando tem... Se não tem, a coisa já muda de figura. Por que é que quando a polícia pega um ponto de tráfico sempre tem uma quantidade de droga, dinheiro, arma e mercadorias roubadas? Isto não mudará.

fejuncor disse...

O álcool, assim como o ópio "dos Intelectuais”, não causa distúrbios de personalidade (de consciência momentânea talvez) e seu consumo não é progressivo, diferente do ópio real, por exemplo - que terá reflexos na minha liberdade a pasteriori.

CorruPTocracia: Roubar é poder! disse...

Um MACONHEIRO pode ser bem sucedido honestamente.
Vejo muitas pessoas que fumam maconha e possuem uma boa relação social com a comunidade, mesmo toda cidade sabendo do vício.
È fato que existem juízes, servidores e empresários bem sucedidos que fazem uso regular desta substância como opção de lazer,
Assim como existem os bêbados marginais, e os bêbados sociais,
vc acha que nossa sociedade está mudando o ponto de vista em relação a liberdade individual do usuário de cannabis?
Existem pessoas que dizem que o usuário não é digno pois sustenta o tráfico.
Mas,,,,
se a CERVEJA E O CIGARRO fosse CRIMINALIZADOS, estas mesmas pessoas preconceituosas e fanáticas religiosas iriam comprar no mercado negro suas opções de lazer, sem pensar duas vezes, até mesmo em razão da dependência química.

fejuncor disse...

Espere um pouco.

Então se a cerveja e o cigarro fossem criminalizados os dependentes químicos de cerveja e de cigarro comprariam no mercado negro... Então os que compram maconha no mercado negro são... dependentes químicos?

Tenha um sócio maconheiro, meu chapa. Tente formar um cronograma de trabalho ou mesmo uma simples reunião com um maconheiro. Tente. É impossível.

E olhe que eu até deschavo umas murrugas de vez em quando. Mas maconheiro é caso perdido. Serve para ser burocratoparasita, destes que se põe no lugar onde se quer que tudo emperre.

Pra emperrar as coisas maconheiro é tiro e queda.

CorruPTocracia: Roubar é poder! disse...

Como de costume cê faz uma pergunta de quem aqui é a favor da liberalização das drogas, pode ver que A ELITE não é.
Logo ela que mais consome.
E são os mesmos que defendem a Igreja, que falam mal dos índios e protegem os latifundiários, que acham quase normal o trabalho escravo, que caem de cacete no MST, no LULA, na reforma agrária, na independência dos países da América Latina,,
que defendem os interesses norte-americanos.
E que acham que os EEUU estão na Colômbia para combater o narcotráfico.

fejuncor disse...

Sou contra não por moral, sim, devido a questões de saúde e segurança pública, sobretudo. Caso adotássemos os princípios defendidos pelos lobistas da liberação de drogas como um ministro chapadinho ai entraríamos com o costumeiro atraso na canoa furada da experiência européia: a Holanda que foi pioneira ao autorizar a abertura de cafés onde era permitido consumir maconha e haxixe como se sabe já está dando marcha à ré, o mesmo ocorre na Suíça que tmb vem revogando a política de liberar espaços em que viciados se encontram para injetar heroína fornecida pelo próprio governo.

fejuncor disse...

Por que será? Aproveitando o ensejo, deixo esta pergunta: será que Fernandinho Beira-Mar forneceria ao PT a maconha que seria repassada aos usuários?

ntsr disse...

'O álcool, assim como o ópio "dos Intelectuais”, não causa distúrbios de personalidade'
Causa sim, fejuncor.E além disso mata tb.Procure no google: cirrose hepática

Rodrigo Constantino disse...

fejuncor, sinceramente, vc está demonstrando muita ignorância sobre o assunto. O álcool é droga bem mais pesada que maconha, gera mais dependência química e distúrbios mentais.

Sua postura parece típica de um "puritanismo" irracional.

Rodrigo

Rodrigo Constantino disse...

"devido a questões de saúde e segurança pública, sobretudo."

Além disso, o fejuncor está se mostrando um coletivista!

Que isso, meu caro? Logo vc? Até tu, Brutus?

Veja: vc tem total direito de não querer um sócio maconheiro. Mas quem te dá o direito de ME impedir de tê-lo, se eu assim julgar adequado? Que autoritarismo tosco!

Conheço maconheiros bem sucedidos, trabalhadores, sérios. Conheço gente que nunca fumou nada e não bebe, mas é preguiçosa, vagabunda, sem caráter. Uma coisa não tem nada a ver com a outra!

Em tempo: não fumo maconha!

Leo Lucas disse...

Concordo que a droga se associa a outros crimes devido à sua ilegalidade. Do mesmo modo que ocorre com o jogo do bicho, por exemplo. Outro exemplo em que a ligação com outros crimes não convence muito é a venda de CDs piratas. Obviamente, existem muitos vendedores de CDs piratas que se dedicam exclusivamente a esse ofício.

No entanto, ENQUANTO O TRÁFICO E O CONSUMO DE DROGAS FOR ILEGAL, quem compra drogas estará inevitavelmente financiando o crime. É uma questão de escolha: tendo consciência que as drogas provavelmente continuarão ilegais por muito tempo, você assim mesmo continuará financiando a violência nas favelas, com a desculpa de que o que está errado é a ilegalidade das drogas? Isso aliviará a sua consciência, mesmo que você já soubesse o provável efeito de seus atos?

rubronegro disse...

