sábado, outubro 20, 2012

Em defesa do preconceito


Rodrigo Constantino, para a revista VOTO

Como alguém pode defender o preconceito em pleno século 21? Isso automaticamente nos remete ao racismo, à xenofobia, ao machismo, a todas as formas de sentimentos tribais que tanta desgraça causaram no mundo. Mas será que todo preconceito é mesmo ruim? O que exatamente seria não ter preconceitos? São as questões que Theodore Dalrymple aborda em seu livro In Praise of Prejudice, cujo titulo já mostra sua coragem na era moderna.

O que seria uma pessoa desprovida de preconceitos? O dicionário possui várias definições para a palavra, entre elas: conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados. As demais costumam já incorporar o sentido pejorativo da atualidade, como sentimento desfavorável a algum grupo, superstição, discriminação racial etc. Quero focar justamente na primeira delas, que melhor representa sua etimologia.

Alguém sem preconceitos seria, então, alguém cujas opiniões formadas são todas derivadas do devido conhecimento adequado. Estou para conhecer este deus onisciente em forma humana! Basta uma rápida reflexão honesta para constatarmos que temos inúmeras opiniões sobre vários assuntos os quais não possuímos conhecimento tão profundo assim. Pegamos carona em ombros alheios, confiamos em certas autoridades, formamos, enfim, algum tipo de crença cujos pressupostos não dominamos totalmente. Eis o preconceito.

Claro que o ideal é passar as idéias pelo crivo de nossa razão, principalmente aquelas mais importantes e relevantes em nossas vidas. Como disse Sêneca, “Se queres submeter tudo a ti mesmo, submete-te primeiro à razão”. Perfeito. Mas cabe perguntar: quem pode submeter tudo a si mesmo? Essa pessoa teria que dominar profundamente todos os campos da ciência, filosofia, ética, medicina, direito, economia etc. Enfim, teria de ser aquele deus em forma humana citado acima.

Alguns preconceitos serão inevitáveis em nossas vidas. A começar pelas autoridades que escolhemos então para confiar. Isso não coloca todo preconceito em pé de igualdade, tampouco é uma justificativa para os sentimentos mais tribais que vemos por aí. Mas é, sim, um alerta contra certo tipo de gente que alega não ter preconceito algum, que não abraça nenhuma ideologia (visão de mundo), que fala somente em nome da razão prática. Estes, paradoxalmente, costumam ser os mais preconceituosos e ideológicos de todos!

Como disse Jonah Goldberg em The Tyranny of Clichês, “O pragmatismo é o disfarce que os progressistas e outros ideólogos vestem quando querem demonizar ideologias concorrentes”. Todos possuem uma visão de mundo, seja lá como ela foi formada (espera-se que com boa dose de reflexão e questionamentos, assim como bastante foco nos dados empíricos). Se esta visão ou ideologia passa no teste da realidade ou não, isso é outra questão. Pela complexidade da vida, haverá espaço para diferentes interpretações em temas mais polêmicos.

O que parece arrogante é esta visão de que somente o seu ponto de vista possui fundamento empírico e desprovido de preconceito ou ideologia, sendo todos aqueles que discordam de você vítimas dessas armadilhas. Esta arrogância é típica dos progressistas modernos que afirmam ser isentos de viés ideológico, reagindo somente aos fatos e à sua razão.

Um ícone dessa turma é o presidente americano Barack Obama, que repete com freqüência que está blindado de tais preconceitos, agindo somente de acordo com aquilo que funciona na prática. Obama tem claramente uma visão de mundo, aquela alinhada ao socialismo light europeu, especialmente da França. Mas tenta posar como um ser pragmático e acima desses dogmas políticos. Não convence.

Thomas Sowell desnudou os progressistas modernos: “Ninguém é mais dogmaticamente insistente na conformidade do que aqueles que advogam ‘diversidade’”. De fato, basta verificar como a esquerda que prega diversidade e ausência de preconceitos costuma demonstrar ódio aos diferentes, como os capitalistas liberais, por exemplo. “Não somos preconceituosos, desde que não se trate de um capitalista porco e insensível”, eles poderiam dizer, se fossem mais honestos.

Voltando a Dalrymple, ninguém é uma tabula rasa capaz de processar do zero tudo que importa na vida. Todos nós, inevitavelmente, teremos nossa cota de preconceitos. Que saibamos, então, escolher bons preconceitos, ao invés daqueles que alimentam os piores sentimentos que todos nós somos capazes de nutrir no âmago de nosso ser.

Que as autoridades escolhidas, principalmente em aspectos morais, sejam exemplos de decência em suas vidas. Que respeitemos a sabedoria dos antepassados, presente em hábitos e costumes, compilados na tradição. E que possamos julgar tais tradições à luz de nossa própria razão sempre que possível, reconhecendo, porém, os limites evidentes desta empreitada, ou seja, evitando o risco da arrogância, daquilo que os gregos chamavam húbris.   

Por fim, que possamos nos manter sempre cautelosos com aqueles que juram não ter nenhum tipo de preconceito ou ideologia. Desses tipos, eu confesso alimentar profundo preconceito! 

39 comentários:

Anônimo disse...

É prudente diferenciar IDEOLOGIA de FILOSOFIA.

Ideologia NÃO É UMA VISÃO DE MUNDO. Ideologia é um estudo que forma um conjunto de idéias para atingir um fim. Não fosse assim e seria FILOSOFIA.
O próprio Karl Marx, segundo o dito e escrito, considerou que se deveria abandonar as idéias para interpretação do mundo em favor das idéias para transformar o mundo.

Ou seja, da boca do fomerntador do termo IDEOLOGIA este bem diferencia IDEOLOGIA de FILOSOFIA. Contudo, preconceitos tomados ao senso comum ou mais precisamente INTUÍDOS em meio ao falatório que repete palavras sem uma idéia bem fundamentada do que sejam, nem mesmo para si tendo confiança no que reprtesenta da realidade, acaba-se por ter palavras que comunicam idéias deficitariamente e que, DESGRAÇA ABSURDA, nem mesmo possuem uma boa definição de idéia para aqueles que querem transmitir suas idéias com palavras que nem mesmo eles próprios se deram ao trabalho de fixar um sentido capaz de esclarecer uma idéia. Usa-se palavras pelo sentimento que produzem, pela intuição sentimental, como se grunidos ou rosnados, mas sem significado preciso para a platéia e nem mesmo para quem as pronuncia.

A filosofia são idéias que formam uma interpretação, aí sim, uma visão de mundo. Já uma ideologia, pode-se dizer, até mesmo pela apreensão prática, que é meramente um estudo que forma um conjunto de idéias para uma finalidade.
...Mas Karl Marx não se dava a conceituações precisas e tudo para ele era muito dialético, daí tudo pode ser qualquer coisa e as contradições, stricto senso, são assim percebidas pelo preconceito burguês que se preocupa com realidade e coerencia apreensiva. Muito melhor sair falando e cada um interprete ...seria já a arte dadaísta ou cubista na filosofia ou na ideologia, sei lá, pode ser, mas também pode não ser, que sabe?

..Certo mesmo é que visão de mundo pode decorrer da filosofia, mas não da ideologia!

Anônimo disse...

O preconceito é absolutamente racional. Aliás, neste ponto bem demonstrado pelo texto.
Ora, preconceito é presumir sobre questões. Por vezes não há possibilidade de se julgar perfeitamente e pontualmente ante a necessidade de uma conceituação.

Uma lebre que ve o mato mexer-se não pode esoperar para saber se é ou não um predador, melhor fugir logo. Esse comportamento, é essencial.

A prevenção é requerida em certas situações, mas os "não preconceituosos" preocupados com ficar bem na fita segundo o modismo do momento (um modismo moralóide) esbanjam preconceitos acintosamente e por uma pequena parte preconceituam o todo.

Vejamos:
Esta esquerda "não preconceituosa" que adere a si o valor social de tal deficiencia, não titubeia em pré conceituar de assassino qualquer indivíduo que queira possuir uma arma. Chegando ao ponto de elaborar lei para MULTAR E PRENDER aalguém que queira possuir uma arma e não é autorizado a tal pelo SENHOR ESTADO (o deus onipotente, de onde emana a justiça e a verdade moral).

Também considera, preconceituosamente, que alguém que beba uma latinha de cerveja é um irresponsável que causará um acidente. Também por lei extorquindo com pesada multa e podendo também prende-lo ...por puro preconceito. Tal preconceito não é meramente um repudio a convivencia ou uma acusação, é pior, é origem de uma PUNIÇÃO severa com base num preconceito.

Quando se afirma "os ricos nunca vão pra cadeia" e assim todo e qualquer rico que seja inocentado num processo é PREJULGADO COMO CULPADO e sua absolvição uma desonestidade do aparato juridico. Alardear ostensivamente tal assertiva não é considerado preconceito para efeitos legais. Donde a lei não é contra preconceito, mas apenas contra alguns preconceitos. Este caso em especial, se alvo de reflexão, leva a uma idéia de que o aparato judiciario é um antro de corruptos safados - os juizes e membros do MP - ou então é uma idéia idiota se analisada a fundo. Afinal, leva a crer que basta mostrar o estrato bancario e pronto, juizes e demais mebros do judiciario simplesmente liberariam o ricaço ESPECIFICAMENTE POR SER ELE RICO. Coisa mais idiota não há.

Ocorre que não é questão só de dinheiro, que cobra para livrar um rico o fará por um amigo, um correligionário ou por alguém de alguma importancia para alguma causa que afete tais integrantes. Se liberam m rico culpado podem também condenar um inocente com a mesma destreza e motivação.

É estudpido quando dizem que os ricos tem Poder, eles não o tem, eles tem o dinheiro que pode até comprar o Poder momentaneamente, mas OS DONOS DO PODER SÃO AQUELES QUE O VENDEM E NÃO OS QUE O COMPRAM. Ou seja, quem compra o Poder nestes casos o adquire momentaneamente, mas os DONOS DO PODER o possuem continuamente. Se atentarmos para o corporativismo, o interesse na formação e execicio do Poder e a troca de favores entre os e fato PODEROSOS ...ai percebemos que esse papo de preconceito bom e mal é apenas uma política para fortalecer o Poder discricionário da organização estatal e mesmo para punir os alvos de preconceitos e interesses quer não preconceituosos.... rsrs

Anônimo disse...

