Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Centenas de pessoas fizeram uma passeata domingo na praia de Copacabana contra a limitação imposta pela lei eleitoral que proíbe sátiras a candidatos durante a campanha. A lei, de 1997, proíbe que "emissoras de rádio e TV usem trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação". Como se os políticos precisassem do auxílio dos humoristas para serem ridicularizados!
Sempre encarei o trabalho dos humoristas no Brasil de forma ambígua: se por um lado há farta matéria-prima, por outro lado a concorrência é desleal, uma vez que Brasília já é um grande circo. Esse é o país da piada pronta. Mas isso não vem ao caso. O importante é que a censura ao humor, mesmo do tipo mais esculachado possível, denota um autoritarismo absurdo. Não é coincidência que os revolucionários comunistas nunca tenham demonstrado aptidão ao riso. Ou então os “moralistas” hipócritas da igreja medieval retratados por Umberto Eco em “O Nome da Rosa”. Sempre desconfio de quem não é capaz de rir de si mesmo de vez em quando.
Ditaduras não aceitam piadas sobre seus líderes, justamente pelo poder deste importante mecanismo numa sociedade aberta. Quando uma “democracia” apela para o mesmo instrumento de censura, há algo de muito podre acontecendo. O comediante Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta, que fazia humor durante o regime militar, afirmou que hoje é ainda mais difícil ser humorista, pois a censura não é explícita. Os políticos usam o poder do estado para intimidar rádios e TVs, e o autoritarismo velado pode ser ainda mais complicado do que o escancarado.
Henri Bergson, em seu ensaio sobre a comicidade, afirma que o riso, pelo medo que inspira, mantém constantemente vigilantes certas atividades que correriam o risco de adormecer; ele “flexibiliza tudo o que pode restar de rigidez mecânica na superfície do corpo social”. Neste sentido, o riso persegue “um objetivo útil de aperfeiçoamento geral”, ele é uma espécie de “trote social”. A censura ao humor é uma grande palhaçada. Mas trata-se de uma piada de mau gosto.
8 comentários:
Interessante: lembro-me muito bem dos idos 1978/1979 quando o regime militar aceitava piadas, principalmente no que se referia a eleição indireta que "elegeu" o general Figueiredo. Era o tempo do Planeta dos Homens da Globo. Abraço Rodrigo.
Vivemos numa ditadura PACTUADA. Não existe oposição, ao contrário da dita "DITADURA"... Lá havia existencia de muita OPOSIÇÃO, o que denotava mais democracia ...
Piada mesmo foi ler que a festa de aniversário da neta do Lula (o pai dos póbres) custou cerca de R$ 120.000,00, AI EU ME PERGUNTO: a filha e o genro de Lula dizem que são assaláriados, então quem pagou o rega bofe?
Piada mesmo foi assistir ao Lula mentir descaradamente dizendo que o Brasil não deve mais nada de sua divida externa, o Brasil pagou 5 bilhões de dólares ao FMI e deve outros 230 bilhões a outros bancos!
Proíbe que humoristas façam piada. Em contra partida o Tiririca pode fazer piada a vontade no horário eleitoral. E é agente que paga. Rsrsrsr. Dale Brasil...
Se há 10 anos alguem me falasse que o Lula ia abraçar o Sarney, Collor, Renan Calheiros, Paulo Maluf e etc..., eu diria que é uma piada, hoje infelizmente parece mais um pesadelo !
A liberdade de expressão nesse país está constantemente ameaçada, de grão em grão a galinha vai enchendo o papo, nesse ritmo logo estaremos sobre completa tutela do estado e vivendo somente ao seu serviço.
E sem direito de rir.
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