A ficha caiu para muitos agora: a comemoração com a "Primavera Árabe" foi muito precipitada. Esqueceram que a democracia não é criada em um passe de mágica, e que sem os devidos pilares institucionais, ela pode desandar facilmente. O editorial do GLOBO constata:
Pode-se dizer que a experiência, no Egito, não foi bem-sucedida. A Irmandade Muçulmana, organização islamista, preencheu espaços quando o Exército foi forçado a sair de cena. Um representante dela, Mohamed Mursi, elegeu-se presidente. A democratização é uma das grandes aspirações de boa parte do povo egípcio, mas Mursi não esteve à altura. Mostrou-se mais preocupado em seguir a cartilha da Irmandade rumo à islamização do que em buscar apoio político para governar e lidar com a crise econômica. Quando as multidões voltaram à Praça Tahrir, agora para pedir a saída de Mursi, o Exército se inquietou.
O que muitos "especialistas" ignoravam durante aqueles dias de fúria nas ruas árabes, é que a maioria islâmica pode desejar impor, via voto que seja, a sharia, uma "ditadura da maioria" calcada em sua religião. O mesmo risco e a mesma tendência ocorreu na Tunísia, como mostra o editorial:
A pergunta que pouca gente se fez à época da euforia das manifestações populares: quem armou com fuzis aqueles rebeldes? Fuzis não brotam pelo Facebook. Foi essa a mensagem mais cética que tentei levar para reflexão naquele momento, como nessa palestra no Fórum da Liberdade em Porto Alegre, quando tive que substituir Reinaldo Azevedo de última hora:
Acho que são reflexões válidas para os dias de hoje em nosso país também...
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