Bem colocado Rodrigo!
Independente se é filosofia, ideologia e o que mais possa ser, o que importa é que NÃO HÁ NINGUÉM QUE NÃO TENHA UM PRECONCEITO, O MÍNIMO QUE SEJA.
O resto é retórica para "embrulhar salame".
Os que se julgam "construtores e idealizadores de um novo mundo" são os que mais o desconstroem, com suas políticas falsas.

Anônimo disse...

Se não tivesse preconceito, o homem já teria sido extinto. O preconceito é nada mais que uma manifestação do instinto de sobrevivência e auto-defesa. O diferente e incomprendido deve ser visto como uma possível ameaça à vida, à saúde e ao bem-estar.

Se vejo alguém que não conheço em andrajos na rua, sabendo que muitos deles são sujos, mal-cheirosos e portadores de doença mental e enfermidades contagiosas, nada mais correto que dele me esquivar.

Carolina Foglietti disse...

Quem se diz isento de preconceito está tão alienado à sua própria e inabalável visão de mundo, que a menor ameaça ao seu modo de gozo suscita o ódio e a segregação do outro.

Carolina Foglietti disse...

Quem se diz isento de preconceito costuma estar tão alienado à supremacia de sua visão de mundo, que a menor ameaça ao seu modo de gozo suscita o ódio e a segregação. O outro é sempre um subdesenvolvido, à margem da Verdade e do Bem. Assumir os próprios preconceitos é reconhecer, antes de tudo, a diferença e, talvez, um dos caminhos para não querer destruí-la

Anônimo disse...

O bom dessa eleição, diferente da passada, é que NINGUÉM veio com a porra da race card, o
Obama vai levar um pé na bunda pelo que ELE fez, não por causa de raça nenhuma.

Anônimo disse...

Preconceito. Muito oportuno o artigo.
Observo que poderia ir muito mais longe nessa linha de raciocínio.
Toda forma de ‘educação’ dos mais jovens (e incluo demais formas de vida sujeitas a aprendizado) é baseada em ‘preconceito’.
Na impossibilidade de apresentar aos jovens um conceito completo e definitivo (mesmo que os tivéssemos) apresentamos fragmentos de conceitos. Quanto mais simples (e incompletos) mais úteis na cognição. Em especial para a sobrevivência.
Outro dia deixei cair uma corda amarrada a sela de um cavalo. Esta passou a arrastar em meio ao pasto fazendo um som que lembrava uma cobra. O cavalo, por puro preconceito, desembestou. Preconceito esse que falhou em outros animais da mesma fazenda, segundo o proprietário.
Nos dias atuais estou educando meu segundo filho. Com muito mais tempo, idade e conhecimento, posso perceber que conceitos complexos não podem ser passados. Prefiro dicas antiquadas de como fazê-lo reconhecer potenciais perigos. Barulho de cobra? Fique longe!

Gustavo disse...

Ao anonimo das 2:26pm, não é verdade que os democratas não estão tentando o race card novamente.

O pessoal da MSNBC, totalmente pró-Obama, chegou a dizer que usar a palavra "Chicago" é racismo.

Aqui um texto com as palavras que estão usando no race card este ano:

http://michellemalkin.com/2012/08/31/the-condensed-liberal-handbook-of-racial-code-words/

Anônimo disse...

O preconceito que as pessoas falam é o racial, sexual, étnico. Esse que se discute. E é esse que deve ser combatido. E a maioria da população é pragmática e independente de ideologia. Nos EUA, por exemplo, são os independentes que decidem a eleição. Se fosse assim, a ideologia democrata ou a ideologia republicana sempre seria vencedora nas eleições. A alternância de poder mostra a força do pragmatismo e a independência política.

samuel disse...

Comparar Lula e Obama como sendo farinha do mesmo saco não é meu preconceito (longe disso kkkkkk), mas ouvindo as falas do candidato é de ficar estarrecido com a desfaçatez com que Obama mente. Ontem ouvi estas duas preciosidades: Que estudou na cidade de NY até os 16 anos. QUANDO É SABIDO E NOTÓRIO QUE ESTUDOU EM ESCOLA MUÇULMANA NA INDONÉSIA ATÉ OS 16 ANOS. Que os preços de gasolina estão altos porque O PAÍS ESTA EM “BOOM”. O cara não fala duas palavras sem mentir. LULA e OBAMA tudo a ver.
Bom artigo este sobre preconceito. E foram as esquerdas que trouxeram o assunto para o topo da pauta.
Como bem ressaltou o Anonymous vivemos imersos em preconceitos. Os maiores alienados são aqueles que dizem que não os tem.

Catellius disse...

Caro Rodrigo,

Leio todos seus textos e quase sempre concordo com seu ponto de vista. Porque, resumindo, sou contra o politicamente correto vigente, contra o ecochatismo dos tais "melancias", contra comunismo, esquerdismo, lulismo, obamismo, sou ateu, liberal, fã de Mises e Friedman (acho Ayn Rand meio breguinha, às vezes, mas gosto dela).

Muito bem, uma coisa típica de esquerdistas é a novilíngua, é edulcorar palavras, é o eufemismo, é o neologismo, é tentar provar que a grama é vermelha porque a palavra "vermelha" em sânscrito quer dizer "verde" (não realmente, estou inventando). É a etimologia a serviço da estupidez. Desde quando ser preconceituoso é importante, caramba???? Ter um conceito prévio sobre algo mas estar aberto a mudar, sempre, por conta de evidências, por conta de constatações pessoais, não é ter preconceito, não é ser uma pessoa preconceituosa.

Podemos rugir e espernear, apelar à etimologia, mas a palavra é o uso corrente que se faz dela. Não posso chamar alguém de idiota e depois lhe explicar que a palavra "na verdade" designa alguém ensimesmado ou o diabo.

Um grande abraço!
Catellius

Anônimo disse...

Grande Catellius

Há uma notável diferença entre PRECONCEITO e CONVICÇÃO.

Ter um preconceito não pressupõe necessáriamente uma convicção. Um preconceito se assume até que se tenha evidências para po-lo em dúvida ou mesmo abandona-lo ou torna-lo um conceito fundamentado.

Já uma convicção pode até advir de um preconceito aprendido e neste caso essa convicção advem da crença e não de uma ponderação.

Aí esta uma boa questão: a intuição sobre significados ou o assumir significados segundo aparências apreensivas. Pelo menos há que se ter significados radicais para si mesmo ou sera dificil a perfeita compreensão das questões. Mas a "especialização" de significados é ainda mais importante, pois que se damos às palavras exagerados significados elas acabam perdendo a capacidade de nos fazer entender as questões que se nos apresentam. Conseguimos elaborar raciocínios complexos se nos forçamos a significados precisos, sem eles nem mesmo é possível raciocinar.

Claro que defender convicções aprendidas (não apreendidas) ou mesmo decorrentes de preconceito é algo racionalmente indefensável. Sua intervenção neste ponto foi brilhante, como se podia esperar, pois acaba por dar a oportunidade de se diferenciar convicção de preconceito.
Contudo, há preconceitos defensáveis porque não há como se ter CONHECIMENTO da questão e aí o PRECONCEITO é fundamental. Por exemplo:

Um casal ansioso para praticar deliciosa saliencia e sem dinheiro para ou oportunidade para se dirigir a um motel, não há de parar em local preconceituosamente suspeito. A análise é que o ambiente é propício a assaltos e não há como se ter certeza que não se corre tal risco.

Não se trata de uma convicção, mas de um claro preconceito que se deve seguir. Claro que através de uma pesquisa se poderia abandonar o preconceito consciente, mas tal não vem ao caso, ninguém o faria até por ser de pouca utilidade futura.
O mesmo se pode dizer de estar parado em um sinal e ver aproximarem-se indivíduos característicamente suspeitos (duplo preconceito). O que se vai fazer? esperar, perguntar? Não se tem convicção de que sejam assaltantes, mas tão pouco se sabe ou se pode crer que não sejam ...melhor se mandar!

Forte abraço

Anônimo disse...

Palavras como:

dignidade, liberdade, cidadania, direito, ética, preconceito e tantas outras acabam sendo deturpadas devido ao uso que se faz ao valer-se da sensação que o significado original proporciona para usufruir de tal "autoridade" em favor de outros significados, geralmente inseridos em contexto binário (tão ao gosto popular - como disse Schopenhauer, algo assim: "para certas pessoas as questões solucionam-se como na pergunta "chá ou café?").

O absurdo da deturpação do direito é aberrante. Primeiro que se crê que é o Estado (ou um deus) que atribui direitos aos individuos, arbitrando-os. Chegando-se ao absurdo de uma entidade de onde "emana a sabedoria" (Estado ou deus, ou mesmo de uma doutrina de uma facção igrejeira) atribuir direito de uns sobre os outros, colocando em contradição a propria idéia do direito. Ora, somente quem possui direito a algo pode ceder tal direito sobre esse algo. Fora isso, a idéia é que que o direito não existe, logo a justiça tb não, sendo apenas a vontade de uma entidade suprema ou mesmo a vontade do mais forte (que se dá na prática).

Por isso seria, é, importante começar a desenvolver=-se a preocupação com significados radicais, preciso e sem ambiguidades ou apreensões, um tanto metafóricas, do senso comum atribuído ou presumido. Sem rigidez nos significados a compreensão das questões torna-se dificil, dado que o que se fala (com significado rigido ou particular não exposto) acaba sendo percebido de forma diversa do que se deseja expressar.

Anônimo disse...

Ah! a moral é normalmente confundida com a idéia de ética. Como se a idéia de ética fosse algo impossível ou inexistente.
Também se cria "código de ética" como uma particularidade corporativa. Enquanto muitos assumem a idéia da moral como algo acabado, como a regra absoluta emanada de uma entidade suprema ou de um grupo de auto intitulados intermediários da entidade.

Ou seja, a idéia de justiça acaba se confundindo com o arbitrio de uma "justissia sossial" politiqueira e safada.
Ora, a moral deveria ser ética, mas não é. Ela é particular a comunidades, orinada em costumes. Saber disso e confundir moral e ética é algo nefasto para a justiça. Ou seja, a justiça advém da ética, mas a moral influencia o judiciário (que é confundido com fonte da justiça), não completamente, mas influi tanto quanto as leis que deveriam ser baseadas na ética podem ser baseadas na moral bem como contrarias à moral predominante por aterem-se a pretensa moral minoritária.

Enfim, o emporcalhamento é generalizado e até longo em sua ação...

Catellius disse...

Salve nobre Mouro!