Boa, Constantino, eu ia falar sobre a falta de conhecimento do fejuncor no assunto mas vc já fez isso (às vezes não te dá preguiça?).

Fejuncor, como vc mesmo falou, a maconha já é usada por quem quiser, então, a questão não é se vai haver consumo, mas se, APESAR disso, é melhor reprimir - "criando" um crime, dando um monopólio bilionário pros traficantes, etc - ou legalizar, deixar cada um fazer o que bem quiser da sua vida e recolher os impostos bilionários?

Aproveito pra sugerir esse video do Milton Friedman - grande liberal! - sobre a questão: http://www.youtube.com/watch?v=nLsCC0LZxkY&NR=1&feature=fvwp

rubronegro disse...

Leo Lucas, responda sinceramente: qual parcela das pessoas que bebem álcool vc acha que pararia de beber se o mesmo passasse a ser proibido? mais do que 10%? Você pararia?

Essa é mais uma estupidez da proibição: as pessoas sempre vão consumir drogas leves. É como proibir gorduras e frituras pq fazem mal pra saúde, já que algumas pessoas não vão deixar de consumí-las por causa de uma lei estúpida.

Unknown disse...

O que fazer diante de uma empulhação sem limites como essa por parte do estado?

Existe um movimento de ex-presidentes latino americanos que levantam a bandeira da liberdade para o consumo da maconha. Inclui-se FHC. Sou totalmente partidário desse grau de pensamento, embora não seja um usuário, talvez, o que me leva justamente a crer que a descriminilização da maconha seja a atitude mais acertada, seja principalmente pelo quesito levantado no texto, e depois o que virá, todos deveremos redarguir verbetes com os dizeres temos que ajudar "àf crianfinha probe" (crase: "a" + "af" = "àf") ou teremos que usar cap reds em nome da reforma agrária?

Atitudes estadistas preconceituosas como essas servem ao menos para levantar endagações sobre, por qual motivo a tamanha apátia sobre o assunto que 98% da população tupiniquim (os 2% são blogs)se abstem da discussão sobre o tema.

É inquisição meu amigo Constantino, queimem os livros, comprem cervejas e assistam a partidas de futebol aos domingos, usem cap reds e gritem reforma agrária já. KKKK...PQP.

Felipe Santos disse...

"O álcool, assim como o ópio "dos Intelectuais”, não causa distúrbios de personalidade (de consciência momentânea talvez) e seu consumo não é progressivo, diferente do ópio real, por exemplo - que terá reflexos na minha liberdade a pasteriori."

As RELIGIÕES seguem o mesmo princípio... causam distúrbios de personalidade, seu consumo é progressivo (fanatismo) e trás reflexos na minha liberdade a posteriori (querem ditar o certo e o errado e alienar crianças pregando o CRIACIONISMO nas escolas) e NEM POR ISSO seu uso é proibido!!! o_O

Uns alegam que elas são úteis, pois deixam o indivíduo mais "da paz", mais "relax" (outros alegam que ela leva à Verdade, apesar de até hoje não mostrarem nenhuma evidência!)... se é assim, pq tal argumento não é válido pra maconha?!! :-)

Enfim, tudo é questão de escolha... eu faço as minhas e você as suas... (não, não fumo maconha, mas não condeno quem o faz) e se você fizer besteira pq "ficou doidão" (alguém ouviu a palavra álcool?) meu chapa, o azar é SEU, pois vai ter que encarar as consequências!!!

Como tudo na vida, deve-se saber usar, se comportar, etc... não sabe, não consegue, sem problemas... Darwin vai te colocar onde você "melhor se adapta", isto é, fora da jogada!!!

É triste? Cruel? Nem tanto... não é fácil ser EX-drogado, mas é fácil NÃO SER UM NOVO... basta ficar LONGE das drogas... FATO!!!

Por isso não tenho "peninha" de drogado que posa de vítima... tirando meninos de rua que usam cola pra "fugir do inferno" e não têm UM PINGO de instrução, o resto tá na onda pq quis!!!

E isso proibição nenhuma vai mudar...

fejuncor disse...

Peralá com o andor! Achava não ser preciso esclarecer que a maconha foi só um exemplo, poderia ter usado usar outros.

O mote é o comércio paralelo (tráfico) promovido a livre comércio para drogas em geral, logo centrar na erva a linha de argumentação equivale a um escapismo conveniente, maroto, superficializa a problemática: não sei se muitos o fazem por falta de atenção ao tema ou malandragem . A maconha é o menor dos problemas. Mas encaro a discussão MESMO SE preferirem ir por esse viés, até ai aceito o desafio.

Errado, ntsr. Os distúrbios de personalidade é que levam ao abuso e/ou dependência de álcool, o contrário só é possível com drogas psicoestimulante. Não é o caso da cervejinha, que é depressora apenas. A Sra.Constantino com trânsito na área poderia explicar melhor do que eu. Claro que o álcool é incompatível com a operação de qualquer equipamento. Em qualquer quantidade. Quem disser que consegue manter a segurança com uma gota que seja, de álcool, no sangue, está mentindo - ou está bêbado.

O problema é que maconha, cocaína, LSD, lança perfume e tantas outras drogas também causam acidentes. A maconha é uma droga que altera a percepção de tempo e de espaço. Muitos acidentes atribuídos ao álcool são causados pelo uso combinado das duas drogas, quando não exclusivamente pelas populares maconha e cocaina. Mas o acusado prefere admitir o consumo de álcool, que é legal, do que ter que responder como usuário de uma droga ilegal.

