sexta-feira, agosto 06, 2010

Liberais, Uni-vos!



Rodrigo Constantino

O Brasil não possui um partido liberal. Eis o primeiro fato que deve ser constatado. O que fazer para resolver este problema, para criar uma alternativa viável ao monopólio esquerdista que temos hoje? Aqui já nascem as primeiras divergências entre os liberais. Cada um acredita num meio diferente para o mesmo fim: viver num país com muito mais liberdade individual, sem tanta intervenção estatal em nossas vidas. Mas, como?

Alguns preferem um partido mais moderado, que prega a descentralização do poder de forma bem pragmática; é o caso dos federalistas. Outros acham que uma postura mais ideológica se faz necessária; é o caso dos libertários. Existem, ainda, aqueles que não confiam na via política para mudanças, preferindo atuar apenas por meio de “think tanks”. Eu dou meio apoio a todos eles! A luta é tão desigual, e estamos tão longe do liberalismo, que todo esforço nesse sentido é louvável e deve ser incentivado.

Infelizmente, os liberais sabem ser muito desorganizados algumas vezes, e até segregados demais. Isso pode dificultar os trabalhos. Por outro lado, acreditamos na divisão de trabalho, nas vantagens comparativas e na livre concorrência. Logo, não há razão para pensar que os liberais deveriam criar algo monolítico, que reunisse todos numa única agregação. A competição entre os diferentes meios é absolutamente saudável. O que não é nada saudável é ficar arrumando motivo bobo para criar brigas desnecessárias internas. Já somos tão poucos nesse país!

Mas foi justamente o que aconteceu recentemente com os libertários, principalmente anarco-capitalistas de um lado e minarquistas do outro. Faço mea culpa, por reconhecer que o recado que tentei levar aos libertários, que vai em seguida, não foi passado da melhor forma possível. Faltou, talvez, mais paciência ou sabedoria de minha parte, para lidar com os problemas que vi – e vejo – em alguns libertários. E qual seria esse recado? Basicamente, que a postura de alguns tem que mudar, para o bem da causa liberal. E qual postura seria essa? A postura dogmática de alguns, intolerante com quaisquer divergências, arrogante ao extremo, e até mesmo infantil.

Conforme escrevi no meu artigo sobre o assunto, esta não é a postura adequada para quem deseja realmente criar uma alternativa viável para o liberalismo. Ela simplesmente afasta as pessoas mais sérias. Escrevi alguns artigos tentando expor meus pontos, todos batendo mais ou menos nessa mesma tecla. Falei do simplismo de alguns, do excesso de romantismo juvenil e do radicalismo típico das seitas fechadas. Diogo Costa, do OrdemLivre, também escreveu um artigo apontando as falhas que ele enxerga na postura de alguns libertários. As críticas são construtivas, e merecem reflexão. Sem que o Diogo soubesse, eu tinha usado a mesma fonte para analisar o fenômeno: o “narcisismo das pequenas diferenças” freudiano.

Um funcionário de classe média tende a ficar mais ressentido com a promoção do colega ao lado do que com o bônus milionário do CEO da empresa. O vizinho se incomoda mais com o carro um pouco mais novo ao lado do que com a Ferrari distante do chefe. Os católicos brigam mais com os protestantes do que com os budistas. Os trotskistas e os marxistas digladiam-se entre si mais do que com adversários como os liberais. Enfim, parece briga de território às vezes. Disputam as mesmas almas. Os anarco-capitalistas e os minarquistas lutam para conquistar o mesmo tipo de seguidor, aqueles que detestam o excesso de governo, o coletivismo, o dirigismo estatal.

Acabam, muitas vezes, se bicando por detalhes abstratos e insignificantes, extremamente distantes da nossa realidade. Falta um pouco mais de bom senso, talvez, de união contra os verdadeiros inimigos comuns, que estão vencendo o jogo com facilidade. Enquanto alguns anarco-capitalistas atacam o fato de os minarquistas aceitarem poucas funções básicas para o estado, este se torna cada vez mais um Leviatã assustador, que toma metade de nossa renda e controla nossas vidas nos mínimos detalhes. Falta senso de proporção nesse combate pela liberdade, ou então os resultados concretos não interessam, mas sim uma sensação particular de regozijo por abraçar uma cruzada moral, como o único defensor verdadeiro da liberdade.

Se os liberais de todos os tipos desejam realmente viver num país com mais liberdade, então será preciso deixar essas pequenas diferenças de lado, vencer o narcisismo, e mergulhar nos pontos de convergência, respeitando as diferenças. Liberais do país inteiro, uni-vos!

PS: Gostaria apenas de destacar novamente que minha grande decepção nesta novela toda não foi com o partido Liber em si, mas com alguns membros que vi na comunidade do Orkut, que nem pertence ao partido. Passei a conhecer melhor alguns membros importantes dentro do Liber, e pude notar que a postura deles é bem diferente, bem mais madura e moderada. Infelizmente, a comunidade do Orkut, sob o comando das pessoas erradas, acaba servindo como vitrine do partido, e muitos saem com o mesmo tipo de decepção que eu saí (na verdade, fui expulso). Ainda tenho esperanças no Liber como um dos meios importantes nessa luta pela liberdade. Será preciso “domar as feras” internamente, e manter o respeito à pluralidade.

14 comentários:

oneide teixeira disse...