PRECONCEITO SEGUNDO:

Priberam:
s. m.
1. Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial.
2. Opinião desfavorável que não é baseada em dados objectivos. = INTOLERÂNCIA
3. Estado de abusão, de cegueira moral.
4. Superstição.

Michaelis:
sm (pre+conceito) 1 Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados. 2 Opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão. 3 Superstição que obriga a certos atos ou impede que eles se pratiquem. 4 Sociol Atitude emocionalmente condicionada, baseada em crença, opinião ou generalização, determinando simpatia ou antipatia para com indivíduos ou grupos. P. de classe: atitudes discriminatórias incondicionadas contra pessoas de outra classe social. P. racial: manifestação hostil ou desprezo contra indivíduos ou povos de outras raças. P. religioso: intolerância manifesta contra indivíduos ou grupos que seguem outras religiões.

Aurélio:
1. Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial.
2. Opinião desfavorável que não é baseada em dados objetivos.
3. Estado de abusão, de cegueira moral.
4. Superstição.

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Esta palavra é quase sempre usada para se referir a ideias preconcebidas, geralmente desfavoráveis, julgamentos não racionais, alimentados ou não pela conveniência, tendo como base o gênero, classe social, idade, alguma deficiência que não afeta o que está em questão, religião, sexo, etnia, língua, nacionalidade, entre outras características. Também pode se referir a crenças infundadas, atitudes irracionais resistentes à influência racional.

Ninguém que viaja a Paris pela primeira vez, ansioso por passear por suas ruas, tem preconceitos em relação à cidade, não no português que falamos e cujo propósito, comum a todas formas de comunicação, é de se comunicar, de ajudar a entender e a se fazer entender. Não podemos separar os radicais de uma palavra e lê-la de um modo que não o corrente, ou apelar à etimologia, ou dizer que a palavra está errada, como faz o Janer Cristaldo referindo-se à homofobia, porque Homo = mesmo e fobia = medo. Sim, a palavra é feita de morfemas de palavras diferentes, qual o problema? Não sou obrigado a gostar de Paris, mas se sou londrino e não a conheço nem quero conhecer, porque está cheia de franceses e de árabes, estou cheio de preconceitos - não de conceitos sobre a cidade antes de visitá-la.

Continua...

Catellius disse...

Continuanto...

Um parvo no úrtimo que adora fazer isso é aquele "filósofo" Mário Sérgio Cortella. Adora desmembrar palavras, pegar a etimologia para dizer que significam "na verdade" isso ou aquilo. Aí faz as brincadeiras que encantam os outros parvos que lotam suas palestras de auto-ajuda.

E sai na Veja, bombasticamente: Fulano de tal disse que o stress é importante. Quando lemos a reportagem, o sujeito se vale do significado "original" e mistura com o óbvio ululante, que devemos ser ativos, sentir alguma adrenalina, etc. Ora, stress é uma desgraça! "Câncer é bom" pode então sair numa revista. Câncer "na verdade" quer dizer caranguejo e os animais etc. etc. "Candidato" quer dizer cândido, puro, limpo, por isso devemos votar nos candidatos ficha-limpa. O significado poderia ser até, originalmente, "aquele que sodomiza jumentos". Interessa o que a palavra significa hoje e em que sentido ela é usada. Candidatos existem também em concursos públicos, por exemplo. Não se deseja selecionar alguém "cândido (que também pode ser ingênuo), puro, limpo no sentido ético" - ser ético é obrigação, obviamente. Deseja-se selecionar pessoas capazes de satisfazer uma demanda profissional, sem qualquer favorecimento.

Volto ao "preconceito".

Muitas vezes é safadeza, é um jeito de valorizar-se às custas dos outros. Se sou branco, baixinho, católico, do fluminense e da Zona Sul, carioca, e não confio no meu taco, não me garanto, tenho baixa autoestima, tenho ciúmes de gente com características bestas como essas que se deu melhor na vida, se não tenho qualidades verdadeiras que me distinguem dos demais, visíveis para mim e para os outros, estarei muito mais propenso a ter preconceito contra negros, orientais, gente alta, protestantes, flamenguistas, da Zona Norte, paulistas, mineiros, etc. Minha intenção, quase sempre inconsciente, é valorizar determinadas características, reforçar preconceitos, porque aumentarei minha "cotação" social e me sentirei bem, fazendo parte "dos bons". Preconceito implica ignorância ou safadeza. Assim, o negro oriundo de uma família classe média mas que não se dá bem na vida pode se juntar a grupos afirmativos que têm raiva de brancos que os escravizaram (seus tataravos, mas não importa) e que, no fundo, são os responsáveis por ele não ter sucesso. E passam a tratá-los mal. Desconfiam de todos os brancos, não gostam de brancos, que seus filhos namorem com eles, etc. NESTE caso nasceu como bode expiatório, virou preconceito...

continua...

Catellius disse...

Finalizando...

Convicção:

Uma das acepções do Michaelis para "convicção" é "Certeza obtida por fatos ou razões que não deixam dúvida nem dão lugar a objeção". Einstein devia estar convicto de suas teorias antes de publicá-las.

Quanto ao seu exemplo, se leio nos jornais que casais que namoram nos carros estão mais vulneráveis a assaltos e não dou chance ao azar, não ajo com preconceito mas com prevenção, precaução, cautela. Estou diminuindo as minhas chances de ser assaltado não namorando dentro do carro à noite na Candelária. E, por precaução, posso não fazer isso nem em um estacionamento de Frankfurt, para diminuir a quase zero as PROBABILIDADES de isso acontecer. Usar camisinha em uma relação com uma mulher que não se conhece direito é importante precaução, não preconceito de que ela seja aidética. Usar camisinha até com a esposa, por medo de contágio, é uma precaução quase patológica, assim como colocar cinto de segurança dentro de sua garagem para chegar o carro vinte centímetros para trás - neste caso pode ser apenas um hábito ou o reforço de um hábito, claro, como não deixar crianças atravessarem ruas não movimentadas sem dar a mão porque poderão baixar a guarda quando atravessarem ruas movimentadas.

É importante estarmos preocupados com significados radicais, claro, mas não temos como controlar a língua. Primeiro os ignorantes veem algo muito bem feito e soltam um "siniiiistro", que não quer dizer nada disso, depois o significado se consolida, aos poucos. O mesmo para "radical!!!" e outras gírias. Daqui a cem anos será estupidez eu dizer que a manobra de tal skatista não foi radical porque não tinha nada de raiz nela...

Forte abraço
Catellius

Anônimo disse...

Bom, palavras com inúmeros significados que mais das vezes visam usufruir de um conceito já cristalizado ...sim, elas vão parar em dicionarios cujo autor atribui-lhe o novo significado. ...e daí?

Isso é nocivo para a compreensão das idéias. Acredito que deves ter percebido que destaquei que deve-se realçar o significado que se atribui à palavra quando desejamos passar uma informação. Afinal, posso estar dizendo uma coisa e cada um a perceberá diferente. Eu tenho certeza que tal não é bom para as idéias. Apesar de ser um fato,.

...COMO É FATO A IMPOSIçÂO QUE A DECISÃO JUDICIAL SIGNIFICA JUSTIÇA.

E então? ...uma decisão judicial de ultima instancia é justiça??? ...foi feito justiça proferida a decisão final de uma corte suprema???

Então a idéia de justiça se torna um tanto subjetiva, decorrente das "interpretações" das leis (Vide o STF e os levandowiskes ...rs

Quando EXERCITO A PRECAUÇÃO EU O FAÇO COM BASE NUM PRECONCEITO.

Precaução é uma decisão que tomo e não um conceito ou uma convicção.

CONVICÇÃO É UMA CATEGORIA, PRECAUÇÃO É OUTRA.

Precaução é uma decisão com base numa análise qualquer.

CONVICÇÃO é assumir uma certeza particular, contudo estar convicto de algo não é possuir o conhecimento pleno sobre algo, mas ACHAR que possui tal conhecimento.

FÉ é uma CONVICÇÃO, MAS NÃO É UM CONHECIMENTO. Em ciência se pode ter convicções e conhecimento.

Um ateu tem convicção que deus algum existe, tem fé (*) nisso, mas tal conhecimento é impossível.
Eu sou ateu de todos os deuses até o momento inventados. ...Mas daí a afirmar que possuo o conhecimento de que inexiste quaquer tipo de deus é uma tolice lógica. Por mais que eu ACHE que inexiste qualquer deus eu não posso afirma-lo por não poder prova-lo.

O onus da prova é de quem faz uma afirmação. Ora, se afirma algo deve ter conhecimento sobre tal e se tem o conhecimento pode prova-lo. Como provar que algo não existe???

É tolo, o que se pode ter são evidências de que inexiste aquilo que alguém afirma existir, mas afirmar que mesmo o que ainda esta por ser afirmado inexite é um exagero. Podem criar deus aos milhares e uma vez afirmados analisa-lo e perceber que a afirmação nada evidencia e muito menos prova. Aí sim, sou ateu de todos esses deuse porque poderei argumentar contra.

Enfim, as consequências de significados cambiantes estipulados com base em achismos do senso comum não é algo que tenho por util.
Vide a idéia de justiça, será justa a opinião do ultimo tribunal com base em leis arbitrarias que se contradizem ou nada definem, deixando a qq interpretação de um juiz?

Afinal que justiça é essa que depende do juiz: o que um determina como justo pode ser injusto para outro e aí a justiça não é nada, mas a mera opinião de quem detem o poder, a força, para impor sua interpretação ou opinião.


É isso!
O Janer, já que vc o citou, não diferencia moral de ética, e não só ele. Mesmo que se possa conceber uma moral absoluta fundada em principios axiomáticos e não em costumes/tradições ou em vontades divinas. Ou seja, quem assim afirma esta a dizer que a justiça, o certo e errado são dependentes da moral.
...Porra, mas logo o Janer que tanto critica a MORAL dos "cabeça de toalha"???
(continua)

Anônimo disse...



(continuando)
Ele deveria juntar-se aos relativistas culturais que ele critica. Afinal, ele critica com base na moral dele, que ele pelo visto apenas ACHA a correta. Afinal ele nega a idéia de uma moral absoluta dizendo que ética e moral são sinonimos.
...ESSA é A GRANDE MERDA A QUE ME REFIRO!

Como falar de uma moral absoluta para alguém que não admite que tal exista e advoga que toda moral ou ética advem de costumes ou arbitrios???