A maconha não é tão facilmente detectável. É uma droga que até mesmo "sociabiliza" o toxicômano. Mas há acidentes gravíssimos, inclusive na aviação de linha aérea, cujas causas não se encaixam num quadro de percepção exata de tempo e espaço. E no entando o responsável pelo desastre estava "numa boa".

O governo tem um interesse eleitoral quando se agrega de chapados: o chapado é um dependente, o dependente é um volúvel, o volúvel é manipulável além de ser um rastejante.

E quem se pendura em governos a não ser os rastejantes?

Rodrigo Constantino disse...

Fejuncor, foi vc quem citou explicitamente a maconha no seu exemplo furado.

O álcool é droga mais pesada e perigosa que maconha. Qualquer médico pode te confirmar isso.

Quanto aos chapados, e os ignorantes, marxistas, religiosos? Também não são presas fáceis para oportunistas de plantão? Crentes da Universal não acabam votando em bispos safados? E vamos proibir a religião por isso?

Não é por aí. Vc não é liberal, pelo visto. Quando chega nesse tema, vc deixa alguma emoção falar mais alto que os princípios liberais. Uma pena.

fejuncor disse...

Não me leve a mal, Rodrigo, ainda que com pesar de fato sucumbo ao pragmatismo no caso. Provavelmente não há nenhum outro em que alieno meus princípios liberais em razão de força maior. Nesse, não tem como: sou da opinião que “quem cheira mata” (mais os outros do que a si próprio indiretamente e provado estatisticamente) mas respeito a sua.

fejuncor disse...

"Inglaterra restabelece punição severa para a maconha" (janeiro 08)

http://veja.abril.com.br/160108/p_069.shtml

Rodrigo Constantino disse...

Fejuncor, mesmo pelo pragmatismo vc deveria repudiar a tal "guerra contra as drogas", que tem servido apenas para aumentar a violência, o crime, o consumo de drogas e a corrupção.

Sobre "quem cheira mata", insisto: quem mata são viciados desesperados porque não podem comprar sua droga legalmente.

E por fim, sobre a Inglaterra: vc sucumbiu mesmo ao estilo esquerdista que tanto condena no resto dos assuntos. E daí que a Inglaterra fez lei severa para maconheiro? Eles têm muitos defeitos, como os EUA também. Se a Inglaterra tem salário mínimo, então é porque o salário mínimo é bom?

Vamos focar nos argumentos!

fejuncor disse...

O tetrahidrocanabinol é uma gosma que se espalha pelo organismo e demora meses para ser eliminada. Uma parte fica para sempre. Canjebrina sai inteiramente na urina.

fejuncor disse...

Vou confidenciar que “perdi" um amigo para o skank (beck turbinado com pedrinhas de crack) embora mantenha contato com ele. Drogas são aquilo né, a maioria que usa de bobeira não vicia, mas a minoria que vicia se ferra eaí vcs mais novos que nunca usaram nada vão arriscar? Eu não recomendo. Nessa combalida sociedade brasileira DE HOJE sou contra facilitar o acesso.

Não nego que experiências vividas influam nas minhas opiniões. Agora, se querem saber, do ponto de vista de meus princípios em si nunca fui contrário. E nem sou na verdade. Não foi por carência de reflexões acerca disto que adotei tal posição. Repudiava quando novo pela educação que tive sem questionar; na adolescência, via as festas e tal, e nas rodas com colegas vinha a tônica: por que não liberar e cada um que se responsabilize e faça o que reza a sua filosofia de vida? Tive minha fase favorável, até pouco tempo atrás. O ponto é que sou honesto o suficiente para reconhecer que nas circunstâncias atuais NÃO DÁ.

Não obstante seus maus resultados, quem conhece o processo de legalização fora daqui sabe que ele tem premissas que não foram cumpridas no Brasil pra se permitir “importar” o projeto, como uma polícia ética e competente. A mudança pode e ctza contribuiria com a violência além de outras conseqüências.

fejuncor disse...

Tal proposta vai na direção dum modelo constituído de elementos com nível educacional muito elevado, onde teoricamente as conseqüências gerais do consumo seria conhecido e particularidades seriam pactuadas entre usuários e Estado. Ou seja, a idéia, de cunho naturalmente liberal, e estruturalmente avançado em termos de relações sociais, certamente demandaria uma sociedade mais evoluída para poder ser aplicada. Caso passassem a oferecer o produto em McDrogald’s, quem agora se dedica ao tráfico (marginais na sua maioria) só iriam migrar para outros crimes que já existem - seqüestros, roubo de automóveis, pirataria etc etc etc agravando a situação.

Era isso o que tinha para dizer...

Vou nessa, bom finde a usteds!

Everardo disse...

O Rodrigo tem razão. As organizações criminosas surgem a partir da definição do crime. Se não fosse crime, a organização não seria criminosa. O jogo do bicho é contravenção, ligada a outros ilícitos, mas a CEF não precisa cometer ilícito para ter os seus jogos. Quanto ao efeito da conduta chamada criminosa, sugiro aos amigos refletir sobre o seguinte: a lei não define, especificamente, QUAIS são os entorpecentes. Não encontrarão no Código Penal nenhuma referência à palavra maconha, nem a cocaína, nem ao lexotan com absinto. Lá fala em substâncias entorpecentes. Chama-se isso de norma penal em branco...são os Delegados de polícia que botam no inquérito (e o juiz aceita ou não).
Podemos refletir também sobre o seguinte: o chá de coca boliviano é uma tradição milenar, inofensiva (até importante, socialmente). Foi a proibição que levou a sofisticação para o contrabando, ao refino.
O controle social exercido pelo "pessoal de baixo" (incluindo as "autoridades" policiais) discrimina o que deve ser proibido ou não, e não a lei. Se algum leitor desse blog for especialista, pode responder: qual a diferença entre a maconha (proibida) e a ipê-paconha, liberadíssima nas feiras do Nordeste e ministrada às crianças?