"pois acho que os liberais são tão poucos no país"engano seu são muitos apenas não sabem,todo individuo que vive,trabalha e se desenvolve sem a ajuda estatal pode se dizer ja e um liberal inativo so acordar-lo.
Eu nunca acho esta comunidade do orkut do liber não aparece facil pelo memos nos mecanismos de busca,o site eu ja vi mais e pouca informação la.
Tem que fazer uma agenda minima,conseguir financiamento,etc
Pra começo não adianta retorica pra quem ja e liberal tem que e retirar gente da esquerda que estão la(nem que eu tenha que ir de casa em casa bom dia eu sou do partido.....).

ntsr disse...

Se os ancaps não convencem nem quem já quer um governo menor como é que vão convencer as massas esquerdistas?

Unknown disse...

UNIR-VOS E VAMOS RELETIR SOBRE OS CONSTRASTES MAS NÃO VAMOS ESQUECER TODOS QUEREMOS MAIS LIBERDADE.

Anônimo disse...

Consta, sou ancap mas precisamos também da voz minarca dentro do Liber! Seja bem vindo, junte-se a nós!

ntsr disse...

Pra achar no orkut procure por libertários + liber

Corruptocracia: Roubar é poder! disse...

Apoiar um partido político é muito parecido com ter uma religião. Você se propõe a odiar todas as outras, só porque decidiu acreditar numa mentira. E fica impedido de admirar as pessoas positivas que porventura estejam em outros partidos.

Sabe quem tem razões sensatas para apoiar partidos políticos? Os que pretendem influir no governo para roubar o estado. Só estes têm motivos para apoiar partidos. E são motivos desonestos. As grandes corporações não apoiam um único partido. Distribuem suas contribuições proporcionalmente entre os que estão concorrendo. E num país envolvido por um quadro de corrupção tão grave, tão profundo, como o Brasil, os critérios de escolha não são a ideologia ou o programa partidário. Óbvio que não são. Numa cultura de imediatismo vândalo e roubalheira ansiosa como temos neste Brasil contemporâneo, o critério de escolha de donativos para campanha é a probabilidade de retorno rápido do capital investido, na forma de licitações fraudulentas, contratos de compadrio ou roubo puro e simples de dinheiro, diretamente na prensa da casa da moeda - o que também deve estar ocorrendo.

Lukas Batista disse...

Se a direita é antiesquerdista radical, mas então por que els apóiam esquerdistas.........
Aos que não sabem, Serra e FHC, são de Esquerda!!!!!!!!!!!!!!!

Acorda diretona, vocês não tem representatividade no Brasil!!!!!!!!

fejuncor disse...

O que é direita e o que é esquerda, companheiro? É a posição em que o corrupto fica em relação ao Daniel Dantas?

ntsr disse...

Agora FHC é esquerda? Antigamente vcs eram os primeiros a falar que ele era o demônio 'neoliberal'
O negócio é desistir de cobrar coerência da esquerda.

Unknown disse...

Rodrigo, qual sua opinião sobre o Partido Federalista?

Rodrigo Constantino disse...

Conforme diz o próprio artigo, o Partido Federalista conta com meu apoio. Acho uma alternativa válida para lutar pela descentralização do poder estatal.

ntsr disse...

Todo partido devia começar saindo de cima do muro e deixando bem claro o que ele defende, isso evitaría esses atritos entre ancaps e minarcos pq quem não concordasse nem entraría

Abel Aquino disse...

Cadê os Liberais?

Abel Aquino

Tenho lido seus últimos escritos com muito interesse, pois levantam questões que também perambulam por minha mente. Falo principalmente da questão do movimento liberal, libertário, da possível fundação de um partido capaz de ser o contraponto ao domínio esquerdista.
Também visitei o Orkut e o site do Líber e cheguei a participar de pequenas reuniões com seus membros, aqui de São Paulo. Confesso que não fiquei animado pelo que vi, embora não possa dizer que estão equivocados ou tenham escolhido um caminho que não leva a lugar nenhum.
O problema que se desenha na minha mente é quase o mesmo que você expressou com propriedade. Um partido liberal ou libertário - num país cujo povo idolatra o estado e dele espera tudo e cobra tudo – jamais poderia ser radical ou extremista. A visão estatista é quase unanimidade nesse velho Brasil e, atacar isso com bandeiras opostas e evangelhos simplistas, só acentua a insignificância da representatividade liberal em nosso meio.
Por outro lado fica a premente necessidade de deslanchar um movimento que aglutine, de alguma forma, os poucos indivíduos que se opõem ao totalitarismo esquerdista do momento.
O primeiro passo - pelo qual eu me proponho a dar toda contribuição possível - é o de conectar a maioria dos anti-esquerdistas de todas as vertentes, sem preocupação com diferenças doutrinarias ou metodológicas, isso num primeiro momento. Em seguida, estabelecer um sério trabalho de formação de novos anti-esquerdistas, um serviço de formiguinha, de contato com gente ainda não deformada pelo evangelho socialista. Mas o que vejo é muito conversa e pouca ação. Não suporto mais debates internos sobre minarquia, demarquia, abolição disso ou daquilo. Não há saco que agüenta essas coisas.

O que importa é quantas pessoas nós conquistamos para o movimento.

Sem mudança de mentalidade, qualquer partido que queira conquistar o poder será obrigado a prometer mais e mais estado para o povo e não uma doutrina liberal de auto-governo, de estado mínimo.
Propus uma meta para mim mesmo: conquistar todo mês mais um cidadão para a nossa causa. Essa é a minha contribuição.

coisapolemica.blogspot.com

Anônimo disse...

Já passou da hora. Precisamos nos mover. Quais as medidas práticas a serem tomadas? Precisamos nos encontrar, nos organizar. Abram os canais. Sou voluntário a dar uma contribuição.
Flavio Santos. Rio de Janeiro-RJ