sexta-feira, outubro 01, 2010

Debate enfadonho



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

A única reação possível para alguém com tendências liberais ao debate de ontem na TV Globo foi o desânimo. Um verdadeiro show de horrores. A presença de uma peça de museu como Plínio, do PSOL, já prova como a mentalidade no Brasil está atrasada. O simples fato de idéias tão estapafúrdias terem espaço demonstra como estamos longe de um debate razoável na política. Plínio faz com que os demais candidatos pareçam moderados e até “neoliberais”, o que é assustador para um verdadeiro liberal.

O candidato assumidamente socialista (os outros não assumem) tem o maior patrimônio declarado dos quatro, acima de R$ 2 milhões (incluindo conta em banco americano e em hedge fund). No Brasil isso seria considerado fortuna. Não obstante, o discurso de Plínio prega o calote da dívida externa, que sequer existe mais, e a taxação de fortunas. Quanta demagogia! Já a petista Dilma, “acusada” de defender privatizações, partiu para a defesa, alegando que o governo Lula fez o contrário: aumentou as estatais. É verdade, infelizmente. O simples fato de que ela precisa se livrar da imagem de ‘privatista’ comprova como o cenário político nacional está dominado pela esquerda.

O debate foi cansativo, arrastado, sem foco nas propostas importantes. Um verdadeiro leilão de promessas vazias, sem que os candidatos expliquem como pretendem realizá-las. O discurso do Serra é burocrático e populista. Fala em mais salário mínimo, mais órgãos estatais, aumento do INSS. Marina tem o melhor discurso, mas não chega a convencer também. O melhor momento foi mesmo o ato falho de Dilma, ao afirmar que o PT registra todas as doações oficiais no TSE. E aquelas não oficiais, por fora? Arrancou risos da platéia quando se deu conta do deslize e enfatizou que todas as doações são oficiais.

O debate me fez lembrar o conto “A Palerma”, do russo Tchékhov. O patrão chama a governanta para acertar as contas, e começa a distorcer claramente os dados, enganando-a de forma escancarada. No final, quando ela pensa que vai levar apenas uma fração do que tem direito, a pobre moça ainda agradece! Revoltado, o patrão questiona o motivo desta postura, uma vez que ela estava sendo visivelmente roubada. Ele pergunta: “Mas é possível ser assim tão pateta? Por que a senhora não protesta? Por que fica calada? Será que neste mundo é possível não ser atrevido? É possível ser tão palerma?” E, quando ele vê no rosto dela que sim, é possível, ele pensa: “Como é fácil ser poderoso neste mundo!”

8 comentários:

Anônimo disse...

Achei que a marina foi tão ruim quanto o Serra. Tenho até dificuldades em dizer quem é o menos pior dos três. Marina repetia a mesma solução dos outros: Mais Estado. Vou invesitr mais em educação, saúde, segurança, emprego.... Tudo proveniente do fruto da ação bondosa do PV no Estado. De onde vai sair todo os recursos? Não se sabe. Mas se for eleita, ela dará um jeito em tudo através da vontade política que possui. Não consigo nem ficar desapontado com os candidatos já que são um reflexo do que a população espera. Se um candidato liberal fosse disputar essa eleição, seria mais impopular que o próprio Plínio que consegue pelo menos conquistar as mentes de adolescentes que tão votando pela primeira vez.

ntsr disse...

'calote da dívida externa, que sequer existe mais, '

E é? Já me falaram que o lula tinha pago só uma parcela

André Barros Leal disse...

Rodrigo,

Para mim, o debata foi decisivo. Agora eu não voto mais nesse imbecil do Serra. O meu voto vai para Marina Silva.

Como é que esse idiota não tem a capacidade de parar de fazer promessas e não começa a bater na Dilma. A mulher não parou de dar munição para surra e NADA!

Não posso votar num sujeito que propoe CRIAR uma defesa civil federal.

Pelo menos já convenci dois a mudarem o voto da Dilma. Dever de casa feito

amauri disse...

Transcrevo o que disse Reinaldo Azevedo sobre a Marina no debate, por que tive uma opinião parecida e não saberia sintetizar como ele: Marina quer a economia do século 21 — este em que estamos, diga-se — e fala da educação de jovens (ontem, ela esqueceu de falar dos “novos materiais”…). Habitação? Marina acha que é preciso fazer casas, mas ataca quem fala em metas porque diz que é “promessômetro”. Segurança? Marina quer uma vida mais segura, digna e feliz, com um novo entendimento sobre a segurança… Mas qual?

Eu realmente fico fascinado com aqueles que dizem entender o que ela fala e que conseguem, a partir do seu discurso, imaginar, sei lá eu, uma seqüência de medidas, de eventos. Ao dar entrevistas e no próprio debate, ela manda brasa: “Nós fazemos propostas, sem ataques, sem promessômetro”…

Rafael Gargalhão disse...

Realmente, estamos no fundo do poço da política... Pior que isso, somente se o PT oficializar sua ditadura.

fejuncor disse...

Rsrsrsr. É isso ai, Amauri.

Burocratoparasita da União disse...

O Brasil foi classificado, por uma comissão científica coordenada pelo departamento de Meio Ambiente da Universidade de Adelaide, Austrália, como o país que mais degrada o meio ambienta, no planeta.

Marina Silva não tem o que apresentar. E além de não ter o que apresentar, ela precisa, agora, explicar qual foi a sua culpa neste lamentável título que o Brasil recebeu. Ela pode sair pela tangente e desconversar, mas isso só vai mostrar uma Marina Silva feita de mentiras, de uma ilusão ambientalista alimentando uma espécie de "peleguismo" seringueiro.

Thais disse...

É ...não sei bem mass neste mesmo debate e em outras ocasiões vejo a Marina como uma "laranja" do PT. A Marina e Dilma são parceiras nesta eleição.Inclusive quando fala que "...vamos levar para o segundo turno 2 mulheres"... já é encaminhando seus votos para Dilma caso a disputa seja Dilma x Serra.
Atenção.....