Obrigado Francenildo disse...

Caro Rodrigo,
Parabéns efusivos quanto ao seu texto de 19-12: "O crime sem vitimas". Aos 72 anos e sem ser usuário de drogas, tenho profundo desprezo pela postura moralista e principalmente hipócrita de acreditar que cabe a um estado "bom mocista" a escolha do que os cidadãos podem consumir. O fracasso da chamada "guerra às drogas" é um claro exemplo desse enorme engano.

Claudio Janowitzer
Rio de Janeiro

Adamos Smithson disse...

Hahahaha, bem-vindo aos clubes dos "Comunistas tal qual definido pelo Rodrigo Constantino", fejuncor. Sabe como é... se você não é anarco-capitalista, você obviamente é comunista-fascista-feudalista-mercantilista.

Em tempo, mais uma vez concordo com o Rodrigo. Já são duas em menos de uma semana. A outra foi votar no Serra (embora ele faça questão de afirmar que o faz quase com contra sua vontade).

Não tenho menor dúvida que a produção, venda e consumo de maconha deva ser descriminalizada. Sem entrar na questão médica, econômica ou social, basta a lógica: a maconha é uma droga de efeito igual OU MENOR que o álcool e o tabaco. Se esses são liberados, a maconha também o deveria ser. O Reinaldo Azevedo justificaria essa diferença alegando que o álcool e o tabaco fazem parte da nossa tradição, ia começar a falar de judaico-cristão, blá, blá, blá. Tudo besteira. "Tradição" é a palavra que se usa para justificar o injustificável. "Tradição" é continuar fazendo o que sempre fizemos sem pensar se está certo ou errado. Em 1888, muita gente deveria usar "tradição" para justificar a escravidão. Coisa de idiota.

Mas a lógica não é suficiente, pois poderíamos concluir que ao invés de liberar a maconha, o correto seria proibir o álcool e o tabaco. Não penso assim, pois acho que cada um deve ter o direito de fazer o que quiser com seu corpo. Se quer destrui-lo, problema dele. Se isso for fazê-lo chegar atrasado em seus compromissos, tal qual o sócio do fejuncor, trata-se de uma decisão pessoal de cada um.

Mas aí eu pergunto para o Rodrigo: e quanto as drogas mais fortes. Especificamente, o que você acha das drogas que podem fazer com que as pessoas tornem-se violentas? O viciado em crack, por exemplo, pode ser associado diretamente ao crime. Não estou falando do crime do tráfico, que só é crime por que o Governo o define como tal. Estou falando de crimes cometidos pelo viciado, que perde o controle de suas ações por causa do seu vício, recorrendo rotineiramente à violenta contra terceiros, roubando e eventualmente matando. Qual é sua opinião sobre essas drogas?

Adamos Smithson disse...

Sobre o crak, quando eu era quase-anarco-capitalista, eu pensaria assim: o Governo não deveria proibir a venda e o consumo do crack, ainda que isso possa gerar roubos e homicídios.

O que o Governo deve fazer é proibir os robuos e o homicídios, transformando-os em crime e punindo-os adequadamente.

O cidadão bem informado, sabendo que o vicío no crack pode levá-lo a cometer tais crimes e a ser por eles punidos, terá um incentivo para não ficar viciado em crack, já que ele não quer ser preso.

Esse incentivo, por sua vez, iria fazer com que possíveis consumidores de crack deixassem de consumi-lo.

Entretanto, ainda assim algumas pessoas iriam se viciar em crack (vendido supostamente de forma legal), iriam perder seus empregos, pois viciado em crack não consegue trabalhar (esses sim), iriam ficar sem dinheiro para sustentar seus vícios e iriam, eventualmente, começar a roubar e a matar para conseguir o dinheiro para comprar as pedrinhas.

Os incentivos, por mais que pudessem reduzir a quantidade de viciados-criminosos, não iriam acabar com eles, pois qualquer que seja o incentivo negativo criado pelo Governo, a utilidade gerada pelo consumo do crack ainda pode compensá-lo. (ou algumas pessoas poderiam agir de forma econômicamente irracional, sei lá né?)

E aí? Eu, como antigo quase-anarco-capitalista, e atualmente alguém entre o liberalismo moderado e a social-democracia, não consigo ver outra forma de lidar com o crack que não a proibição/repressão, pois por mais que eu ache que um indivíduo tenha o direito de destruir seu corpo, os efeitos do crack sobre terceiros são muito grandes.