Nem todos atribuem à ética o mesmo significado que moral. Mas voce, Catellius, vai encontrar em dicionários esta idéia que aprovas. ALguém passa usar as palavras para nublar-lhe o significado, um grupo adota, difunde e isso acaba virando significado dicionarizado. ...E daí?

Continuo defendendo que as palavras devem ter significado rígido, não mutável, (SOBRETUDO SEM AMBIGUIDADE), mas que pelo menos se esclareça o significado com que as entregamos ou haverão interpretações diversas e dificuldade para as idéias.

Forte abraço

Catellius disse...

Caríssimo Mouro,

"...sim, elas vão parar em dicionarios cujo autor atribui-lhe o novo significado. ...e daí?"

Normalmente um dicionário introduz uma acepção nova para uma palavra antiga quando seu uso já está disseminado. No caso dos regionalismos, isto também fica explícito.

"Isso é nocivo para a compreensão das idéias. (...) destaquei que deve-se realçar o significado que se atribui à palavra quando desejamos passar uma informação."

Sim, acho que você, o Tambosi, o Constantino, o Pondé, o Janer, o Reinaldo, o João Coutinho, etc., se fazem entender. Percebem quando há ambiguidade e escolhem um termo mais adequado, nos seus textos. Assim, basta escrever "o STF foi injusto" ou "a justiça brasileira é injusta" para todos entendermos qual é a ideia que se quer passar, ainda que justiça tenha mais de uma acepção. Já um título de post ou de livro do tipo "Em defesa do preconceito" visa chocar em primeiro lugar, porque todos entenderão algo como "morte aos negros" ou "malditos cucarachos" ou "Roma é uma merda", para depois virem com lugares comuns e consensos absolutos, com os quais todos concordam, para darem a impressão, no final, para os parvos, de "nossa, tenho que rever meus conceitos" ou "puxa, então posso ser preconceituoso com a consciência limpa" etc. A ideia é criar uma polêmica besta para atrair a discussão, os holofotes. No entanto, uma bombinha assusta menos em Bagdá do que em Genebra. Esse tipo de brincadeira já se tornou tão comum que nem assusta mais. Qualquer pessoa de bom senso logo identifica o jogo do autor e faz cara de tédio...

"Quando EXERCITO A PRECAUÇÃO EU O FAÇO COM BASE NUM PRECONCEITO."

Se não namoro dentro de carros à noite e coloco cinto de segurança é por confiança na veracidade dos casos que vemos em jornais e contados por familiares e amigos.
Sim, precaução é uma decisão e não um conceito. Antes da preocupação há a análise de probabilidades, medo das consequências, medos diversos. Se, por "precaução", porque ele pode ser bandido, não deixo minha filha namorar um negro, estou tendo preconceito. Tenho mil outros critérios para avaliá-lo, como fala, como é seu português, onde mora, o que estuda, o que faz da vida, etc., e decidir que as probabilidades de ser um bandido é pequena. Então, se a precaução não se justifica, e é contra alvos constantes de preconceitos, a probabilidade de ser preconceito não é pequena. Veja bem, estou usando o uso corrente desde que me conheço por gente. Não é um modo novo de usar a palavra "preconceito". Desafio qualquer um a me mostrar essa palavra usada por um escritor lusófono antigo ou em uma tradução também antiga, e mesmo nos escritores atuais. A palavra não é necessária para outras acepções e também nunca é usada com outra acepção. Então, que diabos é isso de que, por preconceito, decidi não ler no meu Ipad de madrugada na Praça da Sé? Ou “fui à Paris cheio de preconceitos e estava certo. A cidade é o máximo!!!!”. Hahaha! Como diria o Mouro, PQP!!!!!!!!!!!!!!

Catellius disse...

Continuando...

Quanto à assertividade do ateu, isso é apenas retórica. Sim, se aparecer um deus, o ateu estará errado. Como escrevi recentemente em um post, uma teoria fundamentada, que resiste a várias gerações de cientistas, vai, com o tempo, sendo corroborada. Claro que a qualquer momento pode cair por terra, nem que seja parte dela. “Provar” é algo definitivo. A ciência deve ser falseável. Por exemplo, a cada dia que passa vai se corroborando a tese de que paranormais são aldrabões ou gente enganada consigo própria. Se ontem, então, era até razoável crer em telepatia, por falta de estudos e por conta do senso comum e das coincidências, hoje não é nada razoável. A hipótese de deus não é falseável, como a hipótese, que eu lance ao ar, do duende invisível que controla o mundo nos bastidores, com os fantasmas de judeus sionistas, portanto é ridículo eu deixar de afirmar que não existe. Não tenho fé na não existência. Não aceitei o que me falaram, não aceitei uma tese não falseável goela abaixo. Se aparecer um deus, quem garante que não é um E.T. gigante, ou vice-versa? Quando falamos em “deus”, é óbvio que estamos tratando do deus criador onipotente da crença mais ou menos geral. Quando falamos em deuses, falamos dos gregos, indianos, mesopotâmicos. O conceito de deus muda com o tempo e com a geografia, e a existência de um quase sempre pressupõe a não existência dos outros, por conta de seus atributos. Então, sou ateu, não sou agnóstico. Sim, se aparecer na minha frente um deus beeem poderoso, posso mudar de opinião. Mas sei que as chances de isso acontecer não são maiores do que aparecer Gengis Khan aqui no meu escritório nos próximos dez minutos.

“Enfim, as consequências de significados cambiantes estipulados com base em achismos do senso comum não é algo que tenho por util.”

Também acho. Concordo com você. Isso é típico de esquerdistas. Não acho que o uso que damos ao vocábulo “preconceito” foi mudado.

“Nem todos atribuem à ética o mesmo significado que moral. Mas voce, Catellius, vai encontrar em dicionários esta idéia que aprovas. ALguém passa usar as palavras para nublar-lhe o significado, um grupo adota, difunde e isso acaba virando significado dicionarizado. ...E daí?”

Acho que os exegetas, os hermeneutas, os filólogos, devem ser chamados para decifrar textos de culturas mortas, ou muito antigos. Acho difícil um escritor honesto não conseguir se fazer entender por causa da língua e dos vários significados atribuídos a uma mesma palavra. Cada palavra pode ter uma única e imutável acepção. Os desonestos usarão essas palavras imutáveis para confundir. Zenão não “prova” a seus contemporâneos que Aquiles nunca alcançará a tartaruga? Ou que um corpo nunca cai no chão e que o mundo, portanto, é uma ilusão? Não falam em um e três ao mesmo tempo, em pão na aparência, no gosto e ao microscópio, mas carne de um deus na “realidade”? Sim, as mudanças de significado enganam os incautos e o gado, as apelações à etimologia, à origem dos morfemas, mas outros não se deixam enganar. Falácias abundarão mesmo em dicionários imutáveis baseados na etimologia. E os que sabem se expressar não deixam margem de dúvida quanto ao que escrevem. Jonathan Swift e Voltaire, ambos do séc. XVII, não deixam margem para dúvidas mesmo lidos hoje no original. Seus textos podem ser aprofundados, suscitar discussões, mas não precisam de intérpretes.

“Continuo defendendo que as palavras devem ter significado rígido, não mutável...”

E eu defendo que nenhum lixo deva ser jogado no chão e que ninguém roube outrem. Defendo que ninguém espalhe boatos e que ninguém minta ou se valha da ingenuidade alheia para vantagem própria, em prejuízo de outros.

Pode defender quanto quiser isso, nobre Mouro. Isso nunca vai acontecer. Nunca!

Grande abraço

Catellius

Catellius disse...

Ih, faltou a segunda parte do comentário.

Catellius disse...

Continuando (se foi repetido, pode apagar)

Quanto à assertividade do ateu, isso é apenas retórica. Sim, se aparecer um deus, o ateu estará errado. Como escrevi recentemente em um post, uma teoria fundamentada, que resiste a várias gerações de cientistas, vai, com o tempo, sendo corroborada. Claro que a qualquer momento pode cair por terra, nem que seja parte dela. “Provar” é algo definitivo. A ciência deve ser falseável. Por exemplo, a cada dia que passa vai se corroborando a tese de que paranormais são aldrabões ou gente enganada consigo própria. Se ontem, então, era até razoável crer em telepatia, por falta de estudos e por conta do senso comum e das coincidências, hoje não é nada razoável. A hipótese de deus não é falseável, como a hipótese, que eu lance ao ar, do duende invisível que controla o mundo nos bastidores, com os fantasmas de judeus sionistas, portanto é ridículo eu deixar de afirmar que não existe. Não tenho fé na não existência. Não aceitei o que me falaram, não aceitei uma tese não falseável goela abaixo. Se aparecer um deus, quem garante que não é um E.T. gigante, ou vice-versa? Quando falamos em “deus”, é óbvio que estamos tratando do deus criador onipotente da crença mais ou menos geral. Quando falamos em deuses, falamos dos gregos, indianos, mesopotâmicos. O conceito de deus muda com o tempo e com a geografia, e a existência de um quase sempre pressupõe a não existência dos outros, por conta de seus atributos. Então, sou ateu, não sou agnóstico. Sim, se aparecer na minha frente um deus beeem poderoso, posso mudar de opinião. Mas sei que as chances de isso acontecer não são maiores do que aparecer Gengis Khan aqui no meu escritório nos próximos dez minutos.

“Enfim, as consequências de significados cambiantes estipulados com base em achismos do senso comum não é algo que tenho por util.”

Também acho. Concordo com você. Isso é típico de esquerdistas. Não acho que o uso que damos ao vocábulo “preconceito” foi mudado.

“Nem todos atribuem à ética o mesmo significado que moral. Mas voce, Catellius, vai encontrar em dicionários esta idéia que aprovas. ALguém passa usar as palavras para nublar-lhe o significado, um grupo adota, difunde e isso acaba virando significado dicionarizado. ...E daí?”

Acho que os exegetas, os hermeneutas, os filólogos, devem ser chamados para decifrar textos de culturas mortas, ou muito antigos. Acho difícil um escritor honesto não conseguir se fazer entender por causa da língua e dos vários significados atribuídos a uma mesma palavra. Cada palavra pode ter uma única e imutável acepção. Os desonestos usarão essas palavras imutáveis para confundir. Zenão não “prova” a seus contemporâneos que Aquiles nunca alcançará a tartaruga? Ou que um corpo nunca cai no chão e que o mundo, portanto, é uma ilusão? Não falam em um e três ao mesmo tempo, em pão na aparência, no gosto e ao microscópio, mas carne de um deus na “realidade”? Sim, as mudanças de significado enganam os incautos e o gado, as apelações à etimologia, à origem dos morfemas, mas outros não se deixam enganar. Falácias abundarão mesmo em dicionários imutáveis baseados na etimologia. E os que sabem se expressar não deixam margem de dúvida quanto ao que escrevem. Jonathan Swift e Voltaire, ambos do séc. XVII, não deixam margem para dúvidas mesmo lidos hoje no original. Seus textos podem ser aprofundados, suscitar discussões, mas não precisam de intérpretes.