Eu gostaria de saber o que o grão-liberal Rodrigo acha. O Estado deveria atuar para corrigir essa externalidade? Ou deveria se contentar com o combate ao roubo/homicídio, torcendo para que isso seja um incentivo grande o suficiente para acabar com o consumo do crack e os crimes a eles associados? Ou alguma terceira opção?

rubronegro disse...

fejuncor, vc está enganado de novo. skank não é maconha turbinada com pedrinhas de crack. skank é uma maconha cultivada com as condições (luz, temperatura, solo, etc) e fertilizantes ideais pra potencializar o thc. ou seja, é uma maconha um pouco mais forte, mas que, ainda assim, não é tão nociva como o álcool e o tabaco. não tem nada a ver com crack.

qto à pergunta do adamson, o Friedman deu uma boa resposta. não tivessem as drogas sido criminalizadas, o preço da cocaína não seria tão caro e o crack não teria sido nem inventado

Rodrigo Constantino disse...

As drogas ficaram muito mais pesadas em boa parte PORQUE são ilegais. Como a compra da mercadoria envolve crime, riscos e violência, é preciso deixar o usuário MAIS viciado, para ele aceitar tais riscos e ter que comprar a droga assim mesmo. Fosse legalizado, não teria tanta droga pesada no mercado.

fejuncor disse...

Pois é, pois é.

"Fristo" e não skank. Fiz confusão. De qualquer forma, serve como alerta de como a porta se abre para a dependência, no caso desses jovens, com um inofensivo baseadinho.

fejuncor disse...

Alguém concorda que a liberação aumentaria o consumo??

Adamos Smithson disse...

fejuncor, acho que todo mundo concorda. A questão é que nós, como liberais, não podemos decidir PELOS OUTROS que consumir drogas, como a maconha, é ruim.

Nós até podemos não gostar de drogas, mas devemos defender políticas públicas que permitam que os indíviduos que quiserem usar drogas possam fazê-lo sem ter que recorrer ao crime, já que trata-se de um indivíduo dono de seu corpo exercendo sua inalienável liberdade.

É claro que as drogas têm efeito negativo sobre o usuário. Pode até levar a morte. Mas isso é um direito da pessoa. Da mesma forma, a eutanásia também possui um efeito bastante negativo sobre o usuário, a morte. Mas nem por isso ela deveria ser proibida.

Mas eu faço novamente a pergunta para o Rodrigo: Se você tivesse o poder, hoje, de reescrever as leis brasileiras sobre drogras, você liberaria o consumo, venda e consumo de crack?

Adamos Smithson disse...

fejuncor, acho que todo mundo concorda. A questão é que nós, como liberais, não podemos decidir PELOS OUTROS que consumir drogas, como a maconha, é ruim.

Nós até podemos não gostar de drogas, mas devemos defender políticas públicas que permitam que os indíviduos que quiserem usar drogas possam fazê-lo sem ter que recorrer ao crime, já que trata-se de um indivíduo dono de seu corpo exercendo sua inalienável liberdade.

É claro que as drogas têm efeito negativo sobre o usuário. Pode até levar a morte. Mas isso é um direito da pessoa. Da mesma forma, a eutanásia também possui um efeito bastante negativo sobre o usuário, a morte. Mas nem por isso ela deveria ser proibida.

Mas eu faço novamente a pergunta para o Rodrigo: Se você tivesse o poder, hoje, de reescrever as leis brasileiras sobre drogras, você liberaria o consumo, venda e consumo de crack?

Adamos Smithson disse...

É lógico que ninguém liberaria uma droga capaz de transformar pessoas normais em zumbis homicidas, mas eu quero saber como um anarco-capitalista lida com essa externalidade.

Felipe Santos disse...

Adamos, acho que é o processo seria o mesmo que se faz com o cigarro...

Não vou aqui discorrer sobre toda a história do mesmo, mas basta procurar que você vai ver que ele não "nasceu" da forma atual... isto é, com filtros, papel, tamanho e outras padronizações... ele "evoluiu" com o tempo... para uma forma mais segura (ou "menos pior")... por isso, acredito, ninguém venderia legalmente o CRACK (que é o resto do refino da cocaína e, portanto, mais barato e letal), mas sim drogas (não importam quais) à níveis mais controlados (ou "menos piores")... assim como as destilarias não vendem álcool PURO, no máximo bebidas muito fortes...

Agora, se o cidadão conseguir produzir ele mesmo o crack e tentar montar um mercado paralelo... isso sim, deveria ser visto, na minha opinião, como uma externalidade... afinal, ninguém é obrigado à comprar drogas "com selo de qualidade", não?!! Ou será que é?!!

Adamos Smithson disse...

Felipe, muito obrigado pelo resumo sobre a história do cigarro, mas acho que você entendeu tudo errado.

Quando o Governo obriga o fabricante de cigarros a adicionar um filtro no produto, ele está protegendo o fumante de si mesmo.

Nem eu nem o Rodrigo estamos preocupados com o fumante ou, no caso, com o usuário do crack. O que me preocupa são os efeitos do comércio do crack (lícito ou ilícito, tanto faz) sobre o resto da sociedade, que não tem voz nessa troca voluntária em particular.

Você parece dizer que o Governo deveria obrigar os fabricantes a vender um "crack light". É isso? Se for, isso também é uma violação do princípio de não-agressão da Santíssima Troca Voluntária. Para um anarco-capitalista hardcore, se alguém estiver disposto a vender crack puro por um determinado preço e alguém estiver disposto a pagar esse preço, o Governo não deveria impedir que essa troca voluntária se realize.

Por isso eu perguntei para o Rodrigo como ele justificaria a liberação ou a proibição da venda e consumo de uma droga que resulta diretamente em violência, quer seja adquirida legalmente ou através do tráfico. Em um dos casos ele tem que justificar o injustificável. No outro, precisa admitir que existem determinadas trocas que não podem ser resolvidas através de trocas voluntárias, e podem ser melhor resolvidas através de uma intervenção do Estado ou algo que o substitua.

ntsr disse...

'Errado, ntsr. Os distúrbios de personalidade é que levam ao abuso e/ou dependência de álcool, o contrário só é possível com drogas psicoestimulante'

Se vc acha que um cérebro enfraquecido nao afeta a personalidade...
http://www.alcoolismo.com.br/artigos/alcool_diminui_capacidade_do_cerebro.html

fejuncor disse...

A perda dos reflexos é temporária, nada a ver com personalidade, característica intrínseca. Quando nos preparamos para um acontecimento, esta preparação revela nossa personalidade (assim como um acontecimento nos pega desprevenidos, revelamos nosso caráter).

fejuncor disse...

Tinha dado por encerrada minha participação no debate. Nada mais havia a ser acrescentado por mim, mesmo havendo até espaço para esticar a conversa, visto que o exposto acima já infere suficientemente meu juízo. A errata e a indagação inconveniente enviadas de passagem lá da praia ao meio dia, pretendiam ser a deixa, meus dois últimos comentários. No entanto obrigo-me a finalizar tão importante resolução com um adendo.

O que vejo acontecer aqui posso chamar de “narcisismo liberal” (não há resultados no google pra expressão acho que escreverei um artigo sendo primeiro a cunhá-la) desculpem a sinceridade, parece competição quem se prova mais libertário invés duma síntese de idéias vindas ao espontâneo – antagônico ao esquerdinha querendo se mostrar mais “social” que os demais. Eu não consigo me enquadrar em nenhum tipo de filosofia, religião, partido... de forma sectária. Aquele que abraça cegamente qualquer dessas entidades acaba se tornando escravo de seus princípios. Tenho simpatia pelo liberalismo por mera convicção. Não sou intolerante, não nego o meu posicionamento político, não separo discurso de prática.

fejuncor disse...

Notem, eu poderia ter baixado o nível e atacado a pessoa dos debatedores, lhes arrogado ignorância etc, não quis, firmei-me no argumento sério. Da outra parte, como solução, a defesa repetida do abandono à repressão. Mas “por que”? Cadê as razões que “sustentam” tal assertiva, que não só contestam, mas refutam as acusações que emiti nesse espaço acerca das implicações negativas? Os textos estão aí para quem quiser comparar. Poderia ir bastante longe. Sei que esta discussão é barbada, está ganha, e não porque quero: sim, em função da realidade confessa. Esse tipo de idéia sem isonomia para começo de conversa, ou seja, sem que todos os lugares adotem-na simultaneamente tempo acaba sendo danosa à quem implanta.

Citando situação análoga. Na Holanda, desde que a prostituição foi legalizada os restaurantes e alto comércio que haviam próximos do locais onde esteve liberada foram substituídos por hotéis e bares baratos. As regiões afundaram num tal processo de degradação e criminalidade, que o governo recentemente teve de colocar um basta. O objetivo da legalização da prostituição, assim como uma proposta nossa do Gabeira se não me engano, foi dar maior segurança às mulheres. Bravo. Só que como efeito colateral houve a explosão no nº de bordéis e o aumento na demanda por prostitutas, que passaram a ser trazidas - nem sempre voluntariamente - de regiões mais pobres como a África, AL e o Leste Europeu.

Holanda! Uma nação das mais desenvolvidas. Agora cá imaginem... é algo inconseqüente. De tantos problema a enfrentar somaríamos um a mais por simples capricho, que satisfaça o ego liberal.

fejuncor disse...

"Mudanças na vitrine: Amsterdã troca bordéis em bairro degradado por lojas e ateliês de arte"

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/cidade/conteudo_272408.shtml

fejuncor disse...

No futuro, quem sabe.

Edson. disse...

O resto da sociedade tem voz, nós sempre podemos escolher não nos envolver. E as drogas levam à violência assim como perder o emprego ou ser traído pela namorada também levam. Quem tem que perder seus direitos é o viciado violento, não todos e não por ser viciado e violento, somente por ser violento.

ntsr disse...

'A perda dos reflexos é temporária, nada a ver com personalidade, característica intrínseca.'

Pq vc nao leu o link que eu colei?Nada a ver com perda de reflexos mas sim com danos permanentes e irreversiveis no cérebro

ntsr disse...

De novo
Álcool diminui a capacidade do cérebro
http://www.alcoolismo.com.br/artigos/alcool_diminui_capacidade_do_cerebro.html

Álcool e o cérebro a longo prazo
http://saude.hsw.uol.com.br/alcoolismo5.htm

trecho:
'desenvolvem uma doença chamada Síndrome de Wernicke-Korsakoff (...)
Pessoas com Síndrome de Wernicke-Korsakof apresentam confusão mental e falta de coordenação e ainda podem ter problemas de memória e aprendizado.'

efeitos da cirrose no cérebro:
http://www.alfa1.org/portugues_info_alfa1_higado_cirrosis.htm

trecho:
O f�gado das pessoas com cirrose apresentam dificuldade para remover as toxinas, as quais se acumulam no sangue. Estas toxinas podem ocasionar confusão mental, e degenerar em mudanças de personalidade e até coma.

Malkav disse...