“Continuo defendendo que as palavras devem ter significado rígido, não mutável...”

E eu defendo que nenhum lixo deva ser jogado no chão e que ninguém roube outrem. Defendo que ninguém espalhe boatos e que ninguém minta ou se valha da ingenuidade alheia para vantagem própria, em prejuízo de outros.

Pode defender quanto quiser isso, nobre Mouro. Isso nunca vai acontecer.

Grande abraço

Catellius

Anônimo disse...

Percebeo que não discordamos tanto assim na questão.
Eu sei que nada vai mudar por conta do que tenho por desejável, mas isso não implica em abandonar o que tenho com, até o momento, algum fundamento.

O exemplo Janer é bom para ilustrar o que falo porque ele não concebe a idéia de ética como um absoluto moral, então para ele não existe o certo e errado, mas apenas morais superiores e inferiores (que vai dar praticamente no mesmo) assim admite por conta da palavra. Ou seja é a palavra determinando fatos em vezs do contrário e isso é nocivo. Essa é a minha questão.

Vejamos a palavra "deus", uns o dizem a natureza, uma energia, o amor e etc.. Embusteiros que defendem um deus antropomorfico se aproveitam dos que QUEREM dizer que existe deus mas encabulam-se de dize-lo um ser pensante. É defender uma coisa por outra, isso é comum. Os embusteiros misturam tudo dizendo que tudo é um só, o mesmo. O debate fica terível. Um ateu dirá que a natureza não existe? Claro que não, mas será embrulhado com muita malandragem pelos embusteiros que se valerão da confusão para fazer uma lambança conceitual e aporrinhar quem deseja um debate decente.

Imagine alguem dizendo que quer que o filho tenha vida decente. O que estará dizendo? (vide post do Pondé acima)
Vida decente como confortável ou honesta?
Haja hermeneuta em certas situações de contexto indefinido.

Certamente que voce ainda se verá uma situação onde se lembrarará do que estou tentando esclarecer. Eu mesmo só assim passei a pensar depois muitas experiencias que me levaram a esta tonta preocupação.

Eu NÃO contrataria uma EX PRESIDIARIA (sequetro e assalto) PARA SER FAXINEIRA na minha casa. Isso é um preconceito que me faz ter essa precaução.

Eu não sei se ela vai reincidir ou não, mas terei tal preconceito, mas não tal convicção.

Forte abraço
(entendo o que defendes, mas há situações que desaconselham. Tenho consciencia a impossibilidade, mas isso não impede de expressar o que penso)

Anônimo disse...

A importância das palavras.

A palavra "LEGAL"...
Catellius, voce poderá consultar dicionarios - que nem sempre são idênticos nos significados que apresentam, podendo haver omissões e diferenças. Ou seja, de pronto dicionários não são uniformes (não no sentido somente de vestuário, mas em todos os sentidos ...rsrs).

Vejamos:

1- Leio num dicionário que legal significa legítimo e lícito, bem como bonito/bacana, além de ser conforme a lei ou definido pela lei (entre outros). Eu diria que é algo ASSIM definido pela lei, como o será também o ilegal, fica mais correto já que lei define o ilegal também, segundo o permitido ou proibido.

Se o dicionário esta certo, AÍ ESTA ALGO QUE CONTESTO. O legal não é necessáriamente legitimo, por mais que os dicionários assim o digam.
IMAGINE-SE QUE A LEI ESTABELEÇA A ESCRAVIDÃO DOS LOIROS DE OLHOS AZUIS. Então eu pergunto: será legitima a escravidão estabelecida por lei?
Não! JAMAIS a escravidão arbitrária será legítima! Por mais que os dicionnários o digam. A idéia de legitimo deve prender-se a um conceito absoluto e não a um relativo. Porém há quem defenda que absolutos não existem e/ou que não devam existir.
O Direito não deve ser arbitrado segundo a mera vontade dos poderosos do momento ou arbitrado por faladores subjetivamente.

2- muitos acharão LEGAL andar com uma bela pistola na cintura, como nos filmes de cowboy. Acharão legal, mas de nada a palavra lhes servirá perante um policial ou juiz.

3- muitos poderão achar um belo fuzil M16 cromado uma arma legal. De fato, pode ser muito bonita ou legal, mas não é uma arma legal. ...Poxa, é e não é legal!?! que merda!
Insistir afirmando-a legal, exibindo um dicionário perante um juiz não vai convence-lo. Por mais que esteja no dicionário que pode ser chamada uma arma legal.

Ora direis, tudo depende do contexto. De fato, existem contextos que farão fácil o significado, mas nem todos. Vide a idéia de direito e de legitimo, ou a idéia de moral e de ética. Tente discutir o que é ou deixa de ser direito com interessados em seus variados significados.
Voltando a escravidão legalizada, pode existir os que defenderão o direito de escravizar e os que negarão que tal possa ser direito.
O que se estará fazendo com isso é uma apropriação da intuição/instinto favorável sobre direito para defender uma iniquidade como se tal fosse, em meio às ambiguidades e multiplicidades encontradas em dicionários.
Aceitar absurdos linguisticos somente dificulta a clareza das idéias, permitindo embustes de falsa lógica.

4- Atente para a IGUALDADE entre indivíduos. A idéia de igualdade de uso da PRÓPRIA POTÊNCIA, para agir e reagir, ou a igualdade dos individuos perante o Estado, foi deturpada para igualdade de pretenso usofruto de bens e serviços ou pretensa igualdade material. Assim, o clamor por igualdade de direitos de realizar, anuidos pelo Estado, transformou-se em clamor por igualdade de realizações. Defendendo-se exatamente o contrário através da mesma palavra. Tente debater o direito à igualdade...
...e a liberdade tb dá trabalho, embora todos se digam favoráveis ao direito e à liberdade. Vide os grupos auto titulados "libertadores" favoráveis à "igualdade" e os democratas nas "democracias" populares.
A negligencia com as palavras dificulta o esclarecimento das idéias e os embusteiros se valem disso.

É isso
Forte abraço
(o contexto nem sempre permite ao debate fluir racionalmente, a hermeneutica por vezes falha.)

Anônimo disse...

Quando me referi a namorar no carro num lugar suspeito, me referia a um local do qual NÃO possuia qualquer informação, mas pela APARENCIA do AMBIENTE me fez PRECONCEITUA-LO como perigoso.

Não há como não ter preconceitos.
AS APARENCIAS NOS INDUZEM A PRECONCEITOS.

Um sujeito com determinada aparência nos fará preconceitua-lo pela aparencia, mas não teremos convicções por conta de tal aparencia, apenas preconceito. Da mesma forma não terei convicção quanto a periculosidade de um local, mas um preconceito.

Acho que agora consegui esxpor melhor o que disse.

Forte abraço

Anônimo disse...

Grande Catellius (no sincero sentido de destacado intelectualmente),
o problema é a difusão de preconceito contra o preconceito. Essa é a razão porquê aprovo o título que choca exatamente pelo PRECONCEITO ALIMENTADO no SENSO COMUM. Preconceito contra o preconceito.

Ora, por si o preconceito é um direito do indivíduo. Desde que tal não signifique para o senso comum o mesmo que convicção. Pois como tal pode suscitar agressões e não apenas afastamento.
Uma mulher pode não gostar de baixinhos, acreditando que serão ruins de cama. É um preconceito. Porque terá ela que ser forçada a gostar?

Um sujeito pode não contratar mulheres para sua empresa por considera-las menos produtivas ou dispendiosas por questão da gravidez. É um DIREITO dele não contratar. Isso é discriminação, sim. Ora, os feios são discriminados em certas profissões e mesmo por possiveis parceiros. Oque se deve fazer? ...obrigar a uma conta de feios casando com bonitos, em desfiles de moda, como galãs de filmes e novelas?

Ora, o título é ótimo sobretudo se choca. Pois tudo que choca produz comentarios e debates e através deles se pode mudar o pensamento e DERRUBAR TABÚS tolos.

Claro que preconceito em determinados casos produzirá injustiça. Assim será se for um preconceito transformado em convicção. Acusar um sujeito pela aparência por preconceito e por tal AGIR CONTRA ELE é condenável. Há que se ter em mente que opreconceito suscita dúvida ou seria já uma convicção. Ou seja hÁ QUE SE SABER QUE PRECONCEITO É SÓ PRECONCEITO e não um conhecimento nem mesmo uma convicção.

Só um estúpido afirma que todo rico é safado ou que todo pobre é honesto; ou que todo mestiço ou negro é alguém de má índole. Este tipo de convicção é coisa de imbecis e canalhas. Contudo, contra os ricos ninguém do tal senso comum condena esse preconceito. Essa é mais uma razão para que eu julgue os tal senso comum invocado como uma tolice. NÃO ATRIBUO AUTORIDADE ALGUMA AO SENSO COMUM.
Esse senso comum, invocado como argumento, para mim é de pratica nula. Vide o tal senso comum não dedicar o mesmo sentimento ao preconceito contra os ricos que dedica ao preconceito contra os negros; popr exemplo. Com isso provo que o tal senso comum tem o mesmo valor que um traque, não me serve de parametro para nada.
Senso comum acaba sendo um nivelamento por baixo. É no senso comum que se esconde as empulhações exatamente pela forma irrefletida com que se forma.

Talvez, Catellius, vc só converse com pessoas de nivel intelectual e mesmo cultural mais elevado. Daí tudo parecer mais inteligivel ao senso. Contudo a realidade é bem outra e a massa não admite lá muitas peripércias reflexivas. Acaba aceitando as puiores idiotices com base nas palavras.

É comum o povo, e não só (elites também), dizer que houve justiça ao se punir um assassino. Ora, não houve justiça alguma. Embora a impunidade fosse injusta. Justiça é realizar o que é de direito. O direito à vida de um inocente foi violado e não poderá ser restituído.
Da mesma forma É DO SENSO COMUM repetir papagaiosamente que o condenado que cumpriu pena PAGOU OQUE DEVIA e por tal induzindo que é pessoa de bem. Ora, um sujeito que mata um inocente que nenhum motivo lhe deu para tal JAMAIS PAGA SUA "DIVIDA".
A MORTE DE UM INOCENTE NÃO VALE UNS PUCOS ANOS NUM PRESÍDIO. A morte é definitiva.
Ora se um sujeito imputa a um INOCENTE, que nenhum motivo lhe deu para que fosse ASSASSINADO (por um estranho, ainda), UMA PENA DEFINITIVA, que critério determina que passado alguns anos numa penitenciaria (PENA TEMPORÁRIA) a "divida" do assassino está quitada? que critério de justiça é esse que ainda exige respeito a tal facínora?
...isso é política! ...é embuste assumido pelo senso comum que repete com galhardia tal traque juridico. ...rsrs

Um Abração

Catellius disse...

Caro Mouro,

"Percebeo que não discordamos tanto assim na questão. "

Como sempre, no fim das contas, hehe. Tiremos os detalhes, concordamos no essencial!

Também não sou um relativista moral. Acho que existe o certo e o errado. Não existe certo e errado quando se trata das ações de um indivíduo que não têm implicações nos demais da sociedade, incluindo familiares. Assim, não é errado um parvo passar o dia inteiro se masturbando em uma ilha deserta, ou xingando todos deuses a plenos pulmões, nessa mesma ilha, ou retalhando a própria cara com uma navalha. Certo e errado são dependentes de uma vida social. Sim, mesmo na ilha é errado que esse sujeito saia chutando coelhinhos por chutar.

"Imagine alguem dizendo que quer que o filho tenha vida decente. O que estará dizendo? (vide post do Pondé acima)"

Achei o post do Pondé besta. Gosto de algumas coisas que ele escreve. Mas não raro ele faz a "Brutta Figura". Exagera talvez propositadamente, mas nem por isso deixa de ser histriônico, cheio de bufonarias, como às vezes o Mainardi era. Vejamos isto aqui: "Quase todo mundo prefere um pai ou marido corrupto a um honesto, mas pobre. Para resistir à corrupção, você tem que ser radical, ou religioso, ou moral ou político." Tem que ser religioso? Ha ha ha! Político? Ha ha ha! E temos a falácia da falsa dicotomia. Quase todo mundo deve preferir um pai ou marido honesto e rico. E quase todo mundo deve preferir um pai ou marido honesto e pobre a um desonesto e pobre. E não poucos preferirão ser ricos a qualquer custo.

Acho que não é difícil estudar, trabalhar, subir de vida e ser honesto, nos dias de hoje. O relaxamento moral só existe e é tão generalizado por causa de leis injustas - por causa delas até mesmo as justas passam a ser descumpridas, muitas vezes -, nenhuma fiscalização, penas brandas para crimes graves, impunidade para uma série de crimes, morosidade da justiça, falta de policiamento, tolerância da população para com mendigos, flanelinhas e outros vagabundos (talvez por sentimento de culpa católico).

"Eu NÃO contrataria uma EX PRESIDIARIA (sequetro e assalto) PARA SER FAXINEIRA na minha casa. Isso é um preconceito que me faz ter essa precaução."

Hum... hum... hum... Ok também não deixaria meu filho de 5 anos dormindo na casa do padre... Nunca houve preconceito contra padres, neste aspecto. Só agora, após a enxurrada de escândalos de pedofilia, INFORMADO do que se passa muitas vezes na casa paroquial, é que tenho o cuidado de minimizar as chances de meu filho ser abusado. Preconceito contra padres seria eu ter vontade de cuspir na cara de um que passa na rua e gritar "maldito pedófilo"! Ou fazer isso. No caso da ex presidiária, SABEMOS que bandidos perigosos quase nunca se regeneram na cadeia, ela pode ser ex presidiária negra, branca, gorda, magra, peruana, francesa. É ex presidiária por algo que ela FEZ e poderá fazer novamente. Assim, tento, mais uma vez, minimizar os riscos para meus filhos e minha família. Como colocar o cinto de segurança antes de dirigir. Mas ok! Concordamos, no essencial.

Continua...

Catellius disse...

Finalizando...

"Aceitar absurdos linguisticos somente dificulta a clareza das idéias, permitindo embustes de falsa lógica."

Concordo. Exemplos: Humilde como sinônimo de pobre. O termo também me desagrada. Quem disse que pobre é humilde? Se um rico lhe convida para uma festa e você não vai, ficará chateado se você for seu amigo. Se o pobre lhe convidar para sua casa, lá na PQP, e você não for, ele ficará, provavelmente, ofendidinho, porque é "humirde", e, cheio de brios e de orgulhozinhos bestas, nunca mais chamará você para nada. Outro caso: Quem disse que perdoei o Bill Gates por ele ter vencido um processo que movi contra ele justamente e que me levou à falência? Perdoo por recomendação médica, para não me envenenar com minha própria bílis, com meu ódio. Então, terapeuticamente, "perdoo" aquele poderoso que tanto mal me fez. Ora, para ser humilde tem que se ter motivo para se orgulhar, para se perdoar tem que se ter oportunidade para retaliar. Mas não só as palavras estão deturpadas como a própria ideia que se tem disso. O que eu discordo: acho que a acepção veio depois da ideia deturpada, nesses casos. Talvez a deturpação tenha começado nos próprios Evangelhos...

"Atente para a IGUALDADE entre indivíduos. A idéia de igualdade de uso da PRÓPRIA POTÊNCIA, para agir e reagir, ou a igualdade dos individuos perante o Estado, foi deturpada para igualdade de pretenso usofruto de bens e serviços ou pretensa igualdade material."

Bravo! Direito não significa potência ou obrigação dos outros em garantir o direito. O aleijado tem direito de escalar o Everest. Mas não tem potência. Todos podemos ter o direito de ir para Marte. Só o Bill Gates (de novo ele) terá a potência para ir. O direito de uns à casa própria não deveria implicar no meu dever de lhes ajudar a custeá-la. Eu vivo tranquilamente em um vila e cuido de meu filho único. O vizinho, recém imigrado, tem 10 filhos. E me chega o prefeito obrigando, com uma arma na minha cabeça, a ajudar a sustentá-los. "Ele também tem o direito de ser feliz", me diz. Ora, e o que eu tenho com isso?

"Ora, o título é ótimo sobretudo se choca. Pois tudo que choca produz comentarios e debates e através deles se pode mudar o pensamento e DERRUBAR TABÚS tolos."

Sim, é verdade. Mas me vem à cabeça a fábula do pastorzinho e do lobo, de Esopo. Depois de vários alarmes falsos - títulos bombásticos e chocantes para conteúdo lugar-comum - os que gostam de discutir sobre coisas pertinentes podem não se deixar atrair mais desse modo.

"É comum o povo, e não só (elites também), dizer que houve justiça ao se punir um assassino. Ora, não houve justiça alguma. Embora a impunidade fosse injusta. Justiça é realizar o que é de direito. O direito à vida de um inocente foi violado e não poderá ser restituído."

Aqui vejo apenas retórica. Vejo você usando as várias acepções para a palavra justiça e tentando criar uma confusão que não existe. Consumado o assassinato, o que se deve fazer? Na situação presente, o que é justo fazer? Punir, encarcerar, retaliar, vingar, matar, sei lá - provavelmente todas as alternativas, hehe. Pronto, fizemos o justo em uma situação de assassinato. Nenhum filho que pede por justiça após ver o pai ser vítima de um latrocínio achará, depois do assassino ser preso e mesmo morto, que a vida é justa, que se respira justiça, que não foi uma injustiça seu pai ter sido morto... Ou que estão todos quites. Ele continuará achando que o assassino mereceu morrer e seu pai não mereceu morrer. Come on!!!!

Mas é isso aí!
Forte abraço

Catellius

Anônimo disse...

Parte I
Vamos lá:
O assunto aqui é a alteração de significados adotada pelo senso comum, de forma irrefletida. Isso pode levar a uma conceituação binária de situações sem de fato haver análise das questões.
O USO fraudulento, não apenas metafórico ou exagerado, das palavras não busca realce de análise ou facilitar entendimento pela analogia, NÃO, este uso das palavras VISA ASSOCIAR-LHES SITUAÇÕES PARA PARASITAR O CONCEITO QUE ESTAS SUSCITAM (por análise e conceituação já cristalizada) aderindo-os a situações diversas, mas de interesse do fraudador.

O senso comum geralmente se forma na ignorância e não em análises com conhecimento dos fatos. Ou seja, o senso comum se forma segundo aparências, um tanto intuídas. Por exemplo a palavra ESCRAVIDÃO tem em si o conceito de algo condenável, ruim, injusto, nocivo e etc.. A legislação aproveitou-se disso para afirmar a pratica da escravidão onde efetivamente ela não existe, por mais que a situação seja lamentável não é propriamente escravidão os caso em que assim a LEI determina.

Assim difunde-se a idéia que escravidão se dá qdo individuos trabalham em péssimas condições de trabalho sem "carteira assinada".
O SENSO COMUM, aqui defendido por Catellius como AUTORIDADE PARA DAR SIGNIFICADOS ÀS PALAVRAS facilmente se emprenha (*) com falatório, mesmo que desconexo. Para um sujeito em seu meio de convívio admitir algo por osmose é fácil. Sem nenhuma reflexão sobre as implicações dos significados, cada um assume o significado aparente e forma-se aí o senso comum sem a devida reflexão. Podendo, assim, levar a conceituação de situações pelo conceito de situações diversas definidas pelo significado anterior da palavra.

Vejamos, forma-se o senso comum de que o trabalho "sem carteira assinada" e em péssimas condições CONSTITUI ESCRAVIDÃO. Nos dicionários, alguns pelo menos, se pode ver que algo simples pode ser feito complexo qdo tentam interpretar o senso comum e torna-lo fonte de conhecimento (..essa é de rir mesmo!)
Ora, escravidão é estar sujeito à vontade alheia. Só há escravo se houver um senhor que se apropriou de sua vida, passando então a determinar suas ações através de ameaça de mal maior. Escravidão nada tem com baixa remuneração ou condições precárias de trabalho.
Por exemplo uma mulher vivendo em pleno luxo mas sujeita a vontade de alguém, que não lhe permite recusar a relação, sob pena de lhe causar um dano (castigo, morte e etc.), É EFETIVAMENTE UMA ESCRAVA. Pois que, pela ameça de dano, sujeita-se à vontade de seu senhor. Senhor este que apropriou-se de sua vida arbitrando sobre ela. (não é o luxo que a faz abedecer, mas a ameaça de dano). Ou seja, ESCRAVO é aquele que não é livre para decidir suas relações, estando sempre sujeito à ação alheia independentemente de qualquer acordo espontaneo prévio neste sentido.