Olha gente, eu não li todos os posts ainda, mas cabe alguns comentários:

Durante toda a história da humanidade ela tentou entrar, através do consumo de alguma substância ou prática, em estados alterados de consciência. Seja produzindo bebidas destiladas, seja consumindo fumos, seja meditando ou dormindo de maneiras especiais. Isso está em todas as culturas e cada uma dessas causam mais ou menos danos a saúde que só na sociedade ocidental que a moral vigente está ligada a normas de saúde e vigilância sanitária (ainda bem).

Quando você proibe e censura o consumo de alguma prática cultura ou substância já estabelecidade culturamente (ou tradicionalmente, como queiram), os membros de subculturas marginalizadas pela sociedade vão passar a consumir e produzir esse material. As pessoas que se interessarem vão recorrer a esses para consumir isso e portanto, vão financiar esses membros. Eles podem fazer o que quiser com dinheiro: Se fossem punks iriam trazer bandas, se fossem descendentes indigenas iriam investir em proteção de suas antigas terras, se fossem hippies iriam criar uma colonia para poderem ficar em paz, assim como outras especulações do Malkav. Vai existir um consumo menor que o habitual sim, mas não vai impedir salvo fortíssima coerção social e militar.

Assim que você libera esse consumo ou prática, as pessoas exageram no uso e na frequência. Usam até a exaustão e isso pode ser inclusive usado como arma política em países democráticos. Temos o exemplo holandês e também exemplos aqui no Brasil de indios que agora podem usar substâncias muito mais pesadas que a maconha.

O problema do tráfico de drogas é que esse financia crimes maiores que o próprio tráfico. Não é o problema de traficar a droga em si, mesmo que isso fosse oneroso para a saúde pública e até problemático para a familia já que seria tratado como alcoolismo na nossa sociedade. O problema é que você financia aquele mesmo sujeito que assassina, abusa das pessoas e comanda ilegalmente uma região, que auxilia a corrupção local e produz motins nas cadeias. Esse é o grande foco do problema e é isso que, ao meu ver, deveria ser combatido.

Ademais, minha opinião é ainda contra o tráfico. Enquanto não for resolvido esse problema oculto de segurança pública, não aceito que as drogas sejam descriminalizadas em vista que o bandido se tornaria empresário e não posso garantir que isso mudaria o comportamento dele para a sociedade.

Malkav disse...

E gente, pare de usar argumentos de saúde pública: Deixando de ser hipocritas, acredito que ninguém aqui faz exercícios físicos rotinamente e tem uma dieta saudavel, que faz muito melhor do que o não consumo dessas substâncias. Fora que é sabendo que a sociedade tem seus vícios estabelecidos que pagamos impostos para termos hospitais, não para evitar essas doenças.

Bruno Leão disse...

Excelente o video do Friedman que postaram ai em cima.

fejuncor disse...

Iremos parar de usá-los quando, de fato, o "público" deixe de ser seu fiador.

Felipe Santos disse...

Vou postar minhas respostas aos argumentos apresentados correndo o risco de ninguém ler por causa da minha demora, mas...


"Quando o Governo obriga o fabricante de cigarros a adicionar um filtro no produto, ele está protegendo o fumante de si mesmo."

Adamos, eu nem pensei no GOVERNO obrigando o uso de filtros, mas sim a própria indústria tentando manter o consumidor vivo e consumindo o produto por mais tempo... :-)

Talvez por eu ter sido muito sucinto, deixei algumas pontas soltas... mas meu ponto é justamente a NÃO interferência do governo em nenhuma troca voluntária, mesmo do crack e seu "fator zombie" que você argumenta... com isso os próprios fabricantes PELA MINHA CONCLUSÃO LÓGICA, fariam de tudo pra aumentar a eficiência da droga, isto é, tirar os malefícios (até o mínimo possível) e manter os "benefícios" (até o máximo possível), apenas isso!!!

Com isso, à meu ver, reduzimos as drogas ao mesmo mercado das bebidas, cigarros, whatever... ou seja, você não vai preso por beber, mas sim por dirigir alcoolizado, por exemplo...


"Notem, eu poderia ter baixado o nível e atacado a pessoa dos debatedores, lhes arrogado ignorância etc, não quis, firmei-me no argumento sério."

O que faz você muito bem fejuncor... é o que esperamos todos que aqui assim sempre se proceda, não é verdade? :-)


"Esse tipo de idéia sem isonomia para começo de conversa, ou seja, sem que todos os lugares adotem-na simultaneamente tempo acaba sendo danosa à quem implanta.

Citando situação análoga. Na Holanda, desde que a prostituição foi legalizada os restaurantes e alto comércio que haviam próximos do locais onde esteve liberada foram substituídos por hotéis e bares baratos (...) Holanda! Uma nação das mais desenvolvidas. Agora cá imaginem... é algo inconseqüente. De tantos problema a enfrentar somaríamos um a mais por simples capricho, que satisfaça o ego liberal."


Sim, eu li a reportagem que você indicou e achei um artigo só sobre isso na Wikipedia:

Prostitution in the Netherlands
http://en.wikipedia.org/wiki/Prostitution_in_the_Netherlands

Vou confessar que fiquei dividido... concordo que se a liberação ocorresse SIMULTÂNEAMENTE em todos os cantos do mundo, a questão muito provavelmente seria resolvida mais facilmente... já que os usuários casuais e os "junkies" não estariam misturados todos num mesmo lugar, nem as atividades paralelas como prostituição e afins encontrariam acolhida APENAS por esse motivo em particular, como foi o caso da Holanda, porém, à de se começar por algum lugar... talvez não aqui no Brasil, pelos motivos que você mesmo elencou com a ressalva de "no futuro quem sabe", o que eu concordo de certa forma!!!