A nova lei se vale da palavra "escravidão" visando parasitar o conceito negativo de escravidão e assim tornar-se melhor aceita. É UMA CANALHICE! ...um embuste que o SENSO COMUM, defendido como fonte válida para significados (por vc Catellius), aceita bovinamente. A massa não questiona o que lhe é empurrado goela abaixo, seja por falta de condições, animo, tempo ou mesmo por deficiencia intelectual, esta que admite significados incoerentes que nada definem com precisão, onde tudo pode ser qualquer coisa a qualquer momento, dependente apenas do uso continuo para fazer do falso o verdadeiro (sic!).

Esse é o grande problema do uso imbecilizante das palavras. Não por terem variados significados facilmente perceptiveis no contexto, mas por terem pseudo significados arbitrados confusamente a fim de, muitas vezes, apenas parasitar conceitos já cristalizados nas palavras.
O exemplo da palavra ESCRAVIDÃO é gritante. Com o tempo e a aceitação cada vez mais normalizada pelo senso comum, não me surpreenderá se no futuro o trabalho sem registro legal e baixa remuneração seja induzido ao brilhante senso comum como escravidão, e como tal punido por lei.

Anônimo disse...

Parte II

Qdo me referi ao post do Pondé o fiz devido a referência que este fez à "vida decente".
Aproveitei-me da expressão para exemplificar um duplo sentido FORMALIZADO pelo senso comum com propriedade questionável, conforme o assunto que discutimos.
Só isso, em nada me apoia o post do Pondé. Tão pouco sua opinião sobre o Pondé e seus artigos pertencem a nossa discussão e em nada ela me interessa. Vejo que apenas te utilizas do recurso pretensamente desqualificante, no caso contra o Pondé, como se tal corroborasse com aquilo que estas defendendo. Aliás tenho reparado que tens usado bastante o recurso pretensamente desqualificante, como as afirmações de "isso é retórica". Vejo nisso voce se valendo de tal pífio artificio a fim tentar contagiar outros simios para repetirem irrefletidamente o teu ostensivo desdém pelo que foi exposto.(sic?! q interesse nisso?)

Aliás também percebi confusão em tua pretensa retórica quanto ao que mencionei sobre chamar a mera punição de plena justiça, de modo a ter por resolvilda e quitada uma questão, de assassinato de inocente, através da pena imposta ao facínora. Usaste ainda um recurso deplorável de me fazer imputação falsa e acabou por se emporcalhar. As várias acepções de uma palavra de fato geram confusão e podem ser um recurso efetivamente retórico. POR ISSO MESMO DEFENDO MAIOR RIGOR no uso das palavras, atendo-se a significados perfeitamente INTELIGÍVEIS e não tão vagos e cambiaveis quanto apreendido pelo senso comum (já parece que deploras o uso de inúmeros significados, como se ruins a uma discussão, oh raios! ...hehehe!) - o tal senso comum, que defendes como fonte válida para significados (farei observação mais adiante) nem mesmo consegue ter pleno dominio de um significado, pois que apreende via aparência sem reflexão e conceitua precariamente; é por si preconceuituoso ...mas o defendes como fonte de significados - aí eu digo PQP!!!.

Enfim, acabas numa notável lambança, pretensamente retórica, qdo mencionas o "filho que pede por justiça". Ora, basta ver na TV quantos dizem que "a justiça foi feita" e quantos afirmam que "ele pagou sua dívida com a sociedade" ...Eu considero estas afirmações discutíveis, mas o tal senso comum assim assimila. É COMUM AO SENSO POPULAR AFIRMAR QUE A PENA QUITA A DÍVIDA DO CRIMINOSO COM A SOCIEDADE. Me surpreende que não tenhas captado isso do senso comum.

Anônimo disse...

Parte final (A)


Falemos de preconceito e senso comum, para melhor esclarecer:

Caro Catellius, VC ESCREVE:
*
"Veja bem, estou usando o uso corrente desde que me conheço por gente. Não é um modo novo de usar a palavra "preconceito". (...) A palavra não é necessária para outras acepções e também nunca é usada com outra acepção. (...) Ou “fui à Paris cheio de preconceitos e estava certo. A cidade é o máximo!”. Hahaha! Como diria o Mouro, PQP!"
*
Defendes que a palavra só deva ser usada com sentido desfavorável e, certamente, em sua forma odiosa, segundo comumente se vê. Ual! Tóim! ...ui!

Claramente defendes o significado da palavra apenas segundo o uso que dela se faz como xingamento. DEVENDO-SE ABANDONAR O USO DELA SEGUNDO UM SIGNIFICADO RACIONAL EM QUE SE POSSA IDENTIFICAR SITUAÇÃOES NÃO EXEMPLIFICADAS.

Um xingamento nada significa, mais exprimindo emoção ou desaprovação. Podemos xingar "viado" ao levar uma fechada, sem transmitir qq informação precisa sobre a questão.
O uso que defendes para preconceito é este. ...PQP! é o uso popularizado.
DEFENDES QUE NÃO SE USE O TERMO PARA PRECONCEITO FAVORÁVEL, já que comumente (e deve já ser absolutamente) usado negativamente e assim assimilado pelo senso comum.

Ocorre que através de tal significado "personalizado", ou exemplificado, atribui-se um CONCEITO negativo à palavra (um estúpido preconceito). Nisso irmanam-se todos sob o senso comum em OSTENSIVA CONDENAÇÃO AO PRECONCEITO. ...rs

...Contudo, há não só o desprezado preconceito favorável, mas também o preconceito contra não alardeado pelo politicamente correto; que muitos dos efusivos adversários dos preconceitos costumam praticar sem que o senso comum assim entenda. Afinal, os preconceitos negativos só são expostos para condenação de forma muito particular, ATRAVÉS DE ASSOCIAÇÕES COM FATOS EXEMPLIFICADOS e, desta porca forma, assimilado pelo que forma o simiesco senso comum.

FALO DO PRECONCEITO CONTRA os empresários, os empregadores, os ricos. Sim, há o preconceito que são ganaciosos, exploradores e etc.. Isso reflete-se na justiça trabalhista, pelos preconceituosos.
Ou seja, alguns preconceitos desfavoráveis são odiosos e outros não.
Então, preconceito deve ser APENAS CONTRA e ODIOSO, coforme o uso comum?? ...SE NÃO FOR ODIOSO NÃO MAIS DEVE SE DITO PRECONCEITO?. É um método brilhante de dar significados às palavras. ...PQP!!!
Por este método o preconceito contra os ricos não mais deveria ser considerado preconceito, a tal se poderia dar outro nome ...rsrs PQP! é ao que induzes a se crer.

(continua)

Anônimo disse...

(continuando)
Parte final (B)

ESCREVES ESTA ABSOLUTA MERDA:
*
"Preconceito contra padres seria eu ter vontade de cuspir na cara de um que passa na rua e gritar "maldito pedófilo"!"
*

No trecho ONDE ESCREVES ESTA MONUMENTAL ASNEIRA VC DÁ A ENTENDER que não contratar uma ex-presidiária(como citei, por precaução, lógico!) não seria preconceito.
Abusas das asneiras, negas fatos e o próprio senso comum que defendes por método.
1000xPQP!
Voltas sutilmente com a asneira inicial sobre precaução x preconceito.

Preconceito não tem relação necessária com ATAQUE FISÍCO. Fico encabulado de ter que te dizer isso, mas diante dos fatos, é já obrigação.

ATENTE PARA A MERDA QUE DISSESTE! Por ela diriamos que só tem preconceito contra negros aqueles que sentem vontade de os xingar e atacar. ...que asneira!
Quem não contrata um negro por prejulga-lo menos habilitado, devido a cor, não é preconceituoso por não odia-lo??

Afirmação exótica "Nunca houve preconceito contra padres, neste aspecto" referindo-se ao teu atual preconceito contra padres. Agora preconceito depende do aspecto?? Em que importa essa afirmação no contexto?

Fazes muita lambança em tua devoção ao senso comum.
Preconceituar uma ex-presidiária como uma ameaça e discrimina-la, é diferente de meramente discriminar uma feia para ser secretária.
Ao senso comum, discriminar as feias ou preterir uma feia por ser feia decorre de preconceito. Ao senso comum vai por aí ...rsrs
...E nisso nada mais vai sobrar da idéia de preconceito ou conceituação irrefletida.
O sujeito discrimina não por achar q a feia é incompetente ou uma ameaça, mas por ser feia, é da preferência dele a beleza, mesmo q acredite ser a feia competente.

Ai ai ...eu tentei, até fiz vista grossa, mas tenho sangue...

Catellius disse...

Caro Mouro nervoso,

Primeiro, concordo que gente safada adota eufemismos, parasitam conceitos para justificar safadezas, como com liberdade, direito, legal, democracia (quantos países comunistas não eram "democracias"?), etc. Na maioria das vezes, essas palavras não perdem o sentido original e é fácil desmascarar os enganadores para pessoas com o mínimo de inteligência. Já tentar alertar o ignorante, normalmente o alvo do engodo, é um pouco mais difícil.

Bom, não sei em que país eu estou vivendo. Quando ouço "escravidão", vejo o termo associado também a cerceamento de liberdade, como ter carteira de trabalho retida, o salário que não cobre os gastos compulsórios na vendinha do "patrão", o aluguel da casinha cujo proprietário é o "patrão" e o empréstimo com juros para o transporte de seu estado até o local de trabalho. E quando ele não pode abandonar o trabalho porque está devendo. Não tenho visto o termo "escravidão" usado apenas para péssimas condições de trabalho. Mas, mais uma vez, posso estar enganado. "Escravidão" é uma palavra que nunca perderá seu significado original, então será fácil desmascarar empulhadores.

Tudo bem, foi um exemplo.

"O SENSO COMUM, aqui defendido por Catellius como AUTORIDADE PARA DAR SIGNIFICADOS ÀS PALAVRAS facilmente se emprenha (*) com falatório, mesmo que desconexo."