Penso que deveria ser feita uma "lista de prioridades" do liberalismo como, por exemplo, países com histórico terrorista como o Irã não deveriam aderir à nenhum programa nuclear enquanto não derem mostras de maturidade... mas até onde essa decisão não seria ditatorial, mesmo com todas as evidências "tendendo à" uma postura conservadora?!!

É realmente complicado estabelecer limites...

(continua...)

Felipe Santos disse...

(continuando...)

"Ademais, minha opinião é ainda contra o tráfico. Enquanto não for resolvido esse problema oculto de segurança pública, não aceito que as drogas sejam descriminalizadas em vista que o bandido se tornaria empresário e não posso garantir que isso mudaria o comportamento dele para a sociedade."

Concordo Malkav... sem as "bases" funcionando como devem (segurança pública ou "império da lei", no caso), acho que fica quase impossível trocas voluntárias ocorrerem verdadeiramente, principalmente com as drogas... traficantes não iam querer "perder o filão" e, muito provavelmente, fariam pressão em cima de outros produtores para dominar o mercado!!!


"Fora que é sabendo que a sociedade tem seus vícios estabelecidos que pagamos impostos para termos hospitais, não para evitar essas doenças."

Aqui eu penso que a coisa tomou esse rumo, mas não creio que fosse o objetivo... assim como pagamos seguro do carro pra "cobrir o furto" e não como antigamente, que era pra cobrir quaisquer sinistros...

fejuncor disse...

Um blog crítico, desmistificador, tem de falar com todo mundo, entrar em todo tipo de debate. Não pode padecer do equívoco de pensar que um conjunto de iluminados vai ensinar o pessoal a verdadeira teoria. Isso é uma leitura equivocada do “velho” Lênin, sim, do Lênin, ainda que muitos não saibam que daí vem essa idéia. O que “ensina”, como bem nos ensinou Lukács, é a luta política, diária, cotidiana, o enfrentamento.

Não quero ser indelicado e continuar tratando disso, porém, se não me falha memória já disse aqui, nem tudo tem valor, o texto e o contexto definem os limites, as possibilidades e as compatibilidades (dadas reações deduzo que não corroborem) mas numa disciplina lúgubre como a economia não há espaço para tal rigor, certos fatos derrubam teorias. Essa polêmica das drogas é emblemática: vislumbram a saída a luz da lógica econômica. Ora o combate ao crime, no mundo inteiro, segundo essa frente, é ineficaz.

A gente combate, combate, combate, e o crime está sempre aí. Donde se conclui, segundo a lógica da mais reluzente besta cúbica, que é o combate ao crime que aumenta o crime, certo?

Anônimo disse...

Esse fejuncor só repete as mesmas bobagens, falacias e preconceitos de sempre.

Acha q quem fuma são todos lerdos pq? Minha observação de campo, além de pesquisas, dizem o contrário.

A Holanda não quer voltar atrás. A maioria da população e prefeitos dos burgos quer é a legalização de toda a cadeia produtiva da erva, uma aprte quer que fique como está e outra, pequena, quer proibir de novo, liderada pelo partido cristão e ortodoxo cristão. Ou seja, moralismo religioso. Vai ler jornais locais ao invés de ficar repetindo essas mentiras dos reaças e passar vergonha. A Holanda, inclusive, tem um dos menores indices de uso de maconha da Europa, mesmo outras drogas lá ilicitas tbm são abaixo da média. Não precisa acreditar em mim, são dados disponibilizados pela internet por orgãos oficiais. Pq iam querer mudar?

Pior que os EUA, chefes da política de estado-papai, única politica mundial que eles realmente seguem e fazem todos seguir, sabiam muito bem que isso causaria crime, marginalização e corrupção, já tinham visto isso na Lei Seca dos anos 20/30. E tem gente que defende...

fejuncor disse...

Pitaco de drogado, é f**.

O bêbado nunca acha que está bêbado.

Dizem que Keith Richards já morreu há dez anos, mas a Phillip Morris empalhou-o e colocou nele um chip que o faz tocar guitarra. Assim ele aparece aos 65 anos tocando guitarra com o cigarro na mão e todos pensam que cigarro não faz mal. Rsrsrsrs.

Anônimo disse...

Os reaças sempre se voltam às gracinhas quando vêem que falaram cáca...

Argumento que é bom... necas!

ntsr disse...

'pitaco de drogado é f*'

fejuncor, vc é um drogado tb.Não finja q não viu os links que eu colei sobre o álcool afetando o cérebro.

Everardo disse...

Esse negócio de consumo de droga é ponto de conflito nesse blog porque expõe a contradição do liberalismo. O moralismo é contra o uso de droga, mas a liberdade soberana do indivíduo o leva a fazer o que lhe der na telha...Como o Estado não pode interferir, o jeito é ir administrando as contradições...E o capitalismo vê na droga uma ótima oportunidade de lucros. Presentes todos os ingredientes, está pronta a salada!!!

Anônimo disse...

@ntsr

E ainda droga mais pesada. O álcool comprovadamente é mais danoso, causando danos no SNC, como demência inclusive, deixa indivíduo violento, além de outros problemas, como atrofia testicular. Ah, pode dar overdose também.

O potencial de danos sociais e individuais são comprovadamente mais graves que a cannabis.