Gaúcho, para o Janer, é apenas quem usa bombacha desde criança no interior do RS, do Uruguai e Argentina, que lida com gado e fazenda. Ele discorda do gentílico para quem nasce no Rio Grande do Sul. O Janer compreenderá quando um porto-alegrense disser "sou gaúcho", na mesa ao lado, num restaurante. Mas o Janer diria "é rio-grandense", provavelmente. Não tem nada a ver esse negócio que "vejo autoridade no senso comum". Pfff! Eu acho que quando determinado sentido de uma palavra é o predominante, praticamente generalizado, empregado por pessoas de diferentes posições políticas, diferentes classes sociais, diferentes países (a palavra equivalente) e raramente usada no sentido original ou etimológico, a necessidade de comunicação pede que se faça um aposto ou se evidencie o sentido inusual que se pretende empregar. É o caso de PRECONCEITO. Ou "prejudice" em inglês, por exemplo. Não faz muito sentido eu dizer que fulano tinha preconceito de que sicrano seria competente porque era alto, mas viu que era péssimo funcionário. Soaria esquisito até para você, para o Constantino e para Theodore Dalrymple, do post. Provavelmente todos nós diríamos, porque nossa intenção é comunicar com o mínimo de palavras possível: "ele foi com sua cara, só porque era alto, achou que era bom profissional e se deu mal" ou algo do gênero.

É lógico que no que diz respeito a palavras cujo significado original ainda pode ser empregado sem estranheza, devemos tentar preservar seu sentido contra o senso comum, e contra a tentativa de contaminá-lo por parte dos safados de plantão. Principalmente palavras como justiça, liberdade, legitimidade, legalidade, direito, tolerância, dever, etc. Por mais que os safados tentem deturpá-las, já foram empregadas de modo correto por tantos luminares através dos séculos e por tantas pessoas nos dias atuais que sempre poderemos apelar para seu significado original e desmascará-los. O povão e o senso comum acrescentarão as novas acepções aos dicionários, é claro. Fazer o quê? Confira eu autoridade a eles ou não.

Quanto ao Pondé, peço desculpas. Entendi o que você quis dizer e concordei. Minha intenção foi fazer um "aliás", um "a propósito" realmente fora do contexto. Imaginei-me conversando displicentemente, não redigindo argumentações cristalinas, sem gorduras. E não imaginei que houvesse plateia de símios, ha ha ha, apenas eu e o você e, talvez, o Rodrigo, porque é um post antigo fora da página principal e ninguém mais está escrevendo ou participando da discussão.

continua...

Catellius disse...

finalizando...

"...o tal senso comum, que defendes como fonte válida para significados..."

Refiro-me a vocábulos que não são mais usados em outro sentido, ou no sentido original. "Senso comum" não seria o correto mas "uso generalizado e praticamente exclusivo". Mais uma vez: "Idiota". Por séculos a palavra foi empregada para "ensimesmado", alguém perdido em seu próprio mundo - o radical é o mesmo de idiossincrasia. Não interessa se eu confiro autoridade ou não aos autores da nova e corrente acepção. Não defendo que o senso comum seja a fonte de significados. Aceito quando não tem mais jeito. E você também. Você se verá obrigado a dar umas voltas para se fazer entender, mas não usará pura e simplesmente uma palavra que quase todos lerão de um jeito, querendo com ela dizer algo diverso, simplesmente porque sua intenção é se fazer entender.

"... e quantos afirmam que 'ele pagou sua dívida com a sociedade'..." "É COMUM AO SENSO POPULAR AFIRMAR QUE A PENA QUITA A DÍVIDA DO CRIMINOSO COM A SOCIEDADE."

Acho errado dizer que "ele pagou sua dívida com a sociedade". Mas não estou vendo nenhuma palavra mal empregada aí. Vejo apenas um disparate. "Roubou porque era pobre": é um disparate que denota um senso comum estúpido. Mas não vejo aí nenhuma palavra mal empregada... Eu não disse que o senso comum está sempre certo. Nem tenho como listar aqui a quantidade quase infinita de disparates típicos do senso comum. Desde crendices, superstições até preconceitos contra ricos - como você escreveu.

"Defendes que a palavra só deva ser usada com sentido desfavorável (preconceito) e, certamente, em sua forma odiosa, segundo comumente se vê. Ual! Tóim! ...ui!"

Apesar de existir o sentido de preconceito favorável, ele quase nunca é empregado. Peço que você me envie 1 link para um texto em que a palavra "preconceito" seja usada com sentido favorável - alguém que fuja ao senso comum (você tem preconceito contra o senso comum? pois às vezes ele está certo, hehe) - um texto que não trate sobre o significado da palavra ou sobre o livro desse Theodore Dalrymple. Ok? Pode ser em qualquer idioma. Prejudice, Vorurteil, Prejuicio, etc. Eu mostrarei uns 10 milhões escritos no sentido desfavorável.

"FALO DO PRECONCEITO CONTRA os empresários, os empregadores, os ricos. Sim, há o preconceito que são ganaciosos, exploradores e etc.. Isso reflete-se na justiça trabalhista, pelos preconceituosos."

Mas é lógico que isso é preconceito. E é um preconceito desfavorável. Desfavorável ao objeto do preconceito: o rico. Mas então eu não me fiz entender, se você realmente acha que eu não julgo ser preconceito do pobre contra o rico achar que ele é ladrão ou sempre tem alguma culpa no cartório.

"Preconceito não tem relação necessária com ATAQUE FISÍCO."

É óbvio que não. Eu escrevi "ter VONTADE de cuspir" (porque pedofilia é grave). O exemplo poderia ser outro, obviamente, como não contratar um negro por achar que ele seja incompetente.

Mas é isso aí
Forte abraço

Catellius

Catellius disse...

Meu caro Mouro pedófilo, um pouco de obediência! Sei que você é quase sempre ortodoxo e seus dogmas são muitas vezes fruto da etimologia, embora às vezes tenha argumentos imbecis. Para levar a cabo essa sua forte concupiscência, para a opinião católica não imperar nos dicionários, precisamos que você seja o demagogo que mantenha as palavras sem pessoas que escondem seu significado radical, mantenha-as também longe dos modismos bárbaros, ponha um lápis sobre esse problema! Pelo menos um escrúpulo!!!

(Horrível escrever do Ipad)

Pedófilo - amigo das crianças
Obediência - escutar com seriedade
Ortodoxo - que tem a opinião correta
Dogmas - opiniões
Etimologia - estudo da verdade
Imbecis - fracos
Concupiscência - forte desejo
Católica - universal
Demagogo - condutor do povo
Pessoas - máscaras
Bárbaros - estrangeiros
Lápis - pedra
Escrúpulo - pedrinha

Hahahahahahahahahahaha

Antes de me mandar para aquele lugar, saiba que lhe tenho em alta consideração e tenho o preconceito (haha) de que você sempre tem alguma (ou toda) razão, por isso tendo a rever minhas opiniões sempre após conversar com você. Por exemplo: hoje falo por aí que somos escravos do governo. Não é que aquelas centenas de comentários no Pugnacitas há tantos anos serviram para alguma coisa?

Abraços

Catellius disse...

"Ideologia NÃO É UMA VISÃO DE MUNDO. Ideologia é um estudo que forma um conjunto de idéias para atingir um fim. Não fosse assim e seria FILOSOFIA."

Mas bah! E Brahms não é música clássica, é romântica. Clássicos são Mozart, Haydn e Gluck, ou melhor, uma música feita na Roma antiga, talvez. E as músicas do Roberto Carlos não são românticas, porque não são do período do romantismo, do séc. XIX. Não posso, tampouco, dizer que determinada metodologia está errada, porque ainda se está estudando, afinal "metodologia" significa, para os parvus etimologicus, "estudo do método".

Putz, mas todas as vezes que o próprio Mouro usou a palavra ideologia empregou o sentido que ele tão veemente acabou de combater. Pequenos exemplos:

"Os 'santos' e 'humanistas' não se importam com as vítimas inocentes, pois importar-se com elas até os 'bárbaros' se importam, então, ideologicamente, 'não há mérito nisso'. O mérito ideológico está em 'amar os inimigos', em 'dar a outra face' e proteger o mal para que ele prospere."

"Se indivíduos são capazes de forjar cicatrizes em si e até rasgar o lábio para nele introduzir um disco de madeira, mais fácil é exibir adoção de ideologia redentora, de benevolência, santidade e qualquer coisa que os valorize num meio, sobretudo se triunfante, gabola."

"Lamentável que seja, a discrição e a imobilidade contra os canalhas é tudo o que eles precisam para prosperar, pois que as massas vivem atrás de 'valores' consensuais exibidos com estardalhaço, transitando alegremente entre morais ou ideologias que os ofereçam, por mais inverossímeis e contraditórias que se apresentem."

"Ou seja, aqueles que não exibem um objetivo moral triunfante (ideologia) que os represente como 'algo superior' e redentor, não atraem as massas. Daí que a liberdade deve ser defendida sobretudo como um objetivo moral, um fim, e não apenas como o meio de progresso material."

Mas bah!

E preconceito?

"Preconceito" aparece em textos deste blog 114 vezes, 18 das quais neste post - portanto não contam. Em 96 vezes (não analisei todas, mas peguei umas amostras) a palavra aparece no sentido do senso comum. Muitas vezes sozinha: "é puro preconceito" e até numa citação de Einstein "É mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo.”

Você está querendo banir a faca (mudanças de significado, que, como você escreveu, SEMPRE acontecerão apesar de seus desejos) porque os assassinos as usam para matar. Eles querem matar e têm oportunidade, vítimas incautas e sede de sangue. Matarão até com um pau.

Bom, como diria o Mouro, para simulacros de contestação: CUISP! PQP!!!! etc. E com humor saindo da boca! No sentido original, de algum líquido orgânico, ha ha ha ha!


Hasta la vista!

Catellius disse...

Pérola das pérolas:

"O preconceito é absolutamente racional."

Axioma simples, cristalino, que não dá margem para dúvidas!

O preconceito É absolutamente (não tem peias nem restrições) racional (é fundado no raciocínio, opõe-se ao empírico e aos tais instintos...).

Bravo!!!!

"Uma lebre que ve o mato mexer-se não pode esoperar para saber se é ou não um predador, melhor fugir logo."

Caramba, que lebre preconceituosa, está a usar a razão, ho ho! Nada de instinto! Tão racional quanto o Mouro! Mas antropomorfizemos a lebre. Quando levamos um susto e fugimos é talvez por preconceito, ho ho ho!

Mas bah! Se eu não o conhecesse, diria que é pacóvio no úrtimo! Mas vamos dar um desconto... Continuo tendo-o em alta conta!

JOGO A TOALHA